Araraquara 2012 - Prefeitura de Araraquara

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previamente elaborado (instrumental anexo), mas não necessariamente numa ordem determinada, que contemplou: • Dados identificadores da entrevista; • Esclarecimentos sobre a pesquisa; • Observação etnográfica; • Rotina diária do sujeito; • Situação de saúde; • Trabalho e renda; • Trajetória de vida; • Exercício da cidadania; • Projeto de vida. Conforme a autorização do sujeito, o registro das informações foi feito através de papel, caneta, gravador e máquina fotográfica. No caso dos dois instrumentais que estariam sendo manipulados diante do entrevistado durante a entrevista, optamos por não utilizar o logo da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social visando maior liberdade de expressão para o entrevistado, mesmo deixando claro: a natureza, os objetivos e os responsáveis pela pesquisa. Os agentes sócio-educativos da Casa Transitória participaram de todas as visitas à rua. Para o transporte, foi utilizado o mesmo veiculo das abordagens de rua e oferecido água, suco, fruta e sanduiche durante a entrevista. Salientamos que os registros destas entrevistas ficariam em poder dos entrevistadores devido à possibilidade de conter dados sigilosos capazes de comprometer, individualmente, a interação do sujeito com os serviços públicos. Mesmo preservando a identidade dos entrevistados trabalhamos com a hipótese de algumas informações terem sido apresentadas de forma incompleta ou de forma a omitir determinados detalhes. Rede de serviços públicos A identificação da rede de serviços públicos e a realização de uma entrevista com os coordenadores de cada um deles foram realizadas concomitantemente ao censo. Análise das entrevistas 11
Como se trata de um estudo qualitativo, procuramos utilizar as contribuições de diferentes disciplinas como a psicologia, a antropologia e a sociologia, entretanto este estudo não pretende esgotar as análises possíveis em cada uma destas áreas. Estes diferentes olhares foram considerados tão somente para o encadeamento de determinados eventos que dão sentido à trajetória de vida e escolhas pessoais do sujeito, para o estudo das relações de sociabilidade e interação entre as pessoas em situação rua e as instituições e sociedade no seu entorno, e finalmente para identificar estratégias de sobrevivência adotadas nesta situação. Utilizamos aspas para ressaltar expressões próprias dos entrevistados. 3. Resultados A População em Situação de Rua de Araraquara é vista, neste estudo, a partir de dois olhares, um mais abrangente, que aponta para os dados censitários e outro, com uma aproximação suficiente para atingir um subgrupo representativo e mergulhar na esfera das suas individualidades. Identificamos trajetórias de vida, estratégias de sobrevivência, ocupações profissionais e renda, vínculos familiares e sociais, uso de psicoativos, situação de saúde, projeto de vida e relações institucionais. O que mais caracteriza as pessoas em situação de rua quanto às suas trajetórias de vida é a diversidade. A não ser pela proximidade com os bolsões de pobreza, estas trajetórias apontam para uma extensa gama de situações que concorrem para a degradação até a rua. Para alguns, ir para a rua foi um pequeno passo para trás (comumente referido como “queda”, “fraqueza”, “erro”) e pode ser revertido a qualquer momento, mas este estudo revela que na maioria dos casos se trata de longos períodos de degradação das relações sociais e familiares onde os vínculos foram enfraquecidos: devido a alguma incompatibilização entre o individuo e o contexto em que viveu, alterações comportamentais durante determinadas fases de sua vida ou por comportamentos hostis dos seus familiares ou outras pessoas de referência. A degradação econômica ou impossibilidade de se manter num determinado status social e econômico, geralmente associada a rupturas emocionais também aparece relacionada, como causa ou consequência, ao uso abusivo de psicoativos como as bebidas alcoólicas, maconha, cocaína e crack (usos de outras drogas como cola, benzina, gasolina, heroína,foram citados eventualmente). A condição de abstinência, entretanto, não é suficiente para livrar o sujeito da situação de rua como 12
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