1141-1145 - Universidade de Coimbra
1141-1145 - Universidade de Coimbra
1141-1145 - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O JOGO<br />
« RegJsíendajj-DoiDÍjjgo, 16 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1OO0<br />
O HINO<br />
tigiosa e simpatica Dcmocracia do pafe<br />
visinho. A opinião publica pronuncia-se<br />
Volta a falar-se na regulamentação abertamente contra o predomínio jesuí-<br />
do jogo, a proposito das medidas do tico e clerical e em muitos pontos <strong>de</strong><br />
sr. João Franco (a medida velha 1) que Aragão, Valencia, Catalunha e Anda-<br />
ninguém toma a serio.<br />
luzia, começa a notar-se uma formidá-<br />
Mais uma vez diremos que a nossa vel efervescencia, quasi sempre prenun-!<br />
opinião é franca e abertamente contra cio <strong>de</strong> graves acontecimentos.<br />
a regulamentação do jogo.<br />
E' este o estado <strong>de</strong>plorável em que<br />
Para o regulamentar ha tres alvi- a Hespanha se <strong>de</strong>bate. Portugal está<br />
tres: o estabelecer fortes contribuições egualmente ameaçado <strong>de</strong> analogos acon-<br />
sobre as casas <strong>de</strong> jogo, obrigar os tecimentos se um formidável movimen-<br />
jogadores a tirar licença para jogar, ou to <strong>de</strong> opinião liberal e <strong>de</strong>mocratica não<br />
os dois meios conjugados.<br />
varrer para bem longe <strong>de</strong> nossas fron-<br />
E' claro que a obrigação <strong>de</strong> tirar teiras os sinistros vampiros que lhe su-<br />
licença para jogar, estabelecendo uma garam a forte seiva e o aniquilaram co-<br />
taxa forte e proibindo o jogo aos memo a serpente aniquila e tritura na connores<br />
ou a quem não esteja nas conditrição <strong>de</strong> seus anéis a <strong>de</strong>scuidada aveções<br />
<strong>de</strong> jogar, <strong>de</strong>ve fazer diminuir o sinha que logrou fascinar 1...<br />
jogo.<br />
O perigo apresenta se-nos iminente<br />
Mas não nos parece moral esta ex<br />
e <strong>de</strong> gravíssimas consequências 1...<br />
ploração do vicio em proveito publico,<br />
Bem sabemos que da monarquia nada<br />
nem percebemos o direito <strong>de</strong> proibir o<br />
<strong>de</strong> bom temos a esperar na nossa por-<br />
jogo a alguém quando se conce<strong>de</strong> a<br />
fiada e prolongada luta contra a rea-<br />
outros.<br />
ção, mas a sequencia dos acontecimen-<br />
Não é só o individuo que a societos provocando cada vez mais o advenda<strong>de</strong><br />
tem, com a sua constituição actual, to da Republica, trará sem duvida a<br />
<strong>de</strong> proteger, é a familia também. solução da questão religiosa com a ex-<br />
Seja pobre ou rico o chefe <strong>de</strong> famipulsão dos jesuítas e das congregações,<br />
lia, com o jogo os filhos sofrerão egual- a exemplo da nobre e simpatica Franmente.ça.<br />
E, visto o sr. João Franco querer<br />
governar á ingleza, e a imprensa mo- A questão religiosa ha<strong>de</strong> ser levannarquica<br />
andar em admiração pelos tada na Parlamento pela minoria repu-<br />
processos administrativos dos angloblicana e por isso torna-se urgenie resaxões,<br />
proiba-se também o jogo, como colher-se o maior numero <strong>de</strong> assinatu-<br />
files fazem.<br />
ras que fôr possível obter-se até meia-<br />
O sr. João Franco admira a Suissa,<br />
dos <strong>de</strong> outubro, época em que a nova<br />
faça como éla.<br />
Camara dos <strong>de</strong>putados <strong>de</strong>ve estar cons-<br />
E <strong>de</strong>ixe-se dos gran<strong>de</strong>s exemplos<br />
tituída, a não ser que sobrevenha uma<br />
apenas para uso das bandas regimen-<br />
mudança <strong>de</strong> ministério que dissolva o<br />
taes, dos bombeiros e praças <strong>de</strong> pret,<br />
Parlamento antes <strong>de</strong> funcionar.<br />
como qualquer administrador <strong>de</strong> con Tudo é possível hoje em Portu-<br />
iraria <strong>de</strong> santo milagreiro.<br />
gal 1...<br />
Vaienda Júnior.<br />
Movimento <strong>de</strong> protesto<br />
Oíicio<br />
contra a reação O grupo que dirigiu a excursão a<br />
Aveiro enviou á camara o oficio seguinte,<br />
que foi lido na ultima s«ssã«:<br />
Corre» gor ahi uns impressos vala*fees,<br />
que estão a cobrir-se <strong>de</strong> assinata- II."* e Ex.<br />
ras, para serem apresentados ao Parlamento<br />
afim <strong>de</strong> se pedir o rigoroso e<br />
integral cumprimento dos <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong><br />
3 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1759, 38 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />
1834 e 11 <strong>de</strong> março dc 1862, contra as<br />
congregações religiosas.<br />
A reação clerical atingiu neste paiz<br />
o apogeu do seu afrontoso e perigoso<br />
predomínio. Os jesuítas, á sombra protetora<br />
do famoso <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 1901, continuam a <strong>de</strong>safiar a<br />
hostilida<strong>de</strong> da opinião publica, preparando-se<br />
ainda para dominar o povo<br />
ignorante, estúpido e fanatisado pelo<br />
terror.<br />
Lúbricos fradalhões tramam, no tétrico<br />
segredo dos seus coios infames,<br />
assaltos contra tímidas mulheres e in<strong>de</strong>fezas<br />
creanças que êles brutalisam e<br />
seviciam.<br />
A palmatória para intimidar e reduzir<br />
creanças e até mulheres, é o instrumento<br />
predileto que lhes firma o<br />
domínio, a arma po<strong>de</strong>rosa e corrutora<br />
<strong>de</strong> que frequentes vezes lançam mão<br />
para conseguir os seus abominaves fins:<br />
— dominar a todo o transe sobre tudo<br />
e sobre todos; avassalar todas as consciências,<br />
obcecar e obscurecer todos os<br />
cerebros, preparando <strong>de</strong>st'arte uma geração<br />
patologica e <strong>de</strong>generada com alucinantes<br />
visões á semelhança <strong>de</strong> Tereza<br />
<strong>de</strong> Jesus, Maria Allacoque e Bernar<strong>de</strong>tte.<br />
São estes os seus sinistros <strong>de</strong>sígnios,<br />
as suas mais sombrias aspirações. Expulsos<br />
<strong>de</strong> França pela energia <strong>de</strong> Combes,<br />
os terríveis abutres da Companhia<br />
<strong>de</strong> Jesus assentaram os seus arraiaes<br />
na Península Ibérica.<br />
Em Hespanha tentaram levar o go<br />
verno por uma serie <strong>de</strong> transigências<br />
ás exorbitantes exigencias do Vaticano,<br />
ao extremo <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> futuro uma simples<br />
chancelaria d* Santa Sél... O<br />
sentimento nacional, afrontido cm seu<<br />
brios, revoltou-se contra a peifida politica<br />
<strong>de</strong> Pio X e do seu secretario o<br />
car<strong>de</strong>al Meriy <strong>de</strong>i Val, e o governo<br />
que é constituído por liberaes do grupo<br />
do general Lopez Dominguez, atual<br />
presi<strong>de</strong>nte do conselho — começa a organisar<br />
uma formidável resistencia contra<br />
as congregações religiosas e os seus<br />
po<strong>de</strong>rosíssimos protetores, os jesuítas<br />
que encontram no car<strong>de</strong>al Oreglia um<br />
forte apoio e uma <strong>de</strong>dicação incançavel<br />
e vigilante que muito tem contribuído<br />
para a consolidação do seu po<strong>de</strong>rio<br />
1...<br />
A questão religiosa está levantada<br />
em Heispanha e na sua solução se empenha<br />
com todas as suas forças a pres-<br />
1 0 BUSSACO ARTÍSTICO<br />
Fazem rir as gazetas monarquicas<br />
O histérico Bussaco on<strong>de</strong> as aguias<br />
com a compustura e respeito com que<br />
napoleónicas caíram mal feridas pela<br />
falam dum hino que ninguém respeita.<br />
vez primeira, é um dos mais lindos<br />
E não é menos para admirar a eru-<br />
rincões <strong>de</strong> Portugal.<br />
dição com que a tal respeito falam dos<br />
Quem, partindo do Luso, segue<br />
fortes paizes anglo saxões, como se<br />
pela estrada que em sinuosida<strong>de</strong>s pou-<br />
fosse o respeito pelo hino que tivesse<br />
co marcadas, contorna a montanha,<br />
feito a força daqueles povos.<br />
avista ao longe um monumento gran<strong>de</strong><br />
Não é assim que se <strong>de</strong>ve argumentar.<br />
a meio da encosta, cujo caráter arquitétonico<br />
pouco a pouco se acentua <strong>de</strong>s-<br />
Nós não temos as qualida<strong>de</strong>s dos<br />
cobrindo ao aproxima-lo o estilo ma<br />
anglo-saxões, nós somos latinos; é nos<br />
nuelino.<br />
latinos fortes que <strong>de</strong>vemos ir procurar<br />
o exemplo e não nos anglo-saxões, di-<br />
E' o gran<strong>de</strong> hotel do Bussaco.<br />
ferentes <strong>de</strong> nós por todos os carateres<br />
Talvez o edifia^o seja improprio para<br />
<strong>de</strong> raçà.<br />
hotel, mas é sem contestação uma obra<br />
d'arte, sonhada por Manini, o sceno-<br />
Nós os latinos não somos, nem pografò<br />
celebre, e que por isso mesmo<br />
<strong>de</strong>mos ser, por característica <strong>de</strong> raça,<br />
por vezes se tornou <strong>de</strong> difícil reallsa-<br />
para taes solenida<strong>de</strong>s.<br />
ção.<br />
Querer or<strong>de</strong>na lo por uma or<strong>de</strong>m<br />
do ministério da guerra é uma preten-<br />
Pensou-se primeiro em o construir<br />
são que indica bem o pouco que nas<br />
junto ás portas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> parece,<br />
repartições do Estado se olha para o<br />
porém, que ali se <strong>de</strong>veria ter levan-<br />
temperamento nacional, para as qualitado<br />
um castelo medievo com as suas<br />
da<strong>de</strong>s da raça que tão necessário seria<br />
pontes levadiças e ameias, on<strong>de</strong> o cas-<br />
conhecer bem para, <strong>de</strong>senvolvendo to<br />
telão não usasse como os d'outr'ora<br />
das as suas virtu<strong>de</strong>s, transformar numa<br />
arnez nem elmo mas chapéu alto e bo-<br />
nação forte um povo cheio <strong>de</strong> energias<br />
tas <strong>de</strong> elástico.<br />
<strong>de</strong>sconhecidas ou <strong>de</strong>spresadas.<br />
O projéto não se realisou, mas ó<br />
convento lá ficou escondido pelo hote<br />
O inglez, mesmo a cair <strong>de</strong> bebedo,<br />
que o <strong>de</strong>ixa apagado, na sua altivez<br />
tem uma saudação para o seu hino na-<br />
<strong>de</strong> «grand-seigneur», que aluga quarcional,<br />
cambaleia ou vomita com mais<br />
tos a hospe<strong>de</strong>s a 2$>ooo réis por ca-<br />
respeito; o francez, ao ouvir o hino nabeça.cional<br />
grita, dança, berra, agita-se alegremente,<br />
sem o respeito do cerimonial A <strong>de</strong>coração interior do edificio foi<br />
anglo-saxão.<br />
entregue aos nossos artistas que poze-<br />
E povos não se modificam por uma ram o melhor do seu talento no seu<br />
portaria ministerial.<br />
embelezamento.<br />
Demais, passou já o tempo <strong>de</strong> taes Está finalmente concluída a obra<br />
macaquea<strong>de</strong>las; não ha vagar para ou- em que exteriormente se <strong>de</strong>staca o travir<br />
o que tocam as musicas.<br />
balho dos canteiros <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, inimi-<br />
Quem anda na rua, não anda em táveis no rendilhado daquêle colosso<br />
procissão, vae preocupado tratar da <strong>de</strong> pedra.<br />
sua vida, sem tempo <strong>de</strong> perceber se se Sobre o conjunto procuramos colher<br />
toca o hino da carta ou a Marselheza. impressões, palestrando com um dos<br />
Ninguém anda na rua a fazer visi- artistas que tendo a seu cargo uma das<br />
tas e a trocar comprimentos senão o partes mais difíceis da <strong>de</strong>coração se<br />
povo da arcada do Terreiro do Paço. houve com um êxito á altura do seu<br />
Nãa ha tempo hoje para tal cerimo<br />
gran<strong>de</strong> talento.<br />
* Sr. — A 26 <strong>de</strong> agosto do<br />
nial; por isso, quando se enten<strong>de</strong> que Foi Antonio Ramalho, a vitima da<br />
corrente anno, organisou-se nesta cida<strong>de</strong><br />
uma coisa <strong>de</strong>ve ser respeitada, não se nossa justificável curiosida<strong>de</strong>.<br />
uma excursão oom o fim <strong>de</strong> visitar a ci<br />
anda a mostra-la a toda a hora, a forçar Não conhecíamos pessoalmente o<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro.<br />
o respeito.<br />
artista. A trombeta da fama não ronca<br />
Brilhantíssima fai a receção que ali<br />
nos dispensaram as diversas Associações,<br />
Não 1 Ensina-se esse respeito na es- a meudo para proclamar o seu nome,<br />
e com elas todo o povo <strong>de</strong> tão linda cl<br />
cola, e guarda-se para ocasiões raras apesar <strong>de</strong>, pelo seu talento e pela sua<br />
da<strong>de</strong>.<br />
e solénes a sua apresentação.<br />
energia, enfileirar ao lado dos nossos<br />
Mas o que mais fundamente calou no<br />
E' assim que ainda hoje conseguem primeiros pintores.<br />
nosso espirito, <strong>de</strong> maneira a <strong>de</strong>ixar uos<br />
em paizes atrazados ser respeitados os Corre mesmo a lenda da sua indo-<br />
perdurável gratidão, foi a forma fidalga-<br />
reis.<br />
lência, único ponto vulnerável que com<br />
raente gentil como o Senado quiz hoDrar- O contrario é apenas dar ocasião vonta<strong>de</strong> lhe pu<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>scobrir.<br />
nos, levando seus requintes <strong>de</strong> lhaneza e á reação contra uma medida fóra <strong>de</strong> Ao passarmos, porém, em revista<br />
amabilida<strong>de</strong> até ao ponto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar proposito que po<strong>de</strong> parecer a estranhos, a sua gran<strong>de</strong> obra, em que o leitor <strong>de</strong><br />
dia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> gala, aquele em que a vi é certo, falta <strong>de</strong> respeito pela i<strong>de</strong>ia da certo gostosamente nos acompanhará,<br />
sitamos, or<strong>de</strong>nando se fizessem, para com patria.<br />
a lenda esvae-se e fica só o talento,<br />
pleto conhecimento dos munícipes, todas De mais, nenhum <strong>de</strong> nós foi edu- não o do cabotino, cheio <strong>de</strong> exteriori<br />
as <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> regosijb inherentea cado no respeito do hino e os fanaticos da<strong>de</strong>, gafurina ao vento, boina <strong>de</strong> ve-<br />
aquela resolução. Assim, repicaram, fes- do hino da carta foram sempre pretexludo e cachimbo, mas o artista como<br />
tivamente, e á hora consagrada, as torres tos para fantasias cómicas.<br />
Flaubert os entendia, com sentir <strong>de</strong><br />
das freguezias, e no alto dos paços muni- Não é <strong>de</strong> um momfento para outro<br />
artista e vida <strong>de</strong> burguez.<br />
cipaes flutuava a bal<strong>de</strong>ira da cida<strong>de</strong>. que se po<strong>de</strong>rá mudar um habito an- Aí está a impressão que nos <strong>de</strong>ixou<br />
Em face, pois. <strong>de</strong> tão penhorantes <strong>de</strong>tigo.<br />
Ramalho, cavaqueador alegre, com uma<br />
monstrações <strong>de</strong> gentilissima <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, Toca o hino, Jesuino! é em todo o pontinha <strong>de</strong> ironia e um fundo <strong>de</strong> bu-<br />
não po<strong>de</strong>mos esquecer o gratíssimo <strong>de</strong>ver paiz o tema <strong>de</strong> uma historia burlesca. mhomia que encanta.<br />
<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer-lhe, e por maneira que, <strong>de</strong> Alem disso não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser egual- A sua vida é um esforço constante<br />
algum modo <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> Correspon<strong>de</strong>r aquela mente burlesco ver um ministro man- para a realisação do seu i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> Arte.<br />
inexcedivel e cativante <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e atendar em nome <strong>de</strong> el-rei perfilar oficiaes Aluno da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas Artes,<br />
ção<br />
e praças <strong>de</strong> pret, quando o generalíssi- distingue-se como paisagista pela segumo.<br />
..<br />
rança com que ataca as gamas fortes.<br />
Reputando, pois, insignificantemente<br />
pequeno qualquer tributo que pu<strong>de</strong>ssemos Lembram-se ?<br />
Ao lado <strong>de</strong> Silva Porto, fez excur-<br />
consignar-lhe, permiti-nos, na qualida<strong>de</strong> Foi numa festa do Fígaro, a orsões artísticas ven<strong>de</strong>ndo quadros a va<br />
<strong>de</strong> interpretes <strong>de</strong> todos os excursionistas, questra tocou o hino da carta em honra rios amadores, entre êles D. Fernando<br />
recorrer junto do Senado Conimbricenae, do rei <strong>de</strong> Portugal que assistia. e o dr. Manuel d'Arriaga que possue o<br />
a que V. Ex.* tão superiormente preaí<strong>de</strong>, E o rei <strong>de</strong> Portugal ficou senta- seu quadro O pomar d'Antelmo.<br />
par^ que em nome <strong>de</strong> toda a oida<strong>de</strong>, que do I ..<br />
Em Paris, chega, vê e vence.<br />
Depois duma curta permanencia na<br />
foi ela <strong>de</strong> faoto, a honrada e enaltecida<br />
quéla capital concorre ao Salon com<br />
com tal distinção, lhe tributar, em n «ae<br />
<strong>de</strong> todos os conimbricenses, quanto lhe Casamento<br />
um quadro intitulado Che\ mon voisin<br />
— O Lanternis<br />
aprouve e agradou tão publica e <strong>de</strong>mons-<br />
Casou em Vila Ver<strong>de</strong> com a sr.»<br />
trativa significação <strong>de</strong> jubilo e contenta-<br />
D. Palmira Soares Rodrigues, irmã do<br />
mento.<br />
sr. dr. A<strong>de</strong>lino Soares Rodrigues, con-<br />
De V. Ex.* confiamos, portanto, a taservador em Vila Flor, o sr. Manoel<br />
refa por <strong>de</strong>mais honíosissiioa, certos <strong>de</strong> que Barbosa <strong>de</strong> Brito, segundanista <strong>de</strong> me-<br />
<strong>de</strong>pondo-a nas mãos <strong>de</strong> V. Ex.* ela atindicina na <strong>Universida<strong>de</strong></strong>.<br />
girá toda a gran<strong>de</strong>za, toda a amplitu<strong>de</strong> e<br />
valor, que nóa, por men s competentes,<br />
járaais po<strong>de</strong>ríamos dar-lhe.<br />
O conselho superior <strong>de</strong> instrução<br />
Praza, porém, a V. Ex.*o dispensar- publica <strong>de</strong>u parecer favoravel á reprenos<br />
o auxilio tão indispensável para losentação do conselho escolar da escola<br />
grar o fim que nos propuzemos e comnosco <strong>de</strong> farmacia <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> pedindo vários<br />
todos louvarão a nobreza e atitu<strong>de</strong> da Ca melhoramentos neste estabelecimento<br />
mara que tão bem sabe honrar os seus <strong>de</strong> ensino.<br />
munícipes.<br />
Deus guar<strong>de</strong>, eto.<br />
Começou fazendo serviço no rápido<br />
A camara resolveu agra<strong>de</strong>cer á mu do Porto uma nova maquina Compound<br />
nicipalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro a recéção penho- que atinge uma velocidado <strong>de</strong> noventa<br />
rante feita aos excursionistas conimbri- quilómetros á hora.<br />
censes.<br />
Não se realisará a excursão que <strong>de</strong>-<br />
Partia para Espinho o sr. dr. Ma- 9la ir hoje <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> ás Caldas da<br />
nuel <strong>de</strong> Oliveira Chaves e Caítro, Rainha^<br />
f mos, e os Asilados que fizem parte dí<br />
coléçao Carlos Relvas são obras verda<br />
<strong>de</strong>iramente extraordinarias.<br />
Na Escola Medica, no Museu <strong>de</strong><br />
Artilharia, em varias <strong>de</strong>corações particulares<br />
e por ultimo no Hotel do Bussaco<br />
o seu pincel <strong>de</strong>ixa o seu nome <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> artista bem vincado.<br />
Parece que a lenda se evapora ao<br />
ler estas linhas, em que a traços largos<br />
esboçamos uma pequena parte da obra<br />
<strong>de</strong> Ramalho, e só explicamos o mal<br />
entendido se repararmos bem que os<br />
seus trabalhos são tratados com <strong>de</strong>svelos<br />
e carinhos, e o lucro material que<br />
dêles lhe po<strong>de</strong> advir e um meio e não<br />
um fim <strong>de</strong> realisar o seu sonho Cartista.<br />
Em resumo faz Arte pela Arte,<br />
Apresentado o nosso entrevistado,<br />
a quem nos é grato prestar esta justa<br />
homenagem, passemos ao assunto da<br />
entrevista.<br />
Ramalho fala-nos dos seus colegas,<br />
dos belos trabalhos que êles executaram<br />
no Bussaco e a que mais ou menos os<br />
jornaes se téem referido em justo elo<br />
gio.<br />
— Mas a sua escada? E' essa que<br />
nós <strong>de</strong>sejaríamos nos <strong>de</strong>screvesse.<br />
— Trabalha <strong>de</strong>morado, <strong>de</strong> cuidado...<br />
A escada principal dobra sobre<br />
si no primeiro pavimento e num lance<br />
mais atinge o vestíbulo. São as pare<strong>de</strong>s<br />
lateraes que eu <strong>de</strong>corei.<br />
— E qual o assunto?<br />
— A' altura do segundo pavimento<br />
uma galeria, correndo sobre os dois<br />
muros ao encontro da balaustrada do<br />
vestíbulo, com abobodas que terminam<br />
por janélas <strong>de</strong> estilo manuelino-renascença,<br />
que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong>scobrir um ceu<br />
azul.<br />
— Mâs esse trabalho <strong>de</strong> perspétiva<br />
<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> difícil execução ? interrompemos<br />
nós.<br />
— De paciência. Levei cinco mezes<br />
a <strong>de</strong>senha-lo.<br />
— E na parte inferior da galeria ?<br />
— Um panneaux tendo ao centro<br />
ums cruz <strong>de</strong> Cristo, com medalhões<br />
que ocupam o cruzameto e que téem<br />
o infante D. Henrique e Afonso d'Albuquerque.<br />
«Dois outros medalhões em cada<br />
pano representam Pedro Alvares Cabral<br />
e Vasco da Gama, D. Francisco<br />
d Almeida e D. João <strong>de</strong> Castro.<br />
«Uno limbo com as constelações envolve<br />
em semi-circulo a cruz e os medalhões.<br />
— Que altura téem os muros ?<br />
— 9 metros e 7 <strong>de</strong> largo.<br />
— Parece-lhe que o hotel merece<br />
um logar entre as nossas obras artísticas<br />
?<br />
— Sem duvida, a sala dc festas <strong>de</strong>corada<br />
a primor por Carlos Reis, a<br />
casa <strong>de</strong> jantar, os azulelos, tudo se conjuga<br />
e dá ao edificio um aspecto grandioso.<br />
Toda esta palestra se passa, parte<br />
no Leão d'Ouro on<strong>de</strong> encontramos Ramalho<br />
que lia no Diário Ilustrado os<br />
elixires-raros do sr. João Franco e outra<br />
parte no seu atelier no edificio das<br />
Sélas Artes, on<strong>de</strong> nos parece ter <strong>de</strong>scoberto<br />
o mesmo senhor, em gesso, e<br />
a quem com a irreverencia que nos<br />
caraterisa, estivemos para perguntar:<br />
Fstás lá ?<br />
O velho Portugal já não vae á vela,<br />
<strong>de</strong>ve ir mas é para o Bussaco.<br />
(De O Mundo).<br />
Excursão<br />
O Grémio Recreio Artistico, <strong>de</strong><br />
Aveiro, promove uma excursão a Coim-<br />
a, apreciado pela cribra no dia 3o do corrente.<br />
tica francczi com altos elogios e atri- Esta prestante associação foi das<br />
buído ao russo Ramalhof, pela rabisca que mais se distinguiu na brilhante re-<br />
com que Ramalho costuma assinar ser céção feita ao Comba Club em Aveiro.<br />
tomada por um f. Propõem no para Foi por sua iniciativa que se <strong>de</strong>co-<br />
uma tercéira medalha não a obtendo rou o Lsrgo Municipal em que tocou<br />
por falta dum voto.<br />
a banda dos bombeiros voluntários.<br />
Um brocanteur procura-o em se- Por isso se esforça agora o Combaguida<br />
e oferece-lhe 5:ooo francos pelo C!ub por correspon<strong>de</strong>r, como <strong>de</strong>ve, ao<br />
quadro.<br />
brilhante acolhimento que teve na patria<br />
<strong>de</strong> José Estevão.<br />
A este tempo Ramalho era um ignorado<br />
nesse gran<strong>de</strong> fluxo e refluxo que<br />
A i<strong>de</strong>ia da excursão foi muito bem<br />
é o Paris artistico.<br />
recebida em Aveiro, on<strong>de</strong> se está organisando<br />
com verda<strong>de</strong>iro entusiasmo.<br />
Trabalha sempre, e <strong>de</strong> volta a Lis<br />
Em <strong>Coimbra</strong> terão sem duvida os<br />
boa empreen<strong>de</strong> essa serie <strong>de</strong> trabalhos<br />
aveirenses uma recéção franca e calo-<br />
a que o seu nome está ligado e que<br />
rosa, porque ainda está bem presente<br />
além <strong>de</strong> retratos, como os da actriz<br />
a forma verda<strong>de</strong>iramente cativante por-<br />
Virgínia, a mãe do nosso colega Jaime<br />
que foram recebidos os nossos compa-<br />
Victor e Gualdino Gomes o único critriotas na pitoresca cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro.<br />
tico artistico que po<strong>de</strong> e diz verda<strong>de</strong>s,<br />
e outros, conta paisagens bélas como<br />
Figueiras <strong>de</strong> Inverno, Vista dos arre- Par-iu hontem para o Brazil o nosdores<br />
d'Evora, e pequenas impressões so correligionário sr. Bazilio Augusto<br />
em po<strong>de</strong>r do actor Ferreira da Silva. Pereira, membro da comissão paro*<br />
Os seus quadros d'interior como o quial republicana <strong>de</strong> Santa Clara,<br />
Lanternistaj a que acima nos referi- Boa e feliz viagem.