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Redes Urbanas Relatório - Secretaria de Estado de Gestão e ...

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL<br />

ESTADO DE GOIÁS<br />

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO - MPOG<br />

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA<br />

SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DO DESENVOLVIMENTO - SEPLAN/GO<br />

AGÊNCIA GOIANA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - AGDR/GO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS<br />

RELATÓRIO 1<br />

AGOSTO – 2009


FINALIDADE<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Revisão da literatura referente a estudos regionais e urbanos recentes (período<br />

1998-2008)<br />

EQUIPE DE PESQUISADORES<br />

Fernando Negret Fernan<strong>de</strong>z - Doutor.<br />

João Batista <strong>de</strong> Deus - Doutor.<br />

Nair <strong>de</strong> Moura Vieira - Mestra.<br />

COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL<br />

Lucio Warley Lippi - Especialista.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS ii


SUMÁRIO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 8<br />

2 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 14<br />

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 14<br />

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 14<br />

3 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15<br />

4 RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA ..................................................................... 17<br />

4.1 CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL ........................................... 17<br />

4.2 PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL ........................................................................... 27<br />

4.3 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC) ............................................................. 34<br />

5 OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES ................................................... 41<br />

5.1 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS .................................................................................... 41<br />

5.2 A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA<br />

CENTRO-GOIANO ............................................................................................................................... 45<br />

5.3 SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE<br />

CATALÃO-GO ..................................................................................................................................... 48<br />

5.4 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA<br />

(VERSÃO PRELIMINAR). ..................................................................................................................... 51<br />

5.5 O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL ..................................................... 57<br />

5.6 MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM GOIÁS .......... 63<br />

5.7 AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA E NAS<br />

ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS ..................................................... 69<br />

5.8 O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO<br />

GOIANO .............................................................................................................................................. 75<br />

5.9 FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA? 84<br />

6 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS RELEVANTES PRODUZIDAS<br />

EM GOIÁS .............................................................................................................................................. 87<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS iii


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO ............................................................. 89<br />

7.1 COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIA-GOIANIRA<br />

(2002 A 2006) .................................................................................................................................... 89<br />

7.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO: TEORIA E<br />

EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ..................................................................................................................... 90<br />

7.3 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO<br />

MUNICÍPIO DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 90<br />

7.4 CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS ............................................................ 91<br />

7.5 AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE LEITE DE<br />

MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS .................................................................................................... 92<br />

7.6 AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA REGIÃO<br />

DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS ................................................... 92<br />

7.7 DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA ..................................................... 93<br />

7.7.1 SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE ...................................................... 94<br />

7.7.2 NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL ................................. 95<br />

7.7.3 SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS ........................................................................... 95<br />

7.7.4 IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A<br />

CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA ....................................................................................... 96<br />

7.8 AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO .................................... 98<br />

7.9 A BUSCA DO PARAÍSO .............................................................................................................. 98<br />

7.10 A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO ................... 99<br />

7.11 A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES TRANSFORMAÇÕES<br />

ESPACIAIS EM IACIARA – GO............................................................................................................ 100<br />

7.12 A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES<br />

MUNICIPAIS ..................................................................................................................................... 102<br />

7.13 A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E TERRITORIAIS<br />

DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90 ............................................................................. 102<br />

7.14 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO SUDOESTE<br />

GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO ........................................ 103<br />

7.15 A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGRO-INDUSTRIAIS - DAIA<br />

(1970/90) ......................................................................................................................................... 105<br />

7.16 AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS<br />

(RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE PROJETOS DE<br />

ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA TERRA EM GOIÁS) ............ 105<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS iv


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.17 AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO OESTE<br />

GOIANO ............................................................................................................................................ 106<br />

7.18 CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS .......................................... 107<br />

7.19 CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA ................................ 107<br />

7.20 COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E USO DO<br />

CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO ...................................................................... 108<br />

7.21 CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO ....................................................... 109<br />

7.22 COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL - O CASO<br />

DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO ........................................................................................... 110<br />

7.23 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O CASO DA<br />

REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO ........................................................................................................ 110<br />

7.24 IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS – GO .... 111<br />

7.25 KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL ............................. 112<br />

7.26 LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE BRASÍLIA .... 113<br />

7.27 MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL .............................. 114<br />

7.28 O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI ETERNO<br />

EM TRINDADE .................................................................................................................................. 115<br />

7.29 O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS .......... 116<br />

7.30 O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE COLONIZAÇÃO<br />

PAINEIRAS ....................................................................................................................................... 117<br />

7.31 PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE<br />

NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE .................................................... 118<br />

7.32 PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA REALIDADE ..... 119<br />

7.33 PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL .......................... 120<br />

7.34 REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS ............................... 121<br />

7.35 SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO CURSO DO<br />

RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL ..................................... 122<br />

7.36 TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA AGRÁRIA<br />

REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO...................................................................... 123<br />

7.37 URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE ..................................................................... 123<br />

7.38 VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO ............................. 124<br />

7.39 A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR SUCROALCOOLEIRO 125<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS v


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.40 AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E CONTRADIÇÕES126<br />

7.41 GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES ................................................................................. 126<br />

7.42 CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM GOIÁS: UM<br />

ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER ............................................................................... 127<br />

7.43 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS<br />

SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO ........................................................ 128<br />

7.44 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O MERCOSUL EM<br />

QUESTÃO ......................................................................................................................................... 129<br />

7.45 A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO .................... 130<br />

7.46 ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE DE<br />

GOIÁS – 1970-1995 .......................................................................................................................... 131<br />

7.47 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO<br />

FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA ............................................. 131<br />

7.48 ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA –<br />

TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS ..................................................................................... 133<br />

7.49 A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS .................................................................................. 133<br />

7.50 AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM CATALÃO E<br />

OUVIDOR - GOIÁS ............................................................................................................................ 134<br />

7.51 SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA MODERNIZADA EM<br />

JATAÍ 136<br />

7.52 INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO) NO<br />

PERÍODO DE 1970 A 2000 ................................................................................................................ 136<br />

7.53 INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA REGIÃO DE<br />

CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO MINEIRO ............................... 137<br />

7.54 O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO PÓLO DE<br />

MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS ................................................................................................. 138<br />

8 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO .................................................................... 139<br />

8.1 SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA DE AÇÃO<br />

PARA O SEBRAE ............................................................................................................................... 139<br />

9 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO ....................................................................... 141<br />

9.1 O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO ECONÔMICA DE<br />

GOIÁS .............................................................................................................................................. 141<br />

9.2 AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA .................................................................. 141<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS vi


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

9.3 A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000 ............................................... 142<br />

9.4 CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS .......... 142<br />

9.5 GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA ............................................................................... 143<br />

10 ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA .......................................................... 143<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS vii


1 APRESENTAÇÃO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Por Lucio Warley Lippi 1<br />

As interações resultantes das relações sociais <strong>de</strong> produção, distribuição e consumo<br />

<strong>de</strong> bens tangíveis e intangíveis, condicionam e <strong>de</strong>terminam padrões sociais diferenciados<br />

tanto no tempo, quanto no espaço territorial. Esta dinâmica estabelece múltiplas conexões<br />

capazes <strong>de</strong> impactar as configurações sociais e estabelecer re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> influências integradas,<br />

incorporadas ou contraditórias, ancoradas em cida<strong>de</strong>s classificadas por critérios <strong>de</strong><br />

hierarquização. Materializa-se, na gênese <strong>de</strong>sse processo dinâmico, a essência dialética 2<br />

das relações sociais.<br />

Asseverar sobre a evolução das relações sociais implica na i<strong>de</strong>ntificação,<br />

caracterização e classificação <strong>de</strong> variáveis, notadamente as variáveis do tipo “fluxo”: fluxo<br />

<strong>de</strong> renda, fluxo comercial, fluxo <strong>de</strong> investimentos; <strong>de</strong>ntre outras. A dificulda<strong>de</strong> em<br />

estabelecer uma ou mais variáveis resi<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> explicativa da variável, frente ao<br />

fenômeno sócio-econômico em apreço para propositura <strong>de</strong> políticas públicas. O exame da<br />

literatura disponível referente ao espaço territorial do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás tem como objetivo a<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> possíveis elementos explicativos da dinâmica urbana; entendida como<br />

espaço territorial, superada a possível dicotomia rural x urbano.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong> políticas públicas está intrinsecamente atrelado à forma como<br />

se <strong>de</strong>tecta a atual configuração da dinâmica urbana. Tomemos a questão dos Arranjos<br />

Produtivos Locais como instrumento <strong>de</strong> política pública.<br />

A <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás - SEPLAN/GO,<br />

por intermédio da Superintendência <strong>de</strong> Estatística, Pesquisa e Informação - SEPIN elaborou<br />

um estudo sobre intenção <strong>de</strong> investimento privado no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. Utilizou como<br />

metodologia para levantar intenções <strong>de</strong> investimentos, a coleta diária <strong>de</strong> informações<br />

1 Gestor <strong>de</strong> Planejamento e Orçamento do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e Gerente <strong>de</strong> Planejamento da Agência Goiana <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Regional – AGDR; Especialista em Auditoria e <strong>Gestão</strong> Governamental.<br />

2 Não há intencionalida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>finir o sentido do conceito, mas o registro das múltiplas possibilida<strong>de</strong>s. Por<br />

exemplo: dialética ascen<strong>de</strong>nte ou dialética <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, dialética transcen<strong>de</strong>ntal; conforme Platão e Kant,<br />

respectivamente.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 8


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

primárias dos prováveis investimentos a serem realizados no setor industrial e <strong>de</strong> serviços;<br />

divulgadas pelos principais meios <strong>de</strong> comunicação. Sinteticamente tem-se o seguinte<br />

panorama 3 :<br />

INTENÇÃO DE INVESTIMENTOS PARA GOIÁS - 2009 / 2012<br />

PARTICIPAÇÃO DOS INVESTIMENTOS POR REGIÕES DE PLANEJAMENTO<br />

3 Disponível em 13/08/2009: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/ => Pesquisas conjunturais: Pesquisa <strong>de</strong><br />

Intenção <strong>de</strong> Investimentos => Releases<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 9


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Paralelamente ao mencionado estudo está instituída, por intermédio do Decreto nº<br />

5.990 <strong>de</strong> 12/08/2004, a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio Aos Arranjos Produtivos Locais - RG-APL; instância<br />

que congrega diversas entida<strong>de</strong>s públicas e privadas com a seguinte finalida<strong>de</strong>:<br />

“Art. 2 o A Re<strong>de</strong> Goiana <strong>de</strong> Apoio a Arranjos Produtivos Locais, criada por este<br />

Decreto, tem por finalida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>r ações que objetivam a:<br />

I - estabelecer, promover, organizar e consolidar a política estadual <strong>de</strong> inovação<br />

tecnológica local, através da constituição e o fortalecimento <strong>de</strong> Arranjos<br />

Produtivos Locais;<br />

II - apoiar e incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento científico, tecnológico e <strong>de</strong> inovação,<br />

estimulando ações nas ca<strong>de</strong>ias produtivas <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no <strong>Estado</strong>;<br />

III - colaborar na captação <strong>de</strong> recursos financeiros para aplicação no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Arranjos Produtivos Locais;<br />

IV - criar e manter o Banco <strong>de</strong> Dados para armazenar dados, informações e<br />

i<strong>de</strong>ntificação relativos a Arranjos Produtivos Locais existentes e a serem<br />

implantados no <strong>Estado</strong>;<br />

V - selecionar os setores produtivos e as regiões a serem apoiados por recursos<br />

do <strong>Estado</strong>, na implementação <strong>de</strong> Arranjos Produtivos Locais;<br />

VI - incentivar e apoiar a qualificação e a especialização <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para o<br />

setor produtivo das áreas <strong>de</strong> apoio a Arranjos Produtivos Locais;<br />

VII - difundir e estimular a formação <strong>de</strong> Arranjos Produtivos Locais, com<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> sua importância para a economia local e regional;<br />

VIII - criar condições <strong>de</strong> avaliação do andamento <strong>de</strong> cada Plataforma<br />

Tecnológica, visando observar os resultados concretos e os benefícios gerados<br />

para o <strong>Estado</strong> em função da sua implantação;<br />

IX - estabelecer as condições indispensáveis às ações cooperativas dos setores<br />

públicos e privados, com o intuito <strong>de</strong> garantir a aplicação máxima <strong>de</strong><br />

conhecimentos científicos e tecnológicos atualizados, bem como auxiliar no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias apropriadas às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região;<br />

X - prestar assessoramento e informações a todas as pessoas físicas ou<br />

jurídicas interessadas nos objetivos estabelecidos neste Decreto;<br />

XI - realizar ações e <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s afins e complementares.”<br />

O Parágrafo Único do Artigo 1º do referido Decreto Nº 5.990, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2004, <strong>de</strong>fine Arranjos Produtivos Locais da seguinte forma:<br />

“Consi<strong>de</strong>ram-se Arranjos Produtivos Locais os aglomerados <strong>de</strong> agentes<br />

econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo espaço territorial,<br />

que apresentem, real ou potencialmente, vínculos consistentes <strong>de</strong> articulação,<br />

interação, cooperação e aprendizagem para a inovação tecnológica.”<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 10


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

A <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás -<br />

SECTEC/GO, coor<strong>de</strong>nadora institucional da RG-APL, divulgou os seguintes dados em seu<br />

relatório semestral 4 :<br />

Total <strong>de</strong><br />

APL'S<br />

Consolidados<br />

Em formação<br />

4 Panorama dos APLs <strong>de</strong> Goiás - <strong>Relatório</strong> Semestral da Re<strong>de</strong> Goiana <strong>de</strong> Apoio aos Arranjos Produtivos<br />

Locais. 1º semestre 2008. SECTEC, Superintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, Gerência<br />

<strong>de</strong> Ações Locais.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 11<br />

23<br />

26<br />

49


O relatório apresentou, ainda, a seguinte distribuição espacial:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Interessa-nos averiguar, diante <strong>de</strong>sta síntese <strong>de</strong> dados, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apontamento das variáveis <strong>de</strong>terminantes e condicionantes capazes <strong>de</strong> impactar<br />

positivamente na conjuntura <strong>de</strong>lineada, objetivando a redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s inter-<br />

regionais resultante das políticas públicas lastreadas no conhecimento sobre a Dinâmica<br />

Urbana dos <strong>Estado</strong>s; tarefa que o presente trabalho preten<strong>de</strong> principiar.<br />

A participação do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás na Pesquisa DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS<br />

promovida pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, resultante da celebração do Acordo <strong>de</strong> Cooperação<br />

Técnica, tendo como intervenientes executores a SEPLAN/GO e o Instituto <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Econômica Aplicada - IPEA; objetiva integrar o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás ao processo <strong>de</strong><br />

elaboração e execução da pesquisa sobre a dinâmica territorial. A participação institucional<br />

<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s Orçamentárias Estaduais justifica-se pela necessida<strong>de</strong> da elaboração <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 12


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

estudos e pesquisas sobre a dinâmica regional no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, cujas análises e<br />

conclusões servirão <strong>de</strong> parâmetros para formulação e a execução <strong>de</strong> Política Pública.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 13


2 OBJETIVOS<br />

2.1 OBJETIVO GERAL<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O objetivo geral do estudo “Dinâmica Urbana dos <strong>Estado</strong>s” é analisar aspectos do<br />

sistema urbano dos <strong>Estado</strong>s brasileiros integrantes da pesquisa, no período <strong>de</strong> 2000 a 2008,<br />

enfocando as transformações ocorridas no perfil <strong>de</strong>mográfico, produtivo e funcional das<br />

cida<strong>de</strong>s, bem como na sua distribuição espacial, a fim <strong>de</strong> contribuir para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

estratégias <strong>de</strong> apoio à formulação e à execução das políticas públicas em diferentes escalas.<br />

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

a) I<strong>de</strong>ntificar movimentos recentes relacionados às configurações espaciais – aspetos<br />

<strong>de</strong>mográficos, econômicos, funcionais e <strong>de</strong> gestão do <strong>Estado</strong>;<br />

b) Fortalecer a base analítica para os estudos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> urbana. Compreen<strong>de</strong>r o processo<br />

<strong>de</strong> produção territorial e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s no território goiano.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 14


3 INTRODUÇÃO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O presente estudo está estruturado <strong>de</strong> forma a evi<strong>de</strong>nciar a elaboração das resenhas<br />

obrigatórias, a elaboração <strong>de</strong> resenhas <strong>de</strong> estudos que apresentam maior contribuição ao<br />

tema e, ainda, o levantamento <strong>de</strong> material bibliográfico correlato à dinâmica territorial<br />

goiana.<br />

O item 4 - RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA apresenta as resenhas<br />

obrigatórias <strong>de</strong>finidas pelo IPEA, a saber: a) IPEA / UNICAMP / IBGE (2002).<br />

Caracterização e Tendências da Re<strong>de</strong> Urbana do Brasil, Brasília. b) CEDEPLAR /<br />

UFMG (2007). Proposta <strong>de</strong> Regionalização do Brasil. Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Clélio Campolina<br />

Diniz (Módulo 3 do Estudo para Subsidiar a Abordagem da Dimensão Territorial do<br />

Desenvolvimento Nacional no PPA 2008-2011 e no Planejamento Governamental <strong>de</strong><br />

Longo Prazo, encomendado pelo MPOG ao CGEE); como também, c) IBGE (2008).<br />

Regiões <strong>de</strong> Influência das cida<strong>de</strong>s 2007 (REGIC), Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

O item 5 - OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES trata da<br />

seleção do material <strong>de</strong> maior relevância consonante ao tema em foco. Figuram entre os<br />

<strong>de</strong>staques as seguintes obras: 1) A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS; 2) A REGIÃO COMO<br />

ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA CENTRO-GOIANO; 3)<br />

SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE<br />

CATALÃO-GO; 4) GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E<br />

TECNOLÓGICA (VERSÃO PRELIMINAR); 5) O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO<br />

INDUSTRIAL; 6) MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM<br />

GOIÁS 7) AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA<br />

E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS; 8) O GRANDE VALE DO<br />

OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO GOIANO; e, 9) FORMOSA:<br />

PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA?<br />

O item 6 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS<br />

RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS indica os periódicos que servirão <strong>de</strong> base para futuras<br />

consultas aos artigos técnicos correlatos ao tema.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 15


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O item 7 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO apresenta resumos<br />

<strong>de</strong> 57 obras que não foram objeto <strong>de</strong> resenha, contudo apresentam argumentações<br />

relevantes à execução da pesquisa.<br />

O item 8 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO compreen<strong>de</strong> material<br />

técnico elaborado pelo SEBRAE; busca caracterizar o Arranjo Produtivo Local - APL,<br />

procurando enten<strong>de</strong>r sua dinâmica, interação e cooperação inter-firmas. O trabalho<br />

objetivava, ainda, i<strong>de</strong>ntificar as dificulda<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>s do APL para, a partir <strong>de</strong>las,<br />

apontar sugestões <strong>de</strong> política para seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O item 9 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO <strong>de</strong>staca cinco obras<br />

publicadas que <strong>de</strong>vido sua aceitação e reconhecimento foram lançadas em formato <strong>de</strong><br />

livro.<br />

O item 10 - ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA visa arrazoar a<br />

seleção <strong>de</strong> obras importantes que não foram objeto <strong>de</strong> resenha.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 16


4 RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA<br />

4.1 CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Ministério <strong>de</strong> Planejamento, Orçamento e <strong>Gestão</strong>. Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica<br />

APLICADA (IPEA). IBGE, UNICAMP, IE, NESUR. CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE<br />

URBANA DO BRASIL. Volume 4 . <strong>Re<strong>de</strong>s</strong> <strong>Urbanas</strong> Regionais, Norte, Nor<strong>de</strong>ste e Centro-<br />

Oeste. Brasília, 2001.<br />

Por Fernando Negret 5<br />

O Estudo da Região Centro-Oeste, inserido no Volume 4, <strong>Re<strong>de</strong>s</strong> <strong>Urbanas</strong><br />

Regionais, foi elaborado por uma equipe <strong>de</strong> pesquisadores sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Rosana<br />

Baeninger e Zorai<strong>de</strong> Amarante I. Miranda.<br />

O documento está estruturado em três gran<strong>de</strong>s partes <strong>de</strong>dicadas cada uma a região<br />

Norte, Nor<strong>de</strong>ste e Centro-Oeste. Inclui uma breve parte introdutória <strong>de</strong>nominada Bases<br />

Teóricas dos Estudos Regionais, no qual se explica qual é a perspectiva <strong>de</strong> análise e<br />

reflexão do estudo.<br />

Nesse sentido o documento explica como ponto <strong>de</strong> partida, que foi adotada como<br />

referência territorial a divisão em gran<strong>de</strong>s regiões do Brasil, <strong>de</strong>finida pelo Instituto<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, menciona-se que na elaboração<br />

<strong>de</strong> estudos regionais, essa regionalização mostrou ser pouca a<strong>de</strong>quada dada a<br />

“inter<strong>de</strong>pendência econômica e urbana entre espaços localizados em regiões geográficas<br />

distintas”.<br />

O estudo tomou como escala <strong>de</strong> análise as mesorregiões geográficas <strong>de</strong>finidas pelo<br />

IBGE e abrange os seguintes aspectos: tendências locacionais da ativida<strong>de</strong> produtiva,<br />

concentração e <strong>de</strong>sconcentração <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, diversificação do setor <strong>de</strong> serviços e<br />

mudanças ocupacionais relacionadas a essa diversificação, especialmente para as<br />

5 Coor<strong>de</strong>nador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da<br />

área regional, urbana e sócio-ambiental.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 17


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

aglomerações urbanas e principais centros da re<strong>de</strong> urbana brasileira; transformações das<br />

estruturas ocupacionais dos centros urbanos, segundo a sua hierarquia e tamanho,<br />

procurando caracterizar a estrutura do emprego; e, finalmente, i<strong>de</strong>ntificação e qualificação<br />

da infra-estrutura urbana, quando ela constituiu-se em vetor <strong>de</strong> transformação do sistema<br />

<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s.<br />

Essas questões foram trabalhadas para as gran<strong>de</strong>s regiões como “mediações” para<br />

se enten<strong>de</strong>r a articulação entre a dinâmica recente das economias regionais, as<br />

características da urbanização e as transformações da re<strong>de</strong> urbana.<br />

Uma primeira classificação dos centros urbanos se obteve segundo as<br />

características específicas <strong>de</strong> cada região, “base para estabelecer critérios e para proce<strong>de</strong>r a<br />

classificação da re<strong>de</strong> urbana do Brasil”. Essa classificação contempla as diversas<br />

espacialida<strong>de</strong>s do sistema urbano brasileiro.<br />

O documento afirma que na tradição do pensamento geográfico, a cida<strong>de</strong> é parte<br />

integrante e, ao mesmo tempo, formadora da região e como tal não po<strong>de</strong>, nem <strong>de</strong>ve ser<br />

tratada <strong>de</strong> modo separado ou <strong>de</strong>sconexo. Nesse sentido afirma-se que a classificação da<br />

re<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong>veria contemplar não só a estrutura dos fluxos <strong>de</strong> bens, serviços e<br />

indivíduos, em um dado espaço econômico, mas também os fatores econômicos e sociais<br />

que <strong>de</strong>terminaram tal estrutura ao longo <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Assim não se<br />

po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a cida<strong>de</strong> como apartada do processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> uma economia<br />

regional.<br />

Em termos da opção metodológica, o estudo explica que se optou por articular a<br />

teoria neoclássica do pensamento geográfico sobre hierarquias <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s urbanas com a<br />

teoria histórico-materialista, cujo enfoque “resi<strong>de</strong> na produção do espaço regional-urbano e<br />

seus <strong>de</strong>terminantes”, o que permite estabelecer uma correlação entre dinâmica do sistema<br />

<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e evolução do capitalismo em escala internacional.<br />

O estudo explica que com base nessa correlação, preten<strong>de</strong>-se não somente<br />

classificar a re<strong>de</strong> urbana brasileira, como também fazer uma análise prospectiva, com<br />

vistas a formulação <strong>de</strong> políticas públicas. (Cabe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já afirmar que não existe no<br />

documento proposta <strong>de</strong> políticas públicas).<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 18


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Após essas consi<strong>de</strong>rações introdutórias, mas que <strong>de</strong>finem claramente o enfoque do<br />

estudo, faz-se uma revisão bibliográfica sobre “A Tradição Neoclássica <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong><br />

Re<strong>de</strong> Urbana” <strong>de</strong>stacando as teorias <strong>de</strong> Thunem e Cristaller sobre lugares centrais e<br />

centralida<strong>de</strong>. Discute a “Tradição da Geografia Humana Radical”. Igualmente se analisam<br />

“Os Sistemas <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s” em termos conceituais como “Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s” e <strong>de</strong> suas<br />

características, principalmente hierarquias, tamanhos, funcionamento e zonas <strong>de</strong> influência<br />

das cida<strong>de</strong>s. Comenta-se especificamente a “Teoria dos Lugares Centrais” <strong>de</strong> Cristaller,<br />

(1966) e mostra-se que é um enfoque priorizado no estudo. Aborda a “Especialização das<br />

Cida<strong>de</strong>s”, <strong>de</strong>stacando-se casos concretos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s com serviços especiais internacionais,<br />

além da sua área <strong>de</strong> influencia. Comenta-se sobre “As Relações entre Campo e Cida<strong>de</strong>”,<br />

“As Dinâmicas Recentes dos Sistemas <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s” e a “A Emergência <strong>de</strong> uma Nova<br />

Hierarquia Urbana”.<br />

Ainda na parte introdutória sobre metodologia o estudo apresenta uma seção breve<br />

<strong>de</strong>nominada “Referenciais da Re<strong>de</strong> Urbana do Brasil”, na qual se explicita o processo geral<br />

<strong>de</strong> transformações do sistema urbano-regional, com relação a dois aspectos: a ampliação<br />

das funções dos centros urbanos e a ampliação das <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> articulação e integração.<br />

O qual é interpretado como resultado da <strong>de</strong>sconcentração das ativida<strong>de</strong>s produtivas e a<br />

interiorização do <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Com relação à Configuração da Re<strong>de</strong> Urbana Brasileira se explicam os quatro<br />

referenciais básicos para a sua análise: 1)Estudos Regionais (re<strong>de</strong>s urbanas das gran<strong>de</strong>s<br />

regiões); 2) Hierarquia da Re<strong>de</strong>, pela classificação dos Centros Urbanos (seis categorias e<br />

111 centros urbanos; 3) Os Sistemas Urbanos Regionais (12 sistemas) e sua articulação em<br />

três estruturas urbanas; 4) Aglomerações <strong>Urbanas</strong> (49 aglomerações).<br />

Para o Estudo, Re<strong>de</strong> Urbana é o conjunto das cida<strong>de</strong>s que polarizam o território<br />

brasileiro e os fluxos <strong>de</strong> bens, pessoas e serviços que se estabelecem entre si. È formada<br />

por centros, com dimensões variadas, que estabelecem dinâmicas entre si como campos <strong>de</strong><br />

forças <strong>de</strong> diferentes magnitu<strong>de</strong>s.<br />

Explica-se que a classificação da Re<strong>de</strong> Urbana Brasileira foi <strong>de</strong>senvolvida com<br />

base em um conjunto <strong>de</strong> critérios e procedimentos articulados ás tipologias <strong>de</strong> tamanho dos<br />

centros urbanos, ocupacional e <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência funcional <strong>de</strong>sses, bem como da forma<br />

urbana assumida pelos centros.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 19


O estudo da configuração da re<strong>de</strong> implicou quatro etapas:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

a) Estudos Regionais, cujos critérios foram tamanho e tipologia dos centros<br />

urbanos ou seja, a sua posição com base no trabalho do IBGE Regiões <strong>de</strong> Influência das<br />

Cida<strong>de</strong>s (REGIC); porcentagem da População Economicamente Ativa - PEA urbana; total<br />

da população; taxa <strong>de</strong> crescimento da população; porcentagem <strong>de</strong> acréscimo da população;<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica (1996) e agrupamento dos centros urbanos. Além <strong>de</strong>sses<br />

indicadores e com apoio do Quadro <strong>de</strong> Composição das Aglomerações <strong>Urbanas</strong>,<br />

consi<strong>de</strong>ram-se ainda como indicadores a presença <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> conurbação e<br />

periferização. Tamanho populacional dos centros em 1991 e 1996; crescimento do<br />

município-núcleo e da periferia 1980-91 e 1991-96 e “indicadores referentes quanto à<br />

articulação entre centros urbanos”.<br />

b) Quadro <strong>de</strong> Classificação da Re<strong>de</strong> Urbana do Brasil, que i<strong>de</strong>ntificou seis<br />

categorias: Metrópoles Globais, Nacionais e Regionais, 13 centros urbanos, com exceção<br />

<strong>de</strong> Manaus; Centros Regionais, 16 centros sendo 13 <strong>de</strong> aglomerações urbanas não<br />

metropolitanas; Centros Sub-regionais 1 e 2, somando 82 centros urbanos.<br />

c) Sistemas Urbano-Regionais, compreen<strong>de</strong>u a organização dos sistemas<br />

territoriais a partir das metrópoles e centros regionais. Foram realizados estudos<br />

específicos com base nos fluxos <strong>de</strong> pessoas, mercadorias e informações distinguindo como<br />

sistema os conjuntos mais articulados entre si, com contigüida<strong>de</strong> espacial e <strong>de</strong>pendência<br />

funcional. Além disso, ritmo da urbanização, nível <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s;<br />

grau <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> entre os centros urbanos; nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano,<br />

expressos nos indicadores <strong>de</strong> renda, alfabetização e acesso aos serviços urbanos básicos.<br />

Com base nesses indicadores e aspectos, foram reagrupados os doze sistemas em três<br />

“gran<strong>de</strong>s estruturas articuladas”: 1) a do Centro Sul, incluindo as áreas <strong>de</strong> influência <strong>de</strong><br />

Belo Horizonte até as <strong>de</strong> Porto Alegre; 2) a do Nor<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as áreas <strong>de</strong> São Luis-<br />

Terezina, até Salvador e Feira <strong>de</strong> Santana; 3) a do Centro-Oeste, integrada pelos sistemas<br />

<strong>de</strong> Cuiabá, Belém, Manaus e <strong>de</strong> Brasília-Goiânia.<br />

d) Quadro <strong>de</strong> Composição das Aglomerações <strong>Urbanas</strong> do Brasil, as quais<br />

correspon<strong>de</strong>m a “mancha <strong>de</strong> ocupação contínua entre pelo menos dois municípios<br />

(<strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> perifização ou conurbação), e apresentam intensos fluxos <strong>de</strong> relações<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 20


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

intermunicipais, comutação diária, complementarida<strong>de</strong> funcional, integração sócio-<br />

econômica, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> especialização e complementação funcional das aglomerações<br />

urbanas. Foram i<strong>de</strong>ntificadas 49 aglomerações, 12 classificadas em nível metropolitano.<br />

Na Caracterização da Re<strong>de</strong> Urbana da Região Centro-Oeste, <strong>de</strong>stacam-se duas<br />

questões: 1) o fato <strong>de</strong> não ter estudos sobre o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e suas<br />

implicações sobre os sistemas regionais urbanos; 2) o período histórico <strong>de</strong> análise não po<strong>de</strong><br />

ser restrito somente aos últimos 15 anos, na medida em que foi nos anos 60/70 que se<br />

constituíram as bases da ocupação do território e da construção da re<strong>de</strong>.<br />

Após ser <strong>de</strong>scrito o “objeto” da pesquisa explicando o que é o Centro-Oeste como<br />

região e seu processo geral <strong>de</strong> ocupação, <strong>de</strong>screvem-se o objetivo e a metodologia. Neste<br />

item se assinala que com o objetivo <strong>de</strong> explicar a diversida<strong>de</strong> regional e a morfologia das<br />

cida<strong>de</strong>s da região <strong>de</strong>ve-se fazer uma construção periódica dos cenários nos quais se <strong>de</strong>u a<br />

“sua inserção na economia nacional e internacional”. Agrega-se que a metodologia implica<br />

duas referencias: o agregado político- administrativo dos territórios das unida<strong>de</strong>s<br />

fe<strong>de</strong>rativas e a menor unida<strong>de</strong> territorial <strong>de</strong> análise, o município, cuja dinâmica sócio-<br />

produtiva representa o embrião das estruturas funcionais características <strong>de</strong> diversas<br />

estruturas produtivas e inserções regionais, não necessariamente limitadas pela “rigi<strong>de</strong>z”<br />

dos territórios estaduais. Conclui afirmando que o município é a unida<strong>de</strong> que,<br />

metodologicamente, melhor permite compreen<strong>de</strong>r a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, suas inter-relações e<br />

diferenciações funcionais, cuja configuração <strong>de</strong>sdobra-se em peculiarida<strong>de</strong>s da estrutura<br />

produtiva e, conseqüentemente, em recortes analíticos regionais.<br />

Inclui-se uma Caracterização da Economia Regional, na qual se menciona<br />

rapidamente a exploração mineira inicial em pequenos núcleos dispersos, principalmente<br />

em Goiás e Mato Grosso e posteriormente no subitem Formação Econômica e Social se<br />

assinala como Cuiabá, Vila Bela e Goiás em Mato Grosso e Goiás foram os principais<br />

núcleos iniciais que, embora muito fragilmente, estabeleceram relações sócio-econômicas<br />

com o Su<strong>de</strong>ste. Posteriormente, o documento apresenta uma análise do processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada <strong>Estado</strong>, em termos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas e o surgimento e<br />

consolidação <strong>de</strong> centros urbanos importantes como Goiânia e Anápolis. No subitem Bases<br />

da Expansão Recente se assinala o Plano <strong>de</strong> Metas (1956-61) do governo <strong>de</strong> Juscelino<br />

Kubitschek como “um gran<strong>de</strong> divisor <strong>de</strong> águas” entre o processo <strong>de</strong> ocupação e a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 21


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

“mo<strong>de</strong>rna incorporação do Centro-Oeste pela agricultura comercial e a bovinocultura”. É<br />

neste item que se <strong>de</strong>screvem as gran<strong>de</strong>s obras, tais como a construção <strong>de</strong> Brasília e as vias<br />

BR 153 que ligou Goiânia a São José <strong>de</strong> Rio Preto e a BR 060 ligando Brasília-Anápolis-<br />

Goiâna. Um terceiro Item está <strong>de</strong>dicado a Expansão Sócio-Econômica Recente on<strong>de</strong> se<br />

analisam Os Programas Governamentais e Frentes <strong>de</strong> Expansão. Inclui o Desempenho<br />

Econômico Regional 1985-96 analisando as ativida<strong>de</strong>s econômicas por produto, na<br />

agricultura e na pecuária, no nível da região e por <strong>Estado</strong>, <strong>de</strong>stacando-se 10 produtos<br />

principais e <strong>de</strong>ntre eles a soja, a cana <strong>de</strong> açúcar, algodão e milho. Neste item também se<br />

aborda o emprego, apresentam-se tabelas por ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para a região Centro-Oeste<br />

e se <strong>de</strong>staca o crescimento geral do emprego na região como um todo, o maior crescimento<br />

do emprego em Mato Grosso por ser fronteira <strong>de</strong> expansão agrícola e a menor expansão<br />

em Goiás. A análise do emprego inclui o comportamento por ativida<strong>de</strong>, mostrando a<br />

importância do setor agropecuário, dado o aumento das empresas nesse setor e o novo<br />

perfil empresarial.<br />

Ainda com relação ao Desempenho Econômico Regional inclui-se uma análise<br />

sobre o comportamento setorial do PIB no qual se ressalta a expansão da participação do<br />

setor agropecuário na região pelas exportações <strong>de</strong> grãos e carnes e a expansão dos serviços,<br />

pela presença <strong>de</strong> Brasília.<br />

A Caracterização da Re<strong>de</strong> Urbana Regional se baseia segundo o documento em<br />

uma análise “do conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminantes do <strong>de</strong>senvolvimento sócio-econômico regional<br />

e suas inter-relações com a estruturação espacial”. Essa análise inclui a caracterização e a<br />

i<strong>de</strong>ntificação espacial dos sistemas produtivos, juntamente com a análise da dinâmica<br />

produtiva.<br />

Neste sentido se apresenta uma análise da Dinâmica Populacional e se <strong>de</strong>staca que<br />

a região Centro-Oeste ao longo da década <strong>de</strong> 1970 absorveu 1.3 milhões <strong>de</strong> migrantes,<br />

duas vezes superior a taxa nacional. Esta década foi o auge do crescimento <strong>de</strong>mográfico, já<br />

que posteriormente se verifica uma <strong>de</strong>saceleração das taxas <strong>de</strong> crescimento regional. As<br />

análises <strong>de</strong>mográficas posteriores são no nível do estado e por mesorregiões <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>talhada. Adverte-se que o Distrito Fe<strong>de</strong>ral, a partir da década <strong>de</strong> 1980, não per<strong>de</strong>u po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> atração populacional e que <strong>de</strong>u um crescimento no entorno goiano do DF. Esse<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 22


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

fenômeno implicou que no estado <strong>de</strong> Goiás “a fixação produtiva da população em seu<br />

território foi sensivelmente reduzida”.<br />

O estudo apresenta uma análise <strong>de</strong>talhada do comportamento <strong>de</strong>mográfico dos<br />

estados por mesorregião e sobre Goiás afirma-se que o Norte Goiano teve uma taxa<br />

negativa <strong>de</strong> -0,27% e <strong>de</strong> apenas 0,47 para o noroeste. Essa duas regiões eram produtoras <strong>de</strong><br />

alimentos e com o <strong>de</strong>smonte dos programas <strong>de</strong> apoio passaram a pecuária intensiva.<br />

Entretanto, o leste goiano passou por um período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dinamismo, crescendo a taxa<br />

elevadas nos períodos <strong>de</strong> 1980-96. Destaca-se <strong>de</strong>ssa mesorregião a sua assimetria, já que<br />

está constituía por duas microrregiões com dinâmicas distintas: ao norte a micro-região do<br />

Vão do Paranã, a mais pobre e <strong>de</strong>spovoada do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, enquanto o entorno do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral configura uma microrregião com gran<strong>de</strong> dinâmica agropecuária e atração<br />

populacional. A mesorregião Centro Goiano, don<strong>de</strong> se localiza Goiânia, teve <strong>de</strong>saceleração<br />

do crescimento no período 1980-91 e 1,7% <strong>de</strong> 1991 a 1996. Na mesorregião sul a<br />

população <strong>de</strong>cresceu, o qual é produto da migração para ás cida<strong>de</strong>s característico em toda<br />

região Centro-Oeste.<br />

Na análise do Perfil da Re<strong>de</strong> Urbana, realizada com base nos municípios, mostra<br />

um processo <strong>de</strong> concentração da população nos principais centros urbanos Goiânia e<br />

Brasília e respectivas cida<strong>de</strong>s satélites. Juntos, esses dois aglomerados em 1970<br />

representavam 25.8% do total da população e em 1996 passaram a concentrar 37.7%. Se a<br />

essas duas aglomerações se junta à população <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, Campo Gran<strong>de</strong>, Dourados e<br />

Cuiabá-Varzea Gran<strong>de</strong>, a concentração chega a 50,75% da população total. Nessa<br />

perspectiva o estudo avança nas análises <strong>de</strong>mográficas mostrando o grau <strong>de</strong> concentração<br />

em poucos municípios da região, nos estados e mesorregiões, bem como as complementa<br />

mostrando a dinâmica ocupacional em relação à PEA ocupada nas ativida<strong>de</strong>s econômicas<br />

em cada mesorregião.<br />

No caso do estado <strong>de</strong> Goiás, a PEA é marcada pela maior participação na<br />

agropecuária e extração mineral, embora existam centros urbanos ligados ao comércio e<br />

serviços em geral em várias mesorregiões, como é caso <strong>de</strong> Aragarças e Aruanã, na<br />

mesorregião norte goiano; Porangatú e Uruaçu no norte; Goiânia, Anápolis, Aparecida <strong>de</strong><br />

Goiânia, Rialma, Senador Canedo e Trinda<strong>de</strong> no Centro; Luziânia, Planaltina <strong>de</strong> Goiás e<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 23


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Santo Antônio do Descoberto no leste e Caldas Novas, Anhanguera, Itumbiara e Pires do<br />

Rio no sul.<br />

O estudo distingue Goiás como o estado da Região Centro-Oeste que apresenta uma<br />

re<strong>de</strong> urbana mais a<strong>de</strong>nsada e consolidada. Afirma-se que embora predominem os<br />

municípios pequenos, nas mesorregiões Centro on<strong>de</strong> está Goiânia, Sul <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong> e<br />

Catalão, e Leste do entorno <strong>de</strong> Brasília, a re<strong>de</strong> urbana é marcada por dinâmicas regionais<br />

específicas, configurando importantes centros urbanos como Brasília, Goiânia e Anápolis.<br />

Ainda com relação ao Perfil da Re<strong>de</strong> geral do Centro-Oeste se estabelece a seguinte<br />

or<strong>de</strong>m dos centros urbanos com PEA ocupada em comércio e serviços: Brasília, Goiânia,<br />

Campo Gran<strong>de</strong>, Cuiabá, Anápolis, Luziânia, Aparecida <strong>de</strong> Goiânia, Várzea Gran<strong>de</strong>,<br />

Dourados e Rondonópolis.<br />

Na análise da Re<strong>de</strong> Urbana Principal e especificamente sobre a Conformação dos<br />

principais Centros Urbanos, ressalta-se o fato <strong>de</strong> que mesmo com os avanços da agro-<br />

industrialização não houve gran<strong>de</strong>s mudanças na hierarquia urbana e somente é <strong>de</strong>stacado<br />

o surgimento <strong>de</strong> novos centros urbanos na área <strong>de</strong> fronteira, no norte <strong>de</strong> Mato Grosso, tais<br />

como Alta Floresta, Sinop, Sorriso, Coli<strong>de</strong>r e Juina.<br />

Em termos metodológicos o estudo explica que com base num mo<strong>de</strong>lo Clauster e<br />

informações <strong>de</strong> 1991 se “permite i<strong>de</strong>ntificar grupos <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>s, no caso do<br />

Centro-Oeste, divididos em sete grupos”. O Regic, aplicado em 1993, permite i<strong>de</strong>ntificar e<br />

mapear centralida<strong>de</strong>s, divididas em oito categorias. Além <strong>de</strong>sses dois métodos, se aplicou o<br />

“Índice <strong>de</strong> Terceirização” para os anos 1980 e 1985. Explica-se que semelhante ao método<br />

Regic, embora aplicando indicadores estritos <strong>de</strong> macro-estrutura produtiva e polarização, o<br />

índice <strong>de</strong> terceirização “permite i<strong>de</strong>ntificar uma possível tendência <strong>de</strong> diversificação<br />

produtiva e polarização da re<strong>de</strong> urbana”. O índice <strong>de</strong> terceirização toma como princípio a<br />

heterogeneida<strong>de</strong> das relações econômicas, procurando resgatar a diferenciação entre<br />

produto e renda regional-municipal. Neste sentido assume-se que os serviços urbanos são<br />

consumidos localmente e que por tanto a sua análise po<strong>de</strong> apontar possíveis tendências á<br />

concentração <strong>de</strong> inter-relações sócio-econômicas heterogêneas que expressam a divisão<br />

social do trabalho. Com base nesse índice se apresenta uma tabela com a Classificação da<br />

Re<strong>de</strong> Urbana Municipal, e análises específicos sobre o Aglomerado Metropolitano<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 24


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Nacional <strong>de</strong> Brasília, O Aglomerado Metropolitano Regional <strong>de</strong> Goiânia, Centros Urbanos<br />

Isolados Regionais e Centros Urbanos Isolados Locais.<br />

Um quarto item apresenta as Mudanças Econômicas e Impactos sobre a Re<strong>de</strong><br />

Urbana, sendo que no subitem Desenvolvimento Econômico e Urbano recente se assinala<br />

que a partir da década <strong>de</strong> 80 a economia regional passa a sofrer as vicissitu<strong>de</strong>s da economia<br />

nacional. Nesse sentido menciona as restrições financeiras e fiscais que levaram a cortes<br />

nos subsídios e afetaram gran<strong>de</strong>s programas nacionais <strong>de</strong> apoio, com o qual o Centro-Oeste<br />

foi relegado ás leis do mercado. Isso se vê refletido na pouca diversificação produtiva dos<br />

centros urbanos, pouca geração <strong>de</strong> emprego e até a retração em várias mesorregiões.<br />

Resumindo, o estudo apresenta como centros consolidados aqueles já mencionados<br />

anteriormente: Goiânia, Anápolis, Rio Ver<strong>de</strong> e Itumbiara e o Distrito Fe<strong>de</strong>ral. No sudoeste<br />

<strong>de</strong> Mato Grosso Cuiabá, Rondonópolis e Cáceres e em Mato Grosso do Sul, Campo<br />

Gran<strong>de</strong>, Dourados e Corumbá. Todos esses centros polarizam suas respectivas regiões <strong>de</strong><br />

influência.<br />

Finalmente o documento apresenta um subitem sobre Tendências e Novas<br />

Espacialida<strong>de</strong>s, no qual analisa a influência do “processo <strong>de</strong> abertura da economia que<br />

provocou fortes alterações na dimensão espacial do <strong>de</strong>senvolvimento”. Afirma-se<br />

novamente que “o resultado do processo em curso, nos últimos anos, consolidou as áreas<br />

mais dinâmicas e capitalizadas, on<strong>de</strong> a ativida<strong>de</strong> produtiva privada foi mais beneficiada<br />

pela fertilida<strong>de</strong> dos solos e as políticas <strong>de</strong> aproveitamento dos cerrados”. Isso consolidou<br />

os mesmos centros urbanos mencionados e a re<strong>de</strong> urbana que integram. O documento<br />

menciona com razão que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista ambiental os efeitos sobre o ecossistema<br />

Cerrados são sensíveis e preocupantes. Incluem-se nesse item algumas consi<strong>de</strong>rações sobre<br />

os projetos do Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento Nacional "Brasil em Ação” mostrando alguns<br />

efeitos e perspectivas <strong>de</strong> impacto das ações programadas.<br />

Nas Consi<strong>de</strong>rações Finais o estudo apresenta as seguintes conclusões:<br />

a) A dinâmica sócio-econômica do Centro-Oeste não mostra uma inserção<br />

produtiva e funcional do conjunto da região nem completo <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional. Somente um conjunto reduzido <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s mostra inserção regional e<br />

nacional e todos os estados mostram concentração nesse poucos centros.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 25


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

b) A migração na década <strong>de</strong> 60 e 70 com a criação da nova capital e projetos<br />

<strong>de</strong> colonização foi elemento importante na ocupação regional.<br />

c) Não existe um <strong>de</strong>senvolvimento urbano regional consolidado e predomina<br />

gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> população e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s secundárias e terçarias em<br />

poucos centros urbanos.<br />

d) O <strong>de</strong>senvolvimento recente reforçou o sistema urbano regional já existente.<br />

e) Brasília é um caso específico, “não apresenta uma dinâmica econômica<br />

assentada na complementarida<strong>de</strong> á economia do su<strong>de</strong>ste” a sua localização foi<br />

<strong>de</strong>cisão política e seu crescimento ocorreu <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro para fora.<br />

f) Brasília foi estímulo para Anápolis e Goiânia, esta última tem uma base<br />

econômica mais diversificada.<br />

g) A base produtiva continua sendo a agropecuária e questiona-se o mo<strong>de</strong>lo<br />

agrário pela insustentábilida<strong>de</strong> e a concentração urbana que não garante<br />

“oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego e oferta <strong>de</strong> bens e serviços a outros municípios”.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 26


4.2 PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Ministério <strong>de</strong> Planejamento, Orçamento e <strong>Gestão</strong>. <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Planejamento e<br />

Investimentos Estratégicos. ESTUDO DA DIMENSÃO TERRITORIAL PARA O<br />

PLANEJAMENTO. Regiões <strong>de</strong> Referência III. Brasília, 2008.<br />

Por Fernando Negret 6<br />

O volume III regiões <strong>de</strong> Referência, foi elaborado por uma equipe técnica<br />

coor<strong>de</strong>nada por Clélio Campolina Diniz, reconhecido como um <strong>de</strong>stacado pesquisador na<br />

área regional e urbana, bem como a equipe integrada por técnicos e pesquisadores<br />

especializados. A equipe técnica teve como subcoor<strong>de</strong>nador Rodrigo Ferreira Simões e a<br />

colaboração <strong>de</strong> sete pessoas entre técnicos e pesquisadores.<br />

O documento está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 é conceitual e trata<br />

do território e do <strong>de</strong>senvolvimento, da regionalização econômica, da integração nacional e<br />

o or<strong>de</strong>namento do território, além <strong>de</strong> uma nova regionalização para efeitos <strong>de</strong><br />

planejamento e sobre uma política urbano-regional contemporânea. O Capítulo 2 aborda<br />

Consi<strong>de</strong>rações Metodológicas, que inclui o Mo<strong>de</strong>lo Formal e as equações usadas para as<br />

análises, além <strong>de</strong> incorporar consi<strong>de</strong>rações sobre acessibilida<strong>de</strong> viária, biomas,<br />

ecorregiões, bacias hidrográficas e, ainda, capacitação tecnológica e mo<strong>de</strong>lo econômico<br />

<strong>de</strong>mográfico com estrutura viária. O Capítulo 3 inclui uma Proposta <strong>de</strong> Regionalização no<br />

qual se mostram os resultados obtidos em termos <strong>de</strong> territórios da estratégia, as macro-<br />

regiões, sub-regiões, a estratégia <strong>de</strong> regionalização, especificida<strong>de</strong>s das sub-regiões na<br />

Amazônia, caracterização das sub-regiões e indicadores e variáveis. O capítulo 4 trata da<br />

seleção dos Macro e Mesopólos para o or<strong>de</strong>namento do território e construção <strong>de</strong> um<br />

Brasil policêntrico. Este capítulo inclui resultados territoriais da simulação com o<br />

crescimento diferenciado dos sete novos pólos e a re<strong>de</strong> urbana prospectiva.<br />

No primeiro capítulo, o estudo apresenta uma conceituação <strong>de</strong> região a partir <strong>de</strong><br />

uma boa revisão bibliográfica, na qual privilegia os conceitos <strong>de</strong> região que conferem a<br />

6 Coor<strong>de</strong>nador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da<br />

área regional, urbana e sócio-ambiental.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 27


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

“ação humana certa dimensão ativa ante o ambiente natural”. Fica manifesto que se<br />

compartilha o conceito <strong>de</strong> “região funcional” e explica-se que se trata <strong>de</strong> aquela articulada<br />

a partir da análise da espacialida<strong>de</strong> das relações econômicas. É um mo<strong>de</strong>lo caracterizado<br />

pelas trocas e fluxos organizados pelas relações <strong>de</strong> mercado muito mais que pela<br />

uniformida<strong>de</strong>/i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens e produções. A noção <strong>de</strong> região é diretamente<br />

associada à idéia <strong>de</strong> re<strong>de</strong> urbana, ultrapassando-se a perspectiva <strong>de</strong> simples<br />

complementarida<strong>de</strong> entre campo e cida<strong>de</strong>. Busca-se os níveis <strong>de</strong> hierarquização, <strong>de</strong><br />

complementarida<strong>de</strong> e a função ligada á localização dos núcleos urbanos.<br />

Ressalta a importância da teoria do Lugar Central <strong>de</strong> Christaller e afirma que a sua<br />

interpretação não literal <strong>de</strong> seus resultados po<strong>de</strong> auxiliar no entendimento <strong>de</strong> uma questão<br />

central para as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> regionalização do espaço a partir <strong>de</strong>sses pressupostos:<br />

“re<strong>de</strong>s urbanas na oferta <strong>de</strong> serviços”.<br />

Nesse sentido afirma <strong>de</strong> maneira categórica que a função primordial <strong>de</strong> um núcleo<br />

urbano é atuar como centro <strong>de</strong> serviços para seu hinterland imediato, fornecendo bens e<br />

serviços centrais. Estes, por sua vez, caracterizam-se por serem <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns diferenciadas,<br />

gerando uma hierarquia <strong>de</strong> centros urbanos análoga aos bens e serviços que ofertam.<br />

Posteriormente se explicam como chaves na teoria <strong>de</strong> Christaller os conceitos <strong>de</strong> “Limite<br />

Crítico” do nível mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem e serviço; “Alcance” da distância a<br />

percorrer para ace<strong>de</strong>r a esse bem e serviço.<br />

Após revisar as contribuições <strong>de</strong> outros teóricos sobre a Teoria do Lugar Central o<br />

documento <strong>de</strong>staca a importância do centro urbano na medida em que envolve todos os<br />

processos <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> mercadorias, sejam elas meios <strong>de</strong> produção, força <strong>de</strong><br />

trabalho ou bens <strong>de</strong> consumo, ou <strong>de</strong> serviços, principalmente os serviços <strong>de</strong> consumo<br />

coletivo. O consi<strong>de</strong>ra como o núcleo estruturante do espaço localizado, por meio da<br />

formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s urbanas pelas quais flui o capital.<br />

Sobre o conceito <strong>de</strong> região o documento fala da “natureza epistemológica funcional<br />

do trabalho <strong>de</strong> regionalização” e adverte que se estiver claro o propósito da segmentação<br />

do território, cabe o passo seguinte que é <strong>de</strong>finir os critérios que “<strong>de</strong>vem instruir tal<br />

segmentação orientada à compreensão da esfera econômica. Nessa perspectiva e se<br />

apoiando em Perroux e Bou<strong>de</strong>ville, afirma-se que tal segmentação obe<strong>de</strong>ce a dois critérios<br />

auto-explicativos básicos: homogeneida<strong>de</strong> e heterogeneida<strong>de</strong>.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 28


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Definindo o enfoque do estudo, afirma-se que em uma concepção econômica <strong>de</strong><br />

região, a “dimensão das trocas” – relações mercantis efetivamente - assume papel <strong>de</strong> eixo<br />

fundante. A continuação o documento afirma que “Traduz-se nisso uma reflexão <strong>de</strong>tida<br />

daquilo que Marx aponta como foco da sociabilida<strong>de</strong> do sistema capitalista, ou seja a<br />

sociabilida<strong>de</strong> das trocas”. Essa afirmação não é clara com relação aos princípios do<br />

marxismo.<br />

Com relação ao critério <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>, afirma-se que ainda seja útil para<br />

caracterizações <strong>de</strong> cunho produtivo ou <strong>de</strong> aspectos da paisagem natural – especializações<br />

produtivas, coberturas vegetais, relevo, etc. – não permite atentar para uma dimensão<br />

crucial em uma socieda<strong>de</strong> mercantil, isto é, os diferentes níveis <strong>de</strong> hierarquia, integração e<br />

complementarida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>finiriam os sistemas econômicos e seus fluxos <strong>de</strong> troca no<br />

espaço. Entanto que seguindo critérios <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> segmentação do<br />

espaço, se é possível avaliar a configuração e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas econômicos e a<br />

<strong>de</strong>finição do que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada uma região econômica. Desta forma o estudo<br />

<strong>de</strong>fine claramente uma posição favorável a heterogeneida<strong>de</strong> como “princípio <strong>de</strong> qual se<br />

<strong>de</strong>ve partir”. Complementarmente afirma-se <strong>de</strong> maneira conclusiva que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong><br />

vista econômico é mais importante <strong>de</strong>terminar se há trocas entre dois pontos do que saber<br />

se ambos são especializados na produção do mesmo bem.<br />

Além da prevalência econômica nos fluxos, outro aspecto que consi<strong>de</strong>ra primordial<br />

nesses processos é a orientação dos fluxos migratórios ou populacionais, a partir da própria<br />

dinâmica econômica. Nas páginas seguintes a esta consi<strong>de</strong>ração, o documento faz uma<br />

análise dos fluxos migratórios do país em relação com o processo <strong>de</strong> industrialização em<br />

São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro e das regiões <strong>de</strong> maior dinamismo econômico, com o qual<br />

acontece um processo <strong>de</strong> concentração e centralização do capital, a produção e a população<br />

nos centros urbanos.<br />

Menciona-se a importância do Plano <strong>de</strong> Metas do governo Kubitschek na<br />

mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> setores produtivos e nos fortes investimentos na melhoria da infra-<br />

estrutura, ampliando a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes e favorecendo a intensificação do comercio<br />

inter-regional e a mobilida<strong>de</strong> populacional. Posteriormente se faz menção aos processos <strong>de</strong><br />

urbanização, fluxos migratórios e populacionais em períodos específicos recentes até a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 29


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

discussão da <strong>de</strong>sconcentração espacial das ativida<strong>de</strong>s procurando uma reversão da<br />

polarização.<br />

No terceiro ponto <strong>de</strong>ste primeiro capítulo fala-se da integração nacional e<br />

or<strong>de</strong>namento do território e sugerem-se quatro gran<strong>de</strong>s dimensões complementares,<br />

integração físico-territorial, integração econômica, integração social e integração política.<br />

A Física-territorial baseia-se na construção <strong>de</strong> transporte, energia e telecomunicações para<br />

fortalecer novos centros e os mercados; a econômica como complementarida<strong>de</strong> inter-<br />

setorial e inter-regional <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivas; a social como incorporação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

parte da população ao mercado e a padrões dignos <strong>de</strong> vida e a política como reforço da<br />

solidarieda<strong>de</strong> nacional e para um projeto <strong>de</strong> nação. Quatro formas <strong>de</strong> integração que<br />

motivam uma ampla discussão.<br />

O quarto ponto do capítulo discute a Nova Regionalização para o Planejamento e<br />

partindo das características do Brasil em termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais, diversida<strong>de</strong><br />

ambiental e cultural, e a falta <strong>de</strong> uma regionalização útil ao planejamento; retoma os<br />

conceitos <strong>de</strong> Homogeneida<strong>de</strong> e Heterogeneida<strong>de</strong>. Discute o primeiro com relação ao<br />

natural e propõe seis gran<strong>de</strong>s macro-regiões. Com relação à heterogeneida<strong>de</strong> e segundo<br />

Christaller, Losch, Jacobs e Perrroux, se propõem “Macrorregiões polarizadas”, “com base<br />

no comando do urbano sobre os gran<strong>de</strong>s espaços”.<br />

Esses dois recortes <strong>de</strong>vem servir <strong>de</strong> referência para as políticas macro-espaciais,<br />

estruturadoras do território e voltadas para seu or<strong>de</strong>namento, no âmbito do policentrismo.<br />

Posteriormente o documento somente menciona como política as ações que o estado po<strong>de</strong>r<br />

tomar sobre os pólos estabelecidos.<br />

No ponto 5 <strong>de</strong>ste capítulo Para uma Política Urbano-Regional Contemporânea se<br />

expressa claramente que a cida<strong>de</strong> é o lugar fundamental da organização da vida cultural,<br />

sócio-política e econômica, que sintetiza a civilização, promove suas dimensões mais<br />

estruturantes e tem sua expressão maior nos meios <strong>de</strong> produção e criativida<strong>de</strong> e nas<br />

condições privilegiadas para a reprodução coletiva. (Esta afirmação dos autores <strong>de</strong>ixa em<br />

claro uma posição “urbano-centrista” do <strong>de</strong>senvolvimento a todos os níveis, sem<br />

mencionar a pobreza e as maiores <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s da realida<strong>de</strong> latino-americana).<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 30


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O capítulo termina propondo “construir lugares e atores”. Esses lugares propõem-se<br />

como espaços e territórios plenos <strong>de</strong> significados sociais, centrados na reinversão da vida<br />

cotidiana, no sentido da vida pública e coletiva e <strong>de</strong> suas condições múltiplas com as<br />

diversas escalas que a globalização propicia. (não consi<strong>de</strong>ra as relações sociais <strong>de</strong><br />

produção, nem as contradições do sistema capitalista, a pesar <strong>de</strong> ter citado a Marx com<br />

uma interpretação estranha)<br />

O Capítulo III sobre consi<strong>de</strong>rações metodológicas explica um conjunto <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

e formulas matemáticas para medir o Índice <strong>de</strong> Terciarização, que dimensiona a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “carregamento” das ativida<strong>de</strong>s pelos serviços ofertados por uma<br />

<strong>de</strong>terminada região e o índice <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transbordamento <strong>de</strong>sses serviços para outra<br />

localida<strong>de</strong>.<br />

Apresenta-se o Mo<strong>de</strong>lo Gravitacional que permite a <strong>de</strong>finição da região <strong>de</strong><br />

interação <strong>de</strong> um pólo, ou seja, a <strong>de</strong>marcação da sua área <strong>de</strong> influência, levando em conta o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atração <strong>de</strong>terminado diretamente pela intensida<strong>de</strong> das trocas e inversamente pela<br />

distância geográfica, refletida economicamente no custo <strong>de</strong> transporte por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produto transportado.<br />

Diversas equações para cálculos são apresentadas para analisar trocas migratórias e<br />

interações entre micro-regiões. Igualmente um índice <strong>de</strong> acessibilida<strong>de</strong> baseado no sistema<br />

<strong>de</strong> transporte rodoviário articulado ao transporte hidroviário e com outras ferramentas<br />

foram estabelecidos os tempos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento entre as micro-regiões geográficas;<br />

O ponto três <strong>de</strong>ste capítulo analisa biomas, ecorregiões e bacias hidrográficas como<br />

elementos <strong>de</strong> regionalização, fazendo distinção entre espaço natural e espaço construído.<br />

Consi<strong>de</strong>ram-se as partes das regiões naturais não ocupadas, por exemplo, do Cerrado e da<br />

Amazônia como elementos <strong>de</strong> uma regionalização e se adverte que raramente coinci<strong>de</strong>m<br />

uma região polarizada com uma bacia hidrográfica. Já no caso <strong>de</strong> uma região estruturada<br />

com base em rios a bacia é estruturante.<br />

No ponto quatro discute-se a Repolarização Regional e Dispersão Produtiva dando<br />

exemplos em regiões <strong>de</strong> México e China. Comentam-se as mudanças do Rio <strong>de</strong> Janeiro e<br />

São Paulo com a mudança da capital e da industrialização <strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s. Inclui-se um<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 31


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

índice <strong>de</strong> capacitação tecnológica regional com base em patentes aprovadas, artigos<br />

científicos publicados e alunos <strong>de</strong> Pós-Graduação em Áreas Tecnológicas.<br />

No Capítulo 3 apresenta-se “Uma Proposta <strong>de</strong> Regionalização”, iniciando com os<br />

Territórios da Estratégia que são seis gran<strong>de</strong>s macro-regiões: 1) Bioma Florestal<br />

Amazônico; 2) Sertão Semi-Árido Nor<strong>de</strong>stino; 3) Litoral Norte-Nor<strong>de</strong>ste; 4) Su<strong>de</strong>ste-Sul;<br />

5) Centro-Oeste; 6) Centro-Norte.<br />

Os cálculos <strong>de</strong> Polarização, Ajuste Ambiental e <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Cultural, levaram a<br />

11 macrorregiões com seus respectivos macropolos. A sub-regionalização i<strong>de</strong>ntificou 118<br />

sub-regiões, permitindo um ajuste mais fino entre os indicadores econômicos e sociais <strong>de</strong><br />

polarização e a compatibilização com as características ambientais e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural.<br />

Incluem-se cartogramas, a explicação do processo <strong>de</strong> regionalização em passos e uma<br />

explicação da forma como foram caracterizadas as 118 sub-regiões em sócio-<strong>de</strong>mografia,<br />

estrutura econômica, território, re<strong>de</strong> urbana e centralida<strong>de</strong>,<br />

No capitulo 4, apresenta-se a seleção dos Macro e Mesopolos e uma explicação da<br />

sua função estratégica regional e nacional. Inclui-se a seleção dos novos sub-polos<br />

estratégicos com funções predominantes <strong>de</strong> promover o <strong>de</strong>senvolvimento regional, mas<br />

não se incluindo centros <strong>de</strong>sse tipo no su<strong>de</strong>ste e sul.<br />

Com base numa simulação do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento futuro e consi<strong>de</strong>rando<br />

o tamanho atual da cida<strong>de</strong>, seu <strong>de</strong>sempenho, as potencialida<strong>de</strong>s econômicas do seu entorno<br />

e sua posição estratégica, obteve-se multiplicadores da população dos macro-polos, e sub-<br />

polos.<br />

O documento discute Re<strong>de</strong> Urbana Prospectiva, sobre o qual apresenta diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> formas <strong>de</strong> mensuração, como conectivida<strong>de</strong>, centralida<strong>de</strong>s, fluxos, estabilida<strong>de</strong> e<br />

intensida<strong>de</strong>. Com base nesses conceitos sugere que entre as cida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m acontecer todos<br />

esses tipos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> maneira dinâmica e que po<strong>de</strong>m ser quantificados.<br />

Finalmente apresentam-se quatro modificações ao Mo<strong>de</strong>lo para Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s<br />

com base no mo<strong>de</strong>lo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação<br />

com base no mo<strong>de</strong>lo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação,<br />

ou seja, a sociabilida<strong>de</strong> das trocas que segundo o documento “mimetizam em alguma<br />

medida a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações encontradas em qualquer re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s... essa equação<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 32


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

será utilizada na simulação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s do Brasil para o ano 2000 e será também<br />

utilizada para ilustrar modificações nessa re<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma política pública que dê<br />

preferência para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algumas cida<strong>de</strong>s”.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 33


4.3 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC)<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística – IBGE. REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS<br />

CIDADES. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2008.<br />

Por Fernando Negret 7<br />

O Estudo Regiões <strong>de</strong> Influência das Cida<strong>de</strong>s foi elaborado pela equipe técnica do<br />

IBGE que integram a Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Geografia do instituto, <strong>de</strong>ntre os quais participaram<br />

técnicos da área <strong>de</strong> Hierarquia e Regiões <strong>de</strong> influência e <strong>de</strong> Geoprocessamento. O<br />

documento foi elaborado com o apoio do Centro <strong>de</strong> Documentação e Disseminação <strong>de</strong><br />

Informações do IBGE.<br />

O estudo se apresenta estruturado em três gran<strong>de</strong>s partes, uma inicial sobre a Re<strong>de</strong><br />

Urbana Brasileira com <strong>de</strong>scrições gerais, a segunda que explica a metodologia e uma<br />

terceira que expõe os resultados intermediários.<br />

Na parte primeira, A Re<strong>de</strong> Urbana Brasileira, mostra os resultados finais do estudo<br />

e explica que inicialmente se elaborou uma classificação dos centros urbanos e <strong>de</strong>pois<br />

foram <strong>de</strong>limitadas suas áreas <strong>de</strong> influência. Essa classificação privilegiou a função do<br />

território avaliando níveis <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> do Po<strong>de</strong>r Executivo e do Judiciário no nível<br />

fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> empresarial, bem como a presença <strong>de</strong> diferentes equipamentos e<br />

serviços. Nesta primeira parte o documento mostra os resultados <strong>de</strong>finitivos sobre<br />

hierarquia dos centros urbanos, as regiões <strong>de</strong> influência e as relações entre re<strong>de</strong>s e entre<br />

centros. Entretanto e para um melhor entendimento do estudo optou-se nesta resenha por<br />

explicar inicialmente a metodologia, expor como processo os resultados intermediários e<br />

como conclusão os resultados finais.<br />

A segunda parte <strong>de</strong>dicada à metodologia explicita um histórico sobre os estudos<br />

realizados sobre a matéria no Brasil, os quais se iniciaram em 1966 com a Divisão<br />

Regional do Brasil, posteriormente as Regiões Micro-Homogêneas em 1970 e a Divisão do<br />

7 Coor<strong>de</strong>nador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da<br />

área regional, urbana e sócio-ambiental.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 34


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Brasil em Regiões Funcionais <strong>Urbanas</strong> em 1970. Esses três trabalhos subseqüente e<br />

articulados, adotaram a metodologia <strong>de</strong> Rochefort (1961, 1965) que buscava i<strong>de</strong>ntificar os<br />

centros polarizadores da re<strong>de</strong> urbana, a dimensão da área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong>sses centros e os<br />

fluxos que se estabeleciam nessas áreas, a partir da distribuição <strong>de</strong> bens e serviços. Ou seja,<br />

é a metodologia que ainda hoje se utiliza, complementada com outros fluxos <strong>de</strong> bens e<br />

serviços.<br />

Em 1978 foi retomada a pesquisa e publicados os resultados em 1987 como<br />

Regiões <strong>de</strong> Influência das Cida<strong>de</strong>s. Esse novo estudo tomou como base conceitual a “teoria<br />

das localida<strong>de</strong>s centrais” (Christaller, 1966) baseada na centralida<strong>de</strong> dos centros urbanos<br />

<strong>de</strong>corrente da distribuição <strong>de</strong> bens e serviços. A freqüência da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

bens e serviços <strong>de</strong>fine padrões <strong>de</strong> localização diferenciados nos centros urbanos, sendo os<br />

<strong>de</strong> consumo cotidiano os <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>manda próxima aos centros urbanos e os bens mais<br />

sofisticados, com menor <strong>de</strong>manda, localizados em centros urbanos <strong>de</strong> maior hierarquia.<br />

Esse estudo foi realizado em 1416 em se<strong>de</strong>s municipais que dispunham <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que<br />

po<strong>de</strong>riam gerar centralida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> seus limites municipais. O resultado foi um conjunto<br />

<strong>de</strong> municípios em torno <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> zona o qual foi conceitualmente <strong>de</strong>finido da<br />

seguinte maneira: “uma unida<strong>de</strong> está subordinada a um centro quando com este mantiver<br />

um relacionamento <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> igual ou superior ao dobro dos relacionamentos com<br />

centros alternativos do mesmo nível hierárquico” (Regiões, 1987).<br />

Em 1993 foi realizado outro estudo sobre as Regiões <strong>de</strong> Influencia das Cida<strong>de</strong>s e<br />

publicado em 2000. Esse estudo ressaltava os diferentes níveis, intensida<strong>de</strong>s e sentidos dos<br />

fluxos, sendo o espaço perpassado por re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>siguais e simultâneas. ”A re<strong>de</strong> dos lugares<br />

centrais seria, então, um dos possíveis <strong>de</strong>senhos das re<strong>de</strong>s geográficas”. Foram <strong>de</strong>finidas<br />

46 funções centrais subdivididas em três grupos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixa, media e alta<br />

centralida<strong>de</strong>. Foi aplicado um questionário e respondido pelas agências <strong>de</strong> IBGE sobre<br />

2106 municípios com ativida<strong>de</strong>s indicativas <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> extra-municipal. A<br />

centralida<strong>de</strong> foi calculada pelo total dos fluxos e os centros or<strong>de</strong>nados pela soma dos<br />

pontos alcançados, <strong>de</strong>finindo-se oito níveis <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong>.<br />

O estudo atual retoma a metodologia <strong>de</strong> 1972, na qual se classificam inicialmente<br />

os centros urbanos e a seguir se <strong>de</strong>limitam suas áreas <strong>de</strong> atuação. Neste estudo privilegiou-<br />

se a gestão do território, consi<strong>de</strong>rando a localização dos diversos órgãos do estado e das<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 35


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

empresas “cujas <strong>de</strong>cisões afetam um território que fica sobre o controle das empresas nela<br />

sediadas”. Com base nessa informação é possível avaliar níveis <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong><br />

administrativa, jurídica e econômica. Além disso, e para qualificar melhor a centralida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> centros urbanos e <strong>de</strong> centros especializados, possivelmente não selecionados por esse<br />

critério, se fizeram estudos complementares incluindo outros equipamentos e serviços, tais<br />

como ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio e serviços, ativida<strong>de</strong> financeira, ensino superior, serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, internet, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> televisão aberta e transporte aéreo. Com base nesses aspectos<br />

foram i<strong>de</strong>ntificados e hierarquizados os núcleos <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> território.<br />

Após a classificação dos centros urbanos se estudaram as ligações entre cida<strong>de</strong>s e<br />

se <strong>de</strong>terminaram as regiões <strong>de</strong> influência. Posteriormente se verificou que o conjunto dos<br />

centros urbanos com maior centralida<strong>de</strong> em zonas extensas apresenta certas divergências<br />

com o conjunto dos centros <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> território. Neste último caso encontram-se centros<br />

que exercem somente funções centrais para a população local.<br />

Finalmente o documento afirma que elementos importantes para a hierarquização<br />

dos centros urbanos foram os centros <strong>de</strong> gestão do território, a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

relacionamentos e a dimensão da região <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> cada centro.<br />

O estudo inclui nesta parte da metodologia uma explicação <strong>de</strong>talhada dos Centros<br />

<strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> do Território, <strong>de</strong>screvendo cada um dos elementos ou fatores que foram<br />

utilizados para a hierarquização:<br />

a) <strong>Gestão</strong> Fe<strong>de</strong>ral: se incluíram somente os órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais que implicam<br />

acesso da população ao serviço, indicando assim centralida<strong>de</strong>. Nesse sentido<br />

foram examinadas as localida<strong>de</strong>s das unida<strong>de</strong>s do INSS, da <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong><br />

Receita Fe<strong>de</strong>ral e do Ministério <strong>de</strong> Trabalho e Emprego. A maior hierarquia foi<br />

estabelecida segundo a localização das agências <strong>de</strong> maior nível e nesse caso<br />

Brasília tem as agencias <strong>de</strong> maior hierarquia. Em relação ao judiciário foram<br />

averiguadas as localida<strong>de</strong>s dos órgãos da Justiça Fe<strong>de</strong>ral Comum e da Justiça<br />

Fe<strong>de</strong>ral Especializada, as quais se organizam em tribunais e seções <strong>de</strong> diferente<br />

nível hierárquico na localização estadual e municipal;<br />

b) <strong>Gestão</strong> Empresarial: foi analisada a hierarquia das empresas com base no<br />

Cadastro Central <strong>de</strong> Empresas – CEMPRE, do IIBGE, 2004 e consi<strong>de</strong>rando a<br />

localização das unida<strong>de</strong>s localizadas em municípios diferentes á se<strong>de</strong> da<br />

empresas;<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 36


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

c) Comércio e Serviços: a análise <strong>de</strong>ste fator ou indicador foi realizada também<br />

com base no CEMPRE , 2004, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se extraiu a Classificação Nacional das<br />

Ativida<strong>de</strong>s Econômicas. Com base nessa classificação foi pesquisado o número<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s presentes em cada centro urbano e estabelecida a hierarquia<br />

urbana;<br />

d) Instituições Financeiras: com base em dados do Banco do Brasil, foram<br />

estabelecidos os bancos presentes em mais <strong>de</strong> 20 unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas e<br />

classificados os centros com maior número <strong>de</strong> instituições; a presença <strong>de</strong> um ou<br />

mais <strong>de</strong> oito bancos <strong>de</strong> atuação nacional; o volume do ativo e o percentual do<br />

volume no ativo da unida<strong>de</strong> total na unida<strong>de</strong> da Fe<strong>de</strong>ração;<br />

e) Ensino Superior: o ensino <strong>de</strong> graduação foi analisado com base no número <strong>de</strong><br />

alunos matriculados, número <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s Áreas abrangidas e número <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong><br />

cursos existentes. Foram i<strong>de</strong>ntificados seis níveis <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong>. A pósgraduação<br />

foi analisada pelo número <strong>de</strong> cursos, número <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong><br />

conhecimento e proporção <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> excelência;<br />

f) Saú<strong>de</strong>: os indicadores foram complexida<strong>de</strong> do atendimento disponível e o<br />

tamanho do setor, avaliado pelo volume do atendimento realizado;<br />

g) Internet: foram analisados os domínios da Internet, tanto em números absolutos<br />

quanto por número <strong>de</strong> habitantes, se usando a seguinte fórmula: Nº <strong>de</strong><br />

Domínios/ População x 10.000;<br />

h) <strong>Re<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Televisão Aberta: esse aspecto foi avaliado por município on<strong>de</strong> se<br />

localiza a se<strong>de</strong> da geradora e <strong>de</strong> cada uma das filiadas.<br />

Na Definição dos Centros <strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> do Território, foi selecionado um total <strong>de</strong><br />

1.082, sendo 906 Centros <strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> Fe<strong>de</strong>ral e 724 <strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> Empresarial. Para <strong>de</strong>finir os<br />

centros <strong>de</strong> gestão do território: “consi<strong>de</strong>rou-se que os centros <strong>de</strong> último nível somente<br />

seriam mantidos se integrassem as duas classificações, ou se, estando apenas em uma<br />

<strong>de</strong>las, <strong>de</strong>stacavam-se em pelo menos dois dos eixos <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> equipamentos e<br />

serviços”. Finalmente foram selecionados 711 centros <strong>de</strong> gestão.<br />

As Regiões <strong>de</strong> Influencia foram <strong>de</strong>finidas a partir da “Intensida<strong>de</strong> das Ligações<br />

entre as Cida<strong>de</strong>s”. Nesse sentido foram investigados os eixos <strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> Pública e <strong>de</strong><br />

<strong>Gestão</strong> Empresarial, além da saú<strong>de</strong>. No caso da gestão pública foram contadas as ligações<br />

na relação <strong>de</strong> subordinação administrativa no âmbito da SRF, do INSS e do TEM. Para a<br />

gestão empresarial foi somado o número <strong>de</strong> filiais ou unida<strong>de</strong>s locais, instaladas num<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 37


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

centro, segundo a localização da se<strong>de</strong>. Os registros <strong>de</strong> internações hospitalares financiadas<br />

pelas SUS i<strong>de</strong>ntificam o local <strong>de</strong> residência e o <strong>de</strong> internação do paciente.<br />

As informações foram levantadas mediante um questionário, pelas agencias do<br />

IBGE, que perguntava sobre os locais procurados pela população para: 1) cursar o ensino<br />

superior; 2) comprar roupa; 3) usar aeroporto; 4) buscar serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; 5) ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

lazer. No questionário era possível listar até quatro <strong>de</strong>stinos. Outro item pesquisou a<br />

regularida<strong>de</strong> e a freqüência com que as pessoas po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>slocar para outros municípios<br />

utilizando transporte coletivo. Em comunicações investigaram-se em que município são<br />

editados os jornais vendidos. Foram pesquisados os três principais produtos agropecuários,<br />

a origem dos insumos e o primeiro <strong>de</strong>stino da maior parte da produção.<br />

A Segunda Parte do estudo, Resultados Intermediários, mostra <strong>de</strong> maneira<br />

<strong>de</strong>talhada a Centralida<strong>de</strong> parcial encontrada com base em cada um dos critérios aplicados<br />

sobre <strong>Gestão</strong> Fe<strong>de</strong>ral e <strong>Gestão</strong> Empresarial. Assim, mostra-se a presença dos níveis<br />

gerenciais em cada unida<strong>de</strong> territorial sobre os po<strong>de</strong>res executivo e judiciário nos<br />

diferentes níveis <strong>de</strong> direção, bem como a distribuição espacial das se<strong>de</strong>s das empresas. Da<br />

mesma maneira se apresentam os resultados específicos sobre a localização dos<br />

equipamentos e serviços. Em comércio e serviços se afirma, por exemplo, como São Paulo<br />

e Rio <strong>de</strong> Janeiro apresentam a diversida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> classes nos dois setores e são os dois<br />

centros <strong>de</strong> maior hierarquia. Da mesma maneira se mostram os resultados para as análises<br />

das instituições financeiras, ensino superior, internet, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> televisão aberta e conexões<br />

aéreas.<br />

Com base em todas essas análises setoriais se <strong>de</strong>finiram os centros <strong>de</strong> <strong>Gestão</strong> do<br />

Território, mencionados anteriormente, e também ás Áreas <strong>de</strong> Influência segundo Temas<br />

Específicos, tais como os transportes coletivos com base nas ligações regulares, ensino<br />

superior localizado on<strong>de</strong> os moradores se dirigem a cursar, saú<strong>de</strong> segundo <strong>de</strong>slocamentos<br />

para consultas médicas, distribuição dos jornais, freqüência aos aeroportos municipais,<br />

<strong>de</strong>stino da produção e origem dos insumos da ativida<strong>de</strong> agropecuária. Os mapas mostram<br />

claramente a hierarquia <strong>de</strong> Goiânia em serviços e <strong>de</strong> Brasília em gestão fe<strong>de</strong>ral. Cuiabá e<br />

Campo gran<strong>de</strong> aparecem distantes na dimensão da centralida<strong>de</strong>.<br />

A parte primeira do estudo A Re<strong>de</strong> Urbana Brasileira mostra os resultados finais da<br />

Hierarquia dos Centros Urbanos com base na gestão do território, avaliando níveis <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 38


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

centralida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r executivo e do judiciário no nível fe<strong>de</strong>ral e a gestão empresarial. A<br />

classificação das cida<strong>de</strong>s é a seguinte:<br />

1. Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do país, divididos em<br />

Gran<strong>de</strong> Metrópole Nacional, que é São Paulo; Metrópole Nacional, Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e Brasília; Metrópole que inclui Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,<br />

Salvador, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, e Porto Alegre;<br />

2. Capital Regional, que integram 70 centros e tem três divisões: a) Capital<br />

Regional Nível A com 11 cida<strong>de</strong>s, com medianas <strong>de</strong> 955 mil habitantes e<br />

487 relacionamentos. B) Capital Regional Nível B, 20 cida<strong>de</strong>s com<br />

medianas <strong>de</strong> 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; c) Capital Regional<br />

C, 39 cida<strong>de</strong>s com medianas <strong>de</strong> 250 mil habitantes e 162 relacionamentos;<br />

3. Centro Sub-Regional com 169 centros em duas categorias: Centro Sub-<br />

Regional A, com 85 cida<strong>de</strong>s, medianas <strong>de</strong> 95 mil habitantes e 112<br />

relacionamentos; Centro-Sub-Regional B, 79 cida<strong>de</strong>s com medianas <strong>de</strong> 71<br />

mil habitantes e 71 relacionamentos;<br />

4. Centro <strong>de</strong> Zona, que inclui 556 cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> menor porte, divididos em Centro<br />

<strong>de</strong> Zona A, com 192 cida<strong>de</strong>s, medianas <strong>de</strong> 45 mil habitantes e 49<br />

relacionamentos e Centros <strong>de</strong> Zona B, 364 cida<strong>de</strong>s, medianas <strong>de</strong> 23 mil<br />

habitantes e 16 relacionamentos;<br />

5. Centro Local, as <strong>de</strong>mais 4.473 cida<strong>de</strong>s cuja centralida<strong>de</strong> e atuação não<br />

ultrapassam os limites do seu próprio município.<br />

Com relação ás Regiões <strong>de</strong> influência foram i<strong>de</strong>ntificadas 12 re<strong>de</strong>s urbanas<br />

comandadas pelas metrópoles. Três re<strong>de</strong>s foram <strong>de</strong>finidas como <strong>de</strong> primeiro nível porque a<br />

principal ligação externa <strong>de</strong> cada metrópole é com as metrópoles nacionais. As re<strong>de</strong>s são<br />

diferenciadas em termos <strong>de</strong> tamanho, organização e complexida<strong>de</strong>. O documento <strong>de</strong>screve<br />

cada uma das re<strong>de</strong>s com seus centros urbanos.<br />

Aborda-se ainda na primeira parte as relações entre as re<strong>de</strong>s e entre os centros <strong>de</strong><br />

mais alto nível e afirma-se que os centros que comandam as 12 re<strong>de</strong>s urbanas i<strong>de</strong>ntificadas<br />

se <strong>de</strong>stacam pelas relações <strong>de</strong> controle e comando sobre centros <strong>de</strong> nível inferior, ao<br />

propagar <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>terminar relações e <strong>de</strong>stinar investimentos, especialmente pelas<br />

ligações da gestão fe<strong>de</strong>ral e empresarial.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 39


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

No final da primeira parte, reitera-se que o estudo da re<strong>de</strong> urbana analisou duas<br />

dinâmicas distintas: a <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s centrais que comanda sua hinterlândia<br />

e a <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s articuladas em re<strong>de</strong>s.<br />

Cabe assinalar finalmente que o estudo apresenta matrizes das regiões <strong>de</strong> influência<br />

e mapas muito bem elaborados sobre as zonas <strong>de</strong> influência dos principais centros urbanos<br />

do país e das re<strong>de</strong>s das cida<strong>de</strong>s com base nas relações externas entre cida<strong>de</strong>s.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 40


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5 OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES<br />

5.1 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS<br />

CHAVEIRO, Eguimar; CALAÇA, Manoel; REZENDE, Mônica C. S. A dinâmica<br />

<strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> Goiás. Goiânia: Ellos, 2009. 130 p.<br />

Por João Batista <strong>de</strong> Deus 8<br />

Esse trabalho foi produzido por três geógrafos, sendo dois professores, doutores<br />

em geografia, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Manoel Calaça e Eguimar Chaveiro e a<br />

geógrafa mestre Mônica Rezen<strong>de</strong>. O Professor Eguimar trabalha com o tema a muitos anos<br />

como pesquisador e também como professor da disciplina: Geografia da População. Já o<br />

professor Manoel Calaça trabalha com temas relacionados ao campo, como Geografia<br />

Agrária, que discutem as questões populacionais ligadas às mudanças ocorridas no campo<br />

brasileiro e, em particular, em Goiás. Mônica Rezen<strong>de</strong> foi orientada do professor Calaça<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a graduação, como bolsista <strong>de</strong> iniciação à pesquisa, até o mestrado em geografia.<br />

Atualmente trabalha no Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça em Brasília.<br />

O livro trata da evolução populacional <strong>de</strong> Goiás, tendo como recorte temporal os<br />

anos <strong>de</strong> 1970 ao ano <strong>de</strong> 2004. O texto aborda o tema à luz das principais categorias da<br />

análise populacional. Procura dar um panorama da atual situação da população que resi<strong>de</strong><br />

em Goiás, aprofundando em algumas questões. Levando em consi<strong>de</strong>ração que é o primeiro<br />

livro lançado que faz uma análise dos dados na atualida<strong>de</strong> sobre esse tema, torna-o<br />

imprescindível para iniciarmos as discussões sobre os temas sócio espaciais relativos ao<br />

Centro-Oeste e, especificamente, Goiás. O livro foi dividido em três capítulos, sendo que<br />

cada capítulo ainda dividido em vários subcapítulos. Cada capítulo foi produzido para dar<br />

uma visão lógica sobre as questões populacionais <strong>de</strong> Goiás, ao mesmo tempo em que<br />

discute as questões sócio espaciais do território goiano.<br />

8 Diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFG. Professor,<br />

Doutor em Geografia.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 41


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O estudo inicia com uma breve introdução, apresentando um visão geral sobre o<br />

livro e preparando o leitor para o que vai encontrar pela frente. Em seguida vem o primeiro<br />

capítulo, “Território e o Sujeito Social Espacializado: a evolução populacional do <strong>Estado</strong><br />

<strong>de</strong> Goiás”, que faz uma abordagem histórica da evolução populacional <strong>de</strong> Goiás e das<br />

diversas regiões que compõe o território goiano. Mostra como o processo <strong>de</strong> ocupação e<br />

povoamento <strong>de</strong> Goiás revela um crescimento populacional “induzido” acompanhado <strong>de</strong><br />

políticas territoriais, juntamento com os projetos <strong>de</strong> colonização. Segundo os autores, só<br />

assim po<strong>de</strong>remos compreen<strong>de</strong>r as bases <strong>de</strong> sustentação para a atual configuração, para que<br />

possamos captar as funções que os municípios exercem no território goiano a partir das<br />

transformações ocorridas após os anos <strong>de</strong> 1970.<br />

Nesse capítulo, a questão teórica trabalhada parte do princípio <strong>de</strong> que o sujeito<br />

social está envolvido no espaço a partir do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> acumulação ligado a um modo <strong>de</strong><br />

vida, sendo esse territorializado <strong>de</strong> maneira diferenciada, conferindo aos lugares as<br />

expressões sociais dos diferentes conteúdos. Apresenta ainda como se distribui a população<br />

<strong>de</strong> Goiás para então fazer o resgate histórico, que inicia com a questão do campo e a<br />

relação campo-cida<strong>de</strong>. Mostra como a mo<strong>de</strong>rnização do campo proporcionou profundas<br />

alterações na composição da população no que se refere ao local <strong>de</strong> residência, com fortes<br />

repercussões nas áreas urbanas e como essas alterações forjaram a atual configuração do<br />

território, a consolidação dos atuais centros populacionais e a formação das áreas<br />

metropolitanas <strong>de</strong> Goiânia e Brasília.<br />

O segundo capítulo intitulado “Espaço/Tempo da Estrutura da População Goiana:<br />

1970 a 2004” inicia marcando posição contrária com relação ao método neopositivista,<br />

afirmando que as questões quantitativas <strong>de</strong>scoladas das relações sociais são meras<br />

abstrações e que apenas os dados numéricos não dariam conta do verda<strong>de</strong>iro sentido da<br />

organização e construção sócioespacial. Partindo <strong>de</strong>sse princípio aborda, teoricamente, a<br />

possibilida<strong>de</strong> da geografia realizar análise pelas categorias espaço e território, categorias<br />

essas com forte conotação das relações sociais. Colocadas as bases teóricas, analisa o<br />

Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH) no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, relacionando esse índice<br />

com o <strong>de</strong>senvolvimento econômico, mostrando as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais. Através da<br />

análise referendada por tabelas e mapas, mostra como há um Goiás <strong>de</strong>senvolvido e outro<br />

miserável. O sul e a porção central do <strong>Estado</strong>, com estreitas ligações com o sul e o su<strong>de</strong>ste<br />

brasileiro, especialmente São Paulo, estão relativamente bem em comparação com com o<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 42


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

norte e nor<strong>de</strong>ste do <strong>Estado</strong>, pois tem uma dinâmica econômica que possibilita gerar<br />

emprego e renda. Discute também a pobreza nas regiões metropolitanas <strong>de</strong> Goiânia e<br />

Brasília.<br />

Outra questão abordada é a fecundida<strong>de</strong>, ou seja, como essa categoria chave da<br />

<strong>de</strong>mografia está relacionada ao acesso da população à educação, saú<strong>de</strong> e renda. Demonstra,<br />

através dos dados, a localização dos municípios mais pobres e com maior problema, todos<br />

localizados nas regiões tradicionalmente pobres: o norte e o nor<strong>de</strong>ste. Outra relação feita<br />

pelos autores é que apesar da fecundida<strong>de</strong> do <strong>Estado</strong> ter caído para 2,2 filhos por mulher,<br />

houve crescimento <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong> entre a faixa etária entre 15 e 17 anos. Ou seja, não é<br />

possível tratar da questão sem levar em conta as relações sociais. O capítulo aborda<br />

também a mortalida<strong>de</strong> infantil, fazendo relação com o crescimento vegetativo e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento regional e o acesso da população à saú<strong>de</strong> e a boa alimentação. Mostra<br />

como as regiões norte e nor<strong>de</strong>ste tem situação frágil e <strong>de</strong>stoa do restante do <strong>Estado</strong>, em<br />

especial as regiões centrais e sul <strong>de</strong> Goiás. Feito isso, analisa a estrutura etária da<br />

população fazendo uma evolução da pirâmi<strong>de</strong> etária, indo <strong>de</strong> 1970 à 2000. O conjunto <strong>de</strong><br />

pirâmi<strong>de</strong>s vai <strong>de</strong> bases largas em 1970 para arredondada em 2000, evi<strong>de</strong>nciando o<br />

envelhecimento da população goiana.<br />

O terceiro capítulo “A Demografia e o Território: unida<strong>de</strong>s e diferencialida<strong>de</strong>s”<br />

trata do processo migratório. Inicialmente, os autores afirmam que as análises já realizadas<br />

sobre o tema refutam a proposta neopositivista, trabalhando com a idéia <strong>de</strong> migração<br />

forçada, ou seja, o processo migratório está relacionado às condições econômicas e sociais<br />

dos indivíduos nos lugares <strong>de</strong> origem, obrigando-os a migrarem. Na seqüência, faz<br />

abordagem da teoria do processo migratório, para então analisar a migração em Goiás.<br />

Sobre a questão, mostra as razões que levam o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás a ser a segunda unida<strong>de</strong> da<br />

fe<strong>de</strong>ração a receber mais migrante, só per<strong>de</strong>ndo para São Paulo. Demonstra como essa<br />

migração contribuiu para formação das regiões metropolitanas <strong>de</strong> Goiânia e Brasília (no<br />

caso a região do entorno <strong>de</strong> Brasília) e o fortalecimento do pólos atratores <strong>de</strong> população, as<br />

cida<strong>de</strong>s com maior dinâmica econômica. Outra questão relacionada ao tema é a<br />

infraestrutura viária e <strong>de</strong> comunicação como fatores que propiciam o processo migratório.<br />

As migrações não são homogenias e tem forte diferenças entre as regiões, sendo que a<br />

maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> migrantes vem do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais, seguidas pela Bahia,<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral, São Paulo, Tocantins, Ceará e Maranhão. As regiões goianas que recebem<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 43


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

a maior parte dos migrantes do su<strong>de</strong>ste e sul do país são a Mesorregião Sul e Central. Os<br />

migrantes da região norte e nor<strong>de</strong>ste do país tem como principal <strong>de</strong>stino as regiões<br />

metropolitanas <strong>de</strong> Goiânia e Brasília.<br />

Esse capítulo analisa ainda como esse processo migratório moldou, ao longo dos<br />

anos, o território goiano e fortaleceu os antigos núcleos urbanos mais dinâmicos, levando a<br />

regiões metropolitanas a concentrar gran<strong>de</strong> contingente da população goiana (mais <strong>de</strong><br />

cinqüenta por cento da população <strong>de</strong> Goiás estão concentradas nas regiões do entorno <strong>de</strong><br />

Brasília e metropolitana <strong>de</strong> Goiânia), po<strong>de</strong>ndo ser ampliada se consi<strong>de</strong>rarmos o eixo<br />

Brasília-Goiânia. Fora das regiões metropolitanas, alguns gran<strong>de</strong>s pólos concentram<br />

população, tais como: Rio Ver<strong>de</strong>, Itumbiara, Jataí, Catalão, etc. Por fim, os autores tratam<br />

da migração <strong>de</strong> goianos para outros países, pois o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás é o segundo <strong>Estado</strong><br />

brasileiro que mais migra para os países “<strong>de</strong>senvolvidos”. Para os autores esse processo<br />

<strong>de</strong>monstra as ligações em re<strong>de</strong>s estabelecida no território e a possibilida<strong>de</strong> da população ter<br />

acesso a essas ligações criando possibilida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>sejos.<br />

O livro “A Dinâmica Demográfica <strong>de</strong> Goiás” faz abordagem ao tema populacional,<br />

buscando tratar das questões empíricas relacionadas à teoria, dando maior credibilida<strong>de</strong> e<br />

enriquecendo o texto. Procuraram relacionar as categorias geográficas como território,<br />

espaço geográfico e lugar com as categorias da <strong>de</strong>mografia. A boa espacialização dos<br />

dados através <strong>de</strong> mapas e a disposição em tabelas facilitam, para o leitor, a compreensão,<br />

em meio a muitos números e índices. Consi<strong>de</strong>ro essa obra relevante também <strong>de</strong>vido a<br />

pouca bibliografia existente sobre o tema, pois boa parte da produção acadêmica sobre esse<br />

tema é <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> caso.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 44


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.2 A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO<br />

URBANA CENTRO-GOIANO<br />

ARRAIS, T. P. A. A região como arena política: um estudo sobre a produção da<br />

região urbana Centro-Goiano. Coleção Linhas Temática. 01. <strong>de</strong>. Goiânia: EV. Editora -<br />

Série Ensaios Temáticos, 2007. v. 01. 259 p.<br />

Por João Batista <strong>de</strong> Deus 9<br />

Esse trabalho foi produzido pelo geógrafo Ta<strong>de</strong>u Alencar Arrais, professor da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás. O presente professor trabalha com o tema geografia<br />

regional e território, tendo o seu foco principal o estado <strong>de</strong> Goiás. Com vários trabalhos<br />

sobre o eixo Brasília-Goiânia, faz parte do corpo docente da pós graduação em Geografia<br />

da UFG e é editor da revista “Boletim Goiano <strong>de</strong> Geografia”. Ministra aulas na graduação<br />

com a disciplina: geografia <strong>de</strong> Goiás.<br />

O livro discute a questão regional, procurando dar uma abordagem mo<strong>de</strong>rna, <strong>de</strong>scolando<br />

da abordagem clássica, introduzindo a categoria território e relacionando-a com o atual<br />

momento, ou seja, trabalhando com a flui<strong>de</strong>z do território em um mundo globalizado, com<br />

inúmeros fluxos, passando através dos fixos cada vez mais robustos. A região em foco<br />

abrange as áreas metropolitanas <strong>de</strong> Goiânia e Brasília, além <strong>de</strong> Anápolis, compreen<strong>de</strong>ndo<br />

uma área <strong>de</strong> aproximadamente 15.000 km2, com população superior à 4,5 milhões <strong>de</strong><br />

habitantes e peso socioeconômico ímpar no Centro-Norte brasileiro. O Eixo <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Goiânia-Anápolis-Brasília reflete um novo momento <strong>de</strong> produção da<br />

região, ligando-a ao projeto da competitivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se busca imprimir a idéia <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, ligada ao marketing regional. Essas questões são abordadas em contradição<br />

com os atores locais, que, na opinião do autor, criam um processo <strong>de</strong> fragmentação dos<br />

ambientes metropolitanos <strong>de</strong> Goiânia e Brasília.<br />

O livro é dividido em cinco capítulos, on<strong>de</strong> o autor discorre sobre o tema fazendo<br />

inicialmente uma problematização no primeiro capítulo “Reconhecendo a Problemática”.<br />

9 Diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFG. Professor,<br />

Doutor em Geografia.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 45


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

As questões são abordadas nesse capítulo e respondidas nos subseqüentes. As várias<br />

questões levantadas estão relacionadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a problemas oriundos da migração pendular,<br />

passando pela assistência à população, até as questões relacionadas a gestão do território.<br />

Discute também questões conceituais relacionadas ao tema, utilizando categorias como<br />

urbano, região e território. Assim, nesse capítulo o autor conduz o leitor, apontando o que<br />

lhe aguarda nos próximos capítulos, dando uma base para a discussão futura.<br />

No segundo capítulo “Globalização e Geografia regional”, o autor aprofunda a discussão<br />

das questões teóricas, inserindo a problemática da globalização, relacionando o local com<br />

o global e com o regional. Nesse capítulo, discuti-se com diversos autores os temas<br />

citados, buscando levar a discussão para a <strong>de</strong>finição dos conceitos, pelos quais serão<br />

trabalhados nos capítulos posteriores, em especial colocando a dimensão do vivido na<br />

discussão regional.<br />

No terceiro capítulo “O Território Goiano: formação regional”, o autor discorre como foi<br />

produzido, ao longo da história, a formação do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e suas regiões, em especial<br />

da porção central <strong>de</strong>ssa Unida<strong>de</strong> da Fe<strong>de</strong>ração. O <strong>de</strong>staque especial é para Goiânia e<br />

Brasília. No caso <strong>de</strong> Goiânia o tema da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> está presente, conjuntamente com a<br />

elite agrária conservadora que a produziu. O papel da capital na configuração regional e a<br />

estrutura que surge em função <strong>de</strong>ssa alteração produzida no espaço. Brasília foi discutida<br />

aos olhos dos mega projetos da época e da discussão da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> regional. Para o autor<br />

a construção <strong>de</strong> Brasília se insere na lógica acumulativa, integrando a fronteira agrícola do<br />

país, cumprindo um duplo papel, o <strong>de</strong> ser se<strong>de</strong> dos po<strong>de</strong>res institucionalizados e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenhar um papel regional como pólo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Assim, as duas capitais<br />

cumpriram o papel <strong>de</strong>terminado, se tornando atratores populacionais e <strong>de</strong> investimentos.<br />

No quarto capítulo, “O Centro Goiano: em busca <strong>de</strong> uma região”, o autor <strong>de</strong>screve e<br />

analisa a região Centro Goiano (nomenclatura usada pelo autor), como uma região com<br />

alto índice <strong>de</strong> urbanização, não apenas populacional, mas também como modo <strong>de</strong> vida e<br />

articulação espacial, inserida no processo produtivo global e mo<strong>de</strong>rno. Assim, é um espaço<br />

com expressiva influência regional, contendo duas metrópoles e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Anápolis,<br />

criando um território polinucleada multifuncional e fragmentada. Centro receptor e<br />

irradiador <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>s. Através <strong>de</strong> diversos mapas, esquemas, tabelas e gráficos o<br />

autor mestra o papel dos municípios na região e sua articulação. Ao mesmo tempo em que<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 46


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

discute a centralida<strong>de</strong>, mostra como essa região é palco <strong>de</strong> conflitos e tensões, <strong>de</strong>vido aos<br />

diferentes projetos dos diversos grupos sociais envolvendo atores hegemônicos e não-<br />

hegemônicos, tornando a região uma “arena política”.<br />

O quinto e último capítulo, “O projeto Regional como Expressão da 'Arena Política'”, tem-<br />

se a discussão da região enquanto atratora <strong>de</strong> investimentos, não apenas privado, mas<br />

principalmente público, <strong>de</strong>ntro do projeto, que o autor consi<strong>de</strong>ra vitorioso, <strong>de</strong> transformar a<br />

região em um gran<strong>de</strong> eixo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento ligado ao projeto dos atores hegemônicos.<br />

Para tal, discute o papel <strong>de</strong> estado inserido no discurso associado ao Consenso <strong>de</strong><br />

Washington. Assim, pensa-se na região como uma integração competitiva, que não está<br />

<strong>de</strong>scolada das relações <strong>de</strong> produção capitalista. Para a consolidação <strong>de</strong>ssa região, diversos<br />

projetos públicos são projetados e alguns concretizados, tais como o porto seco <strong>de</strong><br />

Anápolis e outros com pouca viabilida<strong>de</strong>, segundo o autor, como o Trem Veloz entre as<br />

duas capitais. A chave do discuso é aten<strong>de</strong>r os novos padrões <strong>de</strong> produção e consumo,<br />

integrando as áreas à economia internacional. Apesar do discuso hegemônico, para o autor,<br />

a fragmentação do território é notória e está relacionada a atuação do atores não<br />

hegemônicos, criando uma contra-racionalida<strong>de</strong> transformando a região em uma “arena<br />

política”. Por fim, consi<strong>de</strong>ra que há uma <strong>de</strong>terminada hegemonia regional que ocorre<br />

<strong>de</strong>ntro do <strong>Estado</strong>, quanto fora <strong>de</strong>le, sendo difícil <strong>de</strong> ser quebrada.<br />

Em resumo, o livro “A região como arena política: um estudo sobre a produção da região<br />

urbana Centro-Goiano” discute a principal região d Centro-Oeste brasileiro, o eixo<br />

Goiânia-Anápolis-Brasília. O autor trabalha com dois discursos, sendo um hegemônico,<br />

vinculado ao <strong>Estado</strong> e ao capital e outro ligado aos atores <strong>de</strong>nominados não hegemônicos,<br />

os diversos grupos sociais antagônicos ao capital e ao mo<strong>de</strong>lo neoliberal, criando, o que foi<br />

<strong>de</strong>nominado pelo autor, a “arena política”.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 47


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.3 SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO<br />

DE CATALÃO-GO<br />

MOYA, G. L. C. Subsídio à regionalização e classificação funcional das cida<strong>de</strong>s: o caso<br />

<strong>de</strong> Catalão-GO. Rio Claro: Unesp, 2000. (dissertação <strong>de</strong> mestrado).<br />

Por João Batista <strong>de</strong> Deus 10<br />

O presente trabalho foi escrito pelo geógrafo Guillermo Leônidas Castro Moya,<br />

professor da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Campus <strong>de</strong> Catalão. A dissertação foi<br />

<strong>de</strong>fendida na UNESP <strong>de</strong> Rio Claro – SP, no Instituto <strong>de</strong> Geociências e Ciências Exatas no<br />

ano <strong>de</strong> 2000.<br />

Inicialmente o autor faz uma longa introdução, on<strong>de</strong> aborda alguns aspectos<br />

históricos da região, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu surgimento até o ano <strong>de</strong> 2000. Na visão do autor, a<br />

história <strong>de</strong> Catalão mistura-se à história <strong>de</strong> Goiás, com registros anteriores a 1744. Foram<br />

estabelecidos marcos históricos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a região, que foram<br />

trabalhados no capítulo seguinte.<br />

No primeiro capítulo, intitulado “Caracterização Geral do Objeto <strong>de</strong> Estudo”,<br />

realizou-se uma <strong>de</strong>scrição minuciosa da região, utilizando mapas quadros e tabelas. Nessa<br />

<strong>de</strong>scrição é tratada a localização geográfica e geodésica. A estrutura viária foi ressaltada e<br />

relacionada à localização.<br />

Fez uma contextualização histórica estabelecendo marcos importantes para a<br />

formação da região. Entre os marcos está a construção da Estrada <strong>de</strong> Ferro Mogiana. A<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro proporcionou a ligação <strong>de</strong> Goiás, e especificamente a região, entrar em<br />

contato com o litoral e, a partir daí, receber inovações. Foi construída gran<strong>de</strong> malha férrea<br />

por toda a região, com várias estações <strong>de</strong> carga e passageiros na zona rural. Essas estações<br />

se transformam em cida<strong>de</strong>s, dando o formato da camada Região da Estrada <strong>de</strong> Ferro, que<br />

se esten<strong>de</strong> até Anápolis.<br />

10 Diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFG. Professor,<br />

Doutor em Geografia.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 48


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Outro marco importante para o autor foi a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> minério em<br />

Catalão/Ouvidor, com início da extração nos anos <strong>de</strong> 1970. O impacto dos investimentos<br />

com a construção das empresas <strong>de</strong> mineração e posteriormente a lavra, acelerou o<br />

crescimento do município <strong>de</strong> Catalão, levando a diminuição da população dos municípios<br />

vizinhos, reconfigurando a região e fortalecendo Catalão como pólo regional.<br />

A expansão da fronteira agrícola foi outro evento que marcou a região, atingindo<br />

boa parte dos municípios. Intensificou a migração do Su<strong>de</strong>ste e Sul brasileiro para o<br />

su<strong>de</strong>ste goiano. Mudou a maneira <strong>de</strong> produzir no campo. Criou-se inúmeras empresas<br />

rurais e dinamizou o comércio local, ao mesmo tempo em que se esvaziava o campo. No<br />

raciocínio do autor, esses marcos históricos foram fundamentais para o entendimento da<br />

configuração regional.<br />

No capítulo seguinte, <strong>de</strong>nominado “Aspectos Físicos” são traçados os aspectos<br />

físicos naturais da região. Inicia-se com a geologia da região, estabelecendo a formação<br />

geológica da região (a região está assentada na porção nor<strong>de</strong>ste do Escudo Cristalino, na<br />

Bacia Sedimentar do Paraná), as principais unida<strong>de</strong>s geológicas que compõe esse território,<br />

são elas: Pré-Cambriano indiviso, Pré-Cambriano Médio, Terrenos Cretáceos, Cobertura<br />

Terciária <strong>de</strong>trítico-laterítica. Também foi a estrutura Geomorfológica e a evolução do<br />

relevo ao longo do tempo. A análise geomorfológica é relevante na relação posterior, com<br />

as áreas ocupadas para a agricultura mecanizada. O solo é caracterizado com mapas<br />

localizando os tipos <strong>de</strong> solos mais relevantes, com predomínio <strong>de</strong> Latossolo vermelho<br />

escuro e Latossolo vermelho amarelo. Na seqüência, vem a hidrografia que moldou o<br />

relevo. Destacam-se quatro bacias hidrográficas que <strong>de</strong>ságuam no Rio Paranaíba, principal<br />

rio da região.<br />

O capítulo seguinte, “Aspectos Econômicos”, trata das ativida<strong>de</strong>s econômicas<br />

encontradas, seguindo a seguinte or<strong>de</strong>m: a mineração, com a extração <strong>de</strong> rocha fosfática e<br />

nióbio, além <strong>de</strong> reservas <strong>de</strong> titânio, vermiculita, terras raras, entre outras; a agricultura,<br />

nesse momento é apresentada a estrutura fundiária regional, a forma <strong>de</strong> utilização das<br />

terras, os principais produtos com área colhida e rendimento médio, com <strong>de</strong>staque para<br />

arroz, milho, soja e cana-<strong>de</strong>-açúcar; a pecuária é outra ativida<strong>de</strong> importante, pois ocupa as<br />

áreas mais aci<strong>de</strong>ntadas, impróprias para agricultura; a indústria é <strong>de</strong>staque já que em<br />

Catalão foram construídas plantas <strong>de</strong> duas montadoras, a Mitsubishi Motors Corporation e<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 49


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

a John Deere Company, e várias misturadoras <strong>de</strong> adubo; o comércio e serviços assumem<br />

relevância <strong>de</strong>vido à situação <strong>de</strong> pólo regional, pois servem à toda região.<br />

O capítulo “Aspectos Sociais” trata inicialmente da população, tendo como<br />

subtítulo, Demografia. A questão populacional é verificada com um histórico da taxa <strong>de</strong><br />

crescimento <strong>de</strong> Catalão em comparação com a região, <strong>de</strong>monstrando como Catalão cresceu<br />

acima da média regional <strong>de</strong> 1991 à 1996. Alguns municípios da região tiveram crescimento<br />

negativo que, para o autor, representa o processo <strong>de</strong> estagnação econômica. O processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento levou a um elevado grau <strong>de</strong> urbanização, fator analisado pelo autor.<br />

Conjuntamente com a urbanização discute-se o êxodo rural e os problemas urbanos<br />

relacionados à pouca infraestrutura das cida<strong>de</strong>s goianas para aten<strong>de</strong>r às novas <strong>de</strong>mandas. A<br />

habitação recebe <strong>de</strong>staque, afirmando que gran<strong>de</strong> maioria das casas das cida<strong>de</strong>s da região<br />

são casas populares, com terrenos pequenos, pouca área construída e elevado número <strong>de</strong><br />

moradores por residência. Na saú<strong>de</strong>, outro tema tratado, foi constatado que apenas três<br />

municípios tinham leitos públicos enquanto quatro não tinham nenhum. O restante fazem<br />

parte da re<strong>de</strong> privada e filantrópica, mas conveniado com o SUS. No geral a estrutura é<br />

compatível com a região, tendo Catalão e Ipameri como centros médicos principais. A<br />

educação tem uma boa estrutura no município <strong>de</strong> Catalão, contando com 16000 alunos e<br />

duas instituições <strong>de</strong> nível superior, uma fe<strong>de</strong>ral e outra privada.<br />

Por fim, o capítulo que fecha a análise “Formação e Consolidação <strong>de</strong> uma Região<br />

Funcional”, on<strong>de</strong> primeiramente é feita uma discussão teórica <strong>de</strong> região funcional<br />

trabalhando o conceito <strong>de</strong> que a hierarquia funcional está relacionada à vinculação entre o<br />

centro primaz e sua área <strong>de</strong> influência, aten<strong>de</strong>ndo à região com bens e serviços. Nesse<br />

capítulo discute-se também a metodologia adotada pelo IBGE para classificação e<br />

hierarquização <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, o REGIC. Baseado na metodologia do REGIC, o autor mostra o<br />

papel do centro regional, Catalão, e como esse se articula à região.<br />

A dissertação “Subsídio à regionalização e classificação funcional das cida<strong>de</strong>s: o<br />

caso <strong>de</strong> Catalão-GO” aborda a problemática regional partindo da metodologia do IBGE<br />

para classificação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e, a partir <strong>de</strong>ssa metodologia, mostra a centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Catalão. Mas, para chegar até esse momento, o autor faz boa caracterização da região,<br />

situando o leitor no objeto da pesquisa.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 50


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.4 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E<br />

TECNOLÓGICA (VERSÃO PRELIMINAR).<br />

Goiânia, 2007<br />

Por Nair <strong>de</strong> Moura Vieira. 11<br />

O documento, Diretrizes <strong>de</strong> Política Industrial e Tecnológica (versão Preliminar),<br />

foi elaborado por um Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Política Industrial, composto por técnicos da<br />

SIC (<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> da Indústria e Comércio), SEFAZ (<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> da<br />

Fazenda), SEPLAN (<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do Planejamento e Desenvolvimento), SEAGRO<br />

(<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> da Agricultura e Abastecimento), SECTEC (<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> da<br />

Ciência e Tecnologia), SECOMEX (<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> do Comércio Exterior) e PGE<br />

(Procurador Geral do <strong>Estado</strong>). O documento foi redigido por Sérgio Duarte <strong>de</strong> Castro.<br />

O estudo se apresenta estruturado em cinco partes, uma inicial sobre Cenário<br />

Internacional, Nacional e Estadual enfocando a Política Industrial. A segunda trata do<br />

objetivo geral <strong>de</strong> transformar o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás em um pólo agroindustrial e elenca os<br />

objetivos específicos. Na parte 3, <strong>de</strong>screve a visão estratégica com a dimensão setorial,<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>staca o perfil setorial, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e as opções estratégicas<br />

setoriais, e a dimensão regional com as opções estratégicas regionais. A quarta parte trata<br />

das ações verticais: políticas <strong>de</strong> apoio ao investimento, ações <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em áreas<br />

estratégicas e ações gerais <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e competitivida<strong>de</strong> industrial setorial; e<br />

horizontais: inovação e <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, educação e capacitação profissional,<br />

infra-estrutura e inserção externa. Na parte 5 foram estabelecidas a coor<strong>de</strong>nação e a<br />

operação das ações propostas nas diretrizes.<br />

Na primeira parte, o estudo apresenta um cenário internacional enfocando a<br />

competição econômica e tecnológica entre países e regiões e a tendência à integração.<br />

Quanto à estrutura produtiva <strong>de</strong>staca “automação integrada flexível como novo paradigma<br />

industrial; importância crescente do complexo eletrônico, da química fina e <strong>de</strong> novos<br />

11 Coor<strong>de</strong>nadora Pedagógica e professora do Curso <strong>de</strong> Ciências Econômicas da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Goiás - UCG.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 51


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

materiais; revolução nos processos <strong>de</strong> trabalho e nas estratégias empresariais; alianças<br />

estratégicas e formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s como forma <strong>de</strong> competição”. Enfatiza que na elaboração<br />

<strong>de</strong> política industrial em escala subnacional <strong>de</strong>ve-se abordar 4 aspectos: A inovação e o<br />

conhecimento como requisito fundamental da competição global, acirramento da<br />

competição locacional, abertura <strong>de</strong> novos espaços <strong>de</strong> atuação para os estudos subnacionais<br />

e a abertura <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s no agronegócio mundial.<br />

No cenário nacional mostra a ausência <strong>de</strong> uma política voltada para “um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento mais equilibrado e integrado do país” e a generalização da “guerra fiscal”<br />

e sua ameaça à coesão e a solidarieda<strong>de</strong> regional, mas que mesmo assim os estados têm<br />

sido pró-ativos na <strong>de</strong>finição dos rumos <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento e conseguido avanços<br />

importantes com agressivas políticas <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> investimentos; pois apren<strong>de</strong>ram que,<br />

“os incentivos fiscais não são suficientes para a articulação <strong>de</strong> um sistema produtivo local<br />

coerente e sustentável” e, por isso, têm sido mais seletivos na concessão dos benefícios<br />

orientados para o <strong>de</strong>senvolvimento endógeno sustentável.<br />

Ressalta a proposta <strong>de</strong> Reforma Tributária do governo fe<strong>de</strong>ral que retira dos estados<br />

sua autonomia sobre o ICMS, impedindo-os da concessão <strong>de</strong> incentivos fiscais e aponta<br />

dois <strong>de</strong>safios aos estados fe<strong>de</strong>rados: “<strong>de</strong> se articularem e pressionarem o governo fe<strong>de</strong>ral<br />

no sentido da preservação <strong>de</strong> sua autonomia sobre o ICMS 12 e da articulação <strong>de</strong> uma<br />

efetiva política nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial e regional”. Pesa nestes <strong>de</strong>safios,<br />

<strong>de</strong>ntre outros, o baixo crescimento, as elevadas taxas reais <strong>de</strong> juros e a carente infra-<br />

estrutura.<br />

O cenário estadual mostra, em 1984, o esforço em estabelecer uma política<br />

industrial própria à base <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> benefícios fiscais, com o Fundo <strong>de</strong> Participação e<br />

Fomento à Industrialização do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás (FOMENTAR) e, em 2000, o Programa <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Industrial <strong>de</strong> Goiás (PRODUZIR) com dois gran<strong>de</strong>s avanços:<br />

incorporando o “estimulo a verticalização e agregação <strong>de</strong> valor a produção primária <strong>de</strong><br />

Goiás, e na redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais no âmbito do próprio <strong>Estado</strong>; e<br />

12 O estabelecimento <strong>de</strong> regras que disciplinem o uso <strong>de</strong> instrumentos fiscais, entretanto, são importantes para<br />

evitar as evi<strong>de</strong>ntes distorções da guerra fiscal.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 52


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

articulando o programa <strong>de</strong> incentivos fiscais em busca <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável,<br />

situando-se no plano “Goiás Século XXI” (<strong>de</strong> 1999).<br />

Os resultados, a partir <strong>de</strong> 1999, são apontados através da média do PIB goiano cujo<br />

crescimento entre 1999 e 2004 foi maior que a média nacional com 4,4% e 2,6%,<br />

respectivamente. “O crescimento é li<strong>de</strong>rado pela expansão da indústria, cuja participação<br />

no PIB do estado salta <strong>de</strong> 28,7% em 1998 para 35,5% em 2004”. E, entre 1998 e 2005,<br />

houve uma expansão do emprego na indústria <strong>de</strong> transformação com um crescimento<br />

acumulado <strong>de</strong> 74,8%. Em seguida, afirma-se que o crescimento do emprego está associado<br />

à agregação <strong>de</strong> valor à produção primária do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e dimensiona o processo <strong>de</strong><br />

verticalização da produção <strong>de</strong> grãos com o avanço da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong><br />

óleos vegetais e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> refino e envase; às unida<strong>de</strong>s fabris do setor lácteo e<br />

complexo carnes; processamento <strong>de</strong> olerícolas (Goiás é lí<strong>de</strong>r absoluto na industrialização<br />

<strong>de</strong> atomatados); mineração com <strong>de</strong>staque do fosfato, ferroníquel e ferronióbio.<br />

Um aspecto interessante é que o <strong>de</strong>senvolvimento industrial ocorrido no <strong>Estado</strong><br />

vem acompanhado <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> pobreza e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na distribuição <strong>de</strong> renda. O<br />

documento aponta duas gran<strong>de</strong>s limitações do PRODUZIR quanto aos objetivos propostos:<br />

não promoveu uma maior distribuição regional dos investimentos sendo que 45,6% dos<br />

empreendimentos implantados localizam-se na região metropolitana, ficando a região<br />

norte, nor<strong>de</strong>ste e entorno do DF com apenas 5,6% do total; e “não houve uma integração<br />

efetiva e coor<strong>de</strong>nada entre o conjunto das ações que pu<strong>de</strong>sse configurar <strong>de</strong> fato uma<br />

política industrial mais ampla”.<br />

Ressalta que, diante do grau <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> atingido é necessário um salto <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> contemplando uma política mais articulada, com maior seletivida<strong>de</strong> setorial e<br />

regional, “maior efetivida<strong>de</strong> nos mecanismos <strong>de</strong> indução, mecanismos eficientes <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nação e exigências <strong>de</strong> contrapartidas claras que estimulem a inovação, a<br />

mo<strong>de</strong>rnização e a melhoria <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> das empresas”.<br />

Diante do exposto, na segunda parte, que trata dos objetivos, com o propósito <strong>de</strong><br />

transformar Goiás em pólo agroindustrial com <strong>de</strong>staque no cenário nacional e<br />

internacional, tendo como motor propulsor a expansão e mo<strong>de</strong>rnização da indústria<br />

listaram-se os seguintes objetivos: ampliar a competitivida<strong>de</strong> da indústria local; estimular a<br />

mo<strong>de</strong>rnização produtiva e a inovação tecnológica; gerar emprego e renda reduzindo a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 53


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

pobreza e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais; contribuir para a criação e conquista <strong>de</strong> novos<br />

mercados no Brasil e no exterior; estimular o <strong>de</strong>senvolvimento local contribuindo para a<br />

redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e regionais; e a<strong>de</strong>nsar o tecido industrial, intensificando<br />

seus enca<strong>de</strong>amentos produtivos e tecnológicos e ampliando o po<strong>de</strong>r multiplicador dos<br />

investimentos.<br />

Na terceira parte, salientam que a política industrial <strong>de</strong>ve ser elaborada com uma<br />

visão estratégica compartilhada, para orientar as políticas públicas e mobilizar os<br />

segmentos sociais em prol <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> subnacional. Na dimensão setorial faz-<br />

se uma abordagem teórica sobre classificação setorial e, em seguida mostra na indústria <strong>de</strong><br />

Goiás os segmentos intensivos em recursos naturais têm maior peso, representado pela<br />

agroindústria com <strong>de</strong>staque para os complexos <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> grãos e carnes, o<br />

lácteo, o <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> tomate e o sucro-alcooleiro. A industria <strong>de</strong> extração e<br />

beneficiamento <strong>de</strong> bens minerais com <strong>de</strong>staque o níquel, nióbio, fosfato, amianto-crisotila<br />

e ouro. Seguem-se os setores intensivos em Mão <strong>de</strong> obra: indústria tradicional <strong>de</strong><br />

confecções, calçados e móveis, sendo a segunda maior empregadora <strong>de</strong>pois da alimentícia.<br />

Com a expansão da agroindústria <strong>de</strong>senvolveu-se a indústria <strong>de</strong> embalagens papel/papelão,<br />

plásticas e metálicas para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda do <strong>Estado</strong> e região Centro-Oeste. Os setores<br />

intensivos em escala, embora recentes na economia goiana, <strong>de</strong>stacam-se a indústria<br />

química (aditivos para a indústria <strong>de</strong> alimentos, <strong>de</strong> cosméticos e <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> limpeza.<br />

As indústrias locais produzem bens <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>stinados a pessoas <strong>de</strong> baixa renda. São<br />

produtos <strong>de</strong> limpeza e higiene pessoal, fraldas <strong>de</strong>scartáveis, tubaínas e biscoitos) e<br />

farmacêutica (medicamentos “similares”). Outro setor é o automobilístico que conta<br />

Mitsubishi e a Hyundai/Caoa. O setor <strong>de</strong> fornecedores especializados é incipiente na<br />

estrutura industrial <strong>de</strong> GOIÁS. O setor baseado em ciência é praticamente inexistente no<br />

tecido industrial local embora já se <strong>de</strong>staque o <strong>de</strong> equipamentos médicos com<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> softwares.<br />

Apontaram duas visões <strong>de</strong> futuro, a primeira tem como perfil <strong>de</strong>sejado “uma<br />

estrutura industrial mais intensiva em tecnologia, voltada para a fabricação <strong>de</strong> produtos<br />

diferenciados, <strong>de</strong> maior valor agregado e maior dinamismo tecnológico e <strong>de</strong> mercado” com<br />

a estratégia <strong>de</strong> atrair e promover investimentos locais nos setores <strong>de</strong> fornecimentos<br />

especializados, apostar em segmentos da oleoquímica fina e pesada e da sucroquímica. A<br />

segunda, aponta a articulação <strong>de</strong> duas ações: <strong>de</strong> caráter horizontal <strong>de</strong> apoio aos MPN’s<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 54


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

(Micro e Pequenos Negócios) voltadas para a capacitação gerencial e profissional, acesso<br />

ao Crédito e mercados, para <strong>de</strong>senvolver e incorporar tecnologias apropriadas à pequena<br />

produção e sua integração à dinâmica industrial do estado; <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> vocações<br />

locais “a partir das diretrizes gerais da política industrial” apoiando-se nas ações <strong>de</strong> suporte<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> APL’s no âmbito estadual. Desta forma, estabeleceram-se como<br />

setores estratégicos: bens <strong>de</strong> capital, bioenergia, oleoquímica e sucroquímica, fármacos e<br />

medicamentos, pequenos Negócios Inovadores, e como portadores <strong>de</strong> futuro: biotecnologia<br />

e softwares.<br />

Trabalharam a visão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial <strong>de</strong> corte regional a partir <strong>de</strong> três<br />

conceitos: cida<strong>de</strong>s pólo, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e eixos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Cida<strong>de</strong>s pólo “são<br />

aquelas que, por sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> econômica, têm potencial para alavancar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da região em seu entorno”. Devendo ser articulado ao <strong>de</strong> “re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>s”, para obter os resultados esperados. Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s compreen<strong>de</strong>ndo “a<br />

organização do conjunto das cida<strong>de</strong>s e suas zonas <strong>de</strong> influência, em cada região, a partir<br />

dos fluxos <strong>de</strong> bens, pessoas e serviços estabelecidos entre si e com as respectivas áreas<br />

rurais”. Eixo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento “corte espacial <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s territoriais contíguas,<br />

articuladas em torno <strong>de</strong> uma via <strong>de</strong> transporte importante, efetiva ou potencial, com<br />

acessibilida<strong>de</strong> aos diversos pontos situados na área <strong>de</strong> influência do eixo”.<br />

Apresenta Goiás como um estado com fortes <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s regionais, número<br />

limitado <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s médias (48) com mais <strong>de</strong> 20 mil habitantes e <strong>de</strong>sigualmente<br />

distribuídas pelo território. As cida<strong>de</strong>s mais antigas concentradas ao longo da BR 153,<br />

aglomeradas no centro e em torno da capital; uma no entorno do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e outra,<br />

mais recente, no eixo Mineiros-Itumbiara. Com a indústria ocorre o mesmo, em um<br />

número menor <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. Destacaram que há uma “ausência <strong>de</strong> municípios com efetiva<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polarização em todo o Oeste, Norte e Nor<strong>de</strong>ste do <strong>Estado</strong>” e que, apenas ao<br />

Sul e Sudoeste aparecem municípios com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> polarização. I<strong>de</strong>ntificou-se<br />

também um conjunto <strong>de</strong> subpólos nas regiões menos <strong>de</strong>senvolvidas e que na região<br />

Noroeste <strong>de</strong> Goiás parece um vazio urbano on<strong>de</strong> predomina a pecuária extensiva. Os pólos<br />

e sub-pólos, mesmo os mais dinâmicos, apresentam baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração e<br />

contribuição para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e que, por isso, há um<br />

esvaziamento no interior do <strong>Estado</strong> e uma concentração no Entorno do DF e região<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Goiânia. Os principais eixos da economia goiana estão situados ao sul do<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 55


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

estado e vinculados aos fluxos com o Triângulo e São Paulo, exceto o eixo Goiânia-<br />

Brasília.<br />

Apresentam como estratégia: “maximizar o potencial dos pólos e eixos mais<br />

dinâmicos, a partir <strong>de</strong> suas vocações; fomentar fortemente, o <strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>de</strong>mais<br />

eixos, assim como dos sub-pólos; fomentar a articulação e inserção da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s no<br />

movimento dinâmico <strong>de</strong> seus pólos e eixos; apoiar programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local<br />

que dinamizem a pequena produção rural e urbana; estimular a articulação e inserção da<br />

pequena produção no movimento dinâmico dos gran<strong>de</strong>s complexos <strong>de</strong> cada região; e<br />

a<strong>de</strong>nsar a re<strong>de</strong> urbana nas regiões vazias”.<br />

Na quarta parte propõem a criação e/ou a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> instrumentos<br />

e ações <strong>de</strong> caráter vertical, como incentivos fiscais e financeiros (Nova Lei do Produzir e<br />

Benefícios Fiscais), <strong>de</strong> financiamento (Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO,<br />

Agência <strong>de</strong> Fomento, BNDES, FUNMINERAL), do uso do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra, não apenas<br />

do <strong>Estado</strong>, mas também interindustrial, e <strong>de</strong> promoção comercial. Assim como ações <strong>de</strong><br />

caráter horizontal nas áreas <strong>de</strong> inovação e <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico; educação e<br />

capacitação empresarial, infra-estrutura; e inserção externa.<br />

Por fim, na quinta parte, propõem a criação <strong>de</strong> um Grupo <strong>de</strong> Acompanhamento da<br />

Política Industrial sob a coor<strong>de</strong>nação da <strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Indústria e Comércio e com<br />

representantes das seguintes <strong>Secretaria</strong>s <strong>de</strong> <strong>Estado</strong>: <strong>de</strong> Indústria e Comércio, do<br />

Planejamento, da Fazenda, <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, <strong>de</strong> Comércio Exterior, da Agricultura,<br />

<strong>de</strong> infra-estrutura e <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos que ouviria a socieda<strong>de</strong><br />

organizada através <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>s representativas.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 56


5.5 O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Deus, João Batista <strong>de</strong>. O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL.<br />

Brasília: Ministério da Integração Nacional: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, 2002.<br />

Por Nair <strong>de</strong> Moura Vieira. 13<br />

O livro O Su<strong>de</strong>ste Goiano e a <strong>de</strong>sconcentração industrial elaborado pelo professor<br />

João Batista <strong>de</strong> Deus, doutor em Geografia Humana pela Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e<br />

diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambiental, o livro pertence à Coleção Centro-Oeste<br />

<strong>de</strong> Estudos e Pesquisas publicado pelo Ministério da Integração Nacional, por meio <strong>de</strong> sua<br />

<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento do Cento-Oeste, que divulga obras representativas da<br />

cultura centro-oci<strong>de</strong>ntal brasileira.<br />

O livro está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 trata dos conceitos<br />

teóricos e metodológicos que nortearam a pesquisa; a práxis, a produção, a aparência e a<br />

essência do espaço; o movimento e as suas contradições; o trabalho e a produção do lugar;<br />

a totalida<strong>de</strong> e o particular no lugar e as contradições sociais e a produção do espaço. O<br />

Capítulo 2 mostra o processo <strong>de</strong> formação regional e o papel do município <strong>de</strong> Catalão<br />

como pólo regional do Su<strong>de</strong>ste Goiano, uma breve periodização da formação histórica do<br />

Su<strong>de</strong>ste Goiano, levanta os aspectos fundamentais da natureza territorial da microrregião<br />

Catalão com sua estrutura fundiária e agricultura e pecuária, a presença industrial,<br />

comercial e o crescimento educacional como reflexo da urbanização e o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

integrado e municipalizado. O Capítulo 3 discute o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração da<br />

economia brasileira e os reflexos na microrregião <strong>de</strong> Catalão, as transformações<br />

socioespaciais <strong>de</strong>siguais ocorridas no território brasileiro, difusão <strong>de</strong> novas técnicas em<br />

áreas <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> econômica, o papel do estado na formação espacial o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Sul Goiano, a integração <strong>de</strong> Goiás à economia nacional através da<br />

agricultura, o impacto das inovações e a produção do espaço em Catalão e os incentivos<br />

fiscais como fator <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização. O Capítulo 4 faz uma reflexão sobre as cida<strong>de</strong>s<br />

médias na nova configuração territorial brasileira, suas funções na atual estrutura urbana,<br />

13 Coor<strong>de</strong>nadora Pedagógica e professora do Curso <strong>de</strong> Ciências Econômicas da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Goiás - UCG.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 57


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

as condições <strong>de</strong> Catalão para abrigar novos investimentos e os fatores locais <strong>de</strong> domínio do<br />

pólo sobre a região e o progresso conservador como i<strong>de</strong>ário da elite local.<br />

O primeiro capítulo aborda o espaço geográfico, no qual o principal método é o<br />

dialético materialista e compreen<strong>de</strong> o espaço como produto social surgido “da relação entre<br />

socieda<strong>de</strong> e natureza”, tendo a práxis, como resultado do processo do trabalho “produzido,<br />

pelos conhecimentos e experiências acumulados por meio da sociabilida<strong>de</strong> ao longo do<br />

tempo”, e <strong>de</strong>terminado pelo grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das técnicas, da ciência e da<br />

capacida<strong>de</strong> produtiva do homem em promover mudanças e transformações sociais e<br />

espaciais.<br />

Discute conceitos sobre o estudo do espaço e a tendência <strong>de</strong> privilegiar a forma e a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar sua essência para enten<strong>de</strong>r a totalida<strong>de</strong> que é marcada por<br />

contradições, negadas pelas forças conservadoras e “afirmada pela capacida<strong>de</strong> do novo <strong>de</strong><br />

impor-se diante do antigo”.<br />

Trabalha os conceitos <strong>de</strong> produção do espaço e a formação da consciência segundo<br />

Lèfebvre que afirma que a consciência “que leva ao questionamento e à libertação é um<br />

fato histórico, uma ação contínua criando paisagens que se acumulam ao longo do tempo”,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do “modo <strong>de</strong> organização social <strong>de</strong> cada momento”.<br />

Busca conhecer também as contradições do espaço para analisar como as inovações<br />

“transformaram uma estrutura socioeconômica agrária em uma estrutura <strong>de</strong> acumulação<br />

flexível, inserindo a região na economia globalizada”. Destaca que a materialização do<br />

trabalho reflete-se no espaço urbano e nas suas articulações com os núcleos urbanos.<br />

Ressalta a importância da localida<strong>de</strong> e o antagonismo entre o local e o global,<br />

acrescentando à microrregião em <strong>de</strong>staque, a análise <strong>de</strong> duas categorias: “as<br />

horizontalida<strong>de</strong>s, produzidas pelas relações entre os espaços contíguos, e as verticalida<strong>de</strong>s,<br />

que correspon<strong>de</strong>m às ações, normas e inovações vindas dos mais diversos lugares,<br />

produzindo a globalização”.<br />

Observa que em Catalão ocorreram mudanças <strong>de</strong> influência globalizante, mas que a<br />

socieda<strong>de</strong> agrária aos poucos foi sendo substituída pela industrial-urbana sem a <strong>de</strong>struição<br />

radical do seu fundamento essencial.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 58


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O segundo capítulo que trata do processo <strong>de</strong> formação regional: o papel <strong>de</strong> Catalão<br />

tem como finalida<strong>de</strong> caracterizar o processo <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong> Goiás principalmente a<br />

partir <strong>de</strong> meados dos anos 90. Nessa época, montadoras <strong>de</strong> veículos e máquinas agrícolas<br />

(empresas multinacionais) instalaram-se em Catalão causando impacto na cida<strong>de</strong> e nos<br />

municípios da região. A partir da década <strong>de</strong> 70 “Catalão assumiu um relevante papel <strong>de</strong><br />

centro regional goiano... a estrutura urbana montada produziu condições para que o<br />

consumo coletivo urbano <strong>de</strong> Catalão fosse estendido” a vários municípios inclusive<br />

próximos à Brasília. Doze núcleos urbanos recebem influência marcante <strong>de</strong> Catalão e<br />

funcionam como um arranjo socioespacial, formando uma sub-região, espaço uno e<br />

articulado aten<strong>de</strong>ndo à reprodução do capital com características próprias pela articulação<br />

local, transformando Catalão no “lócus <strong>de</strong> comando global na estrutura sub-regional <strong>de</strong><br />

Goiás”.<br />

A importância <strong>de</strong> se estudar a microrregião <strong>de</strong> Catalão não está ligada apenas a<br />

enten<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong> urbanização <strong>de</strong> Goiás, mas também o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização<br />

ocorrida na periferia do território brasileiro e as suas transformações.<br />

Em Goiás, as mudanças espaciais são conseqüência da <strong>de</strong>scentralização econômica<br />

brasileira ocorrida a partir dos anos 70 e essa <strong>de</strong>scentralização é conservadora, pois cabe às<br />

regiões periféricas apenas as indústrias leves como: alimentos, bebidas, têxteis, vestuário,<br />

<strong>de</strong>ntre outras. Mas que Catalão se <strong>de</strong>staca “pelo tipo <strong>de</strong> indústrias ali implantadas, na área<br />

<strong>de</strong> transportes e produção: montadoras <strong>de</strong> máquinas agrícolas e <strong>de</strong> veículos; na área<br />

química: fábricas <strong>de</strong> ácido sulfúrico e fosfórico (usados em indústrias locais <strong>de</strong> adubo)”, e<br />

todas requerem maior aporte <strong>de</strong> ciência e tecnologia, por isso se diferencia do restante do<br />

estado e fez com que Catalão se tornasse uma cida<strong>de</strong> que polariza uma sub-região do<br />

estado.<br />

Fatores que favoreceram as modificações ocorridas em Catalão tornando-o centro<br />

do fluxo <strong>de</strong> pessoas e mercadorias na microrregião: o seu dinamismo econômico,<br />

existência <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong> minérios, pavimentação da BR-050, produção <strong>de</strong> soja em<br />

latifúndios, estrutura <strong>de</strong> serviços (comércio, saú<strong>de</strong>, educação), Distrito Minero-Industrial,<br />

localização geográfica (inserção na rota <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> São Paulo), incentivos fiscais do<br />

governo estadual e isenção <strong>de</strong> tributos municipais.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 59


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O autor mostra que a estrada <strong>de</strong> ferro proporcionou o <strong>de</strong>senvolvimento do Su<strong>de</strong>ste<br />

Goiano. Era a principal via <strong>de</strong> comunicação com Minas Gerais, São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

incrementando a produção, a valorização das terras, o crescimento das estradas <strong>de</strong> rodagem<br />

e o processo <strong>de</strong> urbanização ao longo dos trilhos da ferrovia. Mas “a ferrovia por si só não<br />

produziu dinâmica suficiente para transformações profundas nas relações <strong>de</strong> trabalho”. Em<br />

meados dos anos 70 ocorre a mo<strong>de</strong>rnização da agricultura com novas culturas e novas<br />

tecnologias, implantação <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> mineração, pavimentação da BR-050 inserindo a<br />

região na rota dos fluxos nacionais fortalecendo o comércio e os serviços. Esta fase<br />

esgotou-se no início dos anos 90, mas ao final <strong>de</strong>ssa década chegam as montadoras<br />

Mitsubishi e Cameco e também as empresas Coperbrás e Ultrafértil exigindo novos<br />

padrões <strong>de</strong> serviços e mão-<strong>de</strong>-obra qualificada.<br />

Descreve em que se baseia a economia <strong>de</strong> cada município da microrregião <strong>de</strong><br />

Catalão, os investimentos recebidos e as suas características <strong>de</strong>mográficas e a estrutura<br />

fundiária marcada pela concentração <strong>de</strong> terras em poucas proprieda<strong>de</strong>s. Mostra, através <strong>de</strong><br />

tabelas, a produção agropecuária, principais produtos por micro e mesorregião, a<br />

participação <strong>de</strong> cada produto na área plantada, a quantida<strong>de</strong> produzida na agricultura e o<br />

maquinário existente. Quanto à pecuária, nas tabelas po<strong>de</strong>-se visualizar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estabelecimentos existentes por categoria <strong>de</strong> laticínio sob inspeção fe<strong>de</strong>ral, número <strong>de</strong><br />

estabelecimentos e ativida<strong>de</strong> econômica, efetivo <strong>de</strong> rebanhos bovino, vacas or<strong>de</strong>nhadas e<br />

produção <strong>de</strong> leite (em mil litros) segundo município e microrregião, assim como o número<br />

e gênero <strong>de</strong> estabelecimentos industriais cadastrados na <strong>Secretaria</strong> da Fazenda em junho <strong>de</strong><br />

1991 e em 1996.<br />

Ao longo das ultimas décadas Catalão consolidou-se como pólo econômico na<br />

microrregião <strong>de</strong>vido a influência <strong>de</strong> seu comércio atacadista, concentração <strong>de</strong> serviços e<br />

lazer, transporte coletivo, serviços educacionais e o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> integrado e<br />

municipalizado, aliados à localização cujos municípios além da pequena distância estão<br />

ligados por rodovias.<br />

No terceiro capítulo discute-se como o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e a<br />

<strong>de</strong>scentralização conservadora tornou possível a atração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas para Goiás,<br />

especialmente Catalão. Empresas que ao buscar aumentar seus lucros recebendo incentivos<br />

fiscais e usando mão-<strong>de</strong>-obra barata (menos qualificada, <strong>de</strong> fácil e rápido treinamento,<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 60


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

sendo realizado pelo SENAI) <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s da periferia nacional como Catalão promovem<br />

mudanças nas estruturas urbanas e transformam as cida<strong>de</strong>s intermediárias em receptoras <strong>de</strong><br />

população. Essa <strong>de</strong>sconcentração fez com que Catalão recebesse “indústrias <strong>de</strong> setores<br />

distintos da economia goiana, <strong>de</strong>vido à sua localização geográfica. Está próxima dos<br />

gran<strong>de</strong>s centros <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> áreas produtoras <strong>de</strong> tecnologia e mão-<strong>de</strong>-obra<br />

qualificada, ligada à re<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong> São Paulo com acesso rápido e fácil a produtos <strong>de</strong><br />

consumo industrial...comparando-se a outras cida<strong>de</strong>s goianas” que, com os mesmos<br />

incentivos fiscais, concentram-se na produção <strong>de</strong> alimentos.<br />

Destaca a ação do <strong>Estado</strong>, na <strong>de</strong>scentralização da economia brasileira, criando<br />

condições logísticas, provendo infra-estrutura mínima, condições <strong>de</strong> ensino para treinar os<br />

trabalhadores e estrutura médico-hospitalar. Em Catalão essa infra-estrutura já existia antes<br />

<strong>de</strong> receber os atuais investimentos e as ações dos atores hegemônicos e do estado criaram<br />

uma dinâmica no conteúdo do território goiano sustentando a produtivida<strong>de</strong> territorial<br />

<strong>de</strong>sejada. Assim, “Catalão passa a fazer parte das re<strong>de</strong>s nacionais e internacionais por<br />

causa das empresas ali instaladas, imprimindo novas velocida<strong>de</strong>s ao território e<br />

interligando-o aos pontos portadores <strong>de</strong> novas técnicas”, assumindo papel inexistente nas<br />

re<strong>de</strong>s urbanas tradicionais.<br />

O estado <strong>de</strong> Goiás inseriu-se à economia nacional através da agricultura e sua<br />

mo<strong>de</strong>rnização cujas transformações tecnológicas atraiu empresários do sul e su<strong>de</strong>ste pelas<br />

terras baratas, perspectivas <strong>de</strong> produção e incentivos governamentais, provocando a<br />

proletarização dos trabalhadores rurais, a concentração fundiária e a urbanização. E a<br />

“quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra utilizada pelas montadoras e o tamanho das empresas”<br />

instaladas em Catalão são “inferiores às usadas nas agroindústrias, que empregam maior<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, dinamizando a produção agropecuária com investimentos e<br />

transferência <strong>de</strong> tecnologia”.<br />

Por fim, o quarto capítulo faz uma análise sobre a cida<strong>de</strong> média mostrando a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceituar melhor esta categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> afirmando que “não é apenas a<br />

quantida<strong>de</strong> populacional, é também a importância que suas funções têm sobre a sua sub-<br />

região e o seu papel na hierarquia das re<strong>de</strong>s urbanas”. Desta forma, a <strong>de</strong>scentralização<br />

econômica no Brasil criou “um território hierarquizado, nas áreas com baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 61


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

populacional, cida<strong>de</strong>s pequenas que exercem funções <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s médias”, como é o caso<br />

<strong>de</strong> Catalão (cida<strong>de</strong> pólo).<br />

É a mo<strong>de</strong>rnização da estrutura produtiva que <strong>de</strong>termina a nova configuração do<br />

território regional que se manifesta por dois tipos <strong>de</strong> recortes: 1) “pela relação sumária <strong>de</strong><br />

um núcleo e sua região <strong>de</strong> influência, organizados <strong>de</strong> forma que garantam uma<br />

<strong>de</strong>terminada produção ou combinação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s exercidas neste núcleo”. Catalão<br />

exerce a relação <strong>de</strong> várias formas ligadas à estrutura produtiva com os empregos ofertados<br />

pelas firmas lá estabelecidas, pelo comércio e serviços que aten<strong>de</strong>m a toda região, pela<br />

aquisição e comercialização dos produtos agropecuários regionais, pela concentração das<br />

se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> órgãos públicos e pelo domínio político; e, 2) “vincula-se à racionalida<strong>de</strong> do<br />

processo produtivo, ligando lugares estratégicos da produção, da comercialização, da<br />

informação, do controle e da regulação, com repercussão em toda região, fazendo com que<br />

a microrregião Catalão, com forte tradição agropecuária, mu<strong>de</strong> o seu conceito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento”, a região passa a ter conexão com outras regiões seguindo uma<br />

“hierarquia globalizada, sob o comando <strong>de</strong> centros mundiais”.<br />

Para a elite colocar em prática seu projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (por meio da atração<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas) a região conta com a influência política, infra-estrutura, boas<br />

condições do consumo coletivo urbano e a localização da cida<strong>de</strong>.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 62


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.6 MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM<br />

GOIÁS<br />

PÁDUA, Andréia Aparecida Silva <strong>de</strong>. Migração, Expansão Demográfica e<br />

Desenvolvimento Econômico em Goiás. 2008. 111 f. Dissertação (Mestrado em<br />

Desenvolvimento e Planejamento Territorial) – Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás,<br />

Goiânia, 08/04/2008.<br />

Por Nair <strong>de</strong> Moura Vieira 14<br />

A dissertação Migração, Expansão Demográfica e Desenvolvimento em Goiás foi<br />

elaborada pela mestranda Andréia Aparecida Silva <strong>de</strong> Pádua, sob a orientação da profa.<br />

Dra. Eliane Romeiro Costa e co-orientação do prof. Dr. Luís Antônio Estevam.<br />

A dissertação está estruturada em quatro capítulos: O Capítulo 1 “A Continuida<strong>de</strong><br />

da Marcha para o Oeste” trata do início da ocupação <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> Goiás, da Marcha<br />

para o Oeste e da continuida<strong>de</strong> da Migração. O Capítulo 2 “Dinâmica do Crescimento<br />

Demográfico Regional” mostra os indicadores <strong>de</strong>mográficos do território, a concentração<br />

<strong>de</strong>mográfica espacial e o perfil <strong>de</strong>mográfico das microrregiões <strong>de</strong> Goiás. O Capítulo 3<br />

“Suporte Econômico da População Regional” faz um breve histórico da mo<strong>de</strong>rnização<br />

agropecuária regional, o processo <strong>de</strong> produção e o crescimento econômico na<br />

agropecuária, principalmente na produção <strong>de</strong> commodities. Também aborda a<br />

agroindústria e a questão do comportamento do emprego por setores no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. O<br />

Capítulo 4 “A Questão do Emprego Formal e Informal em Goiás” mostra o crescimento do<br />

emprego formal por setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> e do setor informal em Goiás, a PEA, Emprego<br />

formal e PIB.<br />

O primeiro capítulo relata a História <strong>de</strong> Goiás, e o processo <strong>de</strong> ocupação do<br />

território goiano, a mineração, os primeiros ocupantes e os fatores que contribuíram para a<br />

migração para o <strong>Estado</strong>. Faz um breve comentário sobre o gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> migração<br />

<strong>de</strong>mográfica conhecida como a “Primeira Marcha para o Oeste”, com a construção <strong>de</strong><br />

14 Coor<strong>de</strong>nadora Pedagógica e professora do Curso <strong>de</strong> Ciências Econômicas da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Goiás - UCG.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 63


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Goiânia, e a continuida<strong>de</strong> da migração para o Oeste com a construção <strong>de</strong> Brasília, que<br />

também contribuiu para o aumento da migração para Goiás, do crescimento da população<br />

urbana e redução da população rural.<br />

No segundo capítulo faz-se uma análise do ranking dos municípios mais populosos,<br />

observa-se o perfil <strong>de</strong>mográfico das microrregiões <strong>de</strong> Goiás, relata “os indicadores<br />

<strong>de</strong>mográficos do território goiano, a taxa <strong>de</strong> crescimento e a evolução da população<br />

<strong>de</strong>mográfica, rural e urbana em Goiás, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1972 até 2005”. Mostra através <strong>de</strong> tabelas, o<br />

crescimento da população recenseada, taxa <strong>de</strong> crescimento médio anual e crescimento<br />

acumulado em períodos <strong>de</strong> 1872 a 2005 e po<strong>de</strong>-se observar “que a população <strong>de</strong> Goiás,<br />

como um todo, multiplicou sua taxa média <strong>de</strong> crescimento anual progressivamente até<br />

1980 e que, a partir <strong>de</strong>sse ano, ocorreu uma mudança no território goiano, ocasionando<br />

uma transformação tanto política como <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong>corrente da divisão do <strong>Estado</strong> em<br />

duas Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>rais: Goiás e Tocantins.”<br />

De 1920 a 1950 o crescimento da população se <strong>de</strong>u em função da construção <strong>de</strong><br />

Goiânia, pela Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG) e o incremento do comércio<br />

principalmente em Anápolis “por ser a estação final da estrada <strong>de</strong> ferro”. De 1950 a 1960:<br />

a construção <strong>de</strong> Brasília, da BR-050, da usina hidrelétrica <strong>de</strong> Cachoeira Dourada,<br />

crescimento do comércio e produção <strong>de</strong> materiais para construção da nova capital. Em<br />

1970 observa-se o rápido crescimento da população, em função da migração, que passou a<br />

<strong>de</strong>mandar “serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e habitação,<br />

sobrecarregando os governos”. No período 1980 a 1991 houve uma estabilização do<br />

crescimento populacional. Alertou sobre a divisão do <strong>Estado</strong> com o Tocantins e que por<br />

esse motivo, em 1991, a população goiana apresenta um <strong>de</strong>créscimo.<br />

Mostra com dados tabelados que a população urbana <strong>de</strong> Goiás cresceu mais <strong>de</strong><br />

100% nos períodos 1950-1960 e 1960-1970 marcado pelo crescimento interno e chegada<br />

<strong>de</strong> imigrantes. E que a população rural per<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> contingente entre 1980 e 1991 em<br />

<strong>de</strong>corrência do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da produção. Em 1980 a queda se <strong>de</strong>u em torno<br />

<strong>de</strong> 50% e, entre 1991 a 2003, continuou registrando <strong>de</strong>créscimos.<br />

Aborda a concentração <strong>de</strong>mográfica espacial <strong>de</strong>staca as diferenciações regionais<br />

entre o norte o sul <strong>de</strong> Goiás e mostra a “evolução dos municípios e seu ranking entre os <strong>de</strong>z<br />

maiores em população, sua localização e o motivo <strong>de</strong> serem os mais populosos. E, por<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 64


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

último, o perfil <strong>de</strong>mográfico das microrregiões e mesorregiões <strong>de</strong> Goiás, ou seja, a divisão<br />

do <strong>Estado</strong> goiano em regiões, que ocorreu em 1991 através da proposta do IBGE,<br />

analisando sua divisão e participação percentual da população resi<strong>de</strong>nte”. Para facilitar a<br />

visualização, a autora elaborou cartogramas com dados do IBGE.<br />

No terceiro capítulo que trata do suporte econômico da população em Goiás,<br />

analisa-se o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização agropecuária regional através <strong>de</strong> um breve histórico<br />

<strong>de</strong>screvendo o papel do PND na implantação dos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regionais:<br />

POLAMAZÔNIA, POLOCENTRO (<strong>de</strong>staca fundação do GOIÁSRURAL e a atuação da<br />

EMBRAPA E EMATER) e Região Geoconômica <strong>de</strong> Brasília apontando os seus objetivos<br />

e contradições. Também aborda como o Sistema Nacional <strong>de</strong> Crédito Rural, em Goiás,<br />

funcionou como forma <strong>de</strong> financiamento e mostra, graficamente, que os recursos<br />

<strong>de</strong>stinados aos produtores goianos eram superiores a média nacional. E que a questão do<br />

financiamento também foi tratada no Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás,<br />

criado entre 1961 e 1965 (Plano MB), criando o fundo <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico.<br />

O Plano <strong>de</strong> Ação do governo Otávio Lage (1968-1970) que “visava ampliar o<br />

número <strong>de</strong> técnicos agrícolas, criando fábricas <strong>de</strong> adubo, aperfeiçoar a estrutura <strong>de</strong><br />

mercado, entre outros” mostra a preocupação com o êxodo rural.<br />

Foi criado um mecanismo <strong>de</strong> incentivo ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social no<br />

final da década <strong>de</strong> 1980, o Fundo Constitucional <strong>de</strong> Financiamento do Centro-Oeste –<br />

FCO, gerenciado pelo Banco do Brasil e mais tar<strong>de</strong> pelo Banco <strong>de</strong> Desenvolvimento,<br />

contribuindo “para o crescimento da região Centro-Oeste, atingindo Goiás e minimizando<br />

os efeitos <strong>de</strong> queda nos recursos do crédito rural na década <strong>de</strong> 1980”.<br />

A década <strong>de</strong> 1980 é marcada pelo intenso movimento do êxodo rural como reflexo<br />

da valorização das terras agrícolas, da urbanização e “à legislação <strong>de</strong> direitos trabalhistas,<br />

que fez com que os fazen<strong>de</strong>iros preferissem mandar seus empregados embora ao invés <strong>de</strong><br />

obe<strong>de</strong>cer às normas legais”.<br />

A década <strong>de</strong> 1990 marca a interrupção das políticas Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> fomento ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento regional, extinguindo a “Superintendência do Desenvolvimento do<br />

Centro-Oeste (SUDECO), representando perda <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> do Centro-Oeste<br />

junto à União, mas o Fundo Constitucional <strong>de</strong> Financiamento do Centro-Oeste (FCO) ficou<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 65


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

como único programa Fe<strong>de</strong>ral em ação na região goiana com volume disponível dos<br />

recursos do Fundo <strong>de</strong> 29% para Goiás... disponibilizando financiamentos <strong>de</strong> longo prazo,<br />

ainda dinamizando a economia regional”.<br />

Para captar investimentos, o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás criou programas <strong>de</strong> incentivos<br />

financeiros, tais como o FOMENTAR, apresentado em 1984, e o PRODUZIR, em 1999, e<br />

simultaneamente, a promoção <strong>de</strong> alterações na Legislação Tributária do <strong>Estado</strong> com<br />

redução efetiva da carga tributária para os que se dispusessem a empreen<strong>de</strong>r no estado.<br />

Assim o <strong>Estado</strong> conseguiu modificar o seu perfil produtivo. “Sua economia teve a<br />

complexida<strong>de</strong> aumentada com o alongamento <strong>de</strong> suas ca<strong>de</strong>ias produtivas, vez que o nível<br />

<strong>de</strong> agregação <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> sua produção aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente, assim como a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> tecnológica presente em seu território. Tal afirmação po<strong>de</strong> ser constatada ao se<br />

observar a evolução crescente do PIB goiano, comparado com o PIB brasileiro, <strong>de</strong> acordo<br />

com a SEPLAN-GO, bem como a do perfil <strong>de</strong> suas exportações”.<br />

Em função do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização agrícola, dos programas <strong>de</strong> apoio ao crédito<br />

e dos financiamentos rurais, o território goiano transformou sua estrutura sócio-produtiva<br />

<strong>de</strong> Goiás, tais como na: técnica <strong>de</strong> produção, redução <strong>de</strong> trabalho, e a incorporação <strong>de</strong><br />

maquinários, tratores e insumos, e o processo <strong>de</strong> industrialização da agricultura<br />

concentrou-se no “cultivo <strong>de</strong> soja, milho e cana, mas as culturas que haviam sustentado a<br />

integração <strong>de</strong> Goiás no âmbito nacional, como o arroz e feijão principalmente, ten<strong>de</strong>ram a<br />

uma significativa diminuição nas últimas décadas, <strong>de</strong>vido à tendência <strong>de</strong> melhores<br />

perspectivas <strong>de</strong> exportação e mecanização”. Mostra, com figuras, o comportamento da<br />

produção e área plantada goiana. Tabela o ranking da produção dos principais produtos<br />

agrícolas no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, Centro-Oeste e Brasil e o ranking da produção <strong>de</strong> grãos por<br />

microrregião on<strong>de</strong> o Sudoeste Goiano ocupa, com <strong>de</strong>staque, o primeiro lugar em volume<br />

total <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> grãos representando 38,82% da produção do estado. No ranking dos<br />

municípios goianos - maiores produtores <strong>de</strong> grãos- em 2005, Jataí ocupa o primeiro lugar,<br />

seguida por Rio Ver<strong>de</strong>.<br />

Para facilitar a visualização, a autora mostra, com figura, a evolução da pecuária e o<br />

número <strong>de</strong> cabeças <strong>de</strong> bovinos e suínos <strong>de</strong> 1958 a 1980 e com tabela os principais rebanhos<br />

(bovino, suíno e vacas leiteiras) e produção <strong>de</strong> leite <strong>de</strong> 1980 a 2006, com dados da<br />

SEPLAN. Como o número <strong>de</strong> aves em Goiás teve um aumento significativo <strong>de</strong> 1980 a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 66


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

2001, e também outra tabela com o efetivo <strong>de</strong> bovinos, suínos e aves por microrregião em<br />

2005.<br />

agropecuária.<br />

Nos últimos anos a economia goiana tem avançado nos setores da indústria e<br />

Dentre os municípios que per<strong>de</strong>ram participação no PIB estadual entre 1999 e 2004<br />

estão Goiânia e Anápolis cujas estruturas produtivas têm o setor <strong>de</strong> serviços como<br />

principal ativida<strong>de</strong> e, entre os municípios que obtiveram ganho <strong>de</strong>stacam-se: Catalão<br />

Catalão “favorecido pelo processo <strong>de</strong> verticalização da mineração e pelo incremento da<br />

produção <strong>de</strong> veículos”; Rio Ver<strong>de</strong> impulsionado pela indústria alimentícia e pela<br />

agropecuária; Jataí com indústria <strong>de</strong> transformação e a agropecuária; Senador Canedo,<br />

estimulado pelo setor <strong>de</strong> serviços, basicamente a distribuição <strong>de</strong> combustível; e Luziânia,<br />

graças à “boa performance da agropecuária, sobretudo, lavouras irrigadas e agroindústrias.<br />

O ganho <strong>de</strong> participação também foi observado no município <strong>de</strong> São Simão” <strong>de</strong>vido à<br />

“inserção da hidrelétrica <strong>de</strong> São Simão em 2001, no cálculo do PIB <strong>de</strong> Goiás, que antes era<br />

computada para Minas Gerais”.<br />

Lembra que apesar do <strong>de</strong>staque da agroindústria construiu-se, em Goiás, nos<br />

últimos 25 anos, um diversificado parque industrial com “a produção <strong>de</strong> equipamentos<br />

agrícolas, automóveis, equipamentos hospitalares, um importante pólo farmacêutico e uma<br />

significativa indústria química” com a instalação <strong>de</strong> indústrias farmacêuticas e<br />

laboratórios, no início da década <strong>de</strong> 90, no Distrito Agroindustrial <strong>de</strong> Anápolis, iniciando a<br />

criação do pólo farmoquímico. “Outro exemplo são as indústrias <strong>de</strong> couro e calçados, pois<br />

Goiás em 2003, apontando com o 4° maior rebanho bovino do País, <strong>de</strong> 19,1 milhões <strong>de</strong><br />

cabeças, junto com seus vizinhos, fazia parte da maior região produtora <strong>de</strong> couro do País”.<br />

A autora tabela as principais empresas agroindustriais estabelecidas em Goiás com os<br />

respectivos municípios e lista os <strong>de</strong>z maiores municípios goianos em relação ao valor<br />

adicionado (VA), por setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s – 2005 e a força <strong>de</strong> Goiás no ranking da<br />

produção brasileira – agropecuária (2007) e pecuária (2005).<br />

E, por último, no quarto capítulo analisou-se o comportamento do emprego por<br />

setores em Goiás, tanto na agroindústria, quanto na agropecuária e serviços, entre outros.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 67


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Na década <strong>de</strong> 1970 a PEA, em Goiás, ainda estava voltada para a agricultura<br />

(pecuária, silvicultura, extração vegetal, caça e pesca) mesmo com o acelerado processo <strong>de</strong><br />

urbanização, o mesmo ocorre na década <strong>de</strong> 1980. A autora mostra a no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e<br />

Brasil a PEA, ocupada e taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupação nos períodos 1991-1993 e 1995-2003, que a<br />

“PEA goiana aumentou quase na mesma proporção da população ocupada”.<br />

Constata-se com dados da Rais/TEM que nos anos <strong>de</strong> 1990 e 2004 o emprego total<br />

na economia cresceu acima da média nacional. Também houve um crescimento no numero<br />

<strong>de</strong> estabelecimentos. Observa-se a situação do nível do emprego no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás,<br />

Centro-Oeste e Brasil no período 1990 a 2004, e neste período Goiás apresentou um<br />

crescimento <strong>de</strong> admitidos <strong>de</strong> quase 100%, acima da média nacional. Também no mesmo<br />

período três setores tiveram aumento percentual no total <strong>de</strong> empregos: agropecuária,<br />

comércio e a indústria da transformação<br />

A geração <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho concentra-se em Goiânia, Aparecida <strong>de</strong><br />

Goiânia, Turvelândia e Rio Ver<strong>de</strong>.<br />

Quanto ao setor informal, no período 1990 a 2002 no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás o emprego<br />

informal cresceu 7,2%, mesmo com o emprego formal tendo um crescimento consi<strong>de</strong>rável,<br />

não absorve a quantida<strong>de</strong> da população economicamente ativa goiana, levando as pessoas a<br />

ingressar no emprego informal.<br />

Embora Goiás, no período analisado, tenha absorvido um número expressivo <strong>de</strong><br />

trabalhadores em <strong>de</strong>corrência do crescimento econômico acima da média nacional, as<br />

vagas abertas pelo agronegócio e pelas indústrias que se instalaram no <strong>Estado</strong> não foram<br />

suficientes na geração <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho para aten<strong>de</strong>r o contingente <strong>de</strong> pessoas<br />

que procuravam emprego.<br />

“O Produto Interno Bruto (PIB) do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás tem aumentado a taxas<br />

superiores à média nacional e o mesmo ocorre com o aumento <strong>de</strong>mográfico no território,<br />

também situado acima da média nacional. Entretanto, a renda per capita do <strong>Estado</strong> não tem<br />

crescido substancialmente. Renda per capita é PIB/população e, como a população tem<br />

crescido muito, a renda per capita tem ficado abaixo da média nacional. Isto significa que<br />

Goiás continua recebendo um aporte significativo <strong>de</strong> migração para o território”.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 68


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.7 AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA<br />

ESTRUTURA E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS<br />

Por Nair <strong>de</strong> Moura Vieira 15<br />

PIRES, Murilo José. As implicações do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora na<br />

estrutura e nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias da região centro-sul <strong>de</strong> Goiás. 2008. 134 f. Tese<br />

(Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Instituto <strong>de</strong> Economia, Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Campinas, Campinas, 16/07/2008.<br />

A tese, As implicações do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora na estrutura e<br />

nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias da região centro-sul <strong>de</strong> Goiás, foi elaborada pelo doutorando<br />

Murilo José <strong>de</strong> Souza Pires sob a orientação do prof. Dr. Pedro Ramos.<br />

O trabalho está estruturado em três capítulos: O Capítulo 1 entitulado “O termo<br />

Mo<strong>de</strong>rnização Conservadora: Sua Origem e Utilização no Brasil” trata da origem do termo<br />

“Mo<strong>de</strong>rnização Conservadora”, do uso do termo Mo<strong>de</strong>rnização Conservadora pelos<br />

analistas brasileiros, da preservação da estrutura fundiária brasileira. O Capítulo 2 aborda a<br />

“Formação e Evolução da Estrutura Econômica em Goiás: O Interregno <strong>de</strong> 1726 a 1975 e<br />

faz uma análise histórica da formação econômica <strong>de</strong> Goiás, das modificações da estrutura<br />

econômica nos períodos: 1895-1975; 1914-1935 <strong>de</strong>stacando o papel da ferrovia e da nova<br />

capital do estado e 1936-1975: a mo<strong>de</strong>rnização econômica da região Centro-Sul. Relata a<br />

ocupação da região do Vale do São Patrício como uma experiência fracassada e mostra as<br />

mudanças ocorridas na estrutura e ativida<strong>de</strong>s agropecuárias em Goiás no período 1920-<br />

1975. O Capítulo 3 mostra as implicações do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora na<br />

estrutura e nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias da região Centro-Sul do estado <strong>de</strong> Goiás e <strong>de</strong>staca<br />

a importância dos planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional para a constituição do novo padrão<br />

agrícola.<br />

O primeiro capítulo tem como objetivo “compreen<strong>de</strong>r o significado do termo<br />

mo<strong>de</strong>rnização conservadora e como este foi utilizado pelos analistas brasileiros e também<br />

15 Coor<strong>de</strong>nadora Pedagógica e professora do Curso <strong>de</strong> Ciências Econômicas da Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Goiás - UCG.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 69


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

verificar como está configurada a estrutura fundiária nacional”. Descreve como vários<br />

autores tratam da passagem das economias pré-industriais para as economias capitalistas e<br />

industriais. Constata que nos países <strong>de</strong>senvolvidos as estruturas econômicas e sociais<br />

“apresentam menor grau <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> quando comparado aos países<br />

sub<strong>de</strong>senvolvidos, dado que as elites dominantes dos países centrais construíram um<br />

projeto <strong>de</strong> nação que incorporou ao sistema econômico capitalista os estratos inferiores da<br />

estrutura social. No caso do Brasil, a elite dominante criou empecilhos ao acesso à<br />

cidadania e à <strong>de</strong>mocracia, visto que as classes inferiores foram e continuam sendo alijadas<br />

das vantagens proporcionadas pela mo<strong>de</strong>rnização”. Levanta os trabalhos <strong>de</strong> analistas<br />

brasileiros quanto ao uso do termo “mo<strong>de</strong>rnização conservadora” enfatizando suas<br />

argumentações e <strong>de</strong>staca que os mesmos não fizeram uma transposição crítica <strong>de</strong>sse termo<br />

e nem levaram em consi<strong>de</strong>ração os aspectos históricos que nos separam das socieda<strong>de</strong>s dos<br />

países centrais (alemã e japonesa). Ignácio Rangel mostrou que “a questão agrária nacional<br />

era <strong>de</strong>corrente do hiato estrutural <strong>de</strong>terminado pelo <strong>de</strong>scompasso entre a penetração das<br />

forças produtivas capitalistas na agropecuária nacional e a absorção dos trabalhadores<br />

expulsos por esta mo<strong>de</strong>rnização agropecuária nos mercados <strong>de</strong> trabalho capitalistas<br />

(urbano e industrial)”.<br />

Mostra através dos índices <strong>de</strong> Gini, que na evolução da distribuição da posse da<br />

terra no Brasil houve uma forte concentração. Em nível regional, região Norte apresenta a<br />

maior concentração, seguida pelo Centro-Oeste. Assim, “a estrutura fundiária nacional<br />

enraizou-se predominantemente em unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> explorações agrícolas que se<br />

mo<strong>de</strong>rnizaram seguindo o caminho da via prussiana, isto é, transformando as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exploração agrícola em capitalista sem que houvesse o fracionamento da estrutura<br />

fundiária nacional”.<br />

O capítulo 2 analisa e constata que as transformações econômicas ocorridas em<br />

Goiás, no período 1726 a 1975, não provocaram mudanças na estrutura e nas ativida<strong>de</strong>s<br />

agropecuárias da região. Isto porque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do ciclo do ouro a dinâmica econômica<br />

do estado voltou-se para a agricultura <strong>de</strong> subsistência e para a pecuária extensiva<br />

concentrando-se na produção <strong>de</strong> arroz e gado. Aponta como um dos principais gargalos<br />

para a inserção <strong>de</strong> Goiás na lógica da acumulação <strong>de</strong> capital a infra-estrutura <strong>de</strong> transportes<br />

com estradas precárias. A chegada da Estrada <strong>de</strong> Ferro Goiás trouxe a mo<strong>de</strong>rnização na<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 70


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

região su<strong>de</strong>ste do estado, e na região sudoeste foi a rodovia que a conectou com a<br />

economia do Triângulo Mineiro e paulista.<br />

Com a implantação da “Marcha para o Oeste” ocorreu, além da construção <strong>de</strong><br />

Goiânia e a transferência da capital, o prolongamento dos trilhos da Estrada <strong>de</strong> Ferro Goiás<br />

que provocou uma diversificação produtiva nas áreas por ela cortadas, <strong>de</strong>stinados ao<br />

mercado paulista e mineiro. É o caso do arroz e charque. As principais empresas que<br />

agregavam valor à pecuária (caso do charque) localizavam-se em: Catalão, Goiandira,<br />

Ipameri, Pires do Rio e Anápolis, todas localizadas no entorno da Estrada <strong>de</strong> Ferro Goiás.<br />

O escoamento do boi pouco ocorreu pela estrada <strong>de</strong> ferro porque faltavam vagões-gaiolas,<br />

95% do gado eram transportados a pé chegando magros ao <strong>de</strong>stino.<br />

Contudo, “a estrutura fundiária do estado continuava arraigada nas médias e<br />

gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s e, mesmo no momento que houve uma busca por um caminho<br />

alternativo a gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> fundiária como aconteceu durante a “Marcha para o<br />

Oeste”, ainda assim, as experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração fundiária foram coroadas pelo<br />

fracasso”. É o caso da ocupação da região do Vale do São Patrício ocorrida, em Goiás,<br />

durante o período do <strong>Estado</strong> Novo (1937-1945).<br />

Examina a experiência fracassada <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcentração fundiária existente em GO<br />

com a implantação da Colônia Agrícola Nacional <strong>de</strong> Goiás (CANG) mostrando que seu<br />

objetivo <strong>de</strong> expandir a fronteira agrícola para o interior do estado, e fazer a ocupação<br />

<strong>de</strong>mográfica e econômica serviu também para “equacionar os conflitos agrários pelo uso e<br />

posse da terra nas regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste e Nor<strong>de</strong>ste” porque os produtores rurais<br />

necessitavam <strong>de</strong> novas áreas para expandir sua produção, pois usavam métodos<br />

tradicionais <strong>de</strong> cultivo e poucas inovações tecnológicas.<br />

Pelo projeto oficial a CANG receberia do Ministério da Agricultura (Divisão <strong>de</strong><br />

Terras e Colonização) assistência financeira e orientação técnica com novos métodos <strong>de</strong><br />

cultura intensiva para promover a mo<strong>de</strong>rnização da produção agrícola regional. Com a<br />

promessa <strong>de</strong> terras pela CANG vieram imigrantes <strong>de</strong> Minas Gerais, São Paulo, Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, do Nor<strong>de</strong>ste e do próprio estado <strong>de</strong> Goiás.<br />

O autor afirma que vários fatores contribuíram para o fracasso da CANG: o acesso<br />

a terra pela posse da mesma, falta <strong>de</strong> recursos para sustentar a produção, busca <strong>de</strong> recursos<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 71


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

junto aos fornecedores <strong>de</strong> crédito e comerciantes <strong>de</strong> Anápolis (comprometendo o<br />

rendimento dos colonos), emancipação do município <strong>de</strong> Ceres (1953) que se torna<br />

responsável pela manutenção das instituições, sem a verba do Ministério e o Plano <strong>de</strong><br />

Metas que absorveu os recursos da União para a construção <strong>de</strong> Brasília. Por isso, “gran<strong>de</strong><br />

parte dos colonos em Ceres foi obrigada a abandonar a condição <strong>de</strong> proprietários,<br />

negociando ou mesmo renunciando a seus direitos <strong>de</strong> posse, durante a década <strong>de</strong> 1950”.<br />

Descaracterizou-se a CANG que ce<strong>de</strong>u espaço para as gran<strong>de</strong>s fazendas circunvizinhas.<br />

Por fim, ao discutir a evolução e limitações da estrutura e das ativida<strong>de</strong>s<br />

agropecuárias no período <strong>de</strong> 1920 a 1975, constata que o progresso técnico trazido pelos<br />

trilhos da Estrada <strong>de</strong> Ferro Goiás não teve forças suficientes para transformar a agricultura<br />

tradicional em capitalista. O que ocorreu a partir <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 1970 com os<br />

planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regionais.<br />

O Capítulo 3 mostra “as implicações do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora na<br />

estrutura e nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias da região centro-sul do estado <strong>de</strong> Goiás”<br />

consi<strong>de</strong>rando a configuração da estrutura fundiária, os programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional, os processos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização na produção agrícola, a espacialização da<br />

produção agropecuária, o processo <strong>de</strong> diversificação industrial e os impactos sociais.<br />

Constata que a estrutura fundiária dominante em Goiás foi mantida intocada pela<br />

elite dominante que avançou no processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização das explorações agrícolas.<br />

Demonstra, através <strong>de</strong> dados censitários, que a maioria dos produtores rurais do estado é<br />

proprietária <strong>de</strong> seus estabelecimentos agrícolas e que o número <strong>de</strong> estabelecimentos<br />

agropecuários com arrendatários e parceiros cresceu entre 1975 e 1985. E, através <strong>de</strong> uma<br />

mapa, <strong>de</strong>senha a estrutura fundiária em Goiás provando que na região centro-sul há um<br />

predomínio das gran<strong>de</strong>s áreas pois existe “um pequeno número <strong>de</strong> imóveis rurais que<br />

<strong>de</strong>tém gran<strong>de</strong> parte da área dos estabelecimentos agrícolas” comprovando que “o processo<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora foi conduzido politicamente pela oligarquia dominante e<br />

avançou na região centro-sul seguindo os caminhos da via prussiana, pois não houve o<br />

fracionamento da gran<strong>de</strong> exploração agrícola”.<br />

Destaca o papel exercido pelos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional marcados<br />

pelo II Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND: 1974/79), quando o <strong>Estado</strong> passou a<br />

intervir nas regiões periféricas ao eixo dinâmico da economia nacional e formulou políticas<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 72


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional. Assim, a estrutura da agropecuária goiana, com forte<br />

característica tradicional e familiar foi sendo substituída pela agropecuária empresarial e<br />

capitalista que <strong>de</strong>manda inovações tecnológicas do setor industrial. Destaca os principais<br />

planos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regionais implantados em Goiás: POLOCENTRO,<br />

PRODECER e também o papel do FCO (Fundo Constitucional <strong>de</strong> Financiamento do<br />

Centro-Oeste) e SNCR (Sistema Nacional <strong>de</strong> Crédito Rural).<br />

Pires reforça, com dados tabelados a partir dos censos agropecuários, o processo <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnização nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção agrícola elencando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratores,<br />

fertilizantes e <strong>de</strong>fensivos e <strong>de</strong>staca a região centro-sul como sendo a região em que o<br />

processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização mais se intensificou.<br />

Analisa a questão agrícola em Goiás <strong>de</strong>stacando as mudanças na composição dos<br />

produtos agrícolas e sua distribuição no espaço estadual. Nos anos 70, há um <strong>de</strong>clínio da<br />

área colhida <strong>de</strong> arroz e ascensão da soja que, nos anos 80, iniciou um processo <strong>de</strong><br />

substituição <strong>de</strong> culturas no estado, marcado pelo processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, sendo<br />

intensificado no ano <strong>de</strong> 2004. Outro produto com forte expansão é a cana-<strong>de</strong>-açúcar e a<br />

região centro-sul é a responsável por quase toda produção goiana. Esta região “tornou-se<br />

uma das principais regiões brasileiras que se <strong>de</strong>stacou na produção <strong>de</strong> arroz, feijão, milho,<br />

soja e cana-<strong>de</strong>-açúcar”.<br />

Faz um mapeamento estadual dos efetivos bovinos para facilitar a visualização <strong>de</strong><br />

sua distribuição no eixo que se esten<strong>de</strong> do sul ao norte da porção oeste do estado.<br />

Enfatiza que os anos 80 marcam a estrutura industrial goiana com a penetração, no<br />

estado, <strong>de</strong> indústrias que aproveitaram os incentivos fiscais e a proximida<strong>de</strong> do mercado<br />

interno do Su<strong>de</strong>ste, além da implantação do FOMENTAR para estimular a<br />

agroindustrialização do <strong>Estado</strong>, e posteriormente do PRODUZIR . “O setor industrial <strong>de</strong><br />

transformação apresentou uma tendência <strong>de</strong> expansão e tornou-se, o segmento goiano, o<br />

principal setor <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica, tendo em 2004 uma participação <strong>de</strong> 19% do<br />

produto interno bruto goiano e <strong>de</strong> 53% do somatório dos sub-setores do setor industrial”.<br />

Em 2005 a região centro-sul do estado aglutinava 89% das empresas instaladas em Goiás,<br />

sendo a região que “representa o centro dinâmico da economia goiana, pois concentra as<br />

principais unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> processamento dos segmentos industriais, sobretudo nos setores <strong>de</strong><br />

bens não-duráveis, bens intermediários e bens <strong>de</strong> capital”. Lembra que a dinâmica da<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 73


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

economia goiana não é autônoma e que há uma complementarida<strong>de</strong> com a economia<br />

paulista. Levanta as empresas multinacionais que vieram para Goiás e enfatiza que<br />

investimentos <strong>de</strong> capital nacional também foram realizados.<br />

Observa-se que o “processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização conservadora na estrutura e nas<br />

ativida<strong>de</strong>s agropecuárias da região centro-sul, do estado <strong>de</strong> Goiás favoreceram o<br />

incremento da produção e da produtivida<strong>de</strong> dos bens agrícolas. Esta fato teve importância<br />

para a penetração das agroindústrias neste espaço regional, que em conjunto com as <strong>de</strong>mais<br />

ativida<strong>de</strong>s industriais, tiveram um papel importante para a diversificação produtiva da<br />

região”. Houve a mo<strong>de</strong>rnização da ativida<strong>de</strong> agrícola e diversificação produtiva sem o<br />

fracionamento da estrutura produtiva, provocando uma redução da população rural que se<br />

<strong>de</strong>slocou para o setor urbano e industrial em busca <strong>de</strong> emprego.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 74


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.8 O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM<br />

TERRITÓRIO GOIANO<br />

FRANCO, Solange Maria. O GRANDE VALE DO OESTE. AS<br />

TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITORIO GOIANO.<br />

Dissertação para o Mestrado em Geografia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais. Goiânia, 2003.<br />

Por Fernando Negret 16<br />

A autora é formada em jornalismo e com o presente trabalho obteve seu título <strong>de</strong><br />

mestre na área <strong>de</strong> concentração Formação Regional, Política, Economia e Cultura.<br />

O estudo objeto <strong>de</strong>sta resenha é uma dissertação apresentada no Programa <strong>de</strong><br />

Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais da<br />

UFG. É um trabalho amplo no seu período histórico e nos aspectos <strong>de</strong> análise. Está<br />

estruturado em sete partes: a primeira inclui a introdução, o referencial teórico e a<br />

metodologia, <strong>de</strong>stacando-se <strong>de</strong>sta última o seu grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento. A segunda parte<br />

<strong>de</strong>nominada Contextos da Ocupação da Bacia Araguaia, inclui abordagens sobre o sócio-<br />

cultural, o político, o econômico, colonial, goiano, da bacia e dos mitos indígenas. A parte<br />

terceira trata da configuração territorial da bacia Araguaia; a quarta <strong>de</strong>limita o objeto <strong>de</strong><br />

estudo da dissertação, sendo este a configuração da bacia Araguaia no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás; a<br />

quinta trata das transformações espaciais na área da bacia Araguaia em Goiás no período<br />

<strong>de</strong> 1870 a 1970. Na sexta as condicionantes sócio-espaciais nas quatro décadas <strong>de</strong><br />

transformação na seção goiana da bacia do Araguaia e a sétima parte inclui as<br />

consi<strong>de</strong>rações finais.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões em todos os campos tratados perante o<br />

objetivo <strong>de</strong> caracterizar o processo <strong>de</strong> ocupação histórica da bacia do Rio Araguaia. Nesse<br />

sentido realiza inicialmente uma abordagem global da bacia abrangendo a totalida<strong>de</strong> dos<br />

territórios dos quatro estados que a integram: Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. Essa<br />

abrangência a autora a justifica porque se trata da quarta bacia em tamanho da América do<br />

16 Coor<strong>de</strong>nador do Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculda<strong>de</strong>s Alves Faria – ALFA.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 75


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Sul, contém a maior ilha fluvial do mundo e a maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes do planeta, além<br />

<strong>de</strong> conter uma rica biodiversida<strong>de</strong> em flora e fauna.<br />

O objetivo geral do estudo é analisar a ocupação <strong>de</strong>sse território a partir <strong>de</strong> dois<br />

enfoques e períodos: histórico <strong>de</strong> 1868 a 1970 e a transformação da paisagem <strong>de</strong> 1970 a<br />

2001. Os objetivos específicos incluem a caracterização dos aspectos físicos da bacia, o<br />

levantamentos <strong>de</strong> dados e informações históricas, o reconhecimento das diferentes fases <strong>de</strong><br />

ocupação e a i<strong>de</strong>ntificação, no tempo e no espaço, das transformações da paisagem e seus<br />

agentes sociais.<br />

Apresenta uma boa revisão bibliográfica no referencial teórico, discutindo e<br />

diferenciando a forma <strong>de</strong> estudar o passado com o presente, assinalando que “as geografias<br />

do passado não trabalham propriamente com o passado mais com os fragmentos que ele<br />

<strong>de</strong>ixou”. Além disso, adverte que os documentos antigos não são neutros e<br />

necessariamente incorporam as estruturas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r do âmbito quando foram produzidos. A<br />

autora também faz uma advertência no sentido <strong>de</strong> que “não se po<strong>de</strong> reconstruir, recuperar<br />

ou <strong>de</strong>svendar o passado”.<br />

Em termos da <strong>de</strong>finição da pesquisa, afirma-se que se preten<strong>de</strong> “evi<strong>de</strong>nciar as<br />

transformações <strong>de</strong> uma paisagem sem incorrer no isolamento, mas buscando relacionar os<br />

impactos físicos às condições sociais locais e externas que incidiram ou se acarretaram”.<br />

Nesse sentido se busca interpretar as intervenções humanas e o resultante <strong>de</strong>ssa<br />

intervenção.<br />

Com relação às categorias <strong>de</strong> análises mais gerais, o estudo incorpora os conceitos<br />

<strong>de</strong> paisagem e região. A paisagem é <strong>de</strong>finida com base em Santos (1997) que a consi<strong>de</strong>ra<br />

como um conjunto <strong>de</strong> formas heterogêneas, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s diferentes, pedaços <strong>de</strong> tempos<br />

históricos, representativos <strong>de</strong> diversas formas <strong>de</strong> produzir o espaço. Segundo esse autor, a<br />

paisagem é o resultado <strong>de</strong> uma acumulação <strong>de</strong> tempos. O conceito <strong>de</strong> região é discutido em<br />

termos geográficos, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a bacia como uma unida<strong>de</strong> territorial. Menciona-se que na<br />

Nova Geografia “a região é um conjunto <strong>de</strong> lugares, on<strong>de</strong> as diferenças internas entre esses<br />

lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer elemento <strong>de</strong> outro conjunto <strong>de</strong><br />

lugares”. Na geografia pós-mo<strong>de</strong>rna a região é uma área formada por articulações<br />

particulares no âmbito <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> globalizada. Mas também se discute a região em<br />

termos do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sigual e combinado, proposto por Trotsky como um<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 76


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

fenômeno que ocorre no capitalismo. Nesse sentido se explica que as regiões po<strong>de</strong>m ser<br />

caracterizadas em termos das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s dos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento em que se<br />

encontram. Os aspectos físicos mais específicos tratados na pesquisa são o clima, a<br />

topografia, águas, solos, vegetação, hidrografia e relevo. Já o recorte territorial regional<br />

está <strong>de</strong>limitado naturalmente pelo conceito <strong>de</strong> bacia hidrográfica, ou seja, a área drenada<br />

por um rio ou um sistema fluvial. Com relação ao uso da bacia como unida<strong>de</strong> territorial <strong>de</strong><br />

gestão o estudo faz uma análise histórica da legislação, dos órgãos e das suas atuações no<br />

Brasil.<br />

Dos diferentes contextos que integram a parte segunda do estudo, cabe ressaltar o<br />

fato histórico da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> ouro no Rio Vermelho em 1725 e que segundo a autora foi<br />

o marco do povoamento do estado <strong>de</strong> Goiás, ao tempo que lembra a ban<strong>de</strong>ira do<br />

Anhanguera como a mais conhecida e <strong>de</strong>finitiva na ocupação do território goiano. Dois<br />

anos após a <strong>de</strong>scoberta do ouro foi fundado o Arraial <strong>de</strong> Santana que posteriormente seria a<br />

futura se<strong>de</strong> da capitania. Neste contexto, menciona-se que entre 1727 e 1732 foram<br />

fundados vários povoados no sul <strong>de</strong> Goiás: Anta, Ferreiro, Ouro Fino, Barra, Água Quente,<br />

Santa Cruz e Meia Ponte. Entre 1730 e 1740 foram Traíras, São José do Alto Tocantins<br />

(hoje Niquelânda) Cachoeira, Crixás, Nativida<strong>de</strong>, São Feliz, Pontal, Arraias, Cavalcante,<br />

Papuan (Pilar), Santa Luzia (Luziânia), Carmo e Cocal. Essas fundações são <strong>de</strong><br />

importância no estudo sobre a dinâmica urbana em Goiás, porque mostram os centros<br />

urbanos inicias da ocupação do território do estado, os quais segundo o próprio estudo, a<br />

maioria <strong>de</strong>les foi abandonada ou estão <strong>de</strong>saparecidos e alguns subsistem como se<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

municípios.<br />

É interessante mencionar que o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás foi o segundo produtor <strong>de</strong> ouro do<br />

Brasil no século XVIII, entretanto após o curto período <strong>de</strong> exploração a população dos<br />

centros criados com base na mineração se dispersou em busca <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong><br />

subsistência e o estado <strong>de</strong>morou em <strong>de</strong>senvolver o processo <strong>de</strong> urbanização. O estudo vai<br />

mostrando, historicamente, o surgimento das ativida<strong>de</strong>s num território que permaneceu<br />

isolado e sem comunicação, particularmente no século XIX, período sobre o qual pouco se<br />

sabe da sua historiografia.<br />

Outro momento histórico relevante no processo <strong>de</strong> comunicação e interconexão do<br />

território goiano com o território nacional foi a inauguração da navegação pelo Rio<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 77


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Araguaia que aconteceu em 1868. Em 1869 foi aprovada pela Associação Comercial do<br />

Pará a incorporação <strong>de</strong> uma Companhia <strong>de</strong> Navegação, a qual começou ativida<strong>de</strong>s nesse<br />

mesmo ano. Entretanto foi na década seguinte que, com a ajuda do império, foi possível<br />

estabelecer a navegação <strong>de</strong> maneira mais estável e fortalecer <strong>de</strong>ssa maneira o processo <strong>de</strong><br />

ocupação do território.<br />

A parte três do estudo constitui um <strong>de</strong>talhado estudo dos aspectos físicos da bacia,<br />

incluindo o relevo, a vegetação, o tipo <strong>de</strong> solos, o clima e a hidrografia, tudo muito bem<br />

fundamentado e apoiado em mapas <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong> e grau <strong>de</strong> elaboração. Destaca-<br />

se nesta parte a discussão histórica sobre a <strong>de</strong>finição das nascentes do Rio do Araguaia, as<br />

quais apesar <strong>de</strong> ainda não estar <strong>de</strong>finidas institucionalmente, o estudo argumenta com<br />

dados técnicos como sendo o “Córrego Buracão o principal cause do Rio”. Também são<br />

relevantes os dados sobre a distribuição da população dos quatro estados no território da<br />

bacia, que em total no ano 2000 chegavam a 1.308.255 habitantes, correspon<strong>de</strong>ndo<br />

406.468 ao estado <strong>de</strong> Goiás.<br />

Na parte quatro, o estudo aborda os aspectos físicos do território <strong>de</strong> Goiás na bacia,<br />

e nesta oportunida<strong>de</strong> são mais <strong>de</strong>talhadas ainda as análises sobre solos <strong>de</strong>stacando aspectos<br />

<strong>de</strong> estrutura, fertilida<strong>de</strong> e vulnerabilida<strong>de</strong>. Da vegetação comentam-se os fenômenos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>gradação e <strong>de</strong>smatamento por ações naturais ou antrôpicas e da hidrografia se <strong>de</strong>staca a<br />

divisão das sub-bacias <strong>de</strong>scritas e acompanhadas <strong>de</strong> excelentes mapas em cores.<br />

As transformações ocorridas <strong>de</strong> 1870 a 1970 e <strong>de</strong>scritas na parte quinta da<br />

dissertação são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse histórico, na medida em que se narra com diversas<br />

citações bibliográficas as mudanças sócio-econômicas que foi experimentando o território.<br />

Inicialmente se narra a situação sócio-ambiental na bacia e particularmente na Capital<br />

Goiás on<strong>de</strong>, em 1872 o estudo <strong>de</strong>staca a vida pacata, pobre e difícil <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> isolada.<br />

Nesse ano a população total da bacia em território goiano chegava a 11.687 habitantes e<br />

incluía além <strong>de</strong> Goiás a Pilar, Rio Bonito e Rio Ver<strong>de</strong>.<br />

O estudo afirma como a pecuária após a mineração foi a ativida<strong>de</strong> econômica<br />

fundamental durante um longo período, bem como assinala que as melhores terras<br />

localizadas no sul e sudoeste da bacia foram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio apropriadas “por uma minoria<br />

<strong>de</strong> indivíduos ligados à administração provincial na época do ouro”, ficando as terras ruins<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 78


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

e <strong>de</strong> menor fertilida<strong>de</strong> para os pobres. No final do século XIX o gado era o principal<br />

produto exportado por Goiás.<br />

Em 1920 a população da bacia chegava a 54.134 habitantes, praticamente<br />

triplicando o número estimado para 1872. Além do aumento da população também foram<br />

criados novos municípios chegando a cinco: Goiás, Mineiros, Palmeiras, Pilar e Rio Bonito<br />

(atual Caiapônia). Nesses cinco municípios existiam nesse ano 232.600 cabeças <strong>de</strong> gado,<br />

sendo que em Goiás e em Mineiros estava mais <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong>sse rebanho. O milho era o<br />

produto mais plantado, seguido <strong>de</strong> perto pelo arroz, também se plantava feijão, mandioca,<br />

cana, café, além <strong>de</strong> batata, algodão, fumo, cação, coco e maniçoba.<br />

No ano <strong>de</strong> 1940 o território da bacia no estado <strong>de</strong> Goiás estava integrado por seis<br />

municípios com a criação <strong>de</strong> Paraúna e uma população um pouco superior a <strong>de</strong> 1920,<br />

entretanto representava proporcionalmente menos que outras regiões do estado que tiveram<br />

maior crescimento. Em 1950 cinco novos municípios integram a bacia: Aurilandia,<br />

Firminópolis, Iporá, Poganratu e Baliza. Dos 59.254 habitantes em 1940 a população<br />

passa para 191.806 em 1950. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás é o centro urbano que mais cresce e passa<br />

<strong>de</strong> 28.320 para 107.418, enquanto que os outros mantêm praticamente o mesmo número <strong>de</strong><br />

habitantes ou houve <strong>de</strong>crescimento, como no caso <strong>de</strong> Mineiros que pela <strong>de</strong>smembração<br />

per<strong>de</strong>u alguma população pouco significativa. Em termos econômicos a pecuária continua<br />

sendo a ativida<strong>de</strong> principal e o rebanho teve um crescimento <strong>de</strong> 243.878 para 389.513<br />

cabeças. O número <strong>de</strong> estabelecimentos também aumentou <strong>de</strong> 3352 em 1940 para 9.566<br />

em 1950 e o tamanho médio das proprieda<strong>de</strong>s diminuiu para 334 hectares, quando em<br />

1940 a superfície media dos estabelecimentos era <strong>de</strong> 832 hectares. O censo <strong>de</strong> 1950 já<br />

inclui dados sobre maquinaria e nesse ano existiam no território da bacia 555 máquinas,<br />

das quais somente 6 eram tratores e 19 arados. Isso <strong>de</strong>monstra o baixo nível <strong>de</strong><br />

mecanização das ativida<strong>de</strong>s agropecuárias na região. Em termos do número <strong>de</strong> hectares<br />

plantado houve um crescimento significativo ao passar <strong>de</strong> 23.559 hectares cultivados em<br />

1940, que representavam 3,4 % do estado, para 145.561 e significando agora 18,8% do<br />

total <strong>de</strong> Goiás. Essa mudança é relevante em termos da representativida<strong>de</strong> da produção<br />

regional no âmbito do estado. Na década <strong>de</strong> 1960 os municípios já eram 35, a população<br />

tinha crescido relativamente pouco em relação com a década anterior ao passar <strong>de</strong> 191.806<br />

para 237.629. O rebanho bovino dobrou e a maquinaria total diminuiu. O volume da<br />

produção em toneladas e o tipo <strong>de</strong> produtos agrícolas praticamente não tiveram alteração.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 79


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O trabalho apresenta um item <strong>de</strong>nominado balanço do século compreendido entre<br />

1870 e final <strong>de</strong> 1960, e nele afirma-se que nesse período não ocorreram gran<strong>de</strong>s<br />

transformações produtivas nem sócio-ambientais, e que o impacto sobre o meio natural foi<br />

mínimo comparado com a <strong>de</strong>gradação que experimenta a região nas últimas décadas do<br />

século XX e inícios do atual XXI. Inclusive se faz uma advertência no trabalho no sentido<br />

<strong>de</strong> que a Marcha para o Oeste e a Fundação Brasil Central chegaram à região, mas não<br />

significaram uma transformação importante em termos produtivos nem <strong>de</strong>mográficos<br />

como constata-se nos dados apresentados pelo estudo. Essas duas iniciativas tiveram maior<br />

significação e impacto em Mato Grosso e no Xingu. Somente o Plano <strong>de</strong> Metas <strong>de</strong><br />

Juscelino Kubitschek com a construção <strong>de</strong> algumas estradas fe<strong>de</strong>rais, como a Belém-<br />

Brasília, mesmo que não cruzaram a região, tiveram certo impacto no processo <strong>de</strong><br />

ocupação da bacia do Araguaia em território goiano.<br />

A parte sexta do estudo, <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> “As condições Sócio-Espaciais das Quatro<br />

Décadas <strong>de</strong> Transformação da Porção Goiana da Bacia do Araguaia”, começa com a<br />

firmação <strong>de</strong> que esse território é “Uma Nova Fronteira a Serviço do Capital”. Com base<br />

no IBGE ressalta-se que a região do Centro-Oeste a partir da década <strong>de</strong> 1970 é incorporada<br />

com uma nova função do <strong>de</strong>senvolvimento capitalista nacional nos mol<strong>de</strong>s da produção<br />

empresarial. É <strong>de</strong>sse modo que se inicia e <strong>de</strong> fato se dá a transformação produtiva<br />

agropecuária <strong>de</strong>ssa macro-região. No caso específico da bacia goiana do Araguaia, foi<br />

somente o Programa Polocentro que promoveu nesses termos o <strong>de</strong>senvolvimento dos<br />

municípios do sul da bacia, atingindo Caiapônia, Mineiros, Santa Rita <strong>de</strong> Araguaia e<br />

Baliza.<br />

Com relação às transformações <strong>de</strong>mográficas na bacia goiana cabe <strong>de</strong>stacar que na<br />

década <strong>de</strong> 1970 a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás já não ocupava o primeiro lugar em população, sendo<br />

que São Luiz <strong>de</strong> Montes Belos aparece como <strong>de</strong> maior número <strong>de</strong> habitantes seguido <strong>de</strong><br />

Caiapônia e São Félix do Xingu. As estatísticas expressam o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico regional e explicam em boa medida a expansão <strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong> outros centros<br />

urbanos e a <strong>de</strong>cadência da antiga capital <strong>de</strong> Goiás, que já tinha perdido dinamismo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

perda do po<strong>de</strong>r administrativo. O número <strong>de</strong> municípios também cresceu na bacia e em<br />

esse período o número já era <strong>de</strong> 41. Igualmente é <strong>de</strong>stacável o incremento do número <strong>de</strong><br />

tratores que passou <strong>de</strong> 25 em 1960 para 376 em 1970 e os arados <strong>de</strong> 119 para 2176. Esses<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 80


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

números são significativos em termos locais, porém insignificante em termos <strong>de</strong> todo o<br />

estado <strong>de</strong> Goiás que nesse ano já tinha 37.224 máquinas e instrumentos agrícolas.<br />

Segundo o estudo a produção também teve transformações importantes em vários<br />

sentidos. Embora o número <strong>de</strong> hectares plantados se incrementasse <strong>de</strong> 127.602 para<br />

181.672, a produção teve um acréscimo proporcionalmente menor ao passar <strong>de</strong> 147.546<br />

toneladas para 163.712. Esse fenômeno é explicado pela autora como produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

da fertilida<strong>de</strong> da terra após três coletas. Nesse volume da produção o arroz é o principal<br />

produto. O rebanho bovino teve um crescimento significativo ao passar nos <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong><br />

663.391 cabeças <strong>de</strong> gado a 1.678.561, representando também um aumento na participação<br />

do estado <strong>de</strong> 13.6% para 22%.<br />

Na década dos 80, afirma o estudo com base em Bertram (1988), que a estrutura<br />

produtiva goiana ainda não dispunha <strong>de</strong> uma “formação bruta <strong>de</strong> capital nem <strong>de</strong> infra-<br />

estrutura social” e a produtivida<strong>de</strong> e a competitivida<strong>de</strong> eram baixas. Praticamente todas as<br />

regiões, incluindo as do sudoeste goiano apresentavam padrões rígidos <strong>de</strong> estrutura<br />

produtiva e na região da bacia era predominante a concentração fundiária.<br />

Em termos administrativos na década <strong>de</strong> 1980 não foram criados novos municípios.<br />

Entretanto houve mudanças populacionais ao se incrementar <strong>de</strong> 293.115 habitantes em<br />

1970 para 381.189 em 1980. Também houve mudanças na hierarquia dos centros urbanos,<br />

e Goiás novamente ocupava o primeiro lugar, seguido nesse momento <strong>de</strong> Crixás,<br />

Caiapônia e Iporá. Não houve maiores mudanças com relação ao número <strong>de</strong><br />

estabelecimentos rurais, entretanto houve um incremento no tamanho médio das<br />

proprieda<strong>de</strong>s ao chegar a 403 hectares, maior que a média <strong>de</strong> 353 hectares em 1970. O<br />

número <strong>de</strong> máquinas e implementos agrícolas teve um incremento surpreen<strong>de</strong>nte, bem<br />

como os empréstimos. Com relação á produção houve incrementos no número <strong>de</strong> hectares<br />

plantados, no volume da produção e na produtivida<strong>de</strong> por hectare: em 1970 se plantaram<br />

181.672 hectares que produziram 163.712 toneladas, já em 1980 se plantaram 409.071<br />

hectares com uma produção <strong>de</strong> 461.037. A pecuária praticamente dobrou, pois o rebanho<br />

passou <strong>de</strong> 1.678.561 cabeças em 1970 para 3.661. 376 em 1980. A indústria também teve<br />

um incremento importante passando <strong>de</strong> 449 estabelecimentos em 1970 para 1145 em 1980,<br />

os setores industriais principais eram alimentos, mineração não metálica, ma<strong>de</strong>ira e<br />

mobiliário. O trabalho conclui a análise <strong>de</strong>ssa década afirmando que todas essas ativida<strong>de</strong>s<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 81


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

econômicas ocasionaram “aparentes transformações na paisagem”, embora a área ocupada<br />

apenas chegasse a 275,99 K2, significando tão somente 0.3% do território da bacia.<br />

A década <strong>de</strong> 1990 significa para Goiás, segundo o estudo, um período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

mudanças, já que o estado chegou a altos níveis <strong>de</strong> urbanização “mesmo que periférica”.<br />

Em termos da estrutura econômica setorial a agropecuária já não é predominante e somente<br />

significa 0.5%, a ativida<strong>de</strong> industrial 6.6% e os serviços 92.6%. No território da bacia<br />

também ocorre o processo <strong>de</strong> urbanização e pela primeira vez a população urbana é maior<br />

que a população rural. No estado são criados 19 municípios, dos quais 13 estão na bacia.<br />

Em 1992 verifica-se uma redução dos hectares cultivados e da produção colhida nesse<br />

território, sendo o arroz e o milho as duas principais culturas. Entre 1995 e1996 foram<br />

recenseados 21.796 estabelecimentos com tamanho médio aproximado <strong>de</strong> 376 hectares e<br />

houve um incremento menor das máquinas e instrumentos com relação à década anterior,<br />

embora os tratores tivessem um aumento substancial passando <strong>de</strong> 4.615 para 7.766. Os<br />

municípios da bacia conservam sua vocação agropecuária e a industrialização não avança<br />

na região. Inclusive acontece uma diminuição dos estabelecimentos industriais <strong>de</strong> 1145 em<br />

1980 para 804 em 1996. O estudo conclui que em 1993 as áreas antrôpicas sem <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> uso ocupam 9.44% do território e a vegetação natural 46.7%.<br />

Na década dos 2000, segundo o estudo, a fronteira agrícola <strong>de</strong> Goiás continuou se<br />

expandindo com a abertura <strong>de</strong> novas áreas para a pecuária e a agricultura. Com relação ao<br />

número e tamanho médio dos estabelecimentos o trabalho adverte que po<strong>de</strong> ter havido<br />

mudanças na metodologia <strong>de</strong> levantamento e coleta <strong>de</strong> dados que po<strong>de</strong>riam explicar a<br />

queda do tamanho total da área das proprieda<strong>de</strong>s e ao mesmo tempo a diminuição do<br />

tamanho médio dos estabelecimentos. No ano 2000 o rebanho bovino chega a 6.237.537<br />

cabeças o qual significa um aumento <strong>de</strong> 5% com relação a 1993. De maneira contraria as<br />

áreas plantadas experimentam uma redução <strong>de</strong> 40.6% <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980, passando <strong>de</strong> 409.071 em<br />

1980 para 243.073 em 2000. O estudo explica esse <strong>de</strong>crescimento como o processo normal<br />

do <strong>de</strong>sgaste das terras apos três ou quatro colheitas e como método <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> pastagem<br />

para o gado. Entretanto a produção e a produtivida<strong>de</strong> agrícola cresceram<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente, chegando a 792.777 toneladas no ano 2000 com uma produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

3.24 toneladas por hectare. Essa produtivida<strong>de</strong> é atribuída aos avanços tecnológicos da soja<br />

que em 98.340 hectares foram produzidas 275.889 toneladas. Os principais municípios<br />

produtores são Mineiros e Caiapônia com quase o 70% da produção regional <strong>de</strong> soja e do<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 82


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

total das <strong>de</strong>mais culturas. Administrativamente a região teve novas mudanças e agora já<br />

são 60 municípios. A população da região <strong>de</strong>cresceu <strong>de</strong> 411. 265 em 1991 para 492.482<br />

no ano 2000, sendo que 31 municípios per<strong>de</strong>ram habitantes e alguns chegaram a diminuir<br />

em até a meta<strong>de</strong>, como foi o caso <strong>de</strong> Campos Ver<strong>de</strong>s, Itapaci, Mara Rosa e Porangatu. Foi<br />

a continuação do êxodo rural para as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s iniciado na década dos 70. Agora os<br />

principais centros urbanos da região são Iporá, São Luis <strong>de</strong> Montes Belos, Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Goiás, São Miguel <strong>de</strong> Araguaia e Jussara. Após esse processo sócio-ambiental as imagens<br />

mostram que 72.11% do território teve ações antrôpicas.<br />

O trabalho apresenta um balanço <strong>de</strong> 1970 ao ano 2000 no qual se ressalta que foram<br />

os migrantes com capital vindos do Paraná e do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul os que realmente<br />

transformaram a estrutura produtiva e a ocupação do solo da região. Nesses anos, houve<br />

um processo <strong>de</strong> melhoria das rodovias que comunicaram a bacia do Araguaia com o estado<br />

e o território nacional e promoveram a sua articulação, a ocupação e a transformação<br />

produtiva regional.<br />

Nas consi<strong>de</strong>rações finais o estudo afirma que esses dois períodos analisados<br />

tiveram características e resultados diferenciados: no primeiro <strong>de</strong> 1870 a 1960, criaram-se<br />

os primeiros povoados e as primeiras estradas que permitiram a entrada dos migrantes, os<br />

quais no segundo período, <strong>de</strong> 1970 a 2000, transformariam a estrutura produtiva, mediante<br />

um processo <strong>de</strong> concentração das terras, <strong>de</strong> mudanças tecnológicas e do aumento da<br />

produção. Entretanto, nesse mesmo processo verificou-se a expulsão do pequeno produtor<br />

para as periferias das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s do Centro-Oeste e ocorreu forte <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental e dos recursos naturais. Com relação à preservação ambiental o documento<br />

assinala que as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação apenas representam 0,37% da área da região o<br />

qual é realmente muito pouco, consi<strong>de</strong>rando o acelerado avanço da fronteira agrícola para<br />

essas áreas. Igualmente se ressalta o <strong>de</strong>sconhecimento sobre o número <strong>de</strong> indígenas que<br />

subsistem na região e o pouco <strong>de</strong> terra que foi <strong>de</strong>ixada para eles subsistirem <strong>de</strong>pois da<br />

usurpação dos seus territórios. Para concluir a autora do estudo faz a seguinte<br />

consi<strong>de</strong>ração: “Reservemos espaço físico para que o social seja mais justo, para preservar a<br />

vegetação, o solo, a água e nós”.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 83


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

5.9 FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE<br />

BRASÍLIA?<br />

TEIXEIRA, R. Formosa: portal do nor<strong>de</strong>ste goiano ou pólo regional no entorno <strong>de</strong><br />

Brasília? 2005. 157 f..Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-<br />

Ambientais, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, Goiânia, 2005.<br />

Por João Batista <strong>de</strong> Deus 17<br />

Esse trabalho foi escrito por Renato Araújo Teixeira como dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />

em Geografia pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (UFG). O referido autor graduou-se em<br />

geografia pela UFG em 2003, é doutorando do curso <strong>de</strong> geografia pelo Instituto <strong>de</strong> Estudos<br />

Sócio-Ambientais da UFG. Atualmente é professor do Instituto Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação,<br />

Ciência e Tecnologia <strong>de</strong> Goiás em Inhumas. Trabalha com Geografia Regional,<br />

principalmente nos seguintes temas: planejamento e gestão municipal, estudos das<br />

paisagens urbanas-regionais, sensoriamento remoto e cartografia.<br />

O objetivo principal do trabalho é analisar a evolução sócio-espacial do município<br />

<strong>de</strong> Formosa a partir da relação com a Capital Fe<strong>de</strong>ral – Brasília. Na dissertação,<br />

inicialmente realiza-se uma <strong>de</strong>scrição minuciosa das mudanças espaciais ocorridas no<br />

município <strong>de</strong> Formosa em função da influência do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, ao mesmo tempo, em<br />

que é analisada a importância sócio-econômica <strong>de</strong>sse município em relação à microrregião<br />

do Entorno <strong>de</strong> Brasília e do Nor<strong>de</strong>ste Goiano, procurando constatar a diversida<strong>de</strong> regional<br />

do Entorno <strong>de</strong> Brasília como sendo uma síntese histórica do espaço, produto e meio da<br />

vida social daquela porção o território brasileiro. O trabalho é rico em mapas, tabelas e<br />

gráficos, possibilitando a visão clara da evolução dos processos sócio-espaciais e a análise<br />

da situação atual divididos em três capítulos.<br />

O primeiro capítulo inicia-se com uma breve <strong>de</strong>scrição do município, seus aspectos<br />

sociais, físico-naturais e sua localização no território. Mostra uma relação impar ao se<br />

articular <strong>de</strong>ntro da Região do Entorno <strong>de</strong> Brasília, como cida<strong>de</strong> média metropolitana e ao<br />

17 Diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás - UFG. Professor,<br />

Doutor em Geografia.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 84


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

mesmo tempo mantém o papel <strong>de</strong>sempenhado ao longo <strong>de</strong> sua história, o “portal <strong>de</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste Goiano”.<br />

Nesse capítulo, discute-se algumas categorias geografias com <strong>de</strong>staque para a<br />

região, com relação a essa categoria inicia-se com a polêmica idéia do fim das regiões,<br />

polêmica essa que vem arrastando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos <strong>de</strong> 1980 e ganha força na década seguinte<br />

com o amadurecimento das tecnologias <strong>de</strong> transporte e comunicação. Faz-se um histórico<br />

dos conceitos <strong>de</strong> região até os dias atuais, discutindo com vários autores, tanto da geografia<br />

clássica, como da geografia e ciências humanas contemporâneas, para então reafirmar a<br />

força e a atualida<strong>de</strong> da categoria região.<br />

Após a discussão teórica inicia-se a análise do objeto <strong>de</strong> estudos pela microrregião<br />

Entorno <strong>de</strong> Brasília. O autor mostra como a construção <strong>de</strong> Brasília alterou a fisionomia da<br />

região. A Capital Fe<strong>de</strong>ral passa a ser ponto <strong>de</strong> atração populacional, possibilitando o<br />

crescimento da maioria das cida<strong>de</strong>s sob a influência <strong>de</strong> Brasília. Gran<strong>de</strong> porção <strong>de</strong><br />

população <strong>de</strong> baixa renda migra para o entorno <strong>de</strong> Brasília, que cresce em média 5% ao<br />

ano <strong>de</strong> 1970 à 2000. Esse processo leva a fragmentação do território, com o surgimento <strong>de</strong><br />

novos municípios, causando enormes impactos aos antigos municípios, como por exemplo,<br />

a queda na arrecadação <strong>de</strong> impostos. Essa questão é discutida levando em consi<strong>de</strong>ração a<br />

geopolítica regional envolvendo o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e o Governo <strong>de</strong> Brasília pelo controle<br />

político e i<strong>de</strong>ológico da região. É nesse contexto que o autor insere o município <strong>de</strong><br />

Formosa na região, questão que vai abordar com maior profundida<strong>de</strong> no capítulo seguinte.<br />

No segundo capítulo, discuti-se as transformações espaciais no município <strong>de</strong><br />

Formosa. O autor consi<strong>de</strong>ra que Formosa está integrada ao processo <strong>de</strong> globalização e que<br />

Brasília tem papel importante para esse fato, pois é o motor do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico regional.<br />

Para enten<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> atual, busca-se explicações históricas, fazendo uma<br />

periodização do eventos mais importantes ocorridos no município, mostrando a evolução<br />

do espaço ao longo da história, para chegar ao processo <strong>de</strong> metropolização <strong>de</strong> Brasília, seu<br />

impacto regional e a influência no município. A partir do território <strong>de</strong> Formosa, <strong>de</strong>svela-se<br />

a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações sócio-econômicas entre este território, Brasília e o Entorno, discernindo<br />

o processo regional que constitui essa área. A relação <strong>de</strong> Brasília com a Região do entorno<br />

é <strong>de</strong>mostrada <strong>de</strong> diversas formas, mas, está fundamentalmente relacionada à <strong>de</strong>pendência<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 85


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

dos serviços disponíveis no Distrito Fe<strong>de</strong>ral, em especial, à área da saú<strong>de</strong>. A pesquisa<br />

realizada <strong>de</strong>monstra, através dos fluxos interurbanos <strong>de</strong> veículos entre Brasília e sua área<br />

<strong>de</strong> influência, a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa relação. Para afirmar que formou-se uma “Cida<strong>de</strong>-<br />

Região”, apesar <strong>de</strong> que, segundo o autor, esse termo não consegue abarcar toda<br />

complexida<strong>de</strong> que essa porção do território tem.<br />

No terceiro capítulo é abordada a influência <strong>de</strong> Formosa no Nor<strong>de</strong>ste Goiano. A<br />

cida<strong>de</strong> oferece vários serviços a cida<strong>de</strong>s do nor<strong>de</strong>ste goiano. Afirma-se que essa função é<br />

histórica já que a cida<strong>de</strong> era conhecida como “boca do sertão” e mais recentemente “Portal<br />

do Nor<strong>de</strong>ste goiano”. Ao discutir esse tema, constata-se a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> Formosa,<br />

sendo essa um importante apoio à <strong>de</strong>bilitada estrutura econômica dos municípios do<br />

nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Goiás, ao mesmo tempo que <strong>de</strong>smistifica a influência <strong>de</strong> inexorável <strong>de</strong> Brasília<br />

sobre o seu entorno. Formosa, segundo o autor, acompanha a dinâmica do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás,<br />

com forte crescimento econômico, tendo como novo componente <strong>de</strong>ssa dinâmica a<br />

agricultura e apostando no turismo como mais uma fonte <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> riqueza e renda.<br />

Consi<strong>de</strong>ro a obra importante trabalho pela qualida<strong>de</strong> dos dados apresentados e pela<br />

relação incessante que o autor faz entre o local e o regional. E, ainda, o fato da região na<br />

qual a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Formosa estar inserida ser <strong>de</strong> fundamental relevância para o entendimento<br />

do território goiano e a relação histórica que essa cida<strong>de</strong> estabelece com o nor<strong>de</strong>ste goiano<br />

fazem <strong>de</strong>ssa obra leitura importante para os estudos do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 86


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

6 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS<br />

RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS<br />

Ateliê Geográfico tem o propósito <strong>de</strong> pensar geograficamente os lugares do mundo e os<br />

tempos dos lugares. É uma publicação quadrimestral da linha <strong>de</strong> pesquisa Espaço, Práticas<br />

culturais e educativas do Instituto <strong>de</strong> Estudos Sócio-ambientais<br />

http://www.revistas.ufg.br/in<strong>de</strong>x.php/atelie<br />

Boletim Goiano <strong>de</strong> Geografia publicação semestral do programa <strong>de</strong> pós-graduação em<br />

geografia nível mestrado e doutorado.<br />

http://www.revistas.ufg.br/in<strong>de</strong>x.php/bgg<br />

História Revista o periódico é uma publicação semestral do Departamento <strong>de</strong> História e<br />

do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás, tem como<br />

objetivo a divulgação da produção historiográfica em forma <strong>de</strong> artigos inéditos,<br />

conferências, entrevistas e resenhas.<br />

http://www.revistas.ufg.br/in<strong>de</strong>x.php/historia<br />

Socieda<strong>de</strong> e Cultura é a revista <strong>de</strong> pesquisas e <strong>de</strong>bates em Ciências Sociais editada<br />

semestralmente.<br />

http://www.revistas.ufg.br/in<strong>de</strong>x.php/fchf<br />

A Revista da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da UFG é uma publicação semestral <strong>de</strong> trabalhos<br />

inéditos relacionados com a área jurídica e/ou outras áreas afins.<br />

http://www.direito.ufg.br/revista/<br />

Estudos - revista bimestral que tem por finalida<strong>de</strong> publicar artigos e resenhas inéditos <strong>de</strong><br />

docentes e discentes da UCG, em blocos temáticos.<br />

www.ucg.br/ucg/editora<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 87


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Fragmentos <strong>de</strong> Cultura - é um periódico bimestral da UCG e do Instituto <strong>de</strong> Filosofia e<br />

Teologia <strong>de</strong> Goiás para divulgar produções científicas com outras instituições locais,<br />

nacionais e internacionais.<br />

www.ucg.br/ucg/editora<br />

Mosaico - publicação semestral do Mestrado em História da UCG que enfatiza, na gran<strong>de</strong><br />

área das Ciências Humanas, os estudos históricos e culturais <strong>de</strong> forma interdisciplinar.<br />

www.ucg.br/ucg/editora<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 88


7 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.1 COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIA-<br />

GOIANIRA (2002 A 2006)<br />

Nei<strong>de</strong> Selma do Nascimento<br />

Orientador: Sérgio Duarte <strong>de</strong> Castro<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial - UCG<br />

Resumo:<br />

A presente Dissertação estuda a Competitivida<strong>de</strong> do Arranjo Produtivo Local <strong>de</strong> Calçados<br />

<strong>de</strong> Goiânia – Goianira sob o enfoque dos Arranjos Produtivos Locais. Do ponto <strong>de</strong> vista<br />

teórico, conceitual e <strong>de</strong>ntro do referencial evolucionista, busca-se estudar as aglomerações<br />

produtivas especializadas, iniciando com Marshall, Krugman, Porter, Schimitz partindo<br />

para as teorias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento regional e sua trajetória na produção recente em<br />

economia regional. Além da competitivida<strong>de</strong> que é <strong>de</strong>finido, tal como proposto por<br />

Kupfer, 1996 - como a capacida<strong>de</strong> das empresas formularem e implementarem estratégias<br />

concorrências que lhe permitam ampliar ou conservar, <strong>de</strong> forma duradoura, posições<br />

sustentáveis no mercado, mas privilegiando a sua dimensão sistêmica, com foco no local.<br />

Nesse contexto, o objetivo principal é verificar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento e<br />

sustentação da competitivida<strong>de</strong>. A principal hipótese utilizada é que a competitivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente do capital social acumulado no arranjo, e, é fortemente afetada pela<br />

sinergia gerada na interação entre empresas e <strong>de</strong>stas com os <strong>de</strong>mais atores do ambiente,<br />

bem como <strong>de</strong> forma incisiva, a importância <strong>de</strong> políticas públicas ativas na construção <strong>de</strong><br />

vantagens competitivas localizadas. Após verificar essas possibilida<strong>de</strong>s, constatou-se que o<br />

Arranjo Produtivo Local <strong>de</strong> Calçados <strong>de</strong> Goiânia - Goianira têm baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações<br />

conjuntas “eficiência coletiva” <strong>de</strong>vido ao caráter incipiente e frágil das relações <strong>de</strong><br />

cooperação entre os atores do arranjo. Todavia, o arranjo encontra-se na fase inicial <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Palavras-chaves: 1. Arranjo Produtivo Local. 2. Aglomerações Produtivas Especializadas.<br />

3. Competitivida<strong>de</strong>. 4. Ações Conjuntas. 5. Pólo Calçadista <strong>de</strong> Goianira.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 89


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO:<br />

TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS<br />

Autor: Carlos Wagner <strong>de</strong> Albuquerque Oliveira<br />

Orientador: Roberto <strong>de</strong> Goes Ellery Junior<br />

UNB<br />

Resumo:<br />

Os mo<strong>de</strong>los neoclássicos que versam sobre crescimento econômico apresentam como<br />

corolário a convergência <strong>de</strong> renda entre regiões. Não obstante, o Brasil se caracteriza<br />

historicamente pela concentração geográfica da produção e da renda. Recentemente, essa<br />

possibilida<strong>de</strong> tem sido incorporada pela teoria, cujos argumentos se pautam na existência<br />

<strong>de</strong> vantagens comparativas, retornos crescentes <strong>de</strong> escala, economias <strong>de</strong> aglomeração e<br />

externalida<strong>de</strong>s marshalianas. A questão é: a política regional <strong>de</strong> estatizar <strong>de</strong>ve enfatizar a<br />

redução das disparida<strong>de</strong>s regionais <strong>de</strong> renda existentes no Brasil? A resposta a essa questão<br />

é apresentada em Matsuyama e Takahashi (1998). Os resultados mostram que no período<br />

em que o Brasil acelerava o seu processo <strong>de</strong> industrialização (anos <strong>de</strong> 1950), havia uma<br />

tendência natural para a concentração regional da produção e da população e essa<br />

concentração traria um maior nível <strong>de</strong> bem–estar para a população. Assim, a política<br />

regional <strong>de</strong>veria ser a <strong>de</strong> incentivar a concentração, o contrario do que postulara o relatório<br />

do GTDN. Porém, a conjuntura dos anos 1980 mostrou que, nesse período, a população<br />

atingiria um superior nível <strong>de</strong> bem-estar se fosse melhor distribuída entre as regiões.<br />

Embora uma distribuição igualitária da população seja <strong>de</strong>sejável, partindo <strong>de</strong> uma situação<br />

<strong>de</strong> concentração, o setor público <strong>de</strong>veria atuar efetivamente no sentido <strong>de</strong> promover uma<br />

melhor distribuição populacional.<br />

7.3 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO<br />

MUNICÍPIO DE GOIÂNIA<br />

Autora: Sandra Sarno Rodrigues dos Santos<br />

Orientador: Aristi<strong>de</strong>s Moyses<br />

Defesa: 27/06/2008<br />

UNB<br />

Resumo:<br />

A urbanização da cida<strong>de</strong> brasileira, a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX, faz das<br />

cida<strong>de</strong>s um centro polarizador da vida política, econômica, cultural, no contexto regional e<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 90


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

nacional. Destaca que, as cida<strong>de</strong>s assumem o papel <strong>de</strong> comando da organização do espaço<br />

geográfico e urbano, em especial as metrópoles. O crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado das cida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras, sobretudo das regiões metropolitanas é fruto da ausência <strong>de</strong> um planejamento<br />

urbano, da imensa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> sócio-econômica entre as classes sociais. Na atualida<strong>de</strong>, as<br />

regiões metropolitanas enfrentam vários problemas como o déficit habitacional, transporte<br />

coletivo urbano, educação, saú<strong>de</strong> e violência, nem mesmo Goiânia, uma cida<strong>de</strong> planejada<br />

foge <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>. As regiões metropolitanas tornam assim áreas <strong>de</strong> tensão social, nem<br />

mesmo a criação e a implantação das regiões metropolitanas pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral e<br />

posteriormente repassado aos governos estaduais a instituição das mesmas, não foi capaz<br />

<strong>de</strong> solucionar esses problemas. No caso da criação da Região Metropolitana <strong>de</strong> Goiânia –<br />

RMG, segundo os entrevistados houve o agravamento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus<br />

moradores, <strong>de</strong>corrente do aumento do déficit habitacional, a ineficiência do transporte<br />

coletivo para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda crescente e a violência. Entre as soluções sugeridas pelos<br />

entrevistados para resolver ou amenizar os problemas da RMG sobressaíram o<br />

planejamento urbano e a gestão compartilhada.<br />

7.4 CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS<br />

Nair <strong>de</strong> Moura Vieira<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Engenharia <strong>de</strong> Produção – UFSC<br />

Orientador: Luiz Carlos <strong>de</strong> Carvalho Júnior<br />

Resumo:<br />

O presente trabalho tem como objetivo caracterizar a ca<strong>de</strong>ia da soja no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás e<br />

analisar as ativida<strong>de</strong>s realizadas em cada segmento constitutivo da mesma assim como o<br />

comportamento dos seus agentes. Primeiramente, tem-se uma revisão bibliográfica acerca<br />

dos conceitos que explicam a evolução da agricultura e são discutidos os conceitos <strong>de</strong><br />

complexo rural, agroindustrial, sistema <strong>de</strong> commodities,ca<strong>de</strong>ia agroalimentar, as<br />

dimensões do sistema agroalimentar e o enfoque sistêmico por fornecer a sustentação<br />

teórica necessária à compreensão da forma <strong>de</strong> como uma ca<strong>de</strong>ia funciona e sugerir as<br />

variáveis que afetam o <strong>de</strong>sempenho do sistema. Posteriormente, são apresentadas as<br />

características da ca<strong>de</strong>ia da soja no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás com uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> sua evolução<br />

histórica mostrando que na década <strong>de</strong> 70 inicia-se na região Centro-Oeste do Brasil o<br />

processo <strong>de</strong> ocupação agroindustrial (com as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> beneficiamento no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 91


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Goiás), transformando-se num pólo <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> capitais nos anos 80. Diante do estudo<br />

realizado enten<strong>de</strong>-se que a ca<strong>de</strong>ia da soja goiana implantou-se pela atração <strong>de</strong> recursos<br />

físicos, infra-estruturais e incentivos fiscais fornecidos aos complexos agroindustriais e seu<br />

crescimento po<strong>de</strong>-se elevar inclusive com uma maior eficiência da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transportes.<br />

7.5 AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE<br />

LEITE DE MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS<br />

Mauro César <strong>de</strong> Paula<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Engenharia <strong>de</strong> Produção – UFSC<br />

Orientador: Luiz Carlos <strong>de</strong> Carvalho Júnior<br />

Resumo:<br />

O Objetivo <strong>de</strong>ste artigo é i<strong>de</strong>ntificar as principais estratégias <strong>de</strong> crescimento da COPLEM,<br />

no <strong>de</strong>correr das duas ultimas décadas do século passado, bem como a evolução do<br />

comportamento da cooperativa com relação aos seus associados. Para tanto, utilizou-se <strong>de</strong><br />

levantamentos bibliográficos, analise <strong>de</strong> documentos específicos da cooperativa e pesquisa<br />

primária (pelo processo <strong>de</strong> amostragem) realizada junto aos produtores associados. Os<br />

resultados mostraram que a partir da implantação da COPLEM no município <strong>de</strong> Morrinhos<br />

esta se apresentou como uma divisora <strong>de</strong> águas na economia local e na região<br />

meiapontense do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. As estratégias adotadas pela cooperativa como<br />

repassadora <strong>de</strong> matéria-prima, a diversificação do <strong>de</strong>stino da captação, e os investimentos<br />

realizados em infra-estrutura, contribuíram na agregação <strong>de</strong> valor, na geração <strong>de</strong> empregos.<br />

Renda e impostos, acelerando por conseqüência o <strong>de</strong>senvolvimento econômico da região.<br />

7.6 AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA<br />

REGIÃO DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS<br />

Autora: Lara Kênia <strong>de</strong> Bessa<br />

Orientador: José Paulo Pietrafesa<br />

Data da <strong>de</strong>fesa:30/08/2006<br />

Resumo:<br />

O trabalho aqui apresentado enfoca a vocação econômica do Centro-oeste brasileiro com<br />

<strong>de</strong>staque para o município <strong>de</strong> Cristalina <strong>de</strong> Goiás. Destacando como fonte prioritária <strong>de</strong><br />

renda a agropecuária utilizada para subsistência em tempos remotos. E a partir <strong>de</strong> 1970, a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 92


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

transformação ocorrida na agricultura pela ocupação agrícola altamente incentivada por<br />

ocupação agrícola altamente incentivada por ações prioritárias que visavam promover a<br />

substituição no modo <strong>de</strong> produção agrícola até então <strong>de</strong> subsistência, pela implementação<br />

<strong>de</strong> lavouras tecnificadas que visavam <strong>de</strong>sovar o maquinário e produtos agropecuários<br />

produzidos na industria nacional e aten<strong>de</strong>r o mercado externo das ‘commodities’ (soja). No<br />

<strong>de</strong>correr da dissertação, são feitas reflexões gerais sobre a ocupação e seus reflexos no<br />

contexto social da região do Cerrado/ Centro–Oeste/ Goiás; e mais amiú<strong>de</strong> sobre a Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Cristalina <strong>de</strong> Goiás. Entre outras coisas, os objetivos <strong>de</strong>sta pesquisa visam <strong>de</strong>stacar o<br />

alto índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental na água e solo das regiões abordadas e a crise<br />

ambiental existente em face da <strong>de</strong>gradação incontrolável <strong>de</strong>stes recursos naturais. Assim<br />

como, <strong>de</strong>monstrar que existem acordos extrajudiciais e judiciais, Leis, <strong>de</strong>cretos, normas<br />

reguladoras etc., que regulamentam a gestão pública e uso dos recursos naturais. Pontua<br />

quais são os meios <strong>de</strong> proteção legais vigentes, sua aplicabilida<strong>de</strong> e eficácia na atual<br />

conjuntura. Destaca que a partir da tecnificação das lavouras, houve uma intensificação na<br />

produção <strong>de</strong> soja, que influenciou <strong>de</strong> forma significativa o tripé da sustentabilida<strong>de</strong> que são<br />

representados pelas vertentes da economia/política, cultura e meio ambiente. No entanto, a<br />

forma <strong>de</strong> produção adotada possui falhas, vez que eleva o interesse capitalista em<br />

<strong>de</strong>trimento da forte pressão ocorrida no meio natural. Verificamos, que o vilão da história é<br />

o modo <strong>de</strong> produção vigente que domina a forma <strong>de</strong> pensar dos atores sociais. Pois no<br />

campo da ciência jurídica, existe farto aparato <strong>de</strong> leis e órgãos <strong>de</strong>stinados à regulamentação<br />

e gestão do meio ambiente, tanto na esfera administrativa como na esfera judicial. Porém,<br />

o maior problema constatado e a <strong>de</strong>ficiência na aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas normas que<br />

comprometem sua eficácia. Concluímos que a eficiência e a aplicabilida<strong>de</strong> das normas<br />

esbarram na filosofia capitalista. Portanto, a melhor fórmula para reverter esta situação é a<br />

conscientização/reeducação <strong>de</strong> todos para articulação <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> produção sustentável<br />

que contemple todas vertentes do tripé.<br />

7.7 DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA<br />

(RECEBIDO EM 01/07/09 da coor<strong>de</strong>nadora do Mestrado, faltam os créditos, caso<br />

necessário inserir <strong>de</strong>pois)<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 93


7.7.1 SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE<br />

Resumo:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Esta dissertação tem como objeto <strong>de</strong> análise a imigração sulista que se manifesta em<br />

Mineiros, GO, a partir <strong>de</strong> um olhar revelador sobre a recriação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Sulistas<br />

provenientes <strong>de</strong> colônias <strong>de</strong> imigrantes europeus italianos e alemães adotaram, em<br />

Mineiros, a cultura do tradicionalismo gaúcho, que não cultuavam em seu espaço <strong>de</strong><br />

origem, tornando-se “gaúchos” em terras goianas. A análise busca a dinâmica do processo<br />

que motivou a recriação i<strong>de</strong>ntitária em um processo <strong>de</strong> reterritorialização <strong>de</strong>senvolvido a<br />

partir da oposição ao estabelecido, gerando preconceitos e estigmas. Busca também a<br />

percepção <strong>de</strong> uma releitura sobre a cultura gaúcha, cultura essa eivada <strong>de</strong> novas<br />

tonalida<strong>de</strong>s, na medida em que há uma i<strong>de</strong>ntificação gaúcha e também a recriação <strong>de</strong> uma<br />

cultura gaúcha. Na investigação feita para este estudo, procura-se respon<strong>de</strong>r,<br />

fundamentalmente, à seguinte questão: que razões motivaram o fenômeno sulista <strong>de</strong> tornar-<br />

se “gaúcho” em Mineiros? Após uma contextualização da realida<strong>de</strong> rio-gran<strong>de</strong>nse<br />

i<strong>de</strong>ntificando a cultura imigrante européia e a cultura gaúcha, investigam-se as razões da<br />

imigração para Goiás. Continuando, <strong>de</strong>stacam-se as dificulda<strong>de</strong>s do sulista quanto à<br />

adaptabilida<strong>de</strong> e os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> conviver com o estabelecido e <strong>de</strong> criar seu próprio espaço.<br />

Na busca pela auto-afirmação em um espaço cuja socieda<strong>de</strong> já se encontra organizada, os<br />

sulistas reorganizam-se para conseguir coesão grupal e, para isso, reelaboram a sua própria<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Para atingir os objetivos propostos, adotou-se, como referencial teórico, o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>nominado Estabelecidos e Outsi<strong>de</strong>rs, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Norbert Elias,<br />

além <strong>de</strong> um estudo i<strong>de</strong>ntitário acerca dos conceitos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> Hall, Castells,<br />

Hobsbawm, Albuquerque Junior, entre outros. Houve a necessida<strong>de</strong>, assim, do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos sobre a formação <strong>de</strong> preconceitos, estigmas e disputas pelo<br />

po<strong>de</strong>r. A síntese da relação estabelecidos e outsi<strong>de</strong>rs conclui a análise, na qual se apresenta<br />

Mineiros antes e <strong>de</strong>pois dos outsi<strong>de</strong>rs (sulistas), bem como a persistência da disputa no<br />

campo político, em que as razões da formulação da nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos sulistas servem<br />

como causa e efeito.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 94


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.7.2 NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL<br />

Resumo:<br />

A presente dissertação trata <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso sobre o processo <strong>de</strong> hibri<strong>de</strong>z nas cida<strong>de</strong>s<br />

ribeirinhas do Araguaia, ocorrido com as políticas <strong>de</strong> povoamento e navegação a vapor do<br />

século XIX. O objetivo principal foi mostrar como se processou a hibri<strong>de</strong>z cultural e como<br />

a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> foi sendo construída, com o <strong>de</strong>senvolvimento das políticas fundiárias, <strong>de</strong>fesa e<br />

comercialização agrícola ao longo do rio e <strong>de</strong> seus afluentes. Ao longo do trabalho,<br />

verificou-se a multiplicida<strong>de</strong>, a diversida<strong>de</strong> e a complexida<strong>de</strong> que marcaram a evolução<br />

temporal do espaço rio, como via <strong>de</strong> integração, trabalho e entretenimento, ressaltando o<br />

seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> provocar a coesão social, além <strong>de</strong> fazer papel mediador entre estados. A<br />

pesquisa buscou suporte em uma gama <strong>de</strong> fontes documentais primárias e secundárias:<br />

cartas régias, memórias, ofícios, atos, relatórios oficiais, fotografias, mapas, entrevistas,<br />

livros <strong>de</strong> renomados escritores, cuja finalida<strong>de</strong> foi compreen<strong>de</strong>r os mecanismos que<br />

geraram a hibri<strong>de</strong>z cultural nos sertões do Araguaia. A primeira parte <strong>de</strong>screve o rio como<br />

um espaço que provoca, no imaginário humano, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> conhecer seus mistérios.<br />

Mostra a política <strong>de</strong> povoamento adotada pelos governantes, que teve como propósito,<br />

auxiliar o incremento da navegação. Analisa a forma <strong>de</strong> implantação dos presídios<br />

militares, e sua influencia sobre a navegação a vapor, como agente indutor <strong>de</strong> profundas<br />

alterações nas estruturas sociais até então existentes (os al<strong>de</strong>amentos). Na segunda parte,<br />

foi apresentado o processo <strong>de</strong> implantação da navegação a vapor, em meados do século<br />

XIX, para o <strong>de</strong>senvolvimento do comércio e as práticas culturais do ribeirinho.<br />

7.7.3 SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS<br />

Resumo:<br />

O presente estudo retrata a situação do Município <strong>de</strong> São Domingos, on<strong>de</strong> está inserido o<br />

Parque Estadual <strong>de</strong> Terra Ronca, não pela vertente ambientalista, mas especialmente sob o<br />

viés da história oral dos seus mitos, lendas e tradições. O objetivo da pesquisa foi registrar<br />

e documentar a diversida<strong>de</strong> das expressões culturais do município e i<strong>de</strong>ntificar as razões da<br />

redução e <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> várias manifestações. Assim, optou-se por uma pesquisa <strong>de</strong><br />

natureza exploratória, fundamentada na abordagem qualitativa. Os instrumentos <strong>de</strong> coleta<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 95


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

<strong>de</strong> dados foram <strong>de</strong>finidos em função <strong>de</strong> suas finalida<strong>de</strong>s. Foram utilizadas entrevistas,<br />

observações <strong>de</strong> campo e análise <strong>de</strong> documentos. O Parque <strong>de</strong> Terra Ronca foi criado em<br />

1989 para proteger um valioso complexo espeleológico no qual são encontradas sete das<br />

trinta maiores cavernas do Brasil. Nesse município, situado no nor<strong>de</strong>ste goiano, surgido no<br />

período do ciclo do ouro, hoje está inserido em uma região consi<strong>de</strong>rada como o corredor da<br />

miséria do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. O município possui um patrimônio cultural e religioso<br />

bastante rico e diversificado, como a Romaria do Bom Jesus da Lapa, que tem sua<br />

representação cultural com missas, batizados e festas, <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>ntro da gruta. Das<br />

mais <strong>de</strong> trezentas cavernas que compõem o Parque, a gruta Terra Ronca é a mais conhecida<br />

e a mais cheia <strong>de</strong> mistérios e lendas, entre elas, a <strong>de</strong> que serviu <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>rijo para a<br />

população da cida<strong>de</strong>, quando da passagem da Coluna Prestes por São Domingos. Nos dias<br />

atuais, a população vive problemas <strong>de</strong> redução ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> suas<br />

expressões culturais, característica marcante <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. Os resultados<br />

indicaram que a implantação da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação do Parque Estadual <strong>de</strong> Terra<br />

Ronca foi o gran<strong>de</strong> motivador <strong>de</strong> diversos conflitos, que pu<strong>de</strong>ram ser percebidos nas<br />

questões fundiárias, que não consi<strong>de</strong>rou conciliar ocupação humana com preservação<br />

ambiental, provocando um forte sentimento <strong>de</strong> rejeição, insegurança e insatisfação nos<br />

proprietários <strong>de</strong> terras daquela localida<strong>de</strong>. Esse conflito sócio-ambiental proporcionou<br />

sérios reflexos sobre a manutenção dos aspectos culturais, particularmente, sobre seus<br />

mitos, lendas e tradições.<br />

7.7.4 IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A<br />

CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA<br />

A década <strong>de</strong> 1930 foi rica na produção <strong>de</strong> imagens. No Brasil, o cenário foi <strong>de</strong> mudanças<br />

nas or<strong>de</strong>ns política, social e econômica, com a chegada ao po<strong>de</strong>r do governo Getúlio<br />

Vargas. Esse período registrou uma nova dinâmica para a economia nacional, graças à<br />

penetração do capital no interior do país. Em Goiás, a imagem que marcou o período foi a<br />

entrada da estrada <strong>de</strong> ferro no território goiano, puxada pela produção cafeeira. Com<br />

relação a Anápolis, o ano <strong>de</strong> 1935 ficou registrado na memória como o ano da chegada do<br />

trem à cida<strong>de</strong> e, com ele, a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e o progresso. Esse período foi i<strong>de</strong>ntificado como<br />

o momento <strong>de</strong> hegemonia do setor terciário, em que houve gran<strong>de</strong> impulso na troca <strong>de</strong><br />

mercadorias e serviços. O propósito <strong>de</strong>ste estudo foi captar a imagem da cida<strong>de</strong> comercial<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 96


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

construída a partir da narrativa do jornal O Anápolis e do conjunto <strong>de</strong> fotografias do acervo<br />

do Museu Histórico <strong>de</strong> Anápolis. A proposta era, por meio das imagens publicadas<br />

semanalmente, enxergar a evolução e a permanência da materialida<strong>de</strong> urbana e, valendo-se<br />

da análise dos anúncios, perceber as diferentes maneiras utilizadas pelo jornal para<br />

representar o comércio para o consumidor, além <strong>de</strong> verificar a relação entre as metáforas<br />

divulgadas pelo jornal O Anápolis e a construção do comércio na imaginação social da<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 97


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.8 AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO<br />

Autor: Cleusa Maria da Silva<br />

Data da Defesa: 17/07/2002<br />

Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)<br />

Resumo:<br />

O presente trabalho traz resultados pertinentes acerca do processo <strong>de</strong> ocupação da região<br />

mineradora <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> Goiás, as várias formas <strong>de</strong> ocupação e a fragmentação<br />

territorial que <strong>de</strong>ram origem a diversos municípios. Em seguida, analisa a nova<br />

territorialida<strong>de</strong> criada pela agroindústria no município <strong>de</strong> Pires do Rio. Nas últimas<br />

décadas, o mundo foi o palco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s transformações, as quais propiciaram que<br />

profundas alterações nas relações <strong>de</strong> trabalho e produção <strong>de</strong> capital fossem observadas. No<br />

Brasil foi reforçado o processo <strong>de</strong> industrialização agropecuária. Na década <strong>de</strong> 1980, com<br />

o esgotamento da região Sul e Su<strong>de</strong>ste, o Centro-Oeste configurou-se como uma nova<br />

região <strong>de</strong> fronteiras agrícolas, aberta aos fluxos migratórios <strong>de</strong> capital, tecnologia e<br />

agroindústria. A instalação da agroindústria <strong>de</strong> soja/<strong>de</strong>rivados/carne no município <strong>de</strong> Pires<br />

do Rio promoveu a reorganização do território, constituindo-se como agente dinâmico<br />

nesse processo e contribuindo para inúmeras implicações territoriais. A pluriativida<strong>de</strong> da<br />

produção e a organização do território em re<strong>de</strong> foram estabelecidas. Pô<strong>de</strong>-se verificar que a<br />

agroindústria não apenas fez com que as relações no campo fossem alteradas, assim como<br />

também possibilitou o redimensionamento das relações urbanas. O processo <strong>de</strong> ocupação e<br />

transformação do território brasileiro tem se constituído em <strong>de</strong>corrência da predominância<br />

econômica, quer seja em nível local, regional ou mesmo nacional.<br />

7.9 A BUSCA DO PARAÍSO<br />

Autor: Wagnei<strong>de</strong> Rodrigues<br />

Data da Defesa: 17/08/2001<br />

Profª. Dr.ª Maria Geralda <strong>de</strong> Almeida (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O turismo implica numa prática sócio-econômica, política e cultural intercedida pelo<br />

espaço geográfico e se estrutura a partir do fluxo <strong>de</strong> pessoas e mercadorias. Nesse<br />

contexto, A Busca do Paraíso é um estudo sobre o processo <strong>de</strong> ocupação turística em Alto<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 98


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Paraíso <strong>de</strong> Goiás. Ele aborda as questões ambientais da ativida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> uma análise<br />

sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga turística. E, consi<strong>de</strong>ra os seguintes aspectos - duração da<br />

estadia dos visitantes; dispersão ou distribuição dos turistas <strong>de</strong>ntro da área; características<br />

dos turistas; época do ano em que ocorre a visita, pois o estabelecimento <strong>de</strong> parâmetros que<br />

mantenham o equilíbrio entre a atuação humana no meio ambiente natural e a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> regeneração do mesmo estão diretamente relacionados. A pesquisa teve como objetivo a<br />

análise das mudanças sócio-econômicas e espaciais promovidas pela ativida<strong>de</strong> turística em<br />

Alto Paraíso <strong>de</strong> Goiás. A busca é uma inquietação, no sentido <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r o turismo<br />

enquanto mecanismo <strong>de</strong> promoção da sustentabilida<strong>de</strong>, pois o mesmo legitima práticas<br />

causadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio ambiental, como turismo ecológico. No passado o Paraíso era<br />

interpretado como um lugar <strong>de</strong> comida farta e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procriação; hoje é o <strong>de</strong>sejo<br />

por um lugar diferente, o rompimento com o cotidiano, um lugar on<strong>de</strong> não haja<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e a paisagem natural esteja conservada. Entretanto, a valorização da<br />

paisagem pela ativida<strong>de</strong> turística <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra as questões sócio-ambientais dos "Paraísos",<br />

que revelam apenas "o lado belo" do turismo. Ora, o turismo fundamenta-se na<br />

heterogeneida<strong>de</strong> dos lugares, diversida<strong>de</strong> e encontro <strong>de</strong> culturas, e isso é farto em Alto<br />

Paraíso <strong>de</strong> Goiás. É mais uma ativida<strong>de</strong> humana que altera significativamente a paisagem,<br />

gerando tanto impactos positivos quanto negativos, uma vez que o processo <strong>de</strong><br />

territorialização do turismo tem ocorrido <strong>de</strong> maneira intensa no município. Há contradições<br />

na realização da ativida<strong>de</strong>, pois ela se <strong>de</strong>senvolve na lógica da produção capitalista,<br />

provocando alterações na organização social, econômica e ambiental. A exploração <strong>de</strong><br />

ambientes frágeis e a segregação espacial em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> um constante processo <strong>de</strong><br />

apropriação do território pelo turismo são uns dos fatores que afetam a sustentabilida<strong>de</strong><br />

ambiental e social. "A busca do Paraíso", tão constante em tempos remotos e presentes nas<br />

mais variadas culturas é, ainda hoje, um símbolo a ser <strong>de</strong>svendado, assim como a busca da<br />

sustentabilida<strong>de</strong>, contraditória e às margens da utopia.<br />

7.10 A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO<br />

Autor: Cláudia Márcia Romano Bernar<strong>de</strong>s Silva<br />

Data da Defesa: 06/09/2002<br />

Profª. Dr.ª Lana <strong>de</strong> Souza Cavalcanti (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 99


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O objeto <strong>de</strong>ste estudo é a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Morrinhos, no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. Uma cida<strong>de</strong> centenária<br />

do princípio do século XIX, povoada em seus primórdios por colonos paulistas e mineiros.<br />

A pretensão é a <strong>de</strong> analisar alguns aspectos <strong>de</strong>sse espaço urbano, na perspectiva da<br />

pesquisa geográfica. Para compreen<strong>de</strong>r o espaço urbano, é necessário diferenciá-lo ou<br />

<strong>de</strong>stacá-lo da região na qual está inserido, analisando a dinâmica do seu modo <strong>de</strong> produção.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta pesquisa é o <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a dinâmica atual do espaço intra-urbano e<br />

elementos gerais da produção <strong>de</strong>sse espaço. O resgate do passado, a partir do final da<br />

década <strong>de</strong> 70, serve como uma espécie <strong>de</strong> lente, através da qual po<strong>de</strong>r-se-á observar o<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>sse espaço. Do ponto <strong>de</strong> vista da análise geográfica, do espaço<br />

intra-urbano, e na pretensão <strong>de</strong> analisar a localização, o arranjo espacial, a produção do<br />

espaço, algumas categorias foram consi<strong>de</strong>radas prioritárias como forma, função, estrutura,<br />

processo assim como paisagem e lugar. Para alcançar os objetivos <strong>de</strong>sta pesquisa<br />

procuraram-se resgatar a formação histórica e as tendências <strong>de</strong> espansão urbana <strong>de</strong><br />

Morrinhos, i<strong>de</strong>ntificando o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s comerciais da área central para<br />

outros locais e compreen<strong>de</strong>ndo o crescimento da cida<strong>de</strong>. Para dar sustentabilida<strong>de</strong> a esse<br />

raciocínio, foi usado um sistema <strong>de</strong> análise que envolveu os moradores da cida<strong>de</strong><br />

(questionários) bem como políticos que participaram da construção <strong>de</strong>ste espaço<br />

geográfico. Os mapas e as figuras dão apio para a compreensão da dinâmica <strong>de</strong> Morrinhos.<br />

7.11 A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES<br />

TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS EM IACIARA – GO<br />

Autor: Jutori<strong>de</strong>s Alves Damascena<br />

Data da Defesa: 03/09/2003<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

A produção geográfica sobre a espacialida<strong>de</strong> goiana tem crescido bastante após a criação<br />

do Programa <strong>de</strong> Pesquisa e Pós-Gradução em Geografia da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás.<br />

A motivação em conhecer mais o espaço goiano surge da própria necessida<strong>de</strong>, enquanto<br />

pesquisador, <strong>de</strong> ampliar a discussão epistemológica para, também, ampliar o arcabouço<br />

teórico da ciência e procurar chegar cada vez mais próximo do entendimento da realida<strong>de</strong>.<br />

Nesse sentido, as categorias <strong>de</strong> análise tornam-se instrumentos fundamentais para o<br />

geógrafo. Nossa pesquisa enquadra-se em Geografia Regional, uma vez que procura<br />

apreen<strong>de</strong>r a dinâmica regional e <strong>de</strong> fronteira que está ocorrendo no Nor<strong>de</strong>ste do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 100


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Goiás, especificamente no município <strong>de</strong> Iaciara. A categoria região, entendida como sendo<br />

uma dimensão espacial das especificida<strong>de</strong>s sociais em uma totalida<strong>de</strong> espaço-social,<br />

expressa bem essa resistência do espaço frente à pretensa homogeneida<strong>de</strong> espacial do<br />

capital. Enquanto as regiões Sul e Su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Goiás vão sendo incorporadas<br />

economicamente ao centro financeiro e econômico do país à partir da década <strong>de</strong> 1930, as<br />

<strong>de</strong>mais regiões do <strong>Estado</strong> ficam relegadas ao esquecimento, sobretudo o Norte e o<br />

Nor<strong>de</strong>ste. Essa incorporação espacial <strong>de</strong> forma seletiva implicará em sérios problemas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sníveis regionais, a saber, a idéia <strong>de</strong> Sul rico e <strong>de</strong>senvolvido, sinônimo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />

e Norte pobre, arcaico, tradicional e atrasado. Uma categoria que a Geografia <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

lado por vários anos ajuda-nos a enten<strong>de</strong>r essa incorporação que vem se dando do Nor<strong>de</strong>ste<br />

<strong>de</strong> Goiás: a fronteira. Ela é a fração espacial, social ou temporal que permite diferenciar<br />

uma região da outra. Na verda<strong>de</strong> a relação fronteira e região se manifesta à partir do<br />

diferente, isto é, a fronteira aparecerá como o elemento que está propiciando a mudança <strong>de</strong><br />

toda a região. A partir da década <strong>de</strong> 1980 observa-se a incorporação do município <strong>de</strong><br />

Iaciara, mediante a pecuária, ao capitalismo monopolista presente em praticamente todo o<br />

país. Compreen<strong>de</strong>r como tem se dado essa manifestação da fronteira econômica em Iaciara<br />

constitui-se como objetivo central da pesquisa proposta, abordando temas como a expansão<br />

do latifúndio, a expropriação <strong>de</strong> pequenos produtores, o <strong>de</strong>semprego e as dinâmicas<br />

urbanas <strong>de</strong>correntes. Para tanto, realizou-se uma Revisão Bibliográfica, com pesquisa em<br />

bibliografia teórica, visando a compreensão da manifestação da fronteira no espaço, bem<br />

como os respectivos processos <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>sta expansão. Posteriormente, realizou-se a<br />

coleta <strong>de</strong> dados e a sua compilação. Outro passo importante refere-se à pesquisa <strong>de</strong> campo,<br />

na qual foi realizada a aplicação <strong>de</strong> entrevistas (com fazen<strong>de</strong>iros, comerciantes, moradores<br />

e o prefeito) para a apreensão <strong>de</strong> suas percepções em relação às dinâmicas ocorridas. Com<br />

base nos dados obtidos e na intensa revisão bibliográfica, foi possível verificar que a<br />

expansão da fronteira em Iaciara é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um processo maior, qual seja, o <strong>de</strong><br />

expansão da fronteira econômica rumo à Amazônia à partir do Sul e do Su<strong>de</strong>ste do Brasil<br />

em função da ausência <strong>de</strong> terras disponíveis a preços baixos. De fato, a ocupação <strong>de</strong> Iaciara<br />

e, também, do Vão do Paranã, só é possível em função da conjugação <strong>de</strong> fatores como<br />

preço muito baixo da terra, meio natural propício à prática da pecuária e infra-estrutura<br />

disponível. Contudo, o crescimento da pecuária <strong>de</strong> corte não implica apenas em melhoria<br />

econômica, pelo contrário, acarreta na produção <strong>de</strong> um espaço <strong>de</strong>sigual e combinado,<br />

aten<strong>de</strong>ndo apenas as necessida<strong>de</strong>s do capital monopolista.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 101


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.12 A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES<br />

MUNICIPAIS<br />

Autor: Elson Rodrigues Olanda<br />

Data da Defesa: 28/06/2001<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

No século XVIII, a colonização portuguesa não havia conseguido uma ocupação efetiva <strong>de</strong><br />

todo o território on<strong>de</strong> atualmente é o <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. Portugal <strong>de</strong>finiu uma estratégia <strong>de</strong><br />

ocupação do interior, por meio da criação <strong>de</strong> núcleos povoadores que receberam<br />

<strong>de</strong>nominações <strong>de</strong> Presídios e Al<strong>de</strong>ias. A Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> Mossâme<strong>de</strong>s (1775) nasce e<br />

se estrutura sob os auspícios do <strong>Estado</strong> Português enquanto parte do planejamento <strong>de</strong> uma<br />

ocupação territorial que absorvesse a população indígena. A povoação constituída na<br />

Al<strong>de</strong>ia sobreviveu ao longo do tempo e foi elevada à condição <strong>de</strong> município em 1952.O<br />

atual município <strong>de</strong> Mossâme<strong>de</strong>s obteve a sua emancipação, com o <strong>de</strong>smembramento do<br />

município da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, após a ocupação da fronteira agrícola, na "Zona do Mato<br />

Grosso <strong>de</strong> Goiás", iniciada nas primeiras décadas do século XX e consolidada nas décadas<br />

<strong>de</strong> trinta e quarenta, sobretudo com a chegada dos mineiros, oriundos do Oeste <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais e do Triângulo Mineiro. Estes fincaram suas raízes e fundaram povoados,<br />

constituindo, assim, núcleos urbanos nessa região, inclusive A<strong>de</strong>lândia, Buriti <strong>de</strong> Goiás e<br />

Sanclerlândia, distritos <strong>de</strong> Mossâme<strong>de</strong>s que se tornaram municípios. Discute-se o processo<br />

<strong>de</strong> formação territorial do município <strong>de</strong> Mossâme<strong>de</strong>s no contexto <strong>de</strong> uma nova dinâmica<br />

dos núcleos urbanos, a partir <strong>de</strong> meados do século XX com a consolidação da fronteira<br />

agrícola na região.<br />

7.13 A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E<br />

TERRITORIAIS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90<br />

Autor: Ronaldo da Silva<br />

Data da Defesa: 12/06/2002<br />

Profª. Dr.ª Lana <strong>de</strong> Souza Cavalcanti (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Nos anos 90 o Brasil foi o país que recebeu os maiores investimentos do mundo no setor<br />

automotivo. Várias multinacionais, montadoras <strong>de</strong> autoveículos e indústrias <strong>de</strong> autopeças<br />

construíram fábricas no país. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 102


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

informou que U$ 21 bilhões <strong>de</strong> dólares foram projetados para serem investidos <strong>de</strong> 1995 e<br />

2003. Esse processo <strong>de</strong>flagrou uma gran<strong>de</strong> disputa entre os <strong>Estado</strong>s da fe<strong>de</strong>ração e entre os<br />

municípios para sediar estas indústrias. A disputa ficou conhecida como guerra fiscal, ou<br />

como conforme preferem os geógrafos, guerrra dos lugares. Nesse contexto uma <strong>de</strong>las, a<br />

Mitsubishi Automotores se instalou no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Catalão investindo<br />

um total <strong>de</strong> U$ 135 milhões. Esta pesquisa se propõe a realizar uma investigação sobre as<br />

razões geográficas e políticas que levaram a indústria <strong>de</strong> autoveículos Mitsubishi<br />

Automotores do Brasil a implantar sua fábrica em Catalão-Goiás. Em São Paulo estavam<br />

concentradas quase todas as montadoras do país. Mas, nos anos 90, montadoras já<br />

instaladas neste <strong>Estado</strong> buscaram <strong>de</strong>ixá-lo e as empresas recém-chegadas também<br />

procuraram outros <strong>Estado</strong>s para se alojarem. Com isso formou-se uma nova configuração<br />

territorial da indústria automobilística brasileira. Portanto, ao investigar as causas que<br />

levaram a Mitsubishi a escolher Catalão e Goiás, esse estudo faz uma análise da visão<br />

geográfica da empresa para conhecer a sua <strong>de</strong>cisão locacional, ou melhor, as estratégias<br />

político-territoriais empreendidas pela a empresa. Discute-se também a nova configuração<br />

territorial da indústria automobilística e as estratégias empreendidas por elas para acirrar a<br />

disputa entre os <strong>Estado</strong>s, que em conseqüência da luta travada lhes ofertam mais e mais<br />

isenções fiscais, créditos públicos e inúmeras obras físicas. E, por último, se procura<br />

analisar a influência econômica e as transformações espaciais na cida<strong>de</strong> provocadas pela<br />

implantação da Mitsubishi Automotores.<br />

7.14 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO<br />

SUDOESTE GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO<br />

Autor: Jackeline Silva Alves<br />

Data da Defesa: 09/05/2003<br />

Profª. Dr.ª Sandra <strong>de</strong> Fátima Oliveira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

A configuração dos aspectos fisionômicos do Cerrado (paisagem) é resultante <strong>de</strong> inter-<br />

rações existentes entre os elementos compositores do meio físico, influenciados em maior<br />

ou menor grau por intervenções antrópicas. A disponibilida<strong>de</strong> dos recursos existentes neste<br />

bioma (minérios e gemas preciosas, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, a própria vegetação propícia<br />

à formação <strong>de</strong> pastagens naturais, bem como a vastidão em terras a serem ocupadas)<br />

constituíram-se como elementos responsáveis pela ocupação econômica e social da região<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 103


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

durante os distintos períodos que marcam os ciclos econômicos. À medida em que os<br />

elementos formadores do meio físico, passam a ser vistos apenas como recursos a serem<br />

apropriados(como meios que se <strong>de</strong>stinam a um fim), dilapidam-se mecanismos próprios da<br />

natureza, acarretando alterações ambientais. Através da expansão da fronteira agrícola no<br />

Cerrado goiano intensificou-se as pressões ambientais nestas áreas. Para que extensas<br />

glebas <strong>de</strong> terra do Cerrado goiano fossem incorporadas ao sistema econômico/produtivo<br />

necessitou-se substituir a cobertura vegetal original <strong>de</strong>stas áreas, por campos <strong>de</strong> cultivo<br />

(monoculturas), notadamente, da soja e pastagens cultivadas. Tal processo, provocou a<br />

fragmentação do complexo vegetacional, logo <strong>de</strong>scaracterização da paisagem. Porém, as<br />

conseqüências advindas <strong>de</strong>sta prática não se limitam ao nível aparente, tendo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado<br />

bruscas modificações no ambiente. A retirada da cobertura vegetal nativa provoca perdas<br />

para a diversida<strong>de</strong> biológica existente, pois ao introduzir o sistema <strong>de</strong> lavouras<br />

monoculturas simplifica-se o ambiente, acarretando gran<strong>de</strong>s prejuízos para a natureza. A<br />

presente pesquisa trata sobre, a importância da manutenção dos remanescentes <strong>de</strong> Cerrado<br />

na microrregião do Sudoeste goiano, enfatizando-se a representativida<strong>de</strong> da sub-bacia do<br />

ribeirão Zeca Novato, para a conservação da integrida<strong>de</strong> da paisagem na região, ao mesmo<br />

tempo em que esta proximida<strong>de</strong> da mesma em relação ao PNE(GO) e ao PENT (MS),<br />

ambas importantes UCS <strong>de</strong> proteção Integral em domínio <strong>de</strong> Cerrado. A necessida<strong>de</strong> em se<br />

pensar mecanismos que possibilitem o uso múltiplo da terra no Sudoeste Goiano, <strong>de</strong>correm<br />

das práticas (ir)racionais que tem se empreendido sobre os recursos naturais nesta<br />

microrregião. Para tanto, a execução <strong>de</strong>sta dissertação, pautou nas seguintes etapas<br />

metodológicas: levantamento e análise bibliográfica; levantamento <strong>de</strong> dados secundários<br />

junto a órgãos públicos, organizações não governamentais e fundações; observações em<br />

campo; produção <strong>de</strong> material fotográfico; elaboração <strong>de</strong> material cartográfico para a sub-<br />

bacia do ribeirão Zeca Novato (mapas temáticos), posterior <strong>de</strong>scrição e análise das<br />

informações nestes contidas; redação da dissertação. A criação das áreas naturais<br />

protegidas (Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação), tem sido uma prática bastante utilizada pelo<br />

planejamento territorial tendo em vista amenizar problemas causados pela fragmentação <strong>de</strong><br />

habitats naturais. Assim, para garantir a funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas reservas, no sentido <strong>de</strong><br />

atingir índices relevantes para a conservação, faz-se necessário que estas estejam<br />

localizadas próximas uma das outras, <strong>de</strong> modo a permitir formar um sistema <strong>de</strong> reservas<br />

sob diversas categorias <strong>de</strong> manejo. Além do valor estético, critérios científicos <strong>de</strong>vem ser<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 104


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

consi<strong>de</strong>rados quando da seleção <strong>de</strong>stas áreas. Nesse sentido, as UCs <strong>de</strong>vem sempre que<br />

possível situar em locais que concentrem índices consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>.<br />

7.15 A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGRO-<br />

INDUSTRIAIS - DAIA (1970/90)<br />

Autor: 0yana Rodrigues dos Santos<br />

Data da Defesa: 26/03/1999<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora<br />

Resumo:<br />

O governo do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás veio, nas últimas décadas, buscando <strong>de</strong>senvolver a<br />

ativida<strong>de</strong> industrial e encontrou na adoção da política <strong>de</strong> industrialização, através dos<br />

Distritos Agro-Inndustriais, um caminho para tentar, atingir tal fim. No processo <strong>de</strong><br />

implementação dos mesmos, elementos da conjuntura interna e externa ao espaço goiano<br />

influenciaram no ritmo <strong>de</strong> efetivação <strong>de</strong>sses parques industriais, com <strong>de</strong>staque para o<br />

DAIA- Distrito Agro-industrial <strong>de</strong> Anápolis; empreendimento que alcançou um dos<br />

estágios mais altos <strong>de</strong> materialização contido nos documentos oficiais <strong>de</strong> incentivo ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento industrial do estado. O estudo buscou compreen<strong>de</strong>r o que é essa política<br />

<strong>de</strong> industrialização via distrito agro-industrial, o que proposto por ela foi materializado,<br />

seus mecanismos <strong>de</strong> funcionamento, sua evolução e perspectivas na atualida<strong>de</strong>, tendo<br />

como base empírica o DAIA.<br />

7.16 AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS<br />

(RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE<br />

PROJETOS DE ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA<br />

TERRA EM GOIÁS)<br />

Autor: Karla Emmanuela Ribeiro<br />

Data da Defesa: 10/12/2003<br />

Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)<br />

Resumo:<br />

A presente dissertação tem por objetivo averiguar a ocorrência ou não <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong><br />

territorialização-<strong>de</strong>sterritorialização-reterritorialização (TDR) do campesinato goiano por<br />

meio <strong>de</strong> um estudo comparativo entre um projeto do programa <strong>de</strong> assentamento rural (PA)<br />

do Instituto Nacional <strong>de</strong> Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e <strong>de</strong> um<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 105


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

empreendimento em agrovilas do programa do Banco da Terra (EABT) em Goiás. Assim,<br />

a partir <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso, sob o enfoque do planejamento territorial dos projetos e da<br />

organização social das famílias beneficiadas pelos programas em questão, procurar-se-á<br />

caracterizar o processo <strong>de</strong> construção do lugar pelos camponeses-agricultores-familiares;<br />

verificar-se-á ou não a unida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntitária do sujeito social nos dois projetos; elencar-se-á<br />

as estratégias adotadas na construção das novas comunida<strong>de</strong>s que se instalam nas áreas<br />

reformadas. Essa análise procurará, <strong>de</strong>sta forma, suscitar em <strong>de</strong>bate do território quanto<br />

elemento moldável, pois as áreas são reformadas cotidianamente. A questão central trata-se<br />

da exeqüibilida<strong>de</strong> do controle <strong>de</strong> um novo território social, garantindo a autonomia do<br />

indivíduo e a formação <strong>de</strong> uma coletivida<strong>de</strong>.<br />

7.17 AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO<br />

OESTE GOIANO<br />

Autor: Rodrigo Sabino Teixeira Borges<br />

Data da Defesa: 13/08/2001<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O presente trabalho tem por objetivo buscar a compreensão das alterações espaciais<br />

materializadas na área <strong>de</strong> influência do eixo viário da rodovia GO-060, a partir do início <strong>de</strong><br />

sua implementação, <strong>de</strong>flagrada na Segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1940. A análise norteia-se<br />

na estruturação da principal ativida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>senvolvida nesse espaço, a<br />

agropecuária. O estudo se propõe a esclarecer algumas questões relacionadas à<br />

implantação da rodovia e a sua influência na ocupação e <strong>de</strong>senvolvimento econômico do<br />

espaço agrário, entre as quais enten<strong>de</strong>r como o surgimento do eixo viário vinculou-se ao<br />

processo <strong>de</strong> organização do espaço regional e estadual; investigar como tal processo impôs<br />

a reestruturação dos espaços anteriormente ocupados, alterando a estrutura sócio-<br />

econômica preexistente; apreen<strong>de</strong>r o papel <strong>de</strong>sempenhado pelos fatores naturais no<br />

processo <strong>de</strong> ocupação regional; e i<strong>de</strong>ntificar as perspectivas atuais <strong>de</strong> configuração do<br />

espaço em função da ativida<strong>de</strong> agropecuária. A área em estudo localiza-se na porção oeste<br />

do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, abrangendo 24 municípios, <strong>de</strong>ntre os quais Anicuns, Iporá e São Luiz<br />

<strong>de</strong> Montes Belos. Sua <strong>de</strong>limitação foi norteada em trabalho <strong>de</strong>senvolvido pelo Instituto <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Urbano e Regional (INDUR) em 1980. A implantação do eixo viário da<br />

GO-060 caarregou consigo a tranformação do espaço como fator <strong>de</strong> causa e efeito no<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 106


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

processo <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> novos territórios ao processo produtivo e sua incorporação a<br />

economia estadual e nacional. Este processo produtivo revelou-se dinâmico, trazendo a<br />

reboque um gran<strong>de</strong> afluxo populacional que promoveu o surgimento <strong>de</strong> estabelecimentos<br />

rurais, o nascimento <strong>de</strong> novas cida<strong>de</strong>s e o consumo intenso dos recursos naturais.<br />

7.18 CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS<br />

Autor: Odiones <strong>de</strong> Fátima Borba<br />

Data da Defesa: 11/08/1998<br />

Profª. Dr.ª Lana <strong>de</strong> Souza Cavalcanti – Orientadora<br />

Resumo:<br />

A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás foi capital do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás por duzentos e cinquenta anos. A antiga<br />

capital era consi<strong>de</strong>rada um representativo do velho, o que não combinava com o discurso<br />

mo<strong>de</strong>rnista que solicitava uma nova capital para impulsionar a mo<strong>de</strong>rnização do mesmo.<br />

Este fato, somaado às condições físicos <strong>de</strong> localização da cida<strong>de</strong>- em área muito aci<strong>de</strong>ntada<br />

e com estrutura urbana construída no período colonial- fez com que a transferência da<br />

capital fosse inevitável. Des<strong>de</strong> a fundação, quando os primeiros mineradores chegaram ao<br />

<strong>Estado</strong>, até à mudança da capital, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás não acompanhou o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do país. As dificulda<strong>de</strong>s em se encontrar pedras preciosas no solo goiano resultou numa<br />

ocupação dispersa e numa formação urbana simples. Essa estrutura urbana ainda persiste<br />

ao tempo e <strong>de</strong>ste legado que a cida<strong>de</strong> se vangloria, apresentando-se hoje como a maior<br />

riqueza. O presente trabalho propõe um estudo das mudanças ocorridas no espaço da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás ao longo da sua história e <strong>de</strong> como estas mudanças implicaram na<br />

reutilização das formas antigas, dando-lhe uma nova atribuição <strong>de</strong> uso. É na busca <strong>de</strong><br />

sedimentação da ativida<strong>de</strong> turística que a comunida<strong>de</strong> local se orienta, utilizando do legado<br />

histórico presente na paisagem urbana <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong> e das festas tradicionais como o maior<br />

atrativo para os visitantes.<br />

7.19 CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA<br />

Autor: Dominga Corrêia Pedroso Moraes<br />

Data da Defesa: 17/05/2002<br />

Profª. Dr.ª Lana <strong>de</strong> Souza Cavalcanti (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 107


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Este trabalho trata das representações sociais <strong>de</strong> jovens cidadãos sobre o espaço urbano<br />

que constitui o centro histórico <strong>de</strong> Goiás. Enten<strong>de</strong>-se que a produção <strong>de</strong>sse espaço é uma<br />

construção humana, histórica e geográfica, com características próprias das socieda<strong>de</strong>s que<br />

viveram a vivem imprimindo suas marcas nas construções, nas ruas, nos monumentos, nas<br />

festas, nos modos <strong>de</strong> vida cotidiano <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> que é Patrimônio Histórico Cultural da<br />

Humanida<strong>de</strong>. O estudo contou com uma investigação teórica para explicar a produção<br />

espacial da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás das origens aos dias atuais, explicar conceitos pertinentes a<br />

este trabalho como: espaço urbano, cida<strong>de</strong>, cidadão, paisagem e lugar, caracterizando-os<br />

no contexto vilaboense. Explicar, também, teórico- metodologicamente a pesquisa em<br />

representações sociais. As representações sociais dos jovens moradores revelaram as<br />

relações cotidianas <strong>de</strong>sses cidadãos com o espaço do centro histórico <strong>de</strong> Goiás, o<br />

conhecimento, as imagens e as atitu<strong>de</strong>s que eles tëm do Patrimônio Histórico vilaboense,<br />

os <strong>de</strong>sejos e preocupações com o futuro <strong>de</strong>les e da cida<strong>de</strong>. O Patrimônio Histórico, os<br />

elementos culturais presentes nas paisagens e nos lugares do centro histórico <strong>de</strong> Goiás são<br />

a fonte <strong>de</strong> conhecimento, a partir da qual a Geografia po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver projetos educativos<br />

visando a formação para a cidadania <strong>de</strong> crianças e jovens da cida<strong>de</strong>.<br />

7.20 COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E<br />

USO DO CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO<br />

Autor: Christiane Senhorinha Soares Campos<br />

Data da Defesa: 05/04/1999<br />

Prof. Dr. Barsanufo Gomi<strong>de</strong>s Borges – Orientador<br />

Resumo:<br />

O presente trabalho visa <strong>de</strong>monstrar a participação das Cooperativas <strong>de</strong> Produção<br />

Agropecuária na ocupação e uso capitalista do Cerrado Central e estudo das principais<br />

transformações espaciais, consequentemente sócio-econômicas e ambientais, geradas pela<br />

atuação das cooperativas neste processo. O município <strong>de</strong> Rio ver<strong>de</strong> sedia uma das gran<strong>de</strong>s<br />

cooperativas agropecuária do Centro-Oeste – Cooperativa-Comigo, que apresenta todas as<br />

características típicas do modo <strong>de</strong> ocupação em estudo, e já foi objeto <strong>de</strong> algumas<br />

pesquisas e levantamentos <strong>de</strong> dados estatísticos que po<strong>de</strong>m ajudar a caracterizar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Capitalismo, na medida em que é a quarta maior cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 108


7.21 CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO<br />

Autor: Walquíria dos Santos Soares<br />

Data da Defesa: 05/09/2002<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

A ocupação do território goiano, até a década <strong>de</strong> 1950, dá-se <strong>de</strong> forma fragmentada. Após<br />

este período, a expansão da ocupação caracterizou-se pela adoção <strong>de</strong> uma política marcada<br />

pela criação <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> transportes e energia, dando continuida<strong>de</strong> ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

substituição <strong>de</strong> importações e consolidação da "Marcha para o Oeste". A mudança da<br />

capital fe<strong>de</strong>ral para o Planalto Central e a implantação <strong>de</strong> um eixo rodoviário, do qual fez<br />

parte a rodovia Belém-Brasília, uniu o Sul e o Norte do País, acelerando a integração <strong>de</strong><br />

Goiás no comércio nacional. A implantação <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> base urbano-industrial<br />

refletiu-se na expansão da fronteira agropecuária e no crescimento urbano no País. Em<br />

Goiás, a expansão agropecuária teve fases distintas: o Sul do <strong>Estado</strong> foi incorporado como<br />

frente agrícola entre 1930 e 1950; o Norte, a partir do avanço da Belém-Brasília em 1950,<br />

concretizando em 1960. A rodovia integrou fisicamente o <strong>Estado</strong> e abriu a região Norte<br />

para o avanço da fronteira agropecuária. A partir da década <strong>de</strong> 1960, realizou-se um<br />

esforço <strong>de</strong> integração econômica do território nacional. As empresas agropecuárias foram<br />

um dos atores <strong>de</strong>ssa integração, a partir do <strong>de</strong>senvolvimento dos transportes e das<br />

comunicações bem como das políticas territoriais, que permitiram maior articulação e<br />

permuta comercial entre os diversos setores e espaços produtivos distantes uns dos outros.<br />

Na esteira <strong>de</strong>ste processo Porangatu é incorporado à dinâmica produtiva nacional. A partir<br />

daí, verificou-se um revigoramento do processo <strong>de</strong> ocupação do município. As mudanças<br />

mais significativas <strong>de</strong>ssa nova etapa foram: o crescimento da cida<strong>de</strong> e o aumento da<br />

produção pecuária com a mo<strong>de</strong>rnização do campo. Estes fatores externos, aliados a uma<br />

dinâmica particular do território, proporcionaram mudanças visíveis na configuração sócio-<br />

espacial do município. Assim, o presente trabalho propõe um estudo das transformações<br />

materializadas no espaço territorial <strong>de</strong> Porangatu, no contexto <strong>de</strong> uma nova dinâmica <strong>de</strong><br />

organização geográfica <strong>de</strong>ste espaço, a partir <strong>de</strong> sua estruturação econômica, assentada na<br />

pecuária <strong>de</strong> corte.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 109


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.22 COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL -<br />

O CASO DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO<br />

Autor: Nilda Aparecida P. Resen<strong>de</strong><br />

Data da Defesa: 18/07/2002<br />

Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)<br />

Resumo:<br />

O presente estudo tem como objetivo fazer um estudo da experiência <strong>de</strong> organização <strong>de</strong><br />

cooperativas agrícolas no meio rural e sua importância no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

agricultura e da pecuária em Goiás, em especial a Microrregião Quirinópolis. Com o<br />

enfoque histórico inicial do movimento cooperativista tenta-se resgatar suas origens no<br />

plano internacional, brasileiro e goiano e a sua organização em re<strong>de</strong>s, para posteriormente<br />

trabalhar com o caso específico da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale do<br />

Paranaíba Ltda. - AGROVALE. Objetiva-se, a partir <strong>de</strong>ssa referência <strong>de</strong> estudos, situar a<br />

proposta cooprativista e as suas realizações práticas no período histórico compreendido<br />

entre 1976 a 2000. A pesquisa se efetiva na Microrregião Quirinópolis, <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, e<br />

esta é tomada como referência por ser um espaço geográfico "privilegiado" do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da pecuária e da agricultura no período em análise. A AGROVALE é<br />

uma cooperativa mista (grãos e leite) <strong>de</strong> importância regional. Sua expansão não se <strong>de</strong>u<br />

todavia sem percalços. Da sua formação em 1976 até 2000 ela experimentou uma<br />

ampliação significativa do seu quadro social e <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> ação. No entanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1996,<br />

processa-se uma redução do número <strong>de</strong> associados e municípios <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong>corrente da<br />

crise interna pela qual passa a cooperativa. Finalmente, uma análise realizada neste<br />

trabalho procura mostrar também a interrelação cooperativa-cooperado, apontando<br />

algumas pistas sobre a visão do cooperado acerca da cooperativa.<br />

7.23 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O<br />

CASO DA REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO<br />

Autor: Gislaine Cristina Luiz<br />

Data da Defesa: 01/09/1998<br />

Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad – Orientador<br />

Resumo:<br />

Este trabalho tem como objetivo avaliar o impacto ambiental na região Vão do Paranã-<br />

Goiás. Para tanto, abordou-se o impacto ambiental, com repercussão a nível global e mais<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 110


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

<strong>de</strong>talhado, tendo como parâmetro a análise espaço-temporal do uso e ocupação da terra. A<br />

nível global, utilizou-se o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> CO2, <strong>de</strong>senvolvido por MONTEIRO<br />

1995, como indicativo para estimar o pontencial da região em absorver CO2 da atmosfera.<br />

A nível mais <strong>de</strong>talhado, o indicador foi o uso e ocupação da terra e <strong>de</strong> quanto esse difere<br />

do zoneamento agroecológico, formulado pelo IBGE/SEPLAN. A partir <strong>de</strong>ssa diferença,<br />

quantificou-se os índices <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ambiental. O <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa foi feito<br />

a partir <strong>de</strong> técnicas cartográficas, produtos <strong>de</strong> sensoriamento remoto e técnicas do Sistema<br />

<strong>de</strong> Informações Geográficas; os quais possibilitaram, a partir da compilação,<br />

armazenamento e tratamento dos planos <strong>de</strong> informações a obtenção das variáveis e<br />

elementos necessários para avaliar o impacto ambiental na região Vão do Paranão-Goiás.<br />

7.24 IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS –<br />

GO<br />

Autor: Vonedirce Maria Santos Borges<br />

Data da Defesa: 08/08/2002<br />

Profª. Dr.ª Selma Simões <strong>de</strong> Castro (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Quirinópolis, cuja origem data do século XIX, é uma das muitas cida<strong>de</strong>s da região do<br />

Sudoeste Goiano, que apresentou crescimento <strong>de</strong>mográfico e espacial lento até 1960 e<br />

intenso após 1970, contemporaneamente à expansão da nova fronteira agrícola do cerrado,<br />

viabilizada por programas fe<strong>de</strong>rais como o POLOCENTRO, <strong>de</strong>rivado do II Plano Nacional<br />

<strong>de</strong> Desenvolvimento, que objetivaram a apropriação rápida das terras ao sistema produtivo<br />

agropecuário mo<strong>de</strong>rno, voltado à exportação. Nesse contexto, a presente pesquisa<br />

objetivou analisar a sua evolução urbana entre 1960 e 2000, na busca das causas dos<br />

impactos ambientais negativos, os quais foram, inventariados, classificados, mapeados e<br />

relacionados, sobretudo aos dados <strong>de</strong>mográficos, aos vários mapas do meio físico e ao uso<br />

e ocupação do sítio urbano numa perspectiva histórico-evolutiva, cujos produtos serviram<br />

para a <strong>de</strong>limitação das áreas mais críticas e dos vetores atuais da expansão urbana atual,<br />

além <strong>de</strong> permitirem uma compreensão do processo <strong>de</strong> urbanização, quanto aos<br />

fundamentos teóricos, com base no apoio da bibliografia consultada. Os resultados<br />

permitiram constatar que o afluxo da população, sobretudo <strong>de</strong> baixa renda imigrada do<br />

campo do próprio município e arredores, além <strong>de</strong> outras regiões do país, acarretou<br />

crescimento <strong>de</strong>mográfico rápido e intenso que <strong>de</strong>mandou novas áreas para moradia. Essa<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 111


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

<strong>de</strong>manda foi atendida mediante a também rápida apropriação das áreas limítrofes da<br />

cida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> foram instalados vários sucessivos loteamentos <strong>de</strong>stinados às classes menos<br />

favorecidas <strong>de</strong>sse processo e às custas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos irregulares e ocupação <strong>de</strong> áreas<br />

nem sempre favoráveis a esse tipo <strong>de</strong> uso sem a infra-estrutura a<strong>de</strong>quada. O antigo sítio<br />

urbano situado às margens do córrego Cruzeiro hoje está transformado no setor central da<br />

cida<strong>de</strong> e o sítio urbano já ocupa as áreas dos córregos das Clemências e Capela e extravasa<br />

os limites do perímetro urbano oficial.<br />

7.25 KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL<br />

Autor: Marise Vicente <strong>de</strong> Paula<br />

Data da Defesa: 04/08/2003<br />

Prof. Dr. Alecsandro José Prudêncio Ratts (Orientador)<br />

Resumo:<br />

O sítio Histórico Kalunga é o maior grupo <strong>de</strong> remanescentes <strong>de</strong> Quilombo do Brasil.<br />

Formado há aproximadamente 250 anos por cativos negros fugidos das minas <strong>de</strong> ouro do<br />

<strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. Atualmente possui 4.935 habitantes segundo o censo do IBGE <strong>de</strong> 1996,<br />

distribuídos em 230.000há, localizados na microrregião da Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros, norte<br />

do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás. É composto por cinco núcleos principais: Vão do Moleque, Ribeirão<br />

dos Bois, Vão das Almas, Contenda e Kalunga, e por uma centena <strong>de</strong> pequenas localida<strong>de</strong>s<br />

como Engenho, que representa a área <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>ste trabalho. Os Kalunga sofreram nos<br />

últimos 20 anos um crescente processo <strong>de</strong> “<strong>de</strong>scoberta”, comum aos agrupamentos negros<br />

rurais em todo o território nacional. Esta nova tendência remete sobre os grupos um certo<br />

assédio por parte <strong>de</strong> pesquisadores, bem como especulações por parte da mídia, que<br />

divulgam os quilombos como pessoas que vivem isoladas, num tempo pretérito, mantendo<br />

na integra ainda hoje a cultura e costumes próprios <strong>de</strong> seus antepassados, segundo teorias<br />

segregradoras e exotizadoras extremamente nocivas ao grupo em termos políticos, sociais e<br />

culturais. Esta noção <strong>de</strong> isolamento cultural e geográfico contrasta no entanto com a<br />

intensa mobilida<strong>de</strong> espacial apresentada pelo grupo, tanto num aspecto <strong>de</strong> migração<br />

forçadas pela falta principalmente <strong>de</strong> educação e meios <strong>de</strong> subsistência, quanto pelos<br />

<strong>de</strong>slocamentos rituais, quando o Kalunga se dirige rumo às festas tradicionais na região.<br />

Apoiada nestas consi<strong>de</strong>rações, as presente pesquisa preten<strong>de</strong> realizar um estudo a respeito<br />

do isolamento frente à intensa mobilida<strong>de</strong> espacial apresentada pelos moradores do<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 112


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Engenho. Os procedimentos metodológicos se constituem em trabalhos <strong>de</strong> campo e<br />

aplicação <strong>de</strong> entrevistas. De acordo com as observações realizadas constatamos a<br />

exist6encia <strong>de</strong> uma intensa mobilida<strong>de</strong> espacial realizada pelo grupo, tanto em relação aos<br />

gran<strong>de</strong>s centros urbanos como Brasília/DF e Goiânia. Porém, nossa intenção neste<br />

trabalho, não se restringe em argumentar acerca da inexistência do isolamento total do<br />

grupo kalunga, em especial dos moradores do Engenho, contrapondo este quadro à<br />

mobilida<strong>de</strong> espacial apresentada pelo grupo, mas sim lançar pontos <strong>de</strong> reflexão sobre a<br />

conjuntura política histórica e social que <strong>de</strong>linea a realida<strong>de</strong> do agrupamento, bem como<br />

apontar quão nociva é a idéia referentes ao atraso e inferiorida<strong>de</strong> contribuindo assim para<br />

marginalização e exotização do grupo. Assim, acreditamos que a <strong>de</strong>smistificação <strong>de</strong>sse<br />

conjunto <strong>de</strong> idéias possa colaborar para criação <strong>de</strong> canis <strong>de</strong> acesso à história política e<br />

cultural dos quilombos e promovendo o fortalecimento e a construção da sua auto-imagem.<br />

7.26 LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE<br />

BRASÍLIA<br />

Autor: Marcelo <strong>de</strong> Mello<br />

Data da Defesa: 16/12/1999<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora<br />

Resumo:<br />

Ao se analisar as contradições materializadas no território da Região do Entorno <strong>de</strong><br />

Brasília, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar as ações dos diversos agentes que participaram do processo <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong>sse espaço heterogeamente habitado. Uma série <strong>de</strong> programas e projetos em<br />

escalas nacionais e regionais promoveram uma dinâmica nos <strong>de</strong>slocamentos populacionais<br />

e <strong>de</strong> cpitais que caracterizaram um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sterritorialização e reterritorialização.<br />

Ficou evi<strong>de</strong>nciado que as medidas que buscaram a construção <strong>de</strong> um integração do<br />

Território Nacional, ocasionaram, em contrapartida, uma <strong>de</strong>sintegração regional que,<br />

estrategicamente, aten<strong>de</strong>ram às necessida<strong>de</strong>s da nova capital fe<strong>de</strong>ral. O presente trabalho<br />

realizou uma leitura do processo <strong>de</strong> construção das contradições espaciais presentes na<br />

região do Entorno <strong>de</strong> Brasília. Para tanto, tomou como referência empírica o munípio <strong>de</strong><br />

Luziânia, bem como Valparaíso e Cida<strong>de</strong> Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 113


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.27 MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL<br />

Autor: José Alberto Evangelista <strong>de</strong> Lima<br />

Data da Defesa: 28/11/2003<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Estudar a Geografia <strong>de</strong> um município significa, <strong>de</strong>ntre outras estratégias <strong>de</strong> pesquisa,<br />

a<strong>de</strong>ntrar à sua história, <strong>de</strong>scobrir suas origens, influências recebidas, mudanças ocorridas e<br />

sua importância para a região na qual encontra-se inserido. Assim, compreen<strong>de</strong>r a<br />

Geografia do antigo Arraial <strong>de</strong> Santana, implantado em 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1727, às margens do<br />

Rio Vermelho, sua evolução e dinâmica atual constitui a tarefa da presente pesquisa. Nessa<br />

busca po<strong>de</strong>-se encontrar o espaço e o tempo <strong>de</strong>limitados, circunscritos num território, o<br />

município, que permite analisar diferentes aspectos da complexida<strong>de</strong> do lugar. Este projeto<br />

tem como objetivo geral, elaborar uma análise comparativa dos municípios que foram<br />

<strong>de</strong>smembrados do município <strong>de</strong> Goiás, (antigo Arraial <strong>de</strong> Santana) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1950, avaliando<br />

as transformações regionais e o impacto causado sobre o fragmentado Município <strong>de</strong> Goiás,<br />

cuja dimensão territorial chegou a correspon<strong>de</strong>r a 25.000Km² antes da década <strong>de</strong> 50 do<br />

século XX. Após esse período reduziu-se para 6.535 km, com o surgimento <strong>de</strong> vários<br />

outros municípios, reduzindo a sua dimensão para os 3.106 km² atuais. Alguns aspectos<br />

são relevantes nesta pesquisa, tais como: i<strong>de</strong>ntificar as origens e os motivos que<br />

contribuíram para as emancipações, verificar os reflexos <strong>de</strong>ssas emancipações para os<br />

municípios <strong>de</strong>smembrados, relacionar as transformações econômicas, políticas e sociais<br />

que prece<strong>de</strong>ram em Goiás <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50 e seus reflexos na economia da região e<br />

ainda avaliar o <strong>de</strong>senvolvimento sócio econômico dos municípios emancipados<br />

aprofundando-se no município DE Goiás. Buscar-se-á compreen<strong>de</strong>r o processo <strong>de</strong><br />

construção do território/região, que antes (dos <strong>de</strong>smembramentos) constituía o município<br />

<strong>de</strong> Goiás, levando-se em conta as relações histórico-espaciais da socieda<strong>de</strong>, bem como a<br />

sua forma <strong>de</strong> organização da produção no espaço regional. O método regional, a escala<br />

temporal e o recorte espacial, justificam-se, face ao objeto e as suas peculiarida<strong>de</strong>s. A base<br />

operacinal/metodológica está fundamentada em levantamentos <strong>de</strong> dados junto ao IBGE,<br />

<strong>Secretaria</strong> <strong>de</strong> <strong>Estado</strong> da Fazenda, nas prefeituras municipais e órgãos, entrevistas com<br />

pioneiros e pessoas com relevante papel social nos municípios. Porém, faz-se necessário<br />

um minucioso levantamento bibliográfico, para dar fundamentação teórica ao trabalho.<br />

Após o levantamento histórico dos municípios pesquisados, seguir-se a os levantamentos<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 114


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

cartográficos e o mapeamento da região, para finalmente <strong>de</strong>smontar as transformações<br />

ocorridas no território do município <strong>de</strong> Goiás ao longo do processo fragmentação. Espera-<br />

se que este estudo seja <strong>de</strong> relevância para a socieda<strong>de</strong> vilaboense, como também para os<br />

municípios que <strong>de</strong>le se originaram, visto que, através <strong>de</strong>le é possível <strong>de</strong>svendar processos<br />

sócio-espaciasi necessários à compreensão da realida<strong>de</strong> e/ou local, que possibilite um novo<br />

olhar das suas problemáticas sob a ótica da Geografia.<br />

7.28 O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI<br />

ETERNO EM TRINDADE<br />

Autor: Tito Oliveira Coelho<br />

Data da Defesa: 27/11/2003<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

A presente dissertação é o resultado <strong>de</strong> uma análise das relações do comércio varejista<br />

periódico no tempo-espaço da Festa do Divino Pai Eterno em Trinda<strong>de</strong>, GO, com os<br />

elementos envolvidos na organização <strong>de</strong>ste evento. A partir <strong>de</strong> uma abordagem sócio-<br />

histórico-cultural-discursiva dos dados levantados em arquivos, jornais, revistas,<br />

bibliografias pertinentes ao tema versado, entrevistas e aplicação <strong>de</strong> questionários em 2001<br />

e 2002, proce<strong>de</strong>u-se um estudo da festa enquanto evento relevante para os comerciantes<br />

esporádicos, locadores <strong>de</strong> pontos (habitantes da cida<strong>de</strong>) e para o Município <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong>. A<br />

festa é um elemento singular no território goiano, inscrito no tempo-espaço histórico e<br />

social <strong>de</strong> uma romaria que se iniciou com um oratório em meados do século XIX. Nesse<br />

sentido, procurou-se dialogar com a história <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> (antiga Barro Preto) e com os<br />

discursos que a remontam: o achado do medalhão por Constantino Xavier Maria e sua<br />

esposa Ana Rosa, o do clero após a separação do <strong>Estado</strong> da Igreja, o do comércio inserido<br />

na cultura do homem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> longa data, discutindo, a propósito <strong>de</strong>ste último, a sua inserção<br />

no campo da cultura popular e do processo <strong>de</strong> precarização das condições <strong>de</strong> trabalho do<br />

brasileiro. Tratou-se, a partir das “imagens” do comércio varejista periódico no tempo-<br />

espaço da festa, da constituição dos sujeitos no espaço <strong>de</strong> comércio periódico, da<br />

aglomeração <strong>de</strong> romeiros, turistas e comerciantes na cida<strong>de</strong>-santuário (que Rosendahl<br />

consi<strong>de</strong>ra hierópolis), das metamorfoses em conseqüência das relações espaço-tempo<br />

festivo, da intervenção política na organização do comércio periódico, bem como a relação<br />

dos sujeitos entre si com os modos <strong>de</strong> se realizar a festa. Versou-se a relação da festa com<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 115


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

a re<strong>de</strong> urbana brasileira, sobre o discurso da produção, circulação e consumo <strong>de</strong><br />

mercadorias possibilitado pelo <strong>de</strong>senvolvimento das estradas <strong>de</strong> rodagem, que permitiu a<br />

interligação dos fluxos com a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> nos dias festivos. Por fim, foram<br />

consi<strong>de</strong>radas, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma subjetivida<strong>de</strong> em relação aos sujeitos inseridos na<br />

romaria, as influências do po<strong>de</strong>r público nas mudanças na forma <strong>de</strong> se construir e se<br />

proce<strong>de</strong>r na festa. Por tradição, os comerciantes e os mendigos (que foram transformados<br />

em comerciantes <strong>de</strong> postais) inventavam um espaço diferente daquele vivido<br />

cotidianamente, num tempo-espaço utópico, transgredindo normas, regras e valores<br />

sociais. Com a intervenção do po<strong>de</strong>r estatal e suas parcerias no modo <strong>de</strong> se fazer a festa,<br />

recriou-se a arte <strong>de</strong> realizá-la, alterando-se a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da romaria do Pai Eterno em<br />

Trinda<strong>de</strong>.<br />

7.29 O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS<br />

Autor: Solange Maria Franco<br />

Data da Defesa: 03/06/2003<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Este trabalho tem como objetivo evi<strong>de</strong>nciar as transformações espaciais da Bacia do Rio<br />

Araguaia no <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás a partir <strong>de</strong> cinco recortes temporais: o primeiro que serve <strong>de</strong><br />

contexto do processo <strong>de</strong> ocupação, abrange o primeiro século <strong>de</strong> ocupação mais efetiva a<br />

partir da navegação no início da década <strong>de</strong> 1870; o segundo recorte começa exatamente um<br />

século <strong>de</strong>pois, quando a região começa a sofrer mudanças <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m física, social e<br />

econômica mais acentuadas; os outros períodos seguem seqüências das décadas<br />

posteriores: 1980, 1993 e 2001. Ainda que o recorte espacial da pesquisa seja a área da<br />

bacia atualmente em território goiano, foram consi<strong>de</strong>rados os conceitos <strong>de</strong> Bacia<br />

Hidrográfica e as <strong>de</strong>limitações <strong>de</strong> toda a Bacia do rio Araguaia como investigação<br />

introdutória essencial ao <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho. A pesquisa se baseia nas alterações<br />

físicas dos padrões <strong>de</strong> Uso da Terra, incluindo o nível <strong>de</strong> Vegetação remanescente e para<br />

tanto foram produzidos diversos mapas temáticos apoiados em dados oficiais ou <strong>de</strong> fontes<br />

confiáveis. Também foram elaborados outros mapas com informações geográficas<br />

essenciais ao <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho como, <strong>de</strong>limitação da bacia, classes <strong>de</strong> solos<br />

dominantes, vegetação primitiva, drenagem, curvas <strong>de</strong> nível, entre outros. Por fim, as<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 116


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

análises se nortearam pela confrontação dos resultados encontrados nos dados físicos<br />

(mapas temáticos) com a história econômica e social da área em questão, principalmente as<br />

políticas públicas implementadas durante os períodos estudados.<br />

7.30 O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE<br />

COLONIZAÇÃO PAINEIRAS<br />

Autor: Maria Erlan Inocêncio<br />

Data da Defesa: 03/05/2002<br />

Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

As políticas públicas para a agricultura foram ao longo dos últimos 30 anos o elemento<br />

motivador das mo<strong>de</strong>rnizações agropecuárias. Uma das políticas agrícolas <strong>de</strong> maior<br />

<strong>de</strong>staque para o cerrado e que o ocupou <strong>de</strong> forma sistemática foi - o PRODECER, acordo<br />

resultante da cooperação econômica para o <strong>de</strong>senvolvimento dos cerrados entre o Brasil e<br />

o Japão. Este acordo pautou-se pela ocupação racional do cerrado <strong>de</strong> forma a permitir a<br />

instalação <strong>de</strong> uma agricultura mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> base tecnológica. Este programa se <strong>de</strong>senvolveu<br />

em Goiás a partir <strong>de</strong> 1980, quando incorporou 8.275 ha <strong>de</strong> terras on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolveu o<br />

projeto <strong>de</strong> colonização Paineiras, nos municípios <strong>de</strong> Campo Alegre <strong>de</strong> Goiás e Ipameri. A<br />

área foi dividida em 29 lotes com superfícies entre 200 e 400 ha, e vendidos a 29<br />

produtores do Sul e Su<strong>de</strong>ste do país. Estes migraram para Goiás através do incentivo da<br />

CAMPO, empresa criada para administrar a instalação e o <strong>de</strong>senvolvimento dos projetos<br />

do PRODECER e uma cooperativa que intermediou a transferência - COCARI (que teve a<br />

<strong>de</strong>nominação mudada para COACER) - como forma <strong>de</strong> se adaptar as necessida<strong>de</strong>s<br />

inerentes ao bioma cerrado. Os produtores tiveram o Banco do Brasil S/A como instituição<br />

financiadora tanto para a compra da terra, quanto para a aquisição dos primeiros<br />

equipamentos e máquinas para a produção. Assim parte do Su<strong>de</strong>ste goiano se transformou<br />

em território do PRODECER, on<strong>de</strong> atores sociais privados advindos <strong>de</strong> outras regiões<br />

geográficas brasileiras espacializaram o po<strong>de</strong>r sobre o solo do cerrado. O projeto Paineiras<br />

se constitui como o objeto <strong>de</strong> pesquisa trabalhado, on<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong>u <strong>de</strong>linear as diferentes<br />

faces que o capital assume como forma <strong>de</strong> subverter os espaços rurais sob o seu domínio,<br />

instituindo novas territorialida<strong>de</strong>s, alicerçadas sobre o favorecimento <strong>de</strong> elementos<br />

estruturais artificiais e naturais.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 117


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.31 PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE<br />

NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE<br />

Autor: Clarinda Aparecida da Silva<br />

Data da Defesa: 29/08/2003<br />

Profª. Dr.ª Maria Iêda <strong>de</strong> Almeida Burjack (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Este estudo, baseado principalmente em uma abordagem humanista da Geografia, procura<br />

compreen<strong>de</strong>r as diversas experiências entre distintos grupos socioculturais e a paisagem do<br />

Parque Nacional da Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros e a Vila <strong>de</strong> São Jorge. Destaca-se por abordar<br />

os aspectos mais íntimos <strong>de</strong>ssas experiências, em como essa paisagem é percebida, quais<br />

os valores, significados e atitu<strong>de</strong>s são manifestados diante <strong>de</strong>la. O Parque e a Vila, como<br />

um recurso turístico importante, vêm sendo procurados por turistas e migrantes. Estes<br />

grupos, somados aos que já moravam e moram na Vila – os nativos – mantêm uma<br />

complexida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências e respostas com a paisagem. O foco da pesquisa<br />

centra-se em duas formas <strong>de</strong> ver e perceber a paisagem: a dos “<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro” – moradores<br />

nativos e migrantes – e a dos “<strong>de</strong> fora” – turistas. Ressalta-se, ainda, a percepção <strong>de</strong><br />

transformações socioculturais na paisagem da Vila <strong>de</strong> São Jorge. Esta Vila que compartilha<br />

com o Parque diversos olhares e guarda profundas dimensões relacionadas à percepção,<br />

aos sentimentos e à vida sociocultural dos “<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro”, com a chegada dos “<strong>de</strong> fora” passa<br />

por intensas mudanças. Verifica-se que os julgamentos <strong>de</strong> valor da paisagem do Parque<br />

passam pelo utilitário, ecológico, afetivo e estético. Poucas experiências negativas diante<br />

das paisagens foram i<strong>de</strong>ntificadas. Registra-se acentuada preferência por <strong>de</strong>terminadas<br />

paisagens como as cachoeiras, paredões e Canyons, sobressaindo a Cachoeira do Salto I,<br />

preferida pelos “<strong>de</strong> fora “ essencialmente pela beleza estética; para os nativos essa<br />

paisagem é carregadas <strong>de</strong> sentimentos afetivos construídos pelas experiências diárias, pelas<br />

lembranças <strong>de</strong> momentos vividos no passado e que inspiram o presente e fazem <strong>de</strong>la um<br />

lugar. Os moradores nativos reforçam a diferença entre uma paisagem direta e<br />

cotidianamente vivida diante <strong>de</strong> uma outra, no caso dos turistas, vivenciada<br />

esporadicamente e, geralmente, percebida como paisagem espetáculo. As bruscas<br />

transformações ocorridas na Vila alteraram as manifestações culturais e sociais, porém a<br />

população nativa mantém os vínculos afetivos com o lugar. Os dados coletados indicam<br />

que essas mudanças <strong>de</strong>vem-se, além da ativida<strong>de</strong> turística, ao próprio processo<br />

mo<strong>de</strong>rnizador que cria novas necessida<strong>de</strong>s e ajusta as tradições culturais ao ritmo da vida<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 118


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

urbana. Ressalta-se, ainda, a importância <strong>de</strong>ste estudo como subsídio a outros trabalhos<br />

que buscam indicadores válidos para o <strong>de</strong>senvolvimento do turismo, valorizando a<br />

paisagem como campo <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> e, sobretudo, <strong>de</strong> significação sociocultural.<br />

7.32 PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA<br />

REALIDADE<br />

Autor: Daniela Vieira Marques<br />

Data da Defesa: 31/10/2003<br />

Profª. Dr.ª Sandra <strong>de</strong> Fátima Oliveira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O Cerrado é uma região que oferece inúmeras perspectivas quanto à ocupação e a<br />

preservação. Isso se <strong>de</strong>ve porque é uma área que conheceu a exploração a poucas décadas,<br />

então, por esse motivo, ainda conserva paisagens naturais, preservadas das mãos humanas.<br />

A região do Sudoeste do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás foi umas das primeiras do <strong>Estado</strong> a ser<br />

incorporada ao processo produtivo intenso e a ver suas terras quase que totalmente<br />

tomadas pela agricultura mo<strong>de</strong>rna, principalmente <strong>de</strong> grãos. É importante frisar o quase,<br />

porque ainda existem alguns poucos remanescentes preservados na região, como é o caso<br />

do Parque Nacional das Emas. A criação da unida<strong>de</strong> ocorreu em 1961 e o incremento <strong>de</strong><br />

novas técnicas ao Cerrado na década <strong>de</strong> 1970, por isso o Parque Nacional das Emas – PNE,<br />

preserva, até hoje, em seus limites uma área <strong>de</strong> 131 mil ha, aproximadamente. Por isso,<br />

esta pesquisa procurou enten<strong>de</strong>r, a representação que o parque possui para a comunida<strong>de</strong>,<br />

como se <strong>de</strong>u a sua criação e manutenção até os dias atuais, mesmo sofrendo pressões para<br />

ce<strong>de</strong>r suas terras e recursos ao processo produtivo representado, principalmente, pela<br />

agricultura mo<strong>de</strong>rna. Contribuíram para esse levantamento da relação parque-comunida<strong>de</strong>,<br />

utilizando-se da representação social como instrumento para avaliar a importância do PNE<br />

para o meio, alguns agentes importantes na construção <strong>de</strong>ssa história como as organizações<br />

governamentais (Prefeituras <strong>de</strong> Mineiros e Chapadão do Céu, através <strong>de</strong> suas secretarias<br />

voltadas para o meio ambiente), não-governamentais (Fundação Ecológica <strong>de</strong> Mineiros e<br />

Conservation International do Brasil), Sindicato Rural <strong>de</strong> Mineiros, e os Srs. Antônio<br />

Malheiros, Martiniano J. Silva e Gabriel Cardoso Borges (diretor do parque).<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 119


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.33 PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL<br />

Autor: Felippe Jorge Kopanakis Pacheco<br />

Data da Defesa: 24/09/2002<br />

Profª. Dr.ª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar (Co-Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O rápido processo <strong>de</strong> urbanização verificado a partir da Segunda meta<strong>de</strong> do século XX no<br />

Brasil trouxe inúmeras consequências para a sobrevivência <strong>de</strong> seus moradores e <strong>de</strong> sua<br />

capacida<strong>de</strong> ambiental. Fortes impactos sócio-ambientais marcam o crescimento das<br />

cida<strong>de</strong>s brasileiras, sejam elas megalópoles, metrópoles, gran<strong>de</strong>s aglomerados urbanos,<br />

cida<strong>de</strong>s médias ou pequenas. A gran<strong>de</strong> característica da urbanização brasileira é a <strong>de</strong> dotar<br />

todas, não importando o tamanho ou seu nível <strong>de</strong> especialização e função, <strong>de</strong> problemas<br />

semelhantes: agressão ambiental, violência, assoreamento <strong>de</strong> leitos <strong>de</strong> drenagem,<br />

assentamento humano em áreas <strong>de</strong> risco, especulação imobiliária, saneamento ina<strong>de</strong>quado,<br />

exclusão social. Tudo proveniente da falta <strong>de</strong> planejamento urbano e <strong>de</strong> políticas públicas<br />

que fossem capazes, ao longo dos anos, <strong>de</strong> normatizar o seu crescimento, dotando-lhes <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar os impactos <strong>de</strong> forma que a gran<strong>de</strong> maioria da população não fosse<br />

o objeto <strong>de</strong> ação direta dos problemas. Apresentamos aqui, uma pesquisa que se baseou na<br />

origem da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, tendo sua memória ligada à concepção das cida<strong>de</strong>s romanas,<br />

que nos <strong>de</strong>ixaram o legado da forma e das funções dos equipamentos urbanos; a chegada<br />

do pensamento luso à terra brasilis carregado <strong>de</strong> resquícios da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu território,<br />

influenciando diretamente na construção <strong>de</strong> nossas cida<strong>de</strong>s; a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> trazendo<br />

consigo a frieza e a objetivida<strong>de</strong> em se <strong>de</strong>senhar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje. A conquista do sertão<br />

goiano, e a entrada do mercado ditando as normas para a ocupação espacial do vasto<br />

território interior brasileiro formando uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s que hoje se completam e se<br />

ligam no sistema global <strong>de</strong> forma direta. O crescimento e a expansão urbana <strong>de</strong> Porangatu<br />

trazendo para o interior os problemas das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s do país. A perspectiva <strong>de</strong> que é<br />

necessário se aliar à pratica urbana conceitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável enquanto<br />

ainda é possível transformar os problemas em soluções, as idéias em atitu<strong>de</strong>s voltadas à<br />

união, a parceria <strong>de</strong> todos para gerar riquezas sociais e atitu<strong>de</strong>s ambientais que não<br />

carreguem ainda mais a nossa terra <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição. A incrível capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acreditar que<br />

um outro mundo é possível, e que dias melhores virão.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 120


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.34 REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS<br />

Autor: Gisélia Lima Carvalho<br />

Data da Defesa: 14/04/2003<br />

Profª. Dr.ª Maria Geralda <strong>de</strong> Almeida (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O Nor<strong>de</strong>ste Goiano não é consi<strong>de</strong>rado uma região político-administrativa, muito embora<br />

persista como região institucionalizada pelos sucessivos governos estaduais. Seu espaço<br />

compreen<strong>de</strong> as microrregiões Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros e Vão do Paranã (Mesorregião Norte<br />

e Leste, respectivamente), cujo recorte é assumido pelo <strong>Estado</strong>, pela imprensa, pela<br />

socieda<strong>de</strong> que o afirmam e o estigmatizam como uma região-problema, pobre, arcaica, sem<br />

atrativos para o gran<strong>de</strong> capital e para a permanência <strong>de</strong> sua população, sendo transformada<br />

no estereótipo <strong>de</strong> “corredor da miséria” do estado <strong>de</strong> Goiás. Por esses aspectos, somados às<br />

características físico-culturais, o Nor<strong>de</strong>ste Goiano é tido como semelhante ao Nor<strong>de</strong>ste<br />

brasileiro. Sob o enfoque da Geografia regional, tentamos nessa pesquisa, explicar espacial<br />

e temporalmente como se <strong>de</strong>u a instauração, ou seja, o reconhecimento legítimo da região<br />

enquanto conceito <strong>de</strong> “Nor<strong>de</strong>ste” em Goiás, questionando sobre a construção <strong>de</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> - esta sendo entendida como representação da realida<strong>de</strong> visando a um<br />

reconhecimento social da diferença no espaço. Nesse sentido, para a análise regional, o<br />

conceito <strong>de</strong> região adotado não é aquele construído pela diferença em si, mas aquele<br />

instaurado, reconhecido legitimamente como diferente pela socieda<strong>de</strong>. Para tanto, fizemos<br />

revisão bibliográfica na área da Geografia regional - especialmente no que se refere à<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional - na História, na Sociologia e na Antropologia. Empiricamente,<br />

tentamos apreen<strong>de</strong>r os reflexos do recorte enunciado para a população, bem como se a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta justifica os discursos sobre a região. Acreditamos que a diferença,<br />

presente nesse espaço, faz-se pela exclusão social, pela negligência política e pela atitu<strong>de</strong><br />

discursiva assumida socialmente e cuja pretensão é <strong>de</strong> construir e afirmar uma região e<br />

uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> conforme o interesse <strong>de</strong> quem a anuncia e, ao ser fomentada pelo estigma<br />

<strong>de</strong> miséria, po<strong>de</strong> ser uma fonte segura <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> recursos. No entanto, o enunciado<br />

sobre o Nor<strong>de</strong>ste Goiano, funciona como um argumento que <strong>de</strong>sfavorece o reconhecimento<br />

e a existência <strong>de</strong>ste no cenário estadual, mas não o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser uma construção histórica<br />

para seus moradores no interior <strong>de</strong> cada “espaço vivido” que se impõe ao <strong>de</strong>sfavor <strong>de</strong> uma<br />

gran<strong>de</strong> região tida como única e homogênea. A realida<strong>de</strong> é que no interior <strong>de</strong>sta, cruzam-se<br />

elementos humanos, modos <strong>de</strong> vida e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s variados que se conformam em outras<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 121


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

escalas <strong>de</strong> regiões bem dinâmicas e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> sociocultural, muito diferentes<br />

daqueles que dizem ter.<br />

7.35 SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO<br />

CURSO DO RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL<br />

Autor: Luciano <strong>de</strong> Souza Xavier<br />

Data da Defesa: 27/10/2003<br />

Profª. Dr.ª Selma Simões <strong>de</strong> Castro (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento e as fisionomias da paisagem terrestre ocorrem mediante a atuação <strong>de</strong><br />

diversos fatores e processos ao longo do tempo. A interferência antrópica também<br />

influencia essa dinâmica no que se refere ao aproveitamento dos recursos naturais. A<br />

amplitu<strong>de</strong> e velocida<strong>de</strong> cada vez maiores entre as trocas <strong>de</strong> energia no ambiente,<br />

relacionadas ao uso dos recursos naturais, consequentemente refletem <strong>de</strong> maneira direta no<br />

aumento dos <strong>de</strong>sequilíbrios e no retorno dos resíduos ao próprio meio. Isso caracteriza<br />

problemas ambientais em consequência da sua incorporação insatisfatória ao novo<br />

ambiente produzido pela organização do espaço geográfico. No extremo sudoeste goiano<br />

situa-se o setor sul da Alta Bacia do Rio Araguaia, que representa parte <strong>de</strong> uma das mais<br />

importantes bacias hidrográficas do Brasil e que possui áreas impactadas por processos<br />

erosivos dos solos totalizando cerca <strong>de</strong> cem ocorrências resultantes da interação <strong>de</strong> fatores<br />

do meio físico com o uso e manejo das terras. Com objetivo <strong>de</strong> elaborar diretrizes e ações<br />

visando o planejamento geoambiental para o setor sul do alto curso do Rio Araguaia com<br />

ênfase no controle dos processos erosivos lineares e nas suas consequências, através da<br />

<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> sistemas ambientais e avaliação dos seus graus <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> e risco à<br />

erosão linear na escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> 1/60.000, este trabalho indicou <strong>de</strong>z sistemas<br />

ambientais diferentes em suas características. Comprovaram também que 94,5% <strong>de</strong>sses<br />

sistemas ambientais encontram-se em classes <strong>de</strong> suscetibilida<strong>de</strong> natural à erosão linear que<br />

variam <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>radamente suscetível a ravinas a extremamente suscetível a ravinas e<br />

voçorocas e que aproximadamente 80,27% <strong>de</strong>ssas áreas <strong>de</strong> altas suscetibilida<strong>de</strong>s estão<br />

sendo utilizadas para ativida<strong>de</strong>s agropecuárias não recomendadas. Com relação ao risco à<br />

erosão linear, 80,52% da área se encontra em classes que variam <strong>de</strong> médio risco a risco<br />

iminente e 76,31% <strong>de</strong>ssas áreas são utilizadas para ativida<strong>de</strong>s agropecuárias. Os graus <strong>de</strong><br />

criticida<strong>de</strong> nos sistemas ambientais em função <strong>de</strong> suas suscetibilida<strong>de</strong>s e riscos aos<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 122


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

processos erosivos lineares indicaram quatro em estado crítico muito alto, três em estado<br />

crítico alto, dois em média criticida<strong>de</strong> e um em baixa criticida<strong>de</strong>.<br />

7.36 TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA<br />

AGRÁRIA REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO<br />

Autor: Henrique <strong>de</strong> Oliveira<br />

Data da Defesa: 19/12/2003<br />

Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)<br />

Resumo:<br />

Esta dissertação, cujos objetivos <strong>de</strong> estudo são os sistemas <strong>de</strong> integração e os integrados,<br />

no contexto da indústria Perdigão, interpreta as respostas dadas pelo lugar, município <strong>de</strong><br />

Rio Ver<strong>de</strong> e outros do sudoeste goiano, ao processo <strong>de</strong> implantação dos referidos sistemas<br />

<strong>de</strong> integração. Enten<strong>de</strong>-se que, através do estabelecimento <strong>de</strong> novas relações <strong>de</strong> trabalho<br />

(territorialida<strong>de</strong>s) e através da incorporação da produção <strong>de</strong> grãos do município <strong>de</strong> Rio<br />

Ver<strong>de</strong> (se<strong>de</strong> da agroindústria) e <strong>de</strong> outras áreas limítrofes, a agroindústria Perdigão<br />

organiza um sistema produtivo que permite discutir a criação <strong>de</strong> um novo território: o<br />

Território da Perdigão. Cabe ressaltar que a economia goiana é estruturada na associação<br />

entre o setor primário e as ativida<strong>de</strong>s agroindustriais e que, em pouco mais <strong>de</strong> três décadas,<br />

o espaço agrário goiano a<strong>de</strong>quou-se ao atendimento <strong>de</strong> novos mo<strong>de</strong>los produtivos, voltados<br />

para a comercialização. A instalação <strong>de</strong> agroindústrias no território goiano, a exemplo da<br />

Perdigão em Rio Ver<strong>de</strong>, é a expressão maior <strong>de</strong>sse processo.<br />

7.37 URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE<br />

Autora: Marta <strong>de</strong> Paiva Macedo<br />

Data da Defesa: 16/08/2001<br />

Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

Este trabalho tem como objetivo compreen<strong>de</strong>r os processos que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram a formação<br />

recente <strong>de</strong> um pólo regional a partir da fragmentação do antigo "Mato Grosso" Goiano,<br />

possibilitada pela especialização produtiva que esteve apoiada na introdução <strong>de</strong> inovações<br />

no campo. Este pólo regional, que estamos <strong>de</strong>nominando Região <strong>de</strong> Uruana é, também,<br />

fruto da combinação <strong>de</strong> fatores internos e externos a ele. Entre tais fatores <strong>de</strong>stacam-se a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 123


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

formação regional alicerçada nos seus "ocupantes" - os produtores, aliado às condições<br />

sócio-econômicas e culturais por eles reveladas, além das intervenções do governo e <strong>de</strong> um<br />

meio natural propício. Uruana, município localizado na microrregião <strong>de</strong> Ceres, - antigo<br />

"Mato Grosso" Goiano -, surgiu no contexto da ocupação efetiva <strong>de</strong>sta região, movimento<br />

que ficou conhecido durante o avanço da fronteira agrícola como "frente pioneira do Mato<br />

Grosso Goiano", ocorrido na década <strong>de</strong> 40, no <strong>Estado</strong>. A partir daí, Uruana se <strong>de</strong>senvolveu<br />

apoiado sobretudo na produção <strong>de</strong> grãos, inserindo-se na dinâmica do <strong>Estado</strong> como<br />

importante fornecedor <strong>de</strong> cereais para abastecer o mercado interno. Com a mo<strong>de</strong>rnização<br />

da agricultura, esboçada na década <strong>de</strong> 60, alterações significativas marcaram o início <strong>de</strong><br />

um novo processo <strong>de</strong> diferenciação na espacialida<strong>de</strong> local, <strong>de</strong>vido à re<strong>de</strong>finição da<br />

ativida<strong>de</strong> produtiva agrícola, com a introdução do cultivo <strong>de</strong> melancia. Esse momento,<br />

comandado pelos agentes sociais, respon<strong>de</strong>u pelo início <strong>de</strong> uma nova dinâmica<br />

estabelecida em Goiás e até transcen<strong>de</strong>u os limites do território goiano e do país, pelo fato<br />

<strong>de</strong> que Uruana, juntamente com o seu entorno imediato: Carmo do Rio Ver<strong>de</strong>, Itapuranga e<br />

Jaraguá, configuram um pólo regional na especifida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> melancia. Portanto,<br />

a homogeneida<strong>de</strong> que caracterizava o antigo "Mato Grosso" Goiano, apresenta-se hoje,<br />

fragmentada pelas especializações produtivas apresentadas. Os fragmentos são regionais e<br />

Uruana é um <strong>de</strong>les, e isto é uma razão para que estudos sejam realizados no intuito <strong>de</strong> se<br />

conhecer melhor esta nova realida<strong>de</strong> apresentada em Goiás.<br />

7.38 VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO<br />

Autor: Ondimar Batista F. dos Santos<br />

Data da Defesa: 27/09/2002<br />

Profª. Dr.ª Maria Geralda <strong>de</strong> Almeida (Orientadora)<br />

Resumo:<br />

A pesquisa busca o entrelaçamento da Geografia com o Turismo, uma vez que para a<br />

ativida<strong>de</strong> turística é imprescindível o uso do espaço geográfico. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pirenópolis<br />

insere-se no contexto turístico por volta <strong>de</strong> 1970 em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> vários fatores. Dentre<br />

eles, o patrimônio histórico-cultural e natural ali presente, a melhoria da malha viária<br />

interligando a cida<strong>de</strong> a importantes centros urbanos (Brasília, Goiânia) e outros. O turismo<br />

gera transformações <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns nas áreas on<strong>de</strong> se instala. Daí emerge a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r as transformações que se espacializam através da alteração da<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 124


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

paisagem. Essas mudanças são vistas na re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uso dos territórios apropriados pela<br />

ativida<strong>de</strong> turística. A paisagem é apontada como elemento fundante do turismo, mas é<br />

também ponto <strong>de</strong> referência e <strong>de</strong> vivência. O lugar ligado à i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> torna-se vulnerável<br />

diante <strong>de</strong> um novo ritmo - o do turismo em virtu<strong>de</strong> da incorporação <strong>de</strong> outros costumes e<br />

hábitos no cotidiano dos moradores <strong>de</strong> Pirenópolis. O território é visto numa abordagem<br />

cultural e afetiva, no sentido <strong>de</strong> entendê-lo como fruto das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que vai<br />

<strong>de</strong>lineando i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, sentimentos, laços afetivos, indo além das fronteiras físicas. O fio<br />

condutor para a compreensão dos elos entre a ativida<strong>de</strong> turística e as categorias<br />

geográficas, foi a intenção <strong>de</strong> trazer à tona as possíveis alterações no lugar do pirenopolino,<br />

a partir das novas territorialida<strong>de</strong>s aí expressas pelo turismo. Buscou-se nas ações e<br />

programas <strong>de</strong> políticas do turismo tanto <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública quanto privada, saber como vem<br />

se dando o or<strong>de</strong>namento do território. Não se po<strong>de</strong> esquecer do morador enquanto<br />

coadjuvante <strong>de</strong> uma nova peça, qual seja, Pirenópolis vista pelas lentes do Turismo.<br />

Percebe-se atualmente que a ativida<strong>de</strong> na área <strong>de</strong>senvolve-se <strong>de</strong> forma promissora, todavia<br />

torna-se necessário que se <strong>de</strong>senvolvam políticas e metas que orientem tal ativida<strong>de</strong> e<br />

sobretudo, que a população local esteja engajada no processo.<br />

7.39 A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR<br />

SUCROALCOOLEIRO<br />

Autor: Ed Licys <strong>de</strong> Oliveira Carrijo<br />

Orientador: Prof. Dr. Fausto Miziara<br />

Resumo:<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é contribuir para a compreensão do recente processo <strong>de</strong> avanço<br />

do setor sucroalcooleiro em Goiás. Para tanto, este fenômeno será analisado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

perspectiva mais ampla, que o relacione com a expansão da Fronteira Agrícola. Será<br />

apresentado um mo<strong>de</strong>lo teórico que explica esse processo, articulando as características<br />

“naturais” do espaço – topografia, localização, fertilida<strong>de</strong>, recursos hídricos – aos<br />

processos econômicos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão dos atores individuais. Uma das hipóteses<br />

<strong>de</strong>sse trabalho é a <strong>de</strong> que essa nova etapa <strong>de</strong> expansão da Fronteira Agrícola ten<strong>de</strong>rá a<br />

reproduzir a etapa anterior. Com isso a expectativa é a <strong>de</strong> que ocorra uma disputa entre a<br />

cana e as lavouras temporárias – especialmente a soja – pelas melhores áreas <strong>de</strong> cultivo.<br />

Neste sentido, foi possível visualizar, por meio <strong>de</strong> dados trabalhados com um Sistema <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 125


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Informação Geográfica (SIG) e também pelo estudo <strong>de</strong> caso realizado em Mineiros (GO),<br />

por meio do qual se constatou que as usinas estão sendo consolidadas em áreas produtoras<br />

<strong>de</strong> grãos e que há um número elevado <strong>de</strong> arrendamento. Levando em consi<strong>de</strong>ração esses<br />

fatores, verifica-se que haverá uma substituição das lavouras <strong>de</strong> soja e pecuária pela <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, uma vez que a chegada da usina força os produtores <strong>de</strong> grãos a migrarem<br />

para outra região.<br />

7.40 AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E<br />

CONTRADIÇÕES<br />

Autora: Simone Pereira <strong>de</strong> Carvalho<br />

Resumo:<br />

Recentemente, o <strong>Estado</strong> brasileiro retomou as políticas agroenergéticas <strong>de</strong> estímulo à<br />

produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, em <strong>de</strong>corrência dos problemas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> petróleo.<br />

O <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás entrou nas principais rotas <strong>de</strong> expansão da cana. Os cultivos estão<br />

a<strong>de</strong>ntrando não somente nas gran<strong>de</strong>s extensões territoriais, mas também em regiões <strong>de</strong><br />

agricultura familiar. O objetivo <strong>de</strong>ssa dissertação é compreen<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong> integração<br />

dos agricultores familiares à agroindústria canavieira, bem como as contradições sociais e<br />

ambientais <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo processo <strong>de</strong> expansão da cultura da cana-<strong>de</strong>-açúcar no<br />

município <strong>de</strong> Itapuranga – GO. Para o <strong>de</strong>senvolvimento do tema proposto, utilizou-se uma<br />

abordagem qualitativa, realizada com base na combinação <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> pesquisa,<br />

especialmente a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, as entrevistas e a<br />

observação. Conclui-se que as políticas agroenergéticas contribuíram para transformar o<br />

contexto socioeconômico <strong>de</strong> Itapuranga. Apesar <strong>de</strong> recente, as novas relações<br />

intermediadas pelos contratos <strong>de</strong> integração foram suficientes para provocar alterações<br />

consi<strong>de</strong>ráveis na dinâmica social, organizacional e produtiva dos agricultores,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando processos contraditórios na geração <strong>de</strong> empregos, no processo migratório,<br />

nas polêmicas em torno da violência, na oferta e nos preços dos gêneros alimentícios e nas<br />

relações da socieda<strong>de</strong> com o meio ambiente.<br />

7.41 GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES<br />

Autor: Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Alves<br />

Orientador: Prof. Dr Fausto Miziara<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 126


Data da Defesa:15/02/2002<br />

Resumo:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Análise dos fluxos migratórios para Goiânia com base em mo<strong>de</strong>lo teórico capaz <strong>de</strong><br />

explicar os <strong>de</strong>slocamentos populacionais em períodos marcantes da história brasileira.<br />

Estuda-se o processo <strong>de</strong> ocupaçao do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, analisando as diversas etapas <strong>de</strong><br />

expansão das fronteiras que têm em comum o fato <strong>de</strong> constituirem-se mecanismos <strong>de</strong><br />

expansão <strong>de</strong> processos situados primordialmente nos centros dinâmicos do país.<br />

Finalmente é feita uma breve retrospectiva sobre a trajetória histórica <strong>de</strong> Goiânia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

sua construção até os anos 90 do século XX, analisando questões como a origem dos<br />

fluxos migratórios e o crescimento <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado em sua <strong>de</strong>corrência.<br />

7.42 CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM<br />

GOIÁS: UM ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER<br />

Autor: Adrielle Beze Peixoto<br />

Orientador: Prof. Dr Francisco C.E. Rabelo<br />

Data da Defesa: 11/03/2005<br />

Resumo:<br />

A pesquisa em questão refere-se ao estudo das alterações consequentes dos fenômenos<br />

relacionados à área <strong>de</strong> ciência e tecnologia sobre as formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. Com a<br />

intenção <strong>de</strong> alcançarmos nosso objetivo, propusemo-nos à análise do uso do software <strong>de</strong><br />

comunicação instantânea MSN Messenger, em sua aplicação à área administrativa e junto<br />

a um grupo <strong>de</strong> comunicação interpessoal. Para este estudo lançamos mão <strong>de</strong> teorias que<br />

realçam aspectos da interação com rosto/sem rosto, e a importância da forma quanto da<br />

percepção dos grupos em análise. Procuramos construir o histórico do <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

ciência e tecnologia em Goiás e o esforço <strong>de</strong>sse estado para combater a exclusão digital.<br />

Verificamos, entretanto, a existência <strong>de</strong> parcelas da socieda<strong>de</strong> que se encontram altamente<br />

qualificadas para seu uso, promovendo a inserção das tecnologias <strong>de</strong> informação no<br />

cotidiano social. Essa constatação permitiu-nos conhecer os aspectos internos <strong>de</strong> cada<br />

grupo, bem como as características particulares <strong>de</strong> cada um. A avaliação das teorias junto<br />

aos grupos estudados ocorreu por meio da análise <strong>de</strong> entrevistas e diálogos pertinentes a<br />

um e outro grupo, o que nos forneceu a estrutura e aplicativos dos grupos, e ainda a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 127


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

influência do software MSN Messenger sobre as formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

integrantes.<br />

7.43 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS<br />

SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO<br />

Autor: Eurípe<strong>de</strong>s Vieira Coelho Júnior<br />

Orientador: Profª. Drª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar<br />

Data da Defesa: 26/08/2005<br />

Resumo:<br />

Este trabalho objetivou estudar os impactos da mo<strong>de</strong>rnização da agricultura brasileira a<br />

partir da observação em uma <strong>de</strong>terminada região, por intermédio das relações <strong>de</strong> produção<br />

existentes entre os vários integrantes do processo produtivo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o trabalhador rural até a<br />

indústria <strong>de</strong> insumos agrícolas. Foram realizadas entrevistas com diversos técnicos <strong>de</strong><br />

órgãos governamentais, li<strong>de</strong>ranças classistas e algumas autorida<strong>de</strong>s que atuam em diversas<br />

áreas <strong>de</strong> interface com o objeto empírico <strong>de</strong> estudo, bem como foram ainda aplicados<br />

questionários em proprieda<strong>de</strong> rurais tanto a proprietários <strong>de</strong> lavouras como a trabalhadores<br />

rurais. Na análise do objeto teórico lançou-se mão, <strong>de</strong>ntre outros autores, <strong>de</strong> Anhtony<br />

Gid<strong>de</strong>ns na abordagem que ele faz das conseqüências da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sobre as relações<br />

sociais e sobre o meio ambiente; utilizou-se a abordagem que faz Norbert Elias da questão<br />

da exclusão social e nos aspectos que dizem respeito mais diretamente a questão da<br />

mo<strong>de</strong>rnização da agricultura brasileira buscou-se a contribuição <strong>de</strong> José Graziano da Silva<br />

para o entendimento <strong>de</strong>sse processo. Como resultados da pesquisa <strong>de</strong> campo realizada na<br />

região <strong>de</strong> Goianápolis-GO, confirmou-se mais do que a situação <strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong> das<br />

relações <strong>de</strong> trabalho, que são na sua esmagadora maioria informais, senão também a<br />

insalubrida<strong>de</strong> do ambiente laboral, on<strong>de</strong> os trabalhadores rurais expõe sua saú<strong>de</strong> a sérios<br />

riscos. Esse trabalhador não é, no entanto, a única vítima do paradigma <strong>de</strong> produção rural<br />

vigente no Brasil. A pesquisa mostrou que também o produtor rural é por sua vez espoliado<br />

pela indústria <strong>de</strong> insumos que conseguiu impor a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> um pacote<br />

tecnológico do qual o produtor tornou-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e refém,e com o qual essa indústria<br />

apropria-se <strong>de</strong> uma substancial parcela dos resultados da ativida<strong>de</strong> produtiva que caberiam<br />

por mérito ao produtor. Constatou-se ainda a urbanização do campo no qual atuam<br />

trabalhadores rurais com residência na zona urbana, on<strong>de</strong> esposas e filhos encontram<br />

ocupação para a complementação da renda familiar. Outra constatação é a <strong>de</strong> que está<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 128


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

ainda muito longe da preocupação <strong>de</strong> indústrias e produtores rurais o cuidado com a<br />

preservação do meio ambiente, seriamente agredido com a tecnologia que privilegia altas<br />

taxas <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> ao custo da superexploração dos recursos naturais. A conclusão é<br />

que se evi<strong>de</strong>nciam um paradoxo e um dilema. O paradoxo esta no fato <strong>de</strong> que muito<br />

embora haja uma aparente lógica e coerência tanto no mo<strong>de</strong>lo "Revolução Ver<strong>de</strong>" quanto<br />

no <strong>de</strong> agricultura sustentável, ambos escon<strong>de</strong>m contradições que lhe são inerentes pois,<br />

enquanto no primeiro se produz em larga escala e a baixo custo no segundo, embora se<br />

proteja o meio ambiente e o homem, ele ainda não po<strong>de</strong> ser replicado em escala global em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> baixa competitivida<strong>de</strong>. O dilema que se coloca é a opção pela preservação<br />

ambiental com alimentos mais caros ou a <strong>de</strong>predação progressiva com socialização dos<br />

benefícios provisórios da produção em gran<strong>de</strong> escala. Na solução dos impasses que essa<br />

questão propõe uma certeza que prevalece é que somente com a pressão da socieda<strong>de</strong> e a<br />

atuação <strong>de</strong> ONGs. e outrosmovimentos sociais se logrará avançar no sentido do bem estar<br />

humano e preservação <strong>de</strong> nossa mãe natureza.<br />

7.44 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O<br />

MERCOSUL EM QUESTÃO<br />

Autora: Cláudia Glênia Silva <strong>de</strong> Freitas<br />

Orientador: Profª. Drª Marta Rovery <strong>de</strong> Souza<br />

Data da Defesa: 29/08/2006<br />

Resumo:<br />

O processo <strong>de</strong> globalização, presente no mundo mo<strong>de</strong>rno, sedimentou <strong>de</strong> forma paulatina o<br />

esforço humano por superar fronteiras geograficamente existentes entre os povos, trazendo<br />

à tona um movimento populacional diferente dos já até então existentes. Movimento este<br />

impulsionado pela busca <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> trabalho e pelas facilida<strong>de</strong>s advindas da<br />

criação dos vários processos integracionistas assinados por diversos países. Esta<br />

dissertação preten<strong>de</strong> investigar como a globalização po<strong>de</strong> provocar, através <strong>de</strong> diversos<br />

fatores, como a reestruturação produtiva e espacial, o movimento populacional<br />

internacional entre os países do globo, enfocando esse movimento <strong>de</strong>ntro da América<br />

Latina. Investigando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as tentativas <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ntro do continente Sul Americano,<br />

até a assinatura do Tratado <strong>de</strong> Assunção, documento criador do MERCOSUL. Buscará<br />

enten<strong>de</strong>r os recentes movimentos imigratórios para o Brasil no contexto intrabloco. Neste<br />

sentido analisará a evolução econômica, política e social dos países signatários, na<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 129


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

tentativa <strong>de</strong> captar as justificativas para este crescente movimento populacional, que hoje<br />

atinge além das metrópoles brasileiras, as regiões limítrofes com os <strong>de</strong>mais <strong>Estado</strong>s Partes,<br />

como o Centro-Oeste.<br />

7.45 A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO<br />

Autor: Marcelo Rodrigues Mendonça<br />

Orientador: Profª. Drª: Gilka Vasconcelos Ferreira <strong>de</strong> Salles<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 01/08/1998<br />

Resumo:<br />

A Questão Regional e o Campesinato - a alhicultura em Catalão-GO, menciona duas<br />

temáticas, ao mesmo tempo distintas e interrelacionadas. Ao mencionar a questão regional<br />

no Brasil enfoca-se a questão nor<strong>de</strong>stina, evi<strong>de</strong>nciando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever a temática,<br />

bem como, apontar consi<strong>de</strong>rações acerca da forma e do conteúdo dos estudos regionais. Ao<br />

discutir o campesinato, tema <strong>de</strong> enorme complexida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> infinitas observações na<br />

aca<strong>de</strong>mia, propõese compreendê-lo a partir da realida<strong>de</strong> investigada, seus gestos, suas<br />

falas, suas dificulda<strong>de</strong>s, suas esperanças, enfim suas histórias <strong>de</strong> vida. O presente trabalho<br />

foi construído a partir da vivência dos sujeitos históricos investigados - os produtores-<br />

alhicultores - camponeses na comunida<strong>de</strong> Morro Agudo (Cisterna), no município <strong>de</strong><br />

Catalão-GO. O trabalho foi dividido em três partes: no primeiro capítulo aborda-se<br />

parcialmente a constituição do pensamento regional, resgatando a relação região-espaço<br />

vivido, como fundamental para a elaboração dos estudos regionais. No segundo capítulo,<br />

<strong>de</strong>lineia-se a partir da intensa revisão bibliográfica, a abordagem teórico-metodológica<br />

utilizada para a compreensão do campesinato e <strong>de</strong> suas características. Enfoca-se as<br />

estratégias (re)criadas pelos camponeses frente aos obstáculos criados pelo aparato<br />

creditício e financeiro, frente a política <strong>de</strong> importações adotadas pelo <strong>Estado</strong> brasileiro, a<br />

falta <strong>de</strong> assistência técnica, <strong>de</strong>ntre outros. Apresenta-se uma <strong>de</strong>scrição da comunida<strong>de</strong><br />

pesquisada, suas manifestações sócio-culturais, além dos elementos que (re)produzidos<br />

historicamente materializam-se nas paisagens locais. No terceiro capítulo buscase<br />

compreen<strong>de</strong>r as vivências, o modo <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> viver das famílias camponesas, a partir das<br />

relações com o mercado competitivo e globalizado. Utilizou-se fontes orais, documentos<br />

diversos, questionários e entrevistas, cujas informações foram incorporadas ao longo do<br />

texto, a partir <strong>de</strong> citações, gráficos, tabelas, <strong>de</strong>poimentos, etc, essenciais para a<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 130


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

compreensão do universo social, político, econômico e cultural dos produtores-alhicultores<br />

e suas inter-relações com a economia globalizada.<br />

7.46 ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO<br />

SUDOESTE DE GOIÁS – 1970-1995<br />

Autor: Débora Fergunson Ferreira<br />

Orientador: Prof. Dr José Flores Fernan<strong>de</strong>s Filho<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 01/04/2001<br />

Resumo:<br />

A proposta <strong>de</strong>ste trabalho consiste em analisar as transformações ocorridas na agricultura<br />

na região Sudoeste <strong>de</strong> Goiás. Para tal finalida<strong>de</strong> foram selecionadas as seguintes<br />

microrregiões: Meia Ponte, Sudoeste <strong>de</strong> Goiás e Vale do Rio dos Bois, presentes nos<br />

Censos agropecuários realizados pela Fundação IBGE com base nos anos <strong>de</strong> 1970, 1975,<br />

1980, 1985 e 1995/96. A análise foi feita através dos seguintes instrumentos: coleta <strong>de</strong><br />

dados estatísticos para constatação da evolução da agricultura brasileira no período <strong>de</strong><br />

1970 a 1995/96; leitura <strong>de</strong> contribuições <strong>de</strong> autores <strong>de</strong> economia para entendimento das<br />

mudanças tecnológicas que afetam a área rural: entrevistas realizadas com os produtores<br />

rurais, engenheiros agrônomos, proprietários <strong>de</strong> revenda <strong>de</strong> produtos agrícolas e gerentes<br />

<strong>de</strong> agências bancárias. O <strong>de</strong>senvolvimento do estudo foi feito, principalmente, abordando<br />

os aspectos teóricos que tratam da mo<strong>de</strong>rnização da agricultura; a seguir, relata-se o<br />

processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da agricultura brasileira, posteriormente, apresentam-se as<br />

políticas <strong>de</strong> fomento da agricultura nos Cerrados Brasileiros e, finalmente, trata-se das<br />

transformações ocorridas na agricultura do Sudoeste Goiano. Com os resultados obtidos foi<br />

possível perceber que houve na região a substituição das culturas <strong>de</strong> menor valor intrínseco<br />

pela <strong>de</strong> maior valor intrínseco; que a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os produtos analisados<br />

apresentou crescimento, isto da intensificação do uso <strong>de</strong> novas tecnologias; e, também, que<br />

o crédito rural foi o principal <strong>de</strong>terminante no processo inicial da mo<strong>de</strong>rnização da<br />

agricultura na Região Sudoeste <strong>de</strong> Goiás.<br />

7.47 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO<br />

FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA<br />

Autor: Nagyla Salomão Alves <strong>de</strong> Souza<br />

Orientador: Profª. Drª Lucia Cony Faria Cida<strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 131


Data da <strong>de</strong>fesa: 01/08/2001<br />

Resumo:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O estudos sobre re<strong>de</strong>s urbanas po<strong>de</strong>m enfocar diversos aspectos da realida<strong>de</strong> espacial das<br />

cida<strong>de</strong>s articuladas em forma <strong>de</strong> re<strong>de</strong>. Entre esses aspectos, a circulação constitui-se em<br />

um dos mais importantes, <strong>de</strong>vido à crescente integração que se processa entre os centros<br />

urbanos, por meio dos variados fluxos <strong>de</strong> pessoas, bens e idéias. O movimento <strong>de</strong> pessoas<br />

<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> para outra conforma um tipo <strong>de</strong> fluxo que po<strong>de</strong> revelar diferenciações<br />

funcionais entre esses mesmos centros. Movimentos pendulares <strong>de</strong> pessoas a trabalho, para<br />

fazer compras, fechar negócios ou mesmo para fazer visitas e com objetivos <strong>de</strong> lazer<br />

trazem consigo as características funcionais das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada re<strong>de</strong> urbana.<br />

Os fluxos <strong>de</strong> todos os tipos, entre eles os humanos, espelham a forma <strong>de</strong> integração dos<br />

centros urbanos num <strong>de</strong>terminado sistema <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. A presente pesquisa se propõe a<br />

analisar o caso <strong>de</strong> Brasília e Goiânia, pertencentes à re<strong>de</strong> urbano da região Centro-Oeste do<br />

Brasil, buscando i<strong>de</strong>ntificar, por intermédio dos movimentos humanos realizados por<br />

viagens <strong>de</strong> ônibus <strong>de</strong> caráter interestadual, quais os tipos <strong>de</strong> ligações que existem entre as<br />

duas cida<strong>de</strong>s e se os fluxos humanos são capazes <strong>de</strong> revelar diferenciações funcionais entre<br />

estas duas jovens capitais do Centro-Oeste. Também são comparados por meio dos dados<br />

secundários sobre fluxo <strong>de</strong> pessoas, o movimento <strong>de</strong> Brasília e Goiânia entre si, e <strong>de</strong> cada<br />

uma <strong>de</strong>las com alguns centros do Su<strong>de</strong>ste e, secundariamente, o movimento daquelas duas<br />

cida<strong>de</strong>s com outros centros formadores <strong>de</strong> sua re<strong>de</strong> urbana. O objetivo <strong>de</strong>ssa comparação é<br />

perceber se os fluxos humanos revelam algum tipo <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> urbana do<br />

Centro-Oeste em contraposição a uma ascendência do Su<strong>de</strong>ste sobre essa região. Para<br />

tanto, forma realizadas análises sobre dados secundários <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> passageiros e<br />

sobre a economia das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Brasília, al[em <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> campo elaborada na<br />

forma <strong>de</strong> questionário, junto aos passageiros do trajeto Brasília-Goiânia, buscando<br />

i<strong>de</strong>ntificar, prioritariamente, os motivos e a freqüência das viagens. A presente pesquisa<br />

conclui que as interações entre Brasília e Goiânia, estabelecidas pelo fluxo <strong>de</strong> pessoas que<br />

viajam <strong>de</strong> ônibus entre as duas cida<strong>de</strong>s, são intensas, revelam diferenças <strong>de</strong> peso das suas<br />

principais funções, que são semelhantes e, contrariamente ao que se pensava, chama<br />

atenção para a relevância das re<strong>de</strong>s sociais, e contraposição a aspectos puramente<br />

econômicos.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 132


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.48 ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA –<br />

TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS<br />

Autor: Janes Socorro da Luz<br />

Orientador: Profª Dra. Nelba <strong>de</strong> Azevedo Penna<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 2001<br />

Resumo:<br />

O principal objetivo <strong>de</strong>ssa dissertação é <strong>de</strong>stacar a importância da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Anápolis para<br />

a compreensão da dinâmica urbana, através da análise do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e<br />

das implicações que a sua posição geográfica estratégica oferece ao longo <strong>de</strong> sua história.<br />

Enfoca a ativida<strong>de</strong> comercial atacadista que transforma-se em atacadista-transportador para<br />

aten<strong>de</strong>r às exigências impostas pela mo<strong>de</strong>rnização e cuja a especialização produz um novo<br />

dinamismo no espaço urbano <strong>de</strong> Anápolis. Analisa a dinâmica do espaço urbano e a<br />

importância do comércio atacadista na produção das infra-estruturas necessárias para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento urbano inserido no contexto da mo<strong>de</strong>rnização e especialização das<br />

ativida<strong>de</strong>s econômicas na atualida<strong>de</strong> das re<strong>de</strong>s técnicas e <strong>de</strong> informação, utilizando como<br />

referência a teoria dos circuitos superior e inferior da economia para <strong>de</strong>stacar a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> articulação do setor atacadista <strong>de</strong> transportador. Uma teoria que embasa a análise do<br />

processo evolutivo dos circuitos produtivos. É um trabalho que contribui para a<br />

compreensão <strong>de</strong> uma área que, na atualida<strong>de</strong>, apresenta gran<strong>de</strong> dinamismo indicando na<br />

formação <strong>de</strong> novas relações entre os centros urbanos próximos, nos quais a especialização<br />

representa um mecanismo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação das empresas ao novo mercado que se forma.<br />

7.49 A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS<br />

Autora: Cristina Socorro da Silva<br />

Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 01/03/2002<br />

Resumo:<br />

Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da substância amianto a nível<br />

regional e estadual e os impactos econômicos ocorridos após o fechamento do mercado<br />

internacional para sua comercialização, dando ênfase à balança comercial, arrecadação<br />

tributária, mercado <strong>de</strong> trabalho, renda do município <strong>de</strong> Minaçu e do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás<br />

advinda da produção do minério e comercialização do produto. Para maior compreensão<br />

do leitor, aborda-se estudos e diagnósticos levantados sobre a real agressão do minério e <strong>de</strong><br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 133


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

seus <strong>de</strong>rivados à saú<strong>de</strong> humana e ao meio ambiente, além das medidas legais tomadas para<br />

proteção ambiental a nível nacional e internacionais e, os produtos substitutivos com<br />

alternativa. A metodologia adotada na execução do trabalho foi a seleção e análise<br />

bibliográfica em livros, revistas, periódicos e em sites especializados, pesquisas <strong>de</strong> campo<br />

e entrevistas realizadas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minaçu: na empresa SAMA S.A., na prefeitura e na<br />

agenfa; além <strong>de</strong> pesquisas em órgãos estaduais e fe<strong>de</strong>rais, ligados ao setor mineral como:<br />

AGIM - GO, DNPM - 6º DS/GO, DNPM - Se<strong>de</strong>, ETERNIT S. A., MIC - SECEX, MME e,<br />

a economia do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás como: secretarias <strong>de</strong> finanças, fazenda, planejamento e<br />

orçamento. Os dados estatísticos foram levantados tomando como base as publicações:<br />

Anuário Mineral Brasileiro (AMB), Sumário Mineral Brasileiro (SMB), Balanço Mineral<br />

Brasileiro (BMB), Balanço Social da Empresa SAMA S. A. além do <strong>Relatório</strong> Anual <strong>de</strong><br />

Lavra, Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE). Para análise dos efeitos do<br />

minério e do produto ao meio ambiente e à saú<strong>de</strong> humana, os dados foram adquiridos<br />

através <strong>de</strong> contatos nos órgãos nacionais ligados à problemática do banimento como: a<br />

ABICRISO, ABIFIBRO, ABRA, ABREA, CEA, CNI, CNTI, CONAMA, EPM, GIS,<br />

INCOR, INSER, IPT, UNICAMPO e USP, em revistas especializadas como FORBES, e<br />

em órgãos internacionais como: EPA, NCR, WHO. E após o <strong>de</strong>senvolvimento do estudo,<br />

concluímos que a economia do município <strong>de</strong> Minaçu estará seriamente comprometida caso<br />

ocorra o banimento do minério, impactando o crescimento econômico do município, tendo<br />

em vista que a sua principal ativida<strong>de</strong> econômica e <strong>de</strong> arrecadação tributária nos anos 90<br />

foi a indústria <strong>de</strong> exploração do minério amianto crisotila e exportação <strong>de</strong> suas fibras,<br />

induzindo efeitos multiplicadores locacionais e estimulando a formação das ativida<strong>de</strong>s<br />

nãobásicas, gerando <strong>de</strong>manda por bens e serviços. Entretanto, não haverá um significativo<br />

impacto na economia regional do <strong>Estado</strong> <strong>de</strong> Goiás, tendo em vista a pequena participação<br />

do setor mineral como fonte geradora <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> emprego frente a outros setores como<br />

agricultura e pecuária. Observou-se ao longo da pesquisa que ainda não foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas fibras sintéticas com características físicas e econômicas viáveis às<br />

empresas produtoras nacionais e internacionais principalmente para o setor <strong>de</strong> construção<br />

civil no ramo <strong>de</strong> casas populares.<br />

7.50 AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM<br />

CATALÃO E OUVIDOR - GOIÁS<br />

Autor César Antonio <strong>de</strong> Oliveira<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 134


Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 01/04/2002<br />

Resumo:<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

A característica marcante da história da humanida<strong>de</strong> é sua <strong>de</strong>pendência dos recursos<br />

naturais para sobrevivência enquanto espécie e para melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

relacionada a avanços tecnológicos. Apesar <strong>de</strong>ste entendimento, a ciência econômica<br />

tradicional não condicionou trabalhar tais recursos como uma <strong>de</strong> suas gran<strong>de</strong>s<br />

preocupações analíticas quanto à escassez, em muitos casos, subjugando-os à condição <strong>de</strong><br />

"externalida<strong>de</strong>s". Todavia, as últimas décadas, caracterizadas pela imensa incorporação <strong>de</strong><br />

recursos naturais e pela agregação <strong>de</strong> novas regiões ao circuito da produção mundial,<br />

exigiram que uma nova forma <strong>de</strong> avaliação fosse estabelecida. Os métodos e as<br />

metodologias sofreram mudanças no seu escopo <strong>de</strong> análise, agregando valores qualitativos<br />

que não eram tidos como fundamentais, entre os quais as questões dos impactos regionais e<br />

ambientais. Regiões ganharam <strong>de</strong>staque quando portadoras <strong>de</strong> recursos naturais que<br />

interessassem ao circuito produtivo, sendo este o caso da microrregião do entorno <strong>de</strong><br />

Catalão-GO, que se tornou um dos mais importantes pólos <strong>de</strong> crescimento econômico-<br />

social do estado, sustentado na mineração <strong>de</strong> fosfato e <strong>de</strong> nióbio. Este trabalho buscou<br />

avaliar os impactos, na esfera econômico-social-ambiental, da ativida<strong>de</strong> mineradora <strong>de</strong><br />

nióbio sobre esta região, à expectativa <strong>de</strong> que esta foi uma das principais responsáveis pela<br />

mudança <strong>de</strong> cenário, ocorrida nos últimos 30 anos. Avaliou impactos sobre o montante e o<br />

perfil populacional; sobre a atração a outras ativida<strong>de</strong>s econômicas; sobre o nível <strong>de</strong><br />

emprego; sobre os aspectos educacionais; sobre a infra-estrutura local; sobre a tributação;<br />

sobre a cultura; e sobre o meio-ambiente. Em caráter conclusivo, constatou-se que embora<br />

exista toda uma dificulda<strong>de</strong> em isolar a exploração <strong>de</strong> nióbio da mineração como um todo,<br />

pois seu crescimento se <strong>de</strong>u ao mesmo tempo da exploração <strong>de</strong> fosfato, é possível<br />

classificá-la como importante componente regional, quanto à rarida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stinação e<br />

participação no mercado mundial. Constatou-se também que os impactos avaliados foram<br />

substanciais, alterando todo o perfil sócio-econômico regional, apresentando uma nova<br />

estrutura com sólida tendência <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, mesmo projetando o fim da ativida<strong>de</strong><br />

mineradora, diferente <strong>de</strong> outras regiões que se <strong>de</strong>stacaram, historicamente, com a<br />

mineração e não se sustentaram.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 135


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

7.51 SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA<br />

MODERNIZADA EM JATAÍ<br />

Autor: Ivanilton José <strong>de</strong> Oliveira<br />

Orientador: Profª Drª Clau<strong>de</strong>tte Barriguela Junqueira<br />

Data <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: 01/10/.2002<br />

Resumo:<br />

Jataí, município do sudoeste goiano, é um bom exemplo da dinâmica <strong>de</strong> ocupação das<br />

paisagens na área core do cerrado brasileiro. Seus ambientes rurais, outrora dominados por<br />

cerrados, campestres e matas, ce<strong>de</strong>ram lugar às paisagens antrópicas, compondo um<br />

cenário homogeneizado e simplificado. Este trabalho procura <strong>de</strong>monstrar as características<br />

dos ambientes naturais <strong>de</strong> Jataí, como sua geologia, seu relevo, seus solos, seu clima e sua<br />

vegetação original, na tentativa <strong>de</strong> vislumbrar suas inter-relações, expressas na forma <strong>de</strong><br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> paisagem. Apresenta, também, a dinâmica da ocupação <strong>de</strong> terras no município,<br />

enfocando principalmente o período após os anos 50, do século XX. O conhecimento das<br />

paisagens naturais e como elas foram sendo ocupadas pelas ativida<strong>de</strong>s produtivas permitiu<br />

uma discussão sobre a sustentabilida<strong>de</strong> das formas <strong>de</strong> uso da terra em Jataí, em especial<br />

com o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização agropecuária, que marcou a consolidação dos espaços<br />

<strong>de</strong>stinados à produção agrícola <strong>de</strong> caráter estritamente comercial. A análise enfoca tanto os<br />

ganhos quanto os problemas oriundos <strong>de</strong>ssa transformação sócio-espacial. A execução das<br />

etapas da pesquisa esteve pautada pelo uso das chamadas geotecnologias, como os<br />

sistemas <strong>de</strong> informações geográficas (SIG) e os produtos <strong>de</strong> sensoriamento remoto, cujas<br />

aplicações na análise geográfica são inúmeras, mas que ainda são pouco exploradas ou<br />

subutilizadas, principalmente nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gestão do espaço e análise ambiental.<br />

7.52 INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO)<br />

NO PERÍODO DE 1970 A 2000<br />

Autor: Nágela Aparecida <strong>de</strong> Melo<br />

Orientadora: Profª Drª Beatriz Ribeiro Soares<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2003<br />

Resumo:<br />

Jataí é um município goiano, localizado na porção sudoeste do estado, originado no<br />

contexto econômico da expansão da agropecuária tradicional para o interior <strong>de</strong> Goiás, no<br />

século XIX. É integrante do conjunto do espaço brasileiro, cuja “invenção” e<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 136


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

transformações, bem como apreensão <strong>de</strong>sses processos passam necessariamente por uma<br />

análise que consi<strong>de</strong>re as relações sociais, políticas e econômicas <strong>de</strong>senvolvidas<br />

historicamente no País. Essas relações são mediadas, orientadas e ou sofrem interferências<br />

<strong>de</strong> “forças” exógenas que, <strong>de</strong>ntro da lógica <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sigual e combinado do<br />

capital, exercem ações no sentido da configuração <strong>de</strong> espaços homogêneos para a<br />

circulação e reprodução do capital. Os espaços po<strong>de</strong>m, portanto, ter este aspecto, mas ao<br />

mesmo tempo são unos, singulares, expressam as relações mais íntimas dos lugares e das<br />

pessoas dos lugares. Jataí, além <strong>de</strong> ser parte <strong>de</strong>sse contexto macro, é também, como a<br />

maioria das cida<strong>de</strong>s e municípios goianos, uma construção a partir das relações do campo,<br />

e tem sua própria história. Jataí é a expressão espacial da acumulação <strong>de</strong> tempos. Tempo<br />

dos pioneiros mineiros e paulistas com suas famílias e escravos, dos nativos indígenas e<br />

das suas metamorfoses; tempo também dos tradicionais fazen<strong>de</strong>iros goianos, da criação <strong>de</strong><br />

bovinos, dos meeiros, dos agregados, da cida<strong>de</strong> com função econômica limitada; e, ainda,<br />

tempo da substituição do trabalho braçal pela máquina, dos cerrados pela soja e milho, da<br />

produção para subsistência nas terras <strong>de</strong> cultura, da produção para a agroindústria nos<br />

chapadões, dos migrantes sulistas, enfim, da transformação da cida<strong>de</strong> dos notáveis em<br />

cida<strong>de</strong> econômica. Este trabalho trata, especificamente, do processo <strong>de</strong> (re)organização<br />

sócio-espacial da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jataí (GO), diante do contexto histórico da mo<strong>de</strong>rnização da<br />

produção agrícola no município (1970-2000).<br />

7.53 INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA<br />

REGIÃO DE CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO<br />

MINEIRO<br />

Autor: Marajá João Alves <strong>de</strong> Mendonça Filho<br />

Orientadora: Maria Geralda <strong>de</strong> Almeida<br />

Data <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: 07/07/2005<br />

Resumo:<br />

Os quartéis do Exército são posicionados <strong>de</strong>ntro do território nacional, e mais<br />

especificamente, no cerrado do Brasil Central, <strong>de</strong> forma organizada e estratégica.<br />

Entretanto, são poucas as pessoas que conhecem os reais motivos que os estabeleceram nas<br />

cida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> estão, os quais justificam suas existências. Em busca <strong>de</strong> respostas, o objetivo<br />

estabelecido foi analisar o processo <strong>de</strong> instalação dos quartéis da força terrestre do Exército<br />

Brasileiro nas áreas <strong>de</strong> cerrado <strong>de</strong> Goiás, Tocantins, Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Triângulo Mineiro,<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 137


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

suas relações geopolíticas com a <strong>de</strong>fesa nacional, <strong>de</strong>ntro do movimento <strong>de</strong> expansão das<br />

frentes pioneiras. Observou-se que a crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da segurança do<br />

país, diante do conturbado contexto mundial no século XX, caracterizado pelas constantes<br />

ameaças <strong>de</strong> invasões <strong>de</strong> territórios alheios, fez com que vários países, inclusive o Brasil,<br />

aumentassem e aperfeiçoassem suas estruturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Desta forma, este período<br />

<strong>de</strong>stacou-se por uma série <strong>de</strong> criações <strong>de</strong> novas Unida<strong>de</strong>s Militares em todo o território<br />

nacional, ocasionando gran<strong>de</strong>s remanejamentos <strong>de</strong> quartéis entre cida<strong>de</strong>s, com o objetivo<br />

assegurar o po<strong>de</strong>r nacional. O processo <strong>de</strong> instalações <strong>de</strong> novas Organizações Militares foi<br />

marcado pela geopolítica governamental <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong>mográfica do Oeste brasileiro, em<br />

especial, as áreas <strong>de</strong> cerrado. Chegou-se ao entendimento que os quartéis são frutos da<br />

unida<strong>de</strong> contraditória do espaço que vai sendo tecida, a partir da inserção do capital,<br />

privilegiando algumas regiões em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras, seja por fatores físicos, sociais ou<br />

políticos, <strong>de</strong>terminando assim, o lócus das Unida<strong>de</strong>s Militares.<br />

7.54 O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO<br />

PÓLO DE MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS<br />

Autor: Magda Valéria da Silva<br />

Orientador: João Batista <strong>de</strong> Deus<br />

Data <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa: 11/10/2005<br />

Resumo:<br />

Este trabalho tem por objetivo apresentar a estruturação em re<strong>de</strong> do Pólo <strong>de</strong> Moda Íntima<br />

<strong>de</strong> Catalão/Goiás, sendo consi<strong>de</strong>rado como principal e maior pólo <strong>de</strong>ste gênero no estado<br />

<strong>de</strong> Goiás. Para compreen<strong>de</strong>r sua estruturação é necessário resgatar a inserção do município<br />

no meio técnico-científico-informacional a partir da década <strong>de</strong> 1970, bem como sua<br />

articulação com capital. O entendimento <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> uma base teórica amparada na<br />

teoria miltoniana dos dois circuitos da economia urbana nos países sub<strong>de</strong>senvolvidos<br />

(circuito superior e inferior). Nesse contexto, consi<strong>de</strong>ramos que o perfil produtivo e<br />

econômico apresentado pelas confecções <strong>de</strong> lingerie que compõem o setor <strong>de</strong> moda íntima<br />

em Catalão está contextualizado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes dois circuitos, o inferior, apresentado<br />

sumariamente por ativida<strong>de</strong>s comerciais, produtivas e <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> pequena escala e o<br />

superior, por abarcar ativida<strong>de</strong>s que envolvem gran<strong>de</strong>s empresas, instituições financeiras,<br />

ou seja, o gran<strong>de</strong> capital. A estruturação do Pólo <strong>de</strong> Moda Íntima em uma re<strong>de</strong> que a<br />

consi<strong>de</strong>ramos como local, vem sendo apresentando ao longo <strong>de</strong> seu processo estruturante<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 138


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

sucessos e fracassos, porém a persistência individual <strong>de</strong> cada empresário, a união <strong>de</strong>sses<br />

mesmos empresários culminou na criação da UNICON, que começa a realizar parcerias<br />

objetivando o <strong>de</strong>senvolvimento do setor. Entre elas encontra-se a iniciativa do SENAI em<br />

instalar uma “Oficina <strong>de</strong> Moda Íntima”, que qualificará mão-<strong>de</strong>-obra para o mercado <strong>de</strong><br />

trabalho local. A oficina representa um avanço técnico e tecnológico para o setor, sendo a<br />

única do estado. Portanto, a estruturação <strong>de</strong>ste Pólo não se realiza em um contexto isolado,<br />

pois a dinâmica e a flui<strong>de</strong>z que o município tem e vem adquirindo nas últimas décadas tem<br />

favorecido não só o setor, mas o município em suas mais variadas ativida<strong>de</strong>s econômicas.<br />

8 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO<br />

8.1 SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA<br />

DE AÇÃO PARA O SEBRAE<br />

Ampliação da Re<strong>de</strong>Sist<br />

Dinâmica produtiva e inovativa do APL <strong>de</strong> confecções da região <strong>de</strong> Jaraguá-Go<br />

Sérgio Duarte <strong>de</strong> Castro<br />

Apresentação<br />

O presente trabalho é uma síntese da nota técnica <strong>de</strong> uma pesquisa sobre o arranjo<br />

produtivo local (APL 18 ) <strong>de</strong> confecções da região <strong>de</strong> Jaraguá-Go, realizada entre maio <strong>de</strong><br />

2003 e janeiro <strong>de</strong> 2004, no âmbito <strong>de</strong> um projeto que a Re<strong>de</strong>Sist vem <strong>de</strong>senvolvendo, em<br />

parceria com o Sebrae, <strong>de</strong> estudo dos APLs <strong>de</strong> micro e pequenas empresas (MPEs) no<br />

Brasil.<br />

18 Arranjos Produtivos Locais são “aglomerações territoriais <strong>de</strong> agentes econômicos, políticos e sociais, com<br />

foco em um conjunto específico <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas e que apresentam vínculos e inter<strong>de</strong>pendência.<br />

Geralmente, envolvem a participação e a interação <strong>de</strong> empresas – que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> produtoras <strong>de</strong> bens e<br />

serviços finais até fornecedoras <strong>de</strong> insumos e equipamentos, prestadoras <strong>de</strong> consultoria e serviços,<br />

comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas <strong>de</strong> representação e associação. Incluem,<br />

também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação <strong>de</strong> recursos<br />

humanos, como escolas técnicas e universida<strong>de</strong>s; pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e engenharia; política,<br />

promoção e financiamento” Lastres e Cassiolato (2002).<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 139


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

O segmento <strong>de</strong> confecções é um dos que têm revelado maior dinamismo em Goiás<br />

nos últimos anos. Entre 1990 e 2003 a indústria confeccionista no estado cresceu a taxas<br />

sistematicamente superiores á média nacional. Enquanto o número <strong>de</strong> empresas na<br />

indústria <strong>de</strong> confecções no Brasil apresenta um crescimento acumulado <strong>de</strong> apenas 22,3%,<br />

entre 1990 e 2003, e o número <strong>de</strong> empregados cai 12,2% no mesmo período, em Goiás o<br />

número <strong>de</strong> empresas e <strong>de</strong> empregos crescem respectivamente 151,6% e 110,0% no<br />

segmento (RAIS-MTE, 2003).<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa indústria encontrar-se presente em um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> municípios<br />

no estado, ela revela uma forte concentração em algumas aglomerações, entre as quais as<br />

principais são a <strong>de</strong> Goiânia, juntamente com Trinda<strong>de</strong>, e a <strong>de</strong> Jaraguá, integrada com os<br />

municípios vizinhos <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Goiás, Itaguaru e Uruana.<br />

Nessa última aglomeração, a concentração geográfica <strong>de</strong> firmas <strong>de</strong> confecção atraiu<br />

para a região outros segmentos da ca<strong>de</strong>ia, e contribuiu para a intensificação das relações<br />

produtivas, comerciais e tecnológicas no seu âmbito, assim como as relações das empresas<br />

com instituições locais - como associações empresariais, universida<strong>de</strong>s, instituições <strong>de</strong><br />

capacitação <strong>de</strong> RH, e órgãos estaduais e fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> suporte - caracterizando a existência <strong>de</strong><br />

um arranjo produtivo local com gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

O objetivo da pesquisa foi <strong>de</strong> caracterizar o arranjo, procurando enten<strong>de</strong>r sua<br />

dinâmica, especialmente no que diz respeito à interação e cooperação inter-firmas e/ou<br />

instituições para o aprendizado e a inovação. O trabalho objetivava, ainda, i<strong>de</strong>ntificar as<br />

dificulda<strong>de</strong>s e potencialida<strong>de</strong>s do APL para, a partir <strong>de</strong>las, apontar sugestões <strong>de</strong> política<br />

para seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida através da realização <strong>de</strong> entrevistas com os principais atores<br />

institucionais do arranjo, além da aplicação <strong>de</strong> questionário elaborado pela Re<strong>de</strong>Sist em<br />

uma amostra das empresas <strong>de</strong> confecção da região. A amostra, estratificada por porte <strong>de</strong><br />

empresas e municípios do arranjo, constituiu-se <strong>de</strong> 66 empresas do setor e foi<br />

aleatoriamente selecionada a partir do cadastro da RAIS 19 .<br />

19 Os dados secundários constantes no trabalho foram atualizados para essa publicação e algumas análises<br />

posteriores foram acrescentadas.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 140


9 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO<br />

DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

9.1 O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO<br />

ECONÔMICA DE GOIÁS<br />

Autor: ESTEVAM, Luís<br />

Ano: 1998<br />

9.2 AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA<br />

Autor: Armantino Alves Pereira (org) et al<br />

Ano: 2004<br />

Resumo:<br />

Parte I: AGRICULTURA TRADICIONAL. Retrata aspectos históricos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase da<br />

mineração, esta, ce<strong>de</strong>ndo lugar à pecuária e, posteriormente, à agricultura, finalmente, à<br />

consolidação da pecuária extensiva e agricultura <strong>de</strong> subsistência.<br />

Parte II: AGRICULTURA MODERNA. Descreve a transição evolutiva da agricultura<br />

tradicional p/ a agricultura Mo<strong>de</strong>rna, tecnológica ou mercadológica, incluindo as principais<br />

instituições, programas especiais e projetos agropecuária e seus reflexos sócio-econômicos;<br />

<strong>de</strong>stacando-se entre estes, a atual competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás na região Centro-Oeste e entre<br />

os <strong>Estado</strong>s brasileiros. Realça, todavia, que a agropecuária representa o pilar básico do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento estadual, la<strong>de</strong>ada por outros pólos dinâmicos, convergindo para o foco<br />

principal: a melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população goiana em busca <strong>de</strong> cidadania.<br />

Parte III: AGRICULTURA FUTURA. Revela realida<strong>de</strong>s e projetos em andamento no orbe<br />

todo, reconhece perspectivas e vislumbra o cenário futuro à agropecuária <strong>de</strong> Goiás em suas<br />

multifacetadas alternativas diante da biotecnologia, da engenharia genética, da<br />

sustentabilida<strong>de</strong>, da ecologia, da informática e do agronegócio, seguindo a esteira dos<br />

eventos técnico-científicos e das políticas <strong>de</strong>senvolvimentistas que ocorrem em diferentes<br />

países, modificando e plasmando o cenário da agropecuária, lá e aqui. Evi<strong>de</strong>ncia a<br />

preocupação <strong>de</strong> cientistas, políticos, técnicos, ecologistas e produtores, que, atentos,<br />

questionam qual será o papel da agricultura futura no mundo, no Brasil e em Goiás, qual<br />

será o perfil do técnico e do produtor?<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 141


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

Parte IV: CONHEÇA MAIS. Expõe o pensamento <strong>de</strong> pessoas que atuam no campo da<br />

política, do ensino e do técnico-agropecuário, em face <strong>de</strong> sua visão e missão, revelam sua<br />

experiência, sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem proativos e como vêem a vinculação Ensino-Pesquisa-<br />

Extensão na busca da melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, equida<strong>de</strong> social e cidadania para a<br />

socieda<strong>de</strong> goiana e brasileira.<br />

9.3 A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000<br />

Goiânia: Editora.da UCG<br />

Ano: 2007<br />

Eduardo Rodrigues da Silva<br />

Resumo:<br />

Esse livro trata da economia <strong>de</strong> Goiás no período <strong>de</strong> 1970 a 2000 e encontra-se dividido<br />

em três capítulos. O primeiro aborda a integração do estado no contexto comercial com<br />

São Paulo e os efeitos regionais das políticas públicas como a Marcha para o Oeste, as<br />

construções <strong>de</strong> Goiânia e Brasília, a instituição do Crédito Rural e as políticas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento regionais, até a década <strong>de</strong> 1970.<br />

O segundo capítulo trata das conseqüências da mo<strong>de</strong>rnização agrícola no estado, nos anos<br />

1980, em gran<strong>de</strong> parte, influenciadas pelas ações governamentais na Política <strong>de</strong> Garantia<br />

<strong>de</strong> Preços Mínimos, no Fundo Constitucional do Centro-Oeste, na disponibilização <strong>de</strong><br />

recursos do BNDES e na a<strong>de</strong>são à “guerra fiscal”.<br />

O terceiro aponta os resultados das políticas neoliberais no âmbito regional, mostrando que<br />

Goiás aprofundou sua integração <strong>de</strong> forma complementar ao dinamismo do Su<strong>de</strong>ste<br />

brasileiro e cresceu, no período, acima da média nacional.<br />

9.4 CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS<br />

Autora: Cleonice Rocha, Francisco Leonardo Tejerina-Garro, José Paulo Pietrafesa –<br />

Organizadores<br />

Ano: 2008<br />

ISBN: 978-85-7103-373<br />

Resumo:<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 142


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

A obra divi<strong>de</strong>-se em três capítulos: abordagem ambiental, abordagem socioeconômica e<br />

abordagem técnico-econômica. Cada uma <strong>de</strong>ssas partes se subdivi<strong>de</strong> em tópicos<br />

específicos e tem o seu <strong>de</strong>senvolvimento e a sua conclusão. Os organizadores ressaltam<br />

que é necessário enten<strong>de</strong>r o que está acontecendo no espaço ambiental nos múltiplos<br />

aspectos levantados, por enten<strong>de</strong>r eu a ciência é o aminho para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> alternativas<br />

que levem as comunida<strong>de</strong>s a construíres um pensamento crítico, possibilitando, assim,<br />

mudanças na prática da relação seres humanos/ambiente. Portanto, o objetivo básico dos<br />

textos é situar a problemática ambiental no estado <strong>de</strong> Goiás, abordando aspectos<br />

biológicos, socioeconômicos e técnico-científicos na perspectiva do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável.<br />

9.5 GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA<br />

Autor: Aristi<strong>de</strong>s Moysés<br />

Ano: 2004<br />

ISBN: 0000000000<br />

Resumo:<br />

Este livro reflete sobre o papel da cida<strong>de</strong> enquanto espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

adota a linha <strong>de</strong> raciocínio <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um espaço <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong><br />

integração sociais e <strong>de</strong> que a participação popular e a gestão <strong>de</strong>mocrática do po<strong>de</strong>r são<br />

requisitos indispensáveis para a concretização <strong>de</strong>ssa utopias. Recoloca o processo <strong>de</strong><br />

conformação do urbano no Centro-Oeste brasileiro, tendo como eixo condutor o papel das<br />

cida<strong>de</strong>s planejadas e implantadas no Planalto Central, <strong>de</strong>stacando a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia<br />

como pioneira <strong>de</strong>sse processo.<br />

10 ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA<br />

Em princípio, para a realização a primeira etapa do projeto, listamos um conjunto<br />

<strong>de</strong> estudos relacionados ao tema da pesquisa, porém, no <strong>de</strong>correr das reuniões,<br />

percebemos que não seria necessário resenhar todos. Elegemos aqui, alguns critérios para<br />

exclusão <strong>de</strong>stes estudos:<br />

Para o trabalho <strong>de</strong> pesquisa “Dinâmica Urbana dos <strong>Estado</strong>s” foram encontrados<br />

diversos estudos que têm relação com os temas propostos, contudo alguns com menor<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 143


DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1<br />

relevância para o projeto que justifique uma resenha. O fato <strong>de</strong> boa parte dos trabalhos<br />

serem dissertação <strong>de</strong> mestrado, que tem como característica intrínseca serem trabalhos<br />

pontuais, na maioria das vezes estudos <strong>de</strong> caso, com pouca abrangência espacial, torna-os<br />

secundários para a pesquisa. Todavia, consi<strong>de</strong>ramos os textos listados importantes para a<br />

execução do projeto, observando que servirão <strong>de</strong> importante fonte <strong>de</strong> consulta no <strong>de</strong>correr<br />

da pesquisa.<br />

A falta <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição precisa da metodologia fez com que optássemos por<br />

diretrizes gerais contidas no projeto “Dinâmica Urbana dos <strong>Estado</strong>s”. Como os trabalhos<br />

são, na sua maioria, pontuais, escolhemos, <strong>de</strong>ntre vários, os que contemplavam abordagens<br />

regionais, tais como o eixo Brasília-Goiânia, região Sudoeste <strong>de</strong> Goiás, temas gerais como<br />

população, etc.<br />

Assim como também foram excluídos os estudos fora do recorte temporal do<br />

projeto. Consi<strong>de</strong>ramos importante a produção que tem como corte temporal os anos<br />

anteriores. Sabemos que os fatores históricos são fundamentais para enten<strong>de</strong>rmos os<br />

processos ocorridos no presente, mas preferimos guardá-los como importante fonte <strong>de</strong><br />

pesquisa, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resenhá-los, nesse momento.<br />

Listamos textos referentes a temas que consi<strong>de</strong>ramos importantes, mas que não<br />

foram relacionados pelo IPEA, tais como: meio ambiente, etnia, cultura, religião, eventos<br />

sazonais (festas religiosas e turísticas). Os estudos referentes a esses temas não foram<br />

resenhados por consi<strong>de</strong>rarmos fora da abrangência da pesquisa, porém, esses trabalhos<br />

servirão <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> consulta para o momento da análise dos dados.<br />

UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 144

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