saberes tradicionais e percepção ambiental dos catadores de - Uesc
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INTRODUÇÃO<br />
“No passado, as guerras <strong>de</strong>struíam as<br />
cida<strong>de</strong>s e o povo; no presente, são as ativida<strong>de</strong>s<br />
pacíficas que <strong>de</strong>stroem os sistemas <strong>de</strong><br />
sustentação da vida. No passado, quando os<br />
homens mutilavam homens, mulheres e crianças<br />
e salgavam o solo para torná-lo improdutivo, os<br />
meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição eram limita<strong>dos</strong>; atualmente,<br />
são alarmantes e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r cada vez mais<br />
crescente.”<br />
Marta Vannucci<br />
Devido à elevada expansão <strong>de</strong>mográfica no litoral brasileiro e ao seu alto grau<br />
<strong>de</strong> urbanização e industrialização, os impactos antrópicos sobre os manguezais tem<br />
ocorrido <strong>de</strong> maneira intensa e diversificada. A partir da década <strong>de</strong> 1950 a<br />
industrialização acelerada do país resultou em danos diretos sobre os ecossistemas<br />
naturais, especialmente os manguezais, como o <strong>de</strong>smatamento e os aterros para<br />
projetos <strong>de</strong> implantação industrial, urbana e turística, além da contaminação por<br />
substâncias químicas, particularmente <strong>de</strong>rivadas do petróleo e metais pesa<strong>dos</strong><br />
(VANNUCCI, 1999).<br />
Além <strong>dos</strong> impactos causa<strong>dos</strong> à estrutura física do manguezal, o mesmo ainda<br />
sofre danos biológicos. Por ser um ambiente altamente produtivo, esse ecossistema<br />
disponibiliza bens e serviços <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor econômico para as comunida<strong>de</strong>s<br />
ribeirinhas que <strong>de</strong>le extraem os recursos para garantir sua subsistência. Entretanto<br />
essa extração vem ocorrendo <strong>de</strong> forma intensa, <strong>de</strong>vido à utilização <strong>de</strong> tecnologias<br />
<strong>de</strong>predadoras como redinha 1 e gancho 2 , culminando na sobre-exploração das<br />
espécies animais resi<strong>de</strong>ntes nesse ambiente (PANGEA, 2001; SOFFIATI, 2004).<br />
1<br />
Armadilha produzida com fios <strong>de</strong> nylon, montada sobre as aberturas das tocas <strong>dos</strong> caranguejos.<br />
2<br />
Cabo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com uma peça curva <strong>de</strong> metal amarrada a sua extremida<strong>de</strong>, introduzido nas tocas<br />
para remover os caranguejos.<br />
1