Wilhelm Reich e a - Instituto de Psicologia da USP
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O pesquisador alimentava expectativas positivas quanto ao seu<br />
estabelecimento no novo país. Um psiquiatra americano, Walter Briehl, com<br />
quem tivera contato enquanto residia em Viena e em Berlim, foi, junto com<br />
Wolfe, recepcionar <strong>Reich</strong> em sua chega<strong>da</strong>. De acordo com os relatos <strong>de</strong> Sharaf<br />
(1983), chamou a atenção <strong>de</strong> Brihel a aparência <strong>de</strong>primi<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>Reich</strong> e o quanto<br />
ele tinha envelhecido nos últimos anos.<br />
De início, <strong>Reich</strong> <strong>de</strong>cidiu não traduzir suas obras anteriores para a<br />
publicação nos Estados Unidos. Como uma forma <strong>de</strong> traçar seu percurso, em<br />
1942, publicou o livro A função do orgasmo (1942/1995). A obra apresenta uma<br />
mistura entre a vi<strong>da</strong> pessoal e o trabalho teórico-prático do autor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
graduação em medicina até o período <strong>de</strong> sua publicação.<br />
Para estabelecer sua nova vi<strong>da</strong>, era importante formar um círculo <strong>de</strong><br />
pessoas ao seu redor. Um bom recurso foi seu curso na New School for Social<br />
Research, <strong>da</strong>do na primavera <strong>de</strong> 1940 e novamente na primavera <strong>de</strong> 1941.<br />
Das várias pessoas que compareceram, cerca <strong>de</strong> oito a <strong>de</strong>z tiveram um<br />
interesse mais profundo no trabalho <strong>de</strong> <strong>Reich</strong>. O período <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> entre<br />
1942 e 1945 foi extremamente calmo. Muitas pessoas buscaram fazer terapia<br />
com ele, mas, por outro lado, ele teve poucos colegas. Segundo Ilse (1969), a<br />
relação <strong>de</strong> <strong>Reich</strong> com aqueles com quem conviveu nessa época era amigável,<br />
porém formal. Nesse período, alguns amigos <strong>de</strong> Viena vinham visitá-lo, mas<br />
eles não estavam, <strong>de</strong> forma alguma, em sintonia com o trabalho <strong>de</strong> <strong>Reich</strong>, o<br />
que favoreceu o afastamento do pesquisador dos seus amigos <strong>de</strong> longa <strong>da</strong>ta.<br />
Logo que <strong>Reich</strong> chegou em Nova York, alugou uma casa on<strong>de</strong>, além <strong>de</strong><br />
morar, também <strong>de</strong>senvolveu suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais. Os cômodos <strong>da</strong><br />
casa foram utilizados para montar um ambiente a<strong>de</strong>quado para seus<br />
experimentos, o que, segundo Sharaf (1983), refletia seu crescente<br />
compromisso com as pesquisas laboratoriais. No novo país, a terapia ocupou<br />
ca<strong>da</strong> vez um lugar menor em sua preocupação profissional e seu foco <strong>de</strong><br />
interesse era a biologia, a física e a educação. Uma vez estabelecido nos<br />
Estados Unidos, <strong>Reich</strong> entrou num período silencioso <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> um viver<br />
totalmente envolvido com a pesquisa científica.<br />
Em 1941, <strong>Reich</strong> conseguiu comprar uma casa na mesma região em que<br />
já vivia e saiu <strong>da</strong> residência aluga<strong>da</strong>. A segun<strong>da</strong> casa também supria as<br />
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