17.04.2013 Views

A Literacia do Imaginário na Literatura Juvenil Contemporânea ...

A Literacia do Imaginário na Literatura Juvenil Contemporânea ...

A Literacia do Imaginário na Literatura Juvenil Contemporânea ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1. Introdução<br />

Ao longo <strong>do</strong> nosso percurso como professores e media<strong>do</strong>res da leitura, temo-nos<br />

preocupa<strong>do</strong> em provar o valor estético-literário de determi<strong>na</strong>das obras contemporâneas de<br />

potencial recepção juvenil 1 de ficcio<strong>na</strong>lização (bestseleria<strong>na</strong>s ou de massas), onde se destaquem<br />

as diferentes temáticas que os jovens leitores procuram fora <strong>do</strong> contexto escolar, seleccio<strong>na</strong>m,<br />

aprovam e a<strong>do</strong>ptam como suas. Atentos aos diferentes planos de intervenção leva<strong>do</strong>s a cabo<br />

pelo Ministério da Educação, cujo objectivo matricial é o de colmatar os baixos níveis de<br />

literacia da população portuguesa, bem como desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita,<br />

preocupam-nos, essencialmente, a motivação para a leitura no que concerne os jovens leitores<br />

e as questões ligadas à prática da língua (ensino e aprendizagem) <strong>na</strong>s suas demais funções.<br />

Assim, defendemos que, quer em contexto escolar ou familiar, quer em contexto lúdico<br />

(nos chama<strong>do</strong>s momentos de lazer), o sujeito-leitor (também ele realiza<strong>do</strong>r da palavra escrita)<br />

será cada vez mais o deseja<strong>do</strong> leitor «re<strong>na</strong>sci<strong>do</strong>», se estiver em contacto com textos porta<strong>do</strong>res<br />

de significa<strong>do</strong>s e mensagens que coexistam, tanto com a sua capacidade imagi<strong>na</strong>nte, como<br />

com as suas identidade/alteridade.<br />

A a<strong>do</strong>pção (por nós defendida) de um estu<strong>do</strong>/aplicação <strong>do</strong> <strong>Imaginário</strong> no âmbito da<br />

leitura/compreensão de obras contemporâneas de potencial recepção juvenil obriga-nos a<br />

insistir no facto de serem obras como estas que fazem os a<strong>do</strong>lescentes, até os mais avessos<br />

às coisas da leitura e da escrita, ler. Tal é fácil de provar quan<strong>do</strong> deixamos que leituras como<br />

as que aqui propomos sejam convidadas à participação e ao diálogo dentro das nossas salas<br />

de aulas, bibliotecas e convívios entre a escola e a comunidade/família. São pois estas obras<br />

(quantas vezes injustamente margi<strong>na</strong>lizadas por determi<strong>na</strong>das comunidades interpretativas)<br />

que, lidas e orientadas segun<strong>do</strong> os princípios promotores da leitura e da escrita, solicitam e<br />

oferecem um ma<strong>na</strong>ncial de possibilidades intertextuais, asseguran<strong>do</strong> a desejada polifonia<br />

<strong>do</strong> discurso. Enriqueci<strong>do</strong> pela hermenêutica <strong>do</strong> <strong>Imaginário</strong>, este permite-nos testemunhar o<br />

momento-leitor como um acto de entrega, de fruição e de aprendizagem, capaz de suscitar<br />

o debate sobre questões da nossa história e da nossa cultura, os interesses mais pessoais <strong>do</strong>s<br />

leitores como, por exemplo, solicitações para questões existenciais, e, sem sombra de dúvida, o<br />

interesse pelo mítico-simbólico no que à compreensão de determi<strong>na</strong>das mensagens e leituras<br />

possíveis diz respeito.<br />

Posto isto, propomo-nos, neste texto, acrescentar às investigações já realizadas a análise<br />

de alguns <strong>do</strong>s elementos simbólicos relativos ao corpus em estu<strong>do</strong>: As Memórias da Águia e <strong>do</strong><br />

Jaguar, de Isabel Allende (2002-2004). Salientamos que nesta trilogia, como em outras de igual<br />

valor literário, a preocupação autoral, para além de uma cuidada coesão estético-linguística,<br />

centra-se <strong>na</strong> transmissão de um conjunto de ideologias e valores ti<strong>do</strong>s actualmente como<br />

indispensáveis <strong>na</strong> afirmação da cidadania crítica e reflexiva <strong>do</strong> ser imagi<strong>na</strong>nte. Pelas várias<br />

actividades realizadas com obras desta <strong>na</strong>tureza, inclusive em turmas onde a alergia à leitura é,<br />

por vezes, uma <strong>do</strong>ença crónica, podemos asserir que também são estes textos que modificam<br />

a forma de ver/participar no mun<strong>do</strong>, questão, aliás, que consideramos de inegável importância<br />

quan<strong>do</strong> se trata de convidar à leitura um leitor juvenil.<br />

1 Optamos por esta desig<strong>na</strong>ção porque a nossa investigação se centra essencialmente no leitor pré-a<strong>do</strong>lescente e<br />

a<strong>do</strong>lescente, embora, como sabemos, muitas sejam já as crianças de 8-11 anos que a<strong>do</strong>ptam estas obras como leituras de<br />

predilecção, onde a ausência de ilustração, por exemplo, não funcio<strong>na</strong> como um handicap à sua leitura.<br />

ABZ da Leitura | Orientações Teóricas<br />

| 2 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!