Prezado(a) Professor(a): Nesses mais de 39 anos ... - Global Editora
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HÉLIO PÓLVORA<br />
Seleção e prefácio <strong>de</strong><br />
André Seffrin<br />
Hélio Pólvora (1928)<br />
Natural <strong>de</strong> Itabuna, BA<br />
1a edição – 288 páginas<br />
ISBN 978 ‑85 ‑260 ‑1593 ‑7<br />
Em <strong>mais</strong> <strong>de</strong> cinquenta <strong>anos</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> literária, Hélio<br />
Pólvora construiu uma das obras <strong>mais</strong> sólidas da mo<strong>de</strong>rna<br />
literatura brasileira. Des<strong>de</strong> a sua estreia em 1958, com Os<br />
galos da aurora, o então jovem contista já mostrava quali‑<br />
da<strong>de</strong>s e características muito pessoais, <strong>de</strong>senvolvidas e am‑<br />
pliadas com o tempo e a experiência: o texto envolvente, a<br />
i<strong>de</strong>ntificação com a terra e a gente baiana, a imaginação<br />
fértil, a linguagem trabalhada com <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za artesanal, a<br />
dimensão lírica.<br />
Nessa longa trajetória, Pólvora cultivou a crítica, a crô‑<br />
nica, o romance, a poesia, o ensaio, mas foi no conto que<br />
<strong>de</strong>u o melhor <strong>de</strong> si mesmo. São <strong>de</strong>zesseis volumes <strong>de</strong> histó‑<br />
rias curtas, escritas e reescritas <strong>de</strong> forma obsessiva, na busca<br />
permanente da ilusória perfeição, assim como o fizeram seus<br />
mestres no gênero: Machado <strong>de</strong> Assis, Maupassant, Kathe‑<br />
rine Mansfield, Anton Tchekhov, William Faulkner.<br />
De cada um <strong>de</strong>les, Pólvora absorveu experiências e<br />
ricas sugestões, incorporadas à sua maneira personalíssima<br />
<strong>de</strong> materializar aos olhos do leitor o seu universo, formado<br />
por seres “medíocres, entediados, solitários, inúteis”, como<br />
ele mesmo <strong>de</strong>finiu, e que por isso mesmo atingem o leitor<br />
com o impacto <strong>de</strong> um direto no queixo.<br />
Melhores contos Hélio Pólvora reúne quinze trabalhos<br />
do escritor baiano, cobrindo um período <strong>de</strong> <strong>mais</strong> <strong>de</strong> trinta<br />
<strong>anos</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse “contista extraordinário, que al‑<br />
cançou a estrada real da ficção contemporânea ao dispen‑<br />
sar ra<strong>mais</strong> e caminhos duvidosos e geralmente trilhados<br />
por legião <strong>de</strong> epígonos”, como assinala André Seffrin no<br />
prefácio, sendo capaz, como todo verda<strong>de</strong>iro ficcionista, <strong>de</strong><br />
dizer <strong>mais</strong> coisas do que se dizia antes <strong>de</strong>le. Uma prova <strong>de</strong><br />
que o conto mo<strong>de</strong>rno brasileiro continua repleto <strong>de</strong> vitali‑<br />
da<strong>de</strong>, enriquecendo a longa tradição que se inicia com<br />
Machado <strong>de</strong> Assis e passa por Guimarães Rosa.<br />
M e l h o r e s C o n t o s<br />
HERBERTO SALES<br />
Seleção e prefácio <strong>de</strong><br />
Judith Grossmann<br />
Herberto Sales (1917 ‑1999)<br />
Natural <strong>de</strong> Andaraí, BA<br />
3 a edição – 160 páginas<br />
ISBN 85 ‑260 ‑0<strong>39</strong>6 ‑8<br />
Herberto Sales estreou em 1944, com Cascalho, um<br />
romance imenso e violento, ambientado na <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte re‑<br />
gião das lavras diamantíferas baianas. O sucesso do livro<br />
<strong>de</strong>cidiu o autor a <strong>de</strong>ixar o emprego na pequena cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Andaraí e tentar a vida no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Curiosa a história<br />
do romance, enviado a um concurso no Rio <strong>de</strong> Janeiro, sem<br />
ser premiado. Desalentado, Herberto rasgou os originais<br />
em sua posse, julgando ter <strong>de</strong>struído a obra. Um dos jura‑<br />
dos do concurso, porém, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda,<br />
havia guardado uma das cópias, interessado no abundante<br />
número <strong>de</strong> regionalismos, que serviu <strong>de</strong> base à edição do<br />
romance. Depois <strong>de</strong> um longo hiato, no qual publicou dois<br />
livros <strong>de</strong> ensaio, Herberto voltou à ficção, sua vocação au‑<br />
têntica, com o romance Além dos marimbus (1961). A par‑<br />
tir daí, não parou <strong>mais</strong>. O conto foi aventura da maturida<strong>de</strong>,<br />
quando o escritor (nascido em 1917) se achava em plena<br />
posse <strong>de</strong> seus recursos <strong>de</strong> expressão. As Histórias ordiná‑<br />
rias, lançadas em 1966, revelavam um excelente contador<br />
<strong>de</strong> histórias, <strong>de</strong>sses que não fazem cerimônia para pren<strong>de</strong>r<br />
o leitor, envolvê ‑lo na atmosfera <strong>de</strong> seus contos, torná ‑lo<br />
cúmplice e/ou testemunha da ação. Os temas variavam: um<br />
<strong>de</strong>licado mergulho na psicologia feminina, com alguma<br />
coisa <strong>de</strong> machadiano (“Os vigilantes”), uma espécie <strong>de</strong> sá‑<br />
tira às ambições do homem mo<strong>de</strong>rno (“O automóvel”), a<br />
análise <strong>de</strong> um momento <strong>de</strong> crise (“A carta”). Em 1970,<br />
Herberto Sales publicou dois volumes <strong>de</strong> contos, O lobiso‑<br />
mem, saborosas histórias fisgadas no folclore brasileiro, e<br />
Uma telha <strong>de</strong> menos, título significativo, síntese do espírito<br />
geral da obra, na qual todos os personagens são <strong>mais</strong> ou<br />
menos maníacos, presos a uma i<strong>de</strong>ia fixa. Seu último vo‑<br />
lume <strong>de</strong> contos, Armado cavaleiro o audaz motoqueiro<br />
(1980) apresenta a estranha fauna da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna,<br />
quase sempre também com uma telha a menos.<br />
M e l h o r e s C o n t o s<br />
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