narrativa sobre o "et de varginha" - UninCor
narrativa sobre o "et de varginha" - UninCor
narrativa sobre o "et de varginha" - UninCor
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Revolução Francesa e a Revolução Industrial são frutos <strong>de</strong>sta nova concepção <strong>de</strong><br />
mundo, cujas mudanças têm por base a racionalida<strong>de</strong> e o conhecimento científico com<br />
suas aplicações práticas <strong>sobre</strong> a realida<strong>de</strong> econômica e social.<br />
A ilustração, com sua ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e igualda<strong>de</strong>, revolucionou o<br />
pensamento político e social do antigo regime e estabeleceu uma nova relação com o<br />
tempo: o futuro passou a ser concebido como produto das mudanças realizadas no<br />
presente.<br />
Por outro lado, esse movimento <strong>de</strong> racionalização buscava dar uma explicação<br />
laica para a história da humanida<strong>de</strong>, através da humanização dos terrores religiosos, no<br />
caso o próprio o <strong>de</strong>mônio é laicizado, isto é, substituído por seres alienígenas,<br />
provenientes <strong>de</strong> outro mundo. Pois, mesmo com toda explicação racional do mundo<br />
engendrada pela Ilustração, ainda assim, restou muito o que explicar, e foi pra suprir<br />
essa lacuna que se criou o fantástico, nos mol<strong>de</strong>s do pensamento da época. Segundo<br />
Todorov, “o fantástico se <strong>de</strong>fine a partir do efeito <strong>de</strong> incerteza e <strong>de</strong> hesitação provocada<br />
no leitor em face a um acontecimento <strong>sobre</strong>natural” (TODOROV, 1975, p.188).<br />
O fantástico se nutre <strong>de</strong>ssa hesitação diante <strong>de</strong> um acontecimento extraordinário<br />
que provoca uma ruptura tanto na or<strong>de</strong>m do cotidiano, como na or<strong>de</strong>m do <strong>sobre</strong>natural,<br />
colocando em dúvida as duas. Ele se conserva autônomo em relação a essas duas<br />
or<strong>de</strong>ns, pois está presente em ambas. Por outro lado, o fantástico é uma paródia da<br />
crença estabelecida, uma crítica à crença e não, seu substituto.<br />
2.5 - A NARRATIVA DE FICÇÃO CIÊNTÍFICA<br />
A promessa da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> era a produção <strong>de</strong> uma <strong>narrativa</strong> linear que<br />
pressupunha a existência <strong>de</strong> outro, neste caso, a promessa da construção <strong>de</strong> uma<br />
socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática no futuro, on<strong>de</strong> reinaria a liberda<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong>. De novo se<br />
percebe a fissura, o <strong>de</strong>sajuste claro entre o fantástico e o pensamento mo<strong>de</strong>rno. E Isso se<br />
<strong>de</strong>u por que os pensadores mo<strong>de</strong>rnos separaram a ciência da cultura, o racional do<br />
mitológico, pois a concepção mo<strong>de</strong>rna era <strong>de</strong> que o fantástico (o mítico, o irracional) era<br />
algo falso e não-factual. Mas, na verda<strong>de</strong>, o que estava em jogo era a liberda<strong>de</strong> da ficção<br />
e o rigor da ciência, isto é, a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> andarem juntos.<br />
33