Educação de crianças em creches(Salto para o Futuro) - TV Brasil
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TEXTO 1 - HISTÓRIA E CONCEPÇÕES DO ATENDIMENTO EM CRECHES<br />
A surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>scoberta: qu<strong>em</strong> é e o que po<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r uma criança <strong>de</strong> até três anos<br />
As concepções sobre infância e o olhar so-<br />
bre como a criança se <strong>de</strong>senvolve e apren<strong>de</strong><br />
mudaram bastante nos últimos anos. Estas<br />
mudanças ocorreram <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte por<br />
exigências sociais que transformaram os pa-<br />
péis sociais dos homens e mulheres e, conse-<br />
quent<strong>em</strong>ente, fizeram <strong>em</strong>ergir instituições<br />
que compartilham com as famílias a edu-<br />
cação das <strong>crianças</strong> pequenas <strong>em</strong> ambientes<br />
coletivos. Estas novas práticas também fo-<br />
ram acompanhadas <strong>de</strong> novas maneiras <strong>de</strong><br />
se estudar a criança por parte <strong>de</strong> estudiosos<br />
<strong>de</strong> diferentes áreas. Os estudos atuais têm<br />
mostrado que os bebês apresentam um re-<br />
pertório sofisticado <strong>para</strong> interagir com o ou-<br />
tro (parceiro adulto ou criança), sendo esta<br />
interação social um fator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impor-<br />
tância <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento e aprendiza-<br />
g<strong>em</strong> dos mesmos. Dentre as muitas aprendi-<br />
zagens e aquisições que ocorr<strong>em</strong> nas e pelas<br />
interações merece <strong>de</strong>staque o que se <strong>de</strong>no-<br />
mina <strong>de</strong> construção da subjetivida<strong>de</strong>, que se<br />
constitui e ao mesmo t<strong>em</strong>po é constituída<br />
por um processo chamado <strong>de</strong> intersubjeti-<br />
vida<strong>de</strong>. Este processo envolve regulações so-<br />
cioafetivas nas quais os adultos vão signifi-<br />
cando os gestos, vocalizações e as falas dos<br />
bebês; envolve também a i<strong>de</strong>ntificação (ser<br />
como o outro) e a diferenciação, on<strong>de</strong> ocor-<br />
re uma oposição ao outro. Assim, a criança<br />
vai apren<strong>de</strong>ndo sobre si mesma e sobre os<br />
outros, po<strong>de</strong>ndo assim constituir-se <strong>em</strong> su-<br />
jeito singular e construir sua autoimag<strong>em</strong>.<br />
Ao longo dos três primeiros anos <strong>de</strong> vida,<br />
a criança passa por transformações mui-<br />
to rápidas e contínuas. Além <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a<br />
sentar, engatinhar, ficar <strong>de</strong> pé, andar ocor-<br />
re uma das gran<strong>de</strong>s aquisições que é o sur-<br />
gimento da fala, através da qual a criança<br />
compartilha tópicos <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira e expres-<br />
sa suas <strong>em</strong>oções e sentimentos <strong>para</strong> o ou-<br />
tro. Inicialmente, com vocalizações não tão<br />
inteligíveis <strong>em</strong> que a intenção comunicativa<br />
acaba ficando subentendida, aos poucos a<br />
fala <strong>em</strong>erge nas interações sociais das crian-<br />
ças como constituição do pensamento e<br />
possibilita um salto no que se refere às pos-<br />
sibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trocas, significações e apren-<br />
dizagens no contato com os outros, adultos<br />
e <strong>crianças</strong>.<br />
Observando os processos interacionais <strong>de</strong> be-<br />
bês e <strong>crianças</strong>, po<strong>de</strong>mos constatar o quanto o<br />
brincar se faz presente, sendo uma ativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alta priorida<strong>de</strong> <strong>para</strong> eles. Existe um con-<br />
senso entre os estudiosos da infância <strong>de</strong> que é<br />
fundamental que a criança brinque <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r<br />
apren<strong>de</strong>r e se <strong>de</strong>senvolver. Compreen<strong>de</strong>r, en-<br />
tão, porque a criança brinca, como ela brinca<br />
e as complexas relações entre o brincar e os<br />
processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e aprendizag<strong>em</strong><br />
se mostra um instrumento <strong>para</strong> promovermos<br />
interações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no cotidiano das crian-<br />
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