17.04.2013 Views

Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP

Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP

Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Pelo que foi relatado, po<strong>de</strong>mos pensar que esses três comportamentos<br />

eram comuns na época em que escreveu o texto, não se tratava <strong>de</strong> algo<br />

surpreen<strong>de</strong>nte para o período. O autor não estava narrando nenhuma novi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

no que diz respeito às medi<strong>da</strong>s toma<strong>da</strong>s pelos educadores. O que ele trazia <strong>de</strong><br />

novo era a interpretação <strong>de</strong> tais situações e o foco <strong>da</strong>do às motivações<br />

inconscientes que levavam os adultos a adotarem essas medi<strong>da</strong>s.<br />

Pensamos que o que motivou o autor a escrever o texto foi a<br />

constatação <strong>de</strong> um “novo e atualizado método <strong>de</strong> massacre” (<strong>Reich</strong>, 1984g, p.<br />

137) que ele observara por diversas semanas em Nova York. Seria um novo e<br />

curioso fenômeno que se enquadraria no rol dos outros três já citados.<br />

Segundo <strong>Reich</strong> (1984g), nos dias <strong>de</strong> sol, as mães costumavam levar seus<br />

bebês para passear em seus carrinhos. O que chamou a atenção do autor foi o<br />

fato dos bebês estarem <strong>de</strong>itados <strong>de</strong> bruços. A princípio ele pensou que se<br />

tratava <strong>de</strong> algo casual, mas à medi<strong>da</strong> que o fenômeno se repetia, passou a<br />

acreditar que era “outra <strong>de</strong>ssas manias esporádicas e, ao mesmo tempo,<br />

endêmicas, que visam corrigir a natureza <strong>de</strong> uma maneira mo<strong>de</strong>rna, usando<br />

meios ‘técnicos e científicos’” (<strong>Reich</strong>, 1984g, p. 136).<br />

Assim como nas três primeiras ações cita<strong>da</strong>s, nessa última os bebês<br />

também tentavam alterar a situação e <strong>de</strong>monstravam seus <strong>de</strong>sconfortos por<br />

meio <strong>de</strong> uma linguagem não-verbal.<br />

Eles se esforçavam para erguer a cabeça, mas caiam<br />

novamente sobre o travesseiro. Os músculos dorsais<br />

estavam tensos. Alguns <strong>de</strong>sses bebês choravam, outros<br />

gemiam e um terceiro grupo ficava expressando sons <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sespero <strong>de</strong>vido ao esforço físico que tinham que fazer<br />

(<strong>Reich</strong>, 1984g, p. 136).<br />

Para ele, o ato era <strong>da</strong>noso aos bebês. Os pequenos eram obrigados a<br />

ficar olhando para o travesseiro, ao invés <strong>de</strong> olhar a paisagem e o que se<br />

passava a sua volta. <strong>Reich</strong> acreditava que a atitu<strong>de</strong> também prejudicava o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento físico do bebê. “Em lugar <strong>de</strong> permitir que o bebê mantenha<br />

sua curvatura côncava natural <strong>da</strong> coluna vertebral, as pessoas estão<br />

preocupa<strong>da</strong>s com os ‘músculos dorsais’”, (<strong>Reich</strong>, 1984g, p. 138). A seu ver, a<br />

ação po<strong>de</strong>ria contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma lordose já na infância.<br />

47

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!