17.04.2013 Views

Sophia de Mello Breyner Andersen O Livro Sexto.

Sophia de Mello Breyner Andersen O Livro Sexto.

Sophia de Mello Breyner Andersen O Livro Sexto.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E as faces a morrerem uma a uma<br />

E a morte que me corta ela me ensina<br />

Que o sinal do homem não é uma coluna.<br />

E eu vos peço por este amor cortado<br />

Que vos lembreis <strong>de</strong> mim lá on<strong>de</strong> o amor<br />

Já não po<strong>de</strong> morrer nem ser quebrado.<br />

Que o vosso coração que já não bate<br />

O tempo <strong>de</strong>nso <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />

Mas vive a perfeição da clarida<strong>de</strong><br />

Se compa<strong>de</strong>ça <strong>de</strong> mim e <strong>de</strong> meu pranto<br />

Se compa<strong>de</strong>ça <strong>de</strong> mim e <strong>de</strong> meu canto<br />

Os Aspho<strong>de</strong>los<br />

Colhe pálida sombra os aspho<strong>de</strong>los<br />

Roxos do prado on<strong>de</strong> caminha a vida<br />

Cujo <strong>de</strong>stino foi só não ser vivida<br />

Põe coroas <strong>de</strong> pranto em teus cabelos<br />

Primavera<br />

As heras <strong>de</strong> outras eras água pedra<br />

E passa <strong>de</strong>vagar memória antiga<br />

Com brisa madressilva e primavera<br />

E o <strong>de</strong>sejo da jovem noite nua<br />

Música passando pelas veias<br />

E a sombra da folhagem nas pare<strong>de</strong>s<br />

Descalço o passo sobre os musgos ver<strong>de</strong>s<br />

E a noite transparente e distraída<br />

Com seu sabor <strong>de</strong> rosa <strong>de</strong>nsa e breve<br />

On<strong>de</strong> me lembro amor <strong>de</strong> tere morrido<br />

- Sangue feroz do tempo possuído<br />

Dia<br />

Meu rosto se mistura com o dia<br />

Nuvens telhados ramagens e Dezembro<br />

Apaixonada estou <strong>de</strong>ntro do tempo<br />

Que me abriga com canto e com imagens<br />

Tão abrigada estou <strong>de</strong>ntro da hora<br />

Que nem lamento já a tar<strong>de</strong> antiga<br />

Tudo se torna presente e se <strong>de</strong>mora<br />

Será que o dia me pe<strong>de</strong> que eu o diga?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!