Uma nova rota... ... Sociologia - SEAD/UEPB - Secretaria de ...
Uma nova rota... ... Sociologia - SEAD/UEPB - Secretaria de ...
Uma nova rota... ... Sociologia - SEAD/UEPB - Secretaria de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
0 Aula 03 Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação<br />
Mas apesar das divergências, não po<strong>de</strong>mos ignorar, que:<br />
Existe entre elas um ponto <strong>de</strong> encontro: a educação constitui um processo <strong>de</strong><br />
transmissão cultural no sentido amplo do termo (valores, normas, atitu<strong>de</strong>s, experiências,<br />
imagens, representações) cuja função principal é a reprodução do sistema social.<br />
Isto é claro no pensamento durkheimiano, que po<strong>de</strong>mos resumir como: longe <strong>de</strong> a<br />
educação ter por objeto único e principal o indivíduo e seus interesses, ela é antes <strong>de</strong> tudo o<br />
meio pelo qual a socieda<strong>de</strong> re<strong>nova</strong> perpetuamente as condições <strong>de</strong> sua própria existência. A<br />
socieda<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> viver se <strong>de</strong>ntre seus membros existe uma suficiente homogeneida<strong>de</strong>. A<br />
educação perpetua e reforça essa homogeneida<strong>de</strong>, fixando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo na alma da criança as<br />
semelhanças essenciais que a vida coletiva supõe (DURKHEIM, 1973).<br />
E vamos mais, que muito mar ainda nos espera... vamos navegando:<br />
Também verificamos que tanto Durkheim, como seus seguidores, se esforçavam por<br />
assinalar que a importância do processo educacional se baseava no fato <strong>de</strong> que o mesmo<br />
tinha como função principal a transmissão da cultura na socieda<strong>de</strong>. Esta cultura era assim<br />
apresentada como única, indivisa, proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os membros que compõem o<br />
conjunto social.<br />
Entretanto, outros dois sociólogos Bourdieu e Passeron, também famosos pelos seus<br />
estudos e sua preocupação com a questão educacional, tiveram pretensões <strong>de</strong> justamente<br />
<strong>de</strong>monstrar a não existência <strong>de</strong> uma cultura única, mas que:<br />
Na realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que elas correspon<strong>de</strong>m a interesses materiais e<br />
simbólicos <strong>de</strong> grupos ou classes diferentemente situadas nas relações <strong>de</strong> força,<br />
esses agentes pedagógicos ten<strong>de</strong>m sempre a reproduzir a estrutura <strong>de</strong> distribuição<br />
do capital cultural entre esses grupos ou classes, contribuído do mesmo modo para a<br />
reprodução da estrutura social: com efeito, as leis do mercado em que se forma o valor<br />
econômico ou simbólico, isto é, o valor enquanto capital cultural, dos arbítrios culturais<br />
reproduzidos pelas diferentes ações pedagógicas (indivíduos educados) constituem um<br />
dos mecanismos mais o menos <strong>de</strong>terminantes segundo os tipos <strong>de</strong> formação social,<br />
pelos quais se acha assegurada a reprodução social, <strong>de</strong>finida como reprodução das<br />
relações <strong>de</strong> força entre classes sociais (BOURDIEU e PASSERON, 1976, p. 218).<br />
Para os autores citados, sistema escolar reproduz, assim, em nível social, os diferentes<br />
capitais culturais das classes sociais e, por fim, as próprias classes sociais.<br />
Os mecanismos <strong>de</strong> reprodução encontram sua explicação ultima nas relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<br />
relações essas <strong>de</strong> domínio e subordinação que não po<strong>de</strong>m ser explicadas por um simples<br />
reconhecimento <strong>de</strong> consumos diferenciais.<br />
Nessa perspectiva, quando analisam a função i<strong>de</strong>ológica do sistema escolar, uma <strong>de</strong><br />
suas preocupações é justamente a da possível autonomia que po<strong>de</strong> ser atribuída a ele, em<br />
relação à estrutura <strong>de</strong> classes. Com efeito, Bourdieu e Passeron se perguntam: