Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP
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compreen<strong>de</strong>r como isso acontecia e se perguntava <strong>de</strong> que forma, um único<br />
Hitler, conseguia controlar um número tão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas. Foi nessa<br />
tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as razões do apoio ao nazifascismo que publicou<br />
<strong>Psicologia</strong> <strong>de</strong> massas do fascismo (1933/2001).<br />
No início <strong>de</strong> 1933, com a subi<strong>da</strong> <strong>de</strong> Hitler ao po<strong>de</strong>r, <strong>Reich</strong> teve que<br />
<strong>de</strong>ixar a Alemanha e ir em busca <strong>de</strong> outro país para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong><strong>de</strong> ao seu<br />
trabalho. Após um período em que passou curtas tempora<strong>da</strong>s em diversas<br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s europeias, no qual inclusive separou-se <strong>de</strong> Annie e começou a viver<br />
com Elza Lin<strong>de</strong>nberg, bailarina e militante comunista, em 1934, ele finalmente<br />
estabeleceu-se em Oslo, na Noruega, on<strong>de</strong> permaneceu até 1939.<br />
Com o passar do tempo, no que diz respeito à sua aceitação nas<br />
instituições em que era associado, o quadro foi mu<strong>da</strong>ndo <strong>de</strong> figura. O Partido<br />
Comunista Alemão começou a questionar a Sexpol, acusando-a <strong>de</strong> estar mais<br />
liga<strong>da</strong> a questões sexuais do que a temas sociais e não gostou <strong>da</strong> tentativa<br />
reichiana <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o fascismo. Além disso, <strong>Reich</strong> entrou em confronto<br />
com a linha autoritária e distancia<strong>da</strong> <strong>da</strong> população trilha<strong>da</strong> pelo Partido<br />
Comunista Alemão. Dessa forma, em novembro <strong>de</strong> 1933, ele foi expulso do<br />
Partido Comunista Alemão.<br />
A psicanálise também não estava se agra<strong>da</strong>ndo do que vinha se<br />
passando e a filiação <strong>de</strong> <strong>Reich</strong> na Associação Psicanalítica Internacional foi<br />
oficialmente cancela<strong>da</strong> em 1934. De acordo com Wagner (1996), é inegável<br />
que existia um distanciamento teórico do que Freud <strong>de</strong>fendia naquele período,<br />
mas esse não teria sido o principal motivo para a expulsão. “A exclusão <strong>de</strong><br />
<strong>Reich</strong> <strong>da</strong> IPA <strong>de</strong>veu-se muito mais à sua militância política como ativista,<br />
contestador e pensador crítico do fascismo, e menos à sua ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
psicanalítica clínica” (Wagner, 1996, p. 20).<br />
Em suma, Freud localizava o conflito humano <strong>de</strong>ntro do próprio homem.<br />
<strong>Reich</strong> apontava para a moral sexual repressiva e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> burguesa como<br />
responsáveis pelas mazelas e <strong>de</strong>fendia que o conflito intrapsíquico surgiria em<br />
consequência <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
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