Caracterização da Pesca de Cerco na Costa Oeste Portuguesa - INRB
Caracterização da Pesca de Cerco na Costa Oeste Portuguesa - INRB
Caracterização da Pesca de Cerco na Costa Oeste Portuguesa - INRB
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
3<br />
INTRODUÇÃO<br />
A pesca costeira por cerco constitui uma <strong>da</strong>s mais importantes activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s pesqueiras <strong>de</strong> Portugal<br />
e a sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> é dirigi<strong>da</strong>, essencialmente, à captura <strong>de</strong> sardinha. Outras espécies <strong>de</strong> pequenos<br />
pelágicos, como o carapau (Trachurus trachurus), a cavala (Scomber japonicus), a sar<strong>da</strong><br />
(Scomber scombrus) e o biqueirão (Engraulis encrasicolus) fazem também parte <strong>da</strong>s espécies<br />
captura<strong>da</strong>s por esta arte, embora com um peso muito reduzido quando compara<strong>da</strong>s com a<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sardinha (INE, 1998). De facto, a frota costeira <strong>de</strong> cerco é responsável por<br />
<strong>de</strong>scargas que ron<strong>da</strong>m as 80000 t <strong>de</strong> pescado por ano, representando a sardinha cerca <strong>de</strong> 86 % do<br />
total <strong>de</strong> pescado <strong>de</strong>sembarcado (Parente, 1999).<br />
A pesca costeira por cerco, no Continente, é efectua<strong>da</strong>, quase <strong>na</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, por embarcações que<br />
operam com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cerco com uma malhagem mínima <strong>de</strong> 16 mm. A frota <strong>de</strong> cerco costeira,<br />
constituí<strong>da</strong> por 136 embarcações com cerca <strong>de</strong> 10-28 m <strong>de</strong> comprimento (média = 20 m),<br />
equipa<strong>da</strong>s com motores <strong>de</strong> 100-500 Hp que operam com re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões (até 1000 m<br />
<strong>de</strong> comprimento por 120 m <strong>de</strong> altura), encontra-se bastante envelheci<strong>da</strong> (cerca <strong>de</strong> 60 % <strong>da</strong>s<br />
embarcações tem mais <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>) (Parente, 2001). As diferenças <strong>na</strong>s características <strong>da</strong>s<br />
embarcações são bastante visíveis entre portos e regiões. Na região Norte encontram-se as<br />
embarcações mais recentes; <strong>na</strong> região Centro as embarcações apresentam dimensões superiores à<br />
média <strong>da</strong> frota assim como potências relativamente mais eleva<strong>da</strong>s; a frota <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Lisboa e<br />
Vale do Tejo é constituí<strong>da</strong> por embarcações muito diferencia<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s suas características<br />
dimensio<strong>na</strong>is, sendo relativamente <strong>de</strong> menores dimensões; <strong>na</strong> região Alentejo encontram-se<br />
embarcações relativamente recentes e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões; e, <strong>na</strong> região do Algarve, as<br />
embarcações encontram-se bastante envelheci<strong>da</strong>s. O número <strong>de</strong> pescadores envolvidos nesta<br />
activi<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> atingir vinte e quatro por embarcação (Parente, 2000).<br />
A frota <strong>de</strong> cerco costeira opera <strong>na</strong>s águas costeiras <strong>da</strong> plataforma continental portuguesa durante<br />
todo o ano e a sua activi<strong>da</strong><strong>de</strong> é regulamenta<strong>da</strong> por uma legislação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (número máximo <strong>de</strong><br />
180 dias <strong>de</strong> pesca por ano, paragens ao fim-<strong>de</strong>-sema<strong>na</strong>, capturas máximas por ano estabeleci<strong>da</strong>s<br />
pelas Organizações <strong>de</strong> Produtores) e europeia (11 cm tamanho mínimo <strong>da</strong> sardinha), sendo o<br />
regime <strong>de</strong> pesca diário.<br />
O presente estudo, <strong>de</strong>senvolvido em 2003, teve como objectivo caracterizar a pesca costeira por<br />
cerco, nos portos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> sardinha <strong>da</strong> Figueira <strong>da</strong> Foz, Sesimbra, Setúbal e Sines,<br />
através <strong>da</strong> sua <strong>de</strong>scrição e acompanhamento <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> pesca, durante três meses. Este