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Prezado(a) Professor(a): Nesses mais de 39 anos ... - Global Editora

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MACHADO DE ASSIS<br />

Seleção e prefácio <strong>de</strong><br />

Salete <strong>de</strong> Almeida Cara<br />

Machado <strong>de</strong> Assis (18<strong>39</strong> ‑1908)<br />

Natural do Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ<br />

2 a edição – 414 páginas<br />

ISBN 978 ‑85 ‑260 ‑0798 ‑7<br />

Um dos retratos <strong>mais</strong> fiéis e abrangentes da socieda<strong>de</strong><br />

imperial, nos bons tempos do barbaças Pedro II, e do início<br />

da República, encontra ‑se nas crônicas <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis.<br />

Irônico, por vezes cruel, o cronista gostava <strong>de</strong> examinar os<br />

gran<strong>de</strong>s acontecimentos do dia, mas também se <strong>de</strong>liciava<br />

em catar o mínimo e o escondido, sem distinção. Com suti‑<br />

leza, zombava <strong>de</strong> tudo ou quase tudo, conciliando o humor<br />

corrosivo com a expressão elegante, o estilo clássico e uma<br />

linha <strong>de</strong> raciocínio cartesiana. Mas a alma era brasileira, ca‑<br />

rioca, i<strong>de</strong>ntificada com as aspirações da época.<br />

A época vivida e retratada pelo cronista foi palpitante<br />

<strong>de</strong> acontecimentos: a Questão Christie, a Questão Militar,<br />

a Guerra do Paraguai, a abolição da escravatura, a queda<br />

do Império. A República começou quente, para logo ferver<br />

em acontecimentos como o Encilhamento, a Revolta da<br />

Armada contra Floriano Peixoto e Canudos.<br />

Sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> examinar esses fatos e um pouco do que<br />

ocorria no mundo, com atenção e acuida<strong>de</strong> extrema, a pre‑<br />

ferência do cronista se voltava sobretudo para o que ocorria<br />

na cida<strong>de</strong>: a vida social, os fatos curiosos, as novida<strong>de</strong>s tea‑<br />

trais e literárias, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista os <strong>de</strong>bates parlamenta‑<br />

res e os acontecimentos políticos, <strong>de</strong>smentindo a propalada<br />

alienação machadiana, uma balela <strong>de</strong> alienados que nada<br />

conhecem <strong>de</strong> sua obra. Durante 45 <strong>anos</strong>, Machado atuou<br />

na imprensa da Corte como cronista. Lidas em sequência<br />

cronológica, suas crônicas revelam uma esplêndida evolu‑<br />

ção, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros ensaios tateantes do jovem <strong>de</strong> vinte<br />

<strong>anos</strong>, publicados em O espelho, até as obras da maturida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> insuperável graça. Deixou <strong>mais</strong> <strong>de</strong> seiscentos trabalhos no<br />

gênero. O difícil, nesse conjunto soberbo, é a escolha dos<br />

melhores, tarefa <strong>de</strong> que se saiu muito bem a organizadora<br />

do volume, Salete <strong>de</strong> Almeida Cara.<br />

70<br />

M e l h o r e s C r ô n i C a s<br />

MANUEL BANDEIRA<br />

Seleção e prefácio <strong>de</strong><br />

Eduardo Coelho<br />

Manuel Ban<strong>de</strong>ira (1886 ‑1968)<br />

Natural <strong>de</strong> Recife, PE<br />

1 a edição – 240 páginas<br />

ISBN 85 ‑260 ‑0832 ‑3<br />

Manuel Ban<strong>de</strong>ira escrevia com miraculosa simplicida<strong>de</strong>,<br />

com um <strong>de</strong>spojamento franciscano. O santo <strong>de</strong> Assis se <strong>de</strong>s‑<br />

fez <strong>de</strong> todos os bens – e em certa ocasião até das vestes –<br />

para alcançar aquela simplicida<strong>de</strong> que combina com a<br />

perfeição. Ban<strong>de</strong>ira, espírito franciscano, <strong>de</strong>spojou sua poe‑<br />

sia e prosa <strong>de</strong> todos as bijuterias <strong>de</strong> estilo, dos adjetivos ba‑<br />

lofos, das metáforas inúteis. Escrevia com frases secas e<br />

diretas, na linguagem <strong>de</strong> todo mundo e <strong>de</strong> todo o dia.<br />

Poeta por vocação, a crônica foi uma espécie <strong>de</strong> bate‑<br />

‑papo com amigos, como ele mesmo a <strong>de</strong>finiu, traduzindo as<br />

impressões, as irritações e os estímulos nascidos do cotidiano e<br />

anotados com encanto ou <strong>de</strong>sencanto, numa atenta e risonha<br />

reverência à vida. Se o fundo <strong>de</strong> seu pensamento era austero,<br />

como observou Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, essa austeri‑<br />

da<strong>de</strong> era amenizada por um leve sorriso, sorriso <strong>de</strong>ntuça, que<br />

talvez fosse o supremo refinamento da ironia.<br />

Como bom cronista, tudo lhe servia <strong>de</strong> tema, as suas<br />

andanças pelo Brasil – Ouro Preto, Bahia, Recife –, aspectos<br />

<strong>de</strong> viagem, os pardais, pardais pássaros e pardais literários,<br />

o queijo <strong>de</strong> Minas enviado por um poeta, o livro recém‑<br />

‑lançado, a morte <strong>de</strong> amigos, a sedução das gran<strong>de</strong>s per‑<br />

sonalida<strong>de</strong>s, se chamassem elas Lenin ou Carlitos. Sob o<br />

cronista havia também um crítico sagaz <strong>de</strong> arte, apreciando<br />

com comoção, mas sempre com discernimento, a escultura<br />

<strong>de</strong> um Aleijadinho, as velhas igrejas brasileiras, a arquite‑<br />

tura das cida<strong>de</strong>s adormecidas. Em tudo isso palpitava um<br />

gran<strong>de</strong> sentimento brasileiro e não raramente boas doses<br />

<strong>de</strong> poesia. Às vezes, em vez da crônica esperada, brindava<br />

os leitores com um conto. Neste caso está o <strong>de</strong>licioso “O<br />

professor <strong>de</strong> grego”, que <strong>mais</strong> do que uma história soa<br />

como uma metáfora da própria socieda<strong>de</strong> brasileira. O cro‑<br />

nista era mestre em surpresas e sutilezas.<br />

M e l h o r e s C r ô n i C a s

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