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1001, a empresa-mãe

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<strong>1001</strong>, a<br />

<strong>empresa</strong>-<strong>mãe</strong><br />

Tempos de muito trabalho<br />

e prosperidade<br />

52


Q<br />

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era como um poço, onde o carro<br />

ficava para eu trocar comando de válvula,<br />

bomba ejetora, tudo era feito lá.<br />

Trocava no pátio, e ele ficava na área, na<br />

“Agaragem<br />

garagem da Alameda Luís Paulino. Depois,<br />

seu Jelson fez a garagem Cachoeira, e aí foi melhorando. Era<br />

pequenininha, tipo um posto. Tinha carro que vinha de Cabo Frio,<br />

mas vinha por Magé, por aquela estrada toda. Antigamente, aqueles<br />

carros pequenos agarravam, tinha de colocar corrente nos pneus deles.<br />

Tinha dia que eu ia trocar bomba ejetora no meio da estrada. Sabe<br />

como fazia? A gente deitava na lama e só ficava com a cabeça de fora.<br />

Motor? Quantas vezes troquei motor! A gente trocava e levantava<br />

nas costas, com uma madeira colocava. Depois seu Jelson comprou<br />

macaco. Antigamente não tinha isso não… Foi melhorando…” 1<br />

1 Depoimento do sr. Arlito de Azevedo, o Bocaz.<br />

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E começou pela oficina que seu Jelson aumentou,<br />

cobriu e equipou. Sabia que aquele era o<br />

coração da <strong>empresa</strong>. E a <strong>1001</strong> passou a chamar a<br />

atenção dos passageiros e daqueles que queriam<br />

trabalhar num local organizado e administrado<br />

por um homem que reconhecia o valor de cada<br />

um dos funcionários, compartilhando com eles<br />

todo o seu conhecimento nas diversas áreas da<br />

<strong>empresa</strong>. Na oficina, o patrão-eletricista dava<br />

show.<br />

Eram seis firmas, seis administrações, seis<br />

trabalhos. Jelson escolheu a Auto Viação <strong>1001</strong><br />

para ser a <strong>empresa</strong>-<strong>mãe</strong> e, sob essa razão social,<br />

fundiu todas as companhias em 1969. A <strong>1001</strong> virou<br />

a maior do estado e não parou de crescer.<br />

Em 1975, comprou da Viação Útil as linhas<br />

Campos - Rio de Janeiro, Campos - Niterói, Macaé<br />

- Rio de Janeiro e Macaé - Niterói. Três anos<br />

depois, adquiriu da Salutáris as linhas Friburgo<br />

- Rio e Friburgo - Niterói. E, em 1976, com festa<br />

e a presença de algumas autoridades, a <strong>1001</strong> lan-


çou o Frescão, um serviço especial entre Rio de Janeiro<br />

e Cabo Frio. Passavam a sair em três horários – 7h00,<br />

12h30 e 18h30 – ônibus com ar-condicionado e música<br />

ambiente. Com capacidade para 45 passageiros, o Frescão<br />

fazia a linha em duas horas e meia, atraindo o passageiro<br />

que costumava viajar de automóvel. E seu Jelson<br />

achou que já era tempo de realizar um grande sonho.<br />

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<strong>1001</strong>, uma <strong>empresa</strong> de sorte<br />

Ésó ler a história para perceber que, além de uma visão impressionante<br />

e extrema competência para os negócios, seu Jelson tinha<br />

sorte. Depois de ter crescido tanto em tão pouco tempo, ainda comprou<br />

a <strong>1001</strong> quando ela já era a terceira maior <strong>empresa</strong> do Estado do<br />

Rio de Janeiro! Uma <strong>empresa</strong> que já mostrara ter sorte também.<br />

No início da década de 1940, o senhor Aléxis Novellino<br />

fundara a Auto Viação Salineira, que, com meia dúzia de<br />

ônibus jardineira, fazia a ligação entre Cabo Frio, Arraial<br />

do Cabo e Búzios. Ao falecer ainda jovem, em 1947, deixou<br />

a esposa com oito fi lhos pequenos e ninguém que<br />

pudesse tocar o negócio. A viúva, então, procurou<br />

um grande amigo do falecido, o senhor Aracy Machado,<br />

que trabalhava com caminhões de carga seca,<br />

e pediu que ele fi casse com a <strong>empresa</strong>. Sem capital para<br />

adquirir a Salineira, o negócio foi feito sob o acordo de ir<br />

saldando a dívida com a receita da própria <strong>empresa</strong>. Ele e<br />

seu fi lho passaram a administrar a Salineira.<br />

A região prosperava, a <strong>empresa</strong> crescia, mas a estrada<br />

continuava péssima. Era chover e não tinha como seguir viagem.<br />

O carro só saía do lamaçal que se formava puxado a trator.<br />

E, se não chovia, era uma poeira infernal, que deixava os<br />

passageiros literalmente vermelhos. Seu Cortez, proprietário<br />

da Auto Viação <strong>1001</strong>, queria muito entrar em Cabo Frio, mas<br />

não conseguia. Fez muitas tentativas de adquirir a Salineira,<br />

até que venceu pelo cansaço. Depois de oito anos de carro<br />

quebrando na estrada e enfrentando enxurrada, os donos<br />

desistiram do negócio e venderam. A linha Cabo Frio - Niterói<br />

fi cou com a <strong>1001</strong>, e as linhas internas foram compradas por outra<br />

<strong>empresa</strong>. Três meses depois da <strong>1001</strong> assumir a malfadada linha, a<br />

estrada começou a ser asfaltada. Sorte?


Um sonho grande e dispendioso<br />

Assim nasceu o projeto de construção de<br />

uma sede que abrigasse toda a administração,<br />

operação e manutenção das <strong>empresa</strong>s.<br />

Seu Jelson comprou uma área de 130 mil metros<br />

quadrados, bastante acidentada, no bairro<br />

da Figueira, em Niterói. Era preciso desmatar<br />

e empreender uma operação de terraplanagem<br />

que talvez inviabilizasse a realização do<br />

sonho, pelo custo elevado. Mas era tempo de<br />

“milagre econômico”, abrir estradas, e a sorte<br />

não deixaria seu Jelson na mão. O desmate foi<br />

feito com equipamento da casa. Usando corrente,<br />

o guincho arrastava o que era cortado<br />

até o caminhão. Mas, e todo aquele saibro que<br />

precisava sair para o prédio subir?<br />

Por uma feliz coincidência, em janeiro<br />

de 1969, começara a sair do papel o projeto<br />

idealizado pelo então Ministro dos Transportes,<br />

Mario Andreazza, de uma ponte que cruzaria<br />

a Baía de Guanabara, fazendo a ligação<br />

entre as cidades de Niterói e Rio de Janeiro,<br />

poupando os motoristas de uma viagem de<br />

100 quilômetros, passando por Magé. Porém,<br />

o consórcio de construtoras responsável<br />

pela obra era obrigado a buscar terra em local<br />

muito distante, para proceder ao aterramento<br />

das áreas de cabeceira da ponte, ofi cialmente<br />

batizada de Presidente Costa e Silva. Era um<br />

problema! Até que, numa pesquisa pelo entorno,<br />

descobriu que havia saibro de ótima<br />

qualidade, perfeito para o aterro, numa área<br />

bem próxima. E foi assim que seu Jelson não<br />

só economizou com tratores e caminhões,<br />

como ainda lucrou com a venda do material.<br />

Dia e noite caminhões e mais caminhões, devidamente<br />

registrados, saíam com o saibro. E<br />

a nova sede da <strong>1001</strong> pôde, então, começar a<br />

subir. Levantada a estrutura, foi oferecido um<br />

grande churrasco para todos os funcionários<br />

e outros tantos convidados. Em 1979, o complexo<br />

administrativo da <strong>1001</strong> foi inaugurado<br />

com pompa, circunstância e muita festa.<br />

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Nem com a crise a <strong>1001</strong> pára de<br />

crescer<br />

Em 1982, a Auto Viação <strong>1001</strong> embrenhouse<br />

pela Região da Zona da Mata Mineira<br />

ao comprar a Citran, que ligava o Rio de Janeiro<br />

a Além Paraíba, Carmo, Cataguases, Muriaé,<br />

Manhumirim, Manhuaçu, Governador Valadares<br />

e Coronel Fabriciano.<br />

Ao longo da década de 1980, apesar da<br />

crise econômica vivida no país, muito negócio<br />

foi feito: a <strong>empresa</strong> Natividade foi comprada<br />

ainda em 1982, com três linhas que ligavam o<br />

município de mesmo nome ao Rio de Janeiro,<br />

Campos e Niterói. Em seguida, a Natividade<br />

adquiriu da Viação Rio Minho as linhas Itaperuna<br />

- Rio e Miracema - Rio. E a Auto Viação<br />

<strong>1001</strong> vendeu para a Rio Ita seu setor urbano,<br />

que incluía as linhas de Rio Bonito, Itaboraí e<br />

Alcântara. Passados dois anos de sua aquisição,<br />

a Natividade foi vendida para a Viação União.<br />

Já 1986 foi o período de investir no turismo,<br />

com a inauguração da <strong>1001</strong> Turismo e<br />

Viagens, em Niterói, seguindo o mesmo padrão<br />

de qualidade de serviços que sempre caracterizou<br />

o Grupo JCA. Em menos de doze meses, a<br />

<strong>empresa</strong> comprava da Brasil a linha Itaperuna<br />

- Rio de Janeiro e, em 1989, tornava-se proprietária<br />

do Rodoporto Oásis, na BR-101, em<br />

Casimiro de Abreu. Em 1990, a <strong>1001</strong> adquiriu<br />

da Viação União as linhas Itaperuna - Rio e<br />

Miracema - Rio.


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Conselho de amigo, e a compra de uma<br />

linha da Viação Brasil<br />

AViação Brasil, de Antônio Tatajiba, era pequena,<br />

com cerca de meia dúzia de carros.<br />

Pequena, mas valente. Com esses poucos ônibus,<br />

a Brasil fazia dura concorrência com a <strong>1001</strong>, na<br />

região de Campos, por onde rodava sua frota. Mas<br />

era praticamente impossível disputar com a <strong>empresa</strong><br />

de Jelson da Costa Antunes que, ainda por<br />

cima, comprou uma frota de ônibus altos, com<br />

porta central e banheiro embaixo. Batizados de<br />

superônibus, o empresário os colocou na mesma<br />

rota da Brasil. Esta não suportou a concorrência e<br />

acabou vendendo a linha Itaperuna - Rio de Janeiro<br />

para a <strong>1001</strong>, em 1987.<br />

Mas o curioso da história toda é que seu Jelson<br />

e seu Toninho da Brasil, como era conhecido<br />

Antônio Tatajiba, se tornaram grandes amigos. O<br />

dono da <strong>1001</strong>, com sua percepção aguçada, viu no<br />

empresário – que, com cinco, seis ônibus velhos,<br />

tentava bater a <strong>1001</strong> – um guerreiro. Tanto que<br />

na compra da linha, aconselhou Tatajiba a investir<br />

na exploração das outras linhas que a Brasil já tinha,<br />

garantindo espaço na região. E foi o que seu<br />

Toninho fez. E, nos dias de hoje, a Viação Brasil<br />

roda tranqüila pelo triângulo Bom Jesus, Campos,<br />

Itaperuna, bem organizada, com carros novos.<br />

Quantas vezes depois seu Toninho da Brasil<br />

convidaria seu Jelson da <strong>1001</strong> para um churrasco<br />

de costela de dia inteiro, para rememorar o episódio<br />

que pôs sua <strong>empresa</strong> nos trilhos…<br />

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40 anos de história e quilometragem rodada<br />

Em 1988 se festejou as quatro décadas de muita história<br />

e estrada rodada. A comemoração do aniversário da<br />

<strong>1001</strong> foi produzida ao longo de dois anos e durou um dia<br />

inteiro, para que toda a “família <strong>1001</strong>” pudesse participar.<br />

Pode-se dizer que foi uma festa em turnos: começou às 7<br />

horas, com um ato ecumênico na sede da <strong>empresa</strong>, e terminou,<br />

sob protestos, às 22, com um grande carnaval no Clube<br />

Mauá. Os 40 funcionários mais antigos subiram ao palco<br />

para serem homenageados em nome do grupo, por seu Jelson<br />

e dona Cilinha. Teve ainda a premiação dos concursos<br />

da bandeira <strong>1001</strong> e de poesias. Deu muito trabalho, mas foi<br />

pura emoção. Quem viveu não esquece!


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Anos 1990: a <strong>1001</strong> investe na<br />

modernidade, e o Grupo JCA<br />

caminha para o Sul<br />

Nos anos 1990, a ficção científica se aproximava<br />

do dia-a-dia: os computadores<br />

chegavam aos lares brasileiros, e a internet<br />

começava a permitir comunicação em tempo<br />

real com quase todas as partes do mundo.<br />

Na <strong>1001</strong>, a modernidade também seria<br />

uma das marcas da década. Sintonizada com<br />

inovações tecnológicas que proporcionassem<br />

maior segurança e conforto a seus passageiros,<br />

a <strong>empresa</strong> de seu Jelson crescia não só em<br />

tamanho, mas especialmente na extensão do<br />

serviço prestado. Afinal, quem disse que uma<br />

viagem de ônibus começa apenas quando ele<br />

deixa a rodoviária? O passageiro da <strong>1001</strong> passou<br />

a contar com a venda de passagens por<br />

telefone, que nos guichês eram emitidas por<br />

computador. Para acompanhar as mudanças,<br />

foi preciso preparar seus recursos humanos e<br />

investir em reciclagem e capacitação.<br />

A compra de mais duas linhas – Itaperuna<br />

- Rio de Janeiro e Miracema - Rio de<br />

Janeiro –, até então controladas pela Viação<br />

União, abriu a década.<br />

E, como os negócios crescessem muito,<br />

foi preciso otimizar a gestão. Já não era mais<br />

possível que toda a estratégia de crescimento<br />

e administração ficasse concentrada numa<br />

única cabeça. Em 1993, foi fundada a JCA<br />

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Participações Ltda., uma holding cujo Conselho<br />

Administrativo passaria a traçar as metas<br />

para a Auto Viação <strong>1001</strong> e demais <strong>empresa</strong>s<br />

que viessem a ser adquiridas a partir de<br />

então, compondo o Grupo Empresarial JCA.<br />

Almejando estender seus negócios para os<br />

mercados do Sul, seu Jelson comprou, entre<br />

1994 e 1995, em menos de 40 dias, a Rápido<br />

Ribeirão Preto, no Noroeste do estado de São<br />

Paulo, e a tradicional Auto Viação Catarinense,<br />

em Blumenau. As duas <strong>empresa</strong>s continuariam<br />

existindo com gestões independentes.


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O Prêmio Daniel Barata de Qualidade no Transporte<br />

de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro, da Fetranspor2<br />

, veio em 1997, em reconhecimento a todo esse esforço<br />

para oferecer um serviço cada vez melhor aos clientes-viajantes.<br />

Na categoria Transporte Rodoviário de Passageiros,<br />

a <strong>1001</strong> foi a primeira. E não era só o cliente que merecia a<br />

atenção da <strong>empresa</strong>. Em 1990, foi inaugurada a Colônia de<br />

Férias para os funcionários, em Saquarema.<br />

2 Fetranspor - Federação das Empresas de Transportes de Passageiros<br />

do Estado do Rio de Janeiro.<br />

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Com uma frota de automóveis numerosa<br />

circulando pelas estradas, a concorrência<br />

desleal dos veículos clandestinos e a<br />

crescente pressão do transporte aéreo nos<br />

trajetos mais curtos, o desafio de se manter<br />

bem colocado no mercado era cada vez<br />

maior e exigia investimento em diferenciais.<br />

E foi o que a <strong>1001</strong> fez. Em 1994, inaugurou,<br />

na Rodoviária Novo Rio, sua primeira Sala<br />

Vip. O passageiro da <strong>1001</strong> com embarque na<br />

Novo Rio ganhava um espaço exclusivo, com<br />

poltronas confortáveis, ar-condicionado, televisão,<br />

jornais e revista, banheiro e serviço<br />

de bar. Outras Salas Vips seriam inauguradas<br />

nos terminais rodoviários de Niterói<br />

(Roberto Silveira), Campos dos Goyatacazes<br />

(Shopping Estrada), São Paulo (Tietê) e Florianópolis<br />

(Rita Maria).<br />

Além da Sala Vip, naquele ano foi instalado<br />

na Novo Rio um guichê exclusivo para<br />

atendimento aos que viajavam na linha que<br />

fazia Niterói–São Paulo direto, no stop. Chamada<br />

Top Line, a linha impôs um novo patamar<br />

de serviços, para fazer frente às três<br />

companhias rodoviárias que exploravam o<br />

trecho Rio de Janeiro - São Paulo e competir<br />

até com o avião. Na Top Line, passaram a rodar<br />

60 carros com ar-condicionado e serviço<br />

de bordo que, partindo de Niterói, passavam<br />

pela Rodoviária Novo Rio para embarque de<br />

mais passageiros e seguiam viagem. Fazia-se<br />

apenas uma parada técnica para que o motorista<br />

deixasse a direção, esticasse o corpo e<br />

verificasse os pneus, mas sem desembarque<br />

de passageiros. Assim, a viagem se dava em<br />

cinco horas e meia. Informações sobre a linha<br />

podiam ser obtidas pelo Disk Top Line,<br />

e passagens eram oferecidas também em<br />

agências de viagem credenciadas, com a<br />

possibilidade de uso de cartão de crédito no<br />

pagamento. E, num tempo em que era permitido<br />

fumar a bordo, outro diferencial dos<br />

carros era ser não-fumante.<br />

A Auto Viação <strong>1001</strong> queria entrar na<br />

chamada Ponte Rodoviária Rio - São Paulo,<br />

e a Top Line era o primeiro passo nessa direção.<br />

As <strong>empresa</strong>s que detinham a concessão<br />

do trajeto chiaram, mas, em 1998, a <strong>1001</strong><br />

adquiriu da Viação Cometa uma de suas<br />

duas concessões e entrou na ponte Rio - São<br />

Paulo, revolucionando.<br />

<br />

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non stop<br />

72<br />

Ponte Rio-São Paulo, um capítulo de<br />

uma longa história<br />

Muita gente sabe que o Grupo JCA comprou<br />

a Viação Cometa, um ícone do<br />

transporte de passageiros no Brasil, reconhecido<br />

até mesmo lá fora. Mas poucos, muito poucos,<br />

sabem que essa é apenas parte da história<br />

que liga a trajetória de seu Jelson e a do fundador<br />

da Cometa, seu Tito Mascioli.<br />

Não é de hoje que a ligação Rio de Janeiro-São<br />

Paulo é a mais movimentada e rentável<br />

do país, seja por terra, seja pelo ar. Até 1998,<br />

quando a Auto Viação <strong>1001</strong> entrou na chamada<br />

ponte rodoviária, a rota era feita exclusivamente<br />

por três <strong>empresa</strong>s: Viação Cometa, Expresso<br />

Brasileiro e Itapemirim. E não foi nada fácil pegar<br />

essa estrada.<br />

Seu Jelson conseguira a concessão da linha<br />

Niterói-São Paulo, em 1963, quando criara<br />

a Vispan – Viação São Paulo/Niterói, para atuar<br />

especialmente nesse trajeto. Na época, como<br />

não existia a Ponte Rio-Niterói, os ônibus eram<br />

obrigados a circundar a Baía da Guanabara, rodando<br />

80 quilômetros a mais. A Rodovia Presidente<br />

Dutra ainda não era de mão dupla, subindo<br />

e descendo pela Serra das Araras. Resultado:<br />

a viagem durava em média oito horas.<br />

Sob a administração da <strong>1001</strong>, já nos<br />

anos 1990, enxergou-se na linha um nicho de<br />

mercado a ser mais bem explorado. A ponte já<br />

existia desde 1985, e a <strong>empresa</strong> conseguira, em


1992, autorização para que a linha passasse<br />

a ser feita via Rodoviária Novo Rio, permitindo<br />

que os passageiros que embarcavam<br />

naquela cidade não precisassem aguardar o<br />

carro ao relento, na calçada. As <strong>empresa</strong>s que<br />

detinham o direito de fazer a linha Rio de<br />

Janeiro-São Paulo chiaram. A <strong>1001</strong> passava<br />

pela Novo Rio num belo carro Top Line, e seus<br />

passageiros, que aguardavam o embarque na<br />

Sala Vip, embarcavam para uma viagem sem<br />

parada, bem mais rápida. A revolta das três<br />

concessionárias acabou numa ação judicial<br />

contra a <strong>1001</strong>.<br />

A briga foi feia. Ainda durante a tramitação<br />

do processo, as <strong>empresa</strong>s da ponte conseguiram<br />

parar algumas vezes a linha da <strong>1001</strong>.<br />

No entanto, ocorreu que o Expresso Brasileiro<br />

resolveu deixar a Ponte Rodoviária e notificou<br />

as outras duas <strong>empresa</strong>s de que estaria totalmente<br />

desligada em 180 dias, como previsto<br />

por contrato, em caso de desistência do serviço.<br />

A Viação Cometa, por sua vez, tinha duas<br />

licenças para explorar o trajeto, sendo uma<br />

delas pouco utilizada. Por que ela tinha duas?<br />

Em 1951, governo de Getúlio Vargas, quando<br />

foram concedidas as licenças, uma delas ficou<br />

com a Pássaro Marrom, que nunca a usou e<br />

vendeu para a Cometa, que repassou para a<br />

<strong>1001</strong>, em 1998, numa negociação tranqüila,<br />

que acabou com a briga e deu o direito à <strong>empresa</strong><br />

do Grupo JCA de oficialmente atender<br />

à linha Rio de Janeiro-São Paulo.<br />

Essa operação contaria<br />

muitos pontos a<br />

favor do Grupo JCA,<br />

por ocasião da compra<br />

da Viação Cometa, em<br />

2002. Já conhecidas, as<br />

partes se entenderam.<br />

O que foi acertado em<br />

conversa aconteceu. Não<br />

houve briga, não houve<br />

qualquer diferença nem<br />

foi necessária uma auditoria.<br />

A <strong>empresa</strong> que seu<br />

Jelson nunca imaginou<br />

que compraria e que todos<br />

pensavam que jamais<br />

seria vendida passou a<br />

funcionar sob sua administração,<br />

que soube valorizar<br />

o verdadeiro patrimônio<br />

nacional que é<br />

a Cometa, sua história e<br />

sua imagem.<br />

Seu Jelson sempre admirou a <strong>empresa</strong><br />

fundada por Tito Masciolli e o empresário em<br />

si. Para ele, mais do que uma conquista, foi<br />

uma honra adquirir a Cometa e recolocá-la<br />

em posição de destaque no transporte rodoviário<br />

de passageiros. Afinal, fora de seu Tito<br />

e do sócio, Artur Brandi, que ele comprara o<br />

primeiro “meio ônibus”, lá no comecinho da<br />

história, dessa longa e vitoriosa história.<br />

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Double Decker da <strong>1001</strong><br />

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Double Class,<br />

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<strong>1001</strong> de cara nova<br />

Em 1998, a <strong>empresa</strong> lançou a nova programação<br />

visual, e toda a frota e instalações<br />

ganharam cara nova. O cata-vento, símbolo<br />

da região salineira onde nasceu a <strong>1001</strong>, foi<br />

mantido, de forma estilizada. Também as cores<br />

representativas da constituição natural<br />

da Região dos Lagos permaneceram: o azul<br />

do mar, o branco da areia, o cinza do sal.<br />

O lançamento dos carros Double Decker<br />

– com quatro eixos, DVD, frigobar, comunicação<br />

com a cabine do motorista por interfone,<br />

câmeras de monitoramento e oferta de<br />

serviços diferenciados no mesmo veículo – foi<br />

mais uma das novidades lançadas pela <strong>1001</strong><br />

no transporte rodoviário regular. Até então<br />

o passageiro que optava por viajar em carro<br />

leito tinha de fazê-lo à noite, já que não havia<br />

oferta desse serviço ao longo do dia. No Double<br />

Class, o primeiro piso abriga a primeira<br />

classe com seis poltronas-leito e, no piso superior,<br />

a Classe Executiva acomoda quarenta<br />

poltronas semi-leito. Duas classes, duas tarifas,<br />

num mesmo veículo mais confortável e<br />

mais seguro.


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76


Relação estreita com a comunidade<br />

Que a <strong>1001</strong> é patrimônio afetivo daqueles que vivem na região<br />

onde ela nasceu não há dúvidas. Basta ver a intimidade com<br />

que as pessoas se referem aos ônibus que 60 anos atrás levam seu<br />

cata-vento pelas estradas. Mas, em 1998, quando a <strong>empresa</strong><br />

completava meio século de história, a idéia foi chegar<br />

ainda mais perto da comunidade, levando um pouco dessa<br />

história. Seu Jelson argumentou que, mais importante<br />

do que contar a sua história ou mesmo a da <strong>empresa</strong>,<br />

era divulgar a trajetória do veículo que revolucionou o<br />

transporte de passageiros. Assim nasceu o Museu do<br />

Ônibus, que visitou as principais cidades onde a <strong>1001</strong><br />

atuava, levando pelas ruas, a bordo de um superônibus,<br />

entretenimento e informação.<br />

Um ano depois, o Museu do Ônibus virou biblioteca<br />

itinerante, por meio do projeto <strong>1001</strong> Histórias<br />

e mudou sua rota, que até hoje inclui praças e<br />

escolas públicas, levando a crianças e adolescentes<br />

um acervo de mais de 1.400 livros e gibis, além de<br />

vídeos educativos. Uma pedagoga segue com o ônibus<br />

e orienta as atividades. Cerca de 200 comunidades<br />

já receberam a visita do <strong>1001</strong> Histórias.<br />

Onde o ônibus-biblioteca pára, um amplo<br />

toldo é estendido e rapidamente estantes, mesas<br />

e cadeiras criam no espaço público um ambiente<br />

aconchegante para a leitura e a troca de idéias.<br />

É só chegar.<br />

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Em 2003, as linhas de Minas Gerais foram vendidas para a<br />

Viação Rio Doce. A <strong>1001</strong> concentrava, então, sua atividade nos Estados<br />

do Rio de Janeiro, Espírito Santo São Paulo e Santa Catarina.<br />

Com o falecimento de seu Jelson, em 2006, era natural que<br />

muitos pensassem que os negócios pudessem desandar. Mas, nos<br />

anos seguintes, o investimento em tecnologia não parou e não pára!<br />

Alguns carros da <strong>1001</strong> já rodam com alimentação para notebook e<br />

há estudos em andamento, para viabilizar conexão à internet ao


longo da viagem. No Terminal Rodoviário<br />

Tietê, em São Paulo, o cliente pode retirar<br />

os bilhetes comprados via internet<br />

ou central telefônica de atendimento, na<br />

Sala Net, espaço reservado exclusivamente<br />

para esse serviço.<br />

Em 2006, fiel à preocupação de seu<br />

Jelson em satisfazer seus passageiros oferecendo-lhes<br />

diversidade de comodidades,<br />

a <strong>empresa</strong> introduziu o Double Servi-<br />

ce em carros que reúnem no mesmo piso<br />

as classes executiva e convencional.<br />

É fato que, quando foi comprada,<br />

em 1948, a Auto Viação <strong>1001</strong> Ltda. já<br />

era grande no Estado do Rio de Janeiro,<br />

para os padrões da época. Um bom<br />

negócio. Mas, mesmo com seu olhar de<br />

enxergar além da curva, será que Jelson<br />

da Costa Antunes podia imaginar que<br />

aquela <strong>empresa</strong> chegaria a 2008 com<br />

mais de 700 veículos e 2.400 funcionários?<br />

Que ela chegaria ao futuro tão experiente<br />

e tão jovem?<br />

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