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A Literacia do Imaginário na Literatura Juvenil Contemporânea ...

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2. O texto literário de potencial recepção Infanto-<strong>Juvenil</strong>: leituras e senti<strong>do</strong>s<br />

Importa, sobretu<strong>do</strong>, assegurar que o acto de ler (entendi<strong>do</strong> como um acto de verdadeiro<br />

compromisso com o livro) é, como o consideramos, um acto de permuta em que o diálogo se<br />

tor<strong>na</strong> polifónico e se efectiva como um espaço de conhecimentos que privilegia as reflexões e<br />

interconexões com varia<strong>do</strong>s objectos de estu<strong>do</strong>, com diferentes sentimentos, com afinidades<br />

e/ou incompatibilidades. Tal diálogo tor<strong>na</strong>-se, assim, responsável pela efectivação <strong>do</strong> discurso<br />

de um imaginário dialéctico entre os demais intervenientes no processo de leituras plurais. Ora,<br />

ten<strong>do</strong> em consciência o valor da pluri-significação, importa proporcio<strong>na</strong>r, contagian<strong>do</strong>, esta<br />

outra forma de ler: a <strong>do</strong> saber e ousar ler através das imagens, <strong>do</strong>s símbolos e <strong>do</strong>s mitos, para<br />

que, mesmo leituras «impostas» e, por isso, propícias a to<strong>do</strong> o género de urticária nos leitores<br />

mais jovens não sejam motivo para a expressão de alívio Deo gratias, quan<strong>do</strong> termi<strong>na</strong>das.<br />

Validamos, então, <strong>na</strong> leitura <strong>do</strong> <strong>Imaginário</strong> uma leitura global <strong>do</strong> texto, destacan<strong>do</strong>-<br />

-se enfaticamente o seu carácter polissémico e pluri-isotópico de abertura ao Outro e a<br />

outras realidades, o que permite ao seu interlocutor «experimentar a força ilocutiva e o<br />

poder perlocutivo <strong>do</strong>s vocábulos, sensibilizan<strong>do</strong>-o para a coloração afectiva e imagética das<br />

palavras, de mo<strong>do</strong> a reconhecer e a mobilizar, em discurso autónomo, os seus valores <strong>na</strong><br />

expressão singular de emoções ou de ideias» (Azeve<strong>do</strong>, 2006: 21). Na gestão deste binómio<br />

(leitor/texto), salientamos o uso apropria<strong>do</strong> de um <strong>Imaginário</strong> construtor, através <strong>do</strong> qual<br />

são chama<strong>do</strong>s ao palco os demais interesses, emoções e sensibilidades estéticas <strong>do</strong> leitor,<br />

capazes de facultarem os tão deseja<strong>do</strong>s momentos de verdadeira fruição entre este e as<br />

perso<strong>na</strong>gens da obra (cumprin<strong>do</strong>-se momentos de identidade com o herói da história); ou<br />

ainda situações literácitas gera<strong>do</strong>ras de surpreendentes manifestações media<strong>do</strong>ras entre<br />

diferentes grupos sociais, culturas e gerações.<br />

Esse esta<strong>do</strong> de intercomunicabilidade, capaz de provocar no sujeito-leitor momentos<br />

de verdadeiros desafios interpretativos, confirma o valor da polifonia que, tal como afirma<br />

Wolfgang Iser (1997: 13), provoca igualmente uma adequada preparação para momentos<br />

de crescimento intelectual e psicológico <strong>do</strong> sujeito-leitor. Durante a leitura, produz-se «um<br />

trabalho de transformação <strong>do</strong> texto que se efectua devi<strong>do</strong> ao trabalho de determi<strong>na</strong>das<br />

faculdades huma<strong>na</strong>s». Assim, o texto literário a<strong>do</strong>pta um estatuto de diferenciação<br />

relativamente a outros produtos aos quais crianças e jovens têm cada vez mais acesso, o que<br />

nos permite, por um la<strong>do</strong>, compreendê-lo como um «potencial de acções que o processo da<br />

leitura actualiza» (Iser, 1997: 13); por outro, considerar que existe, de facto, um interaccionismo<br />

permutável entre o valor semiótico <strong>do</strong> texto e o seu leitor.<br />

2.1. No reencontro <strong>do</strong> Eu-leitor imagi<strong>na</strong>l<br />

Estimamos pois que se o hábito da leitura (entendi<strong>do</strong> numa acepção ampla) é decisivo<br />

para a criança em crescimento, este é-o ainda mais para o jovem a<strong>do</strong>lescente em idade<br />

escolar, <strong>na</strong> medida em que os momentos de alfabetização e posterior aprendizagem (para<br />

a aquisição e consolidação da capacidade <strong>do</strong> uso escrito da língua) só serão devidamente<br />

cimenta<strong>do</strong>s, <strong>na</strong> estrada <strong>do</strong> seu sucesso académico (em primeira estância), se este conseguir<br />

concretizar conhecimentos a partir de uma linguagem simbólica rica.<br />

ABZ da Leitura | Orientações Teóricas<br />

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