Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP
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conseguiam ter um entendimento do universo reichiano como um todo, já que<br />
esse envolvia conhecimentos <strong>de</strong> diversos âmbitos.<br />
A princípio, <strong>Reich</strong> foi convi<strong>da</strong>do pelo diretor do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Oslo para <strong>da</strong>r palestras na instituição. Poucos meses <strong>de</strong>pois,<br />
as instalações <strong>da</strong> organização foram postas à sua disposição, possibilitando<br />
que ele, unindo conhecimentos <strong>de</strong> biologia e física, iniciasse suas pesquisas<br />
laboratoriais a respeito <strong>da</strong> natureza bioelétrica <strong>da</strong> sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> angústia.<br />
Como consequência <strong>de</strong> suas investigações, ele <strong>de</strong>scobriu a existência <strong>de</strong> uma<br />
energia que, <strong>de</strong> início, chamou <strong>de</strong> bioeletrici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s experimentais, que tiveram início na Noruega, <strong>de</strong>pois<br />
continuaram sendo <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s em solo americano. Segundo os relatos <strong>de</strong><br />
Ilse (1969), para a censura do meio psiquiátrico e psicanalítico, ele <strong>de</strong>veria,<br />
enquanto psiquiatra, manter-se afastado dos problemas somáticos. Sua<br />
resposta era que o conceito <strong>de</strong> energia não podia conceber uma cisão, ao<br />
contrário, tinha que consi<strong>de</strong>rar o homem como uma função biológica unifica<strong>da</strong><br />
entre soma e psique. Com essa afirmação, <strong>Reich</strong> <strong>de</strong>ixava clara a sua<br />
convicção do homem como uni<strong>da</strong><strong>de</strong> funcional soma-psiquê.<br />
Seus colegas noruegueses, que eram maravilhados com suas<br />
<strong>de</strong>scobertas anteriores, não se interessavam por suas pesquisas empíricas.<br />
Segundo Sharaf (1983), <strong>Reich</strong> pediu diversas vezes que eles olhassem e<br />
apreciassem seus achados, mas eles confessavam que eram ignorantes<br />
naquele assunto e que não po<strong>de</strong>riam <strong>da</strong>r-lhe suporte intelectual. Dessa forma,<br />
ca<strong>da</strong> vez mais <strong>Reich</strong> se sentia incompreendido pelas pessoas próximas a ele.<br />
Após participar <strong>de</strong> uma discussão, na Associação Psiquiátrica <strong>de</strong> Oslo, a<br />
respeito <strong>de</strong> sua teoria econômico-sexual, <strong>de</strong>u-se início a uma campanha<br />
difamatória contra <strong>Reich</strong>. Ele foi acusado <strong>de</strong> fazer uso <strong>da</strong>s teorias do<br />
antropólogo Malinowski <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus interesses<br />
particulares. O próprio Malinowski pronunciou-se <strong>de</strong>ixando claro que era contra<br />
tais acusações, mas isso não alterou o quadro. A justificativa encontra<strong>da</strong> por<br />
Ilse (1969) para o surgimento dos ataques, foi que as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s norueguesas<br />
temiam que sua moral diante dos jovens fosse enfraqueci<strong>da</strong> pelas concepções<br />
reichianas. A campanha intensificou-se em 1937, após <strong>Reich</strong> ter publicado um<br />
artigo acerca <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scobertas laboratoriais. Segundo Ilse (1969), as<br />
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