roteiro de estudos cap 2.pdf - FALE
roteiro de estudos cap 2.pdf - FALE
roteiro de estudos cap 2.pdf - FALE
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
(39) Dois e dois são quatro.<br />
(40) As iguanas comem formigas.<br />
Temos o tempo verbal flexional, nas marcas dos verbos são e comem, mas não po<strong>de</strong>mos<br />
dizer que temos um tempo <strong>de</strong>notado semanticamente. Também, esse tempo flexional não<br />
exibe a característica dêitica.<br />
Vamos estabelecer, então, que os tempos verbais que trazem a marca dêitica são o<br />
passado (acontecimento completado anteriormente ao TC), o presente (acontecimento cuja<br />
extensão inclui o TC) e o futuro (acontecimento que vem <strong>de</strong>pois do TC).<br />
É importante observar que os tempos verbais semânticos não se encaixam <strong>de</strong> uma<br />
maneira tão simples nos tempos verbais flexionais, pois esses codificam também traços<br />
aspectuais e modais.<br />
O aspecto em português po<strong>de</strong> ser entendido como a maneira que um evento ocorre no<br />
mundo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma contínua ou pontual. Existem várias maneiras <strong>de</strong> uma língua<br />
<strong>de</strong>notar o aspecto, e uma <strong>de</strong>las é codificá-lo gramaticalmente no verbo. Em português,<br />
temos as seguintes formas, conhecidas como imperfeito, para a forma contínua e perfeito,<br />
para a forma pontual:<br />
(41) a. O João escrevia/estava escrevendo um livro (imperfeito)<br />
b. O João escreveu um livro. (perfeito)<br />
Reparem que, as flexões verbais, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>notarem o tempo semântico passado, também,<br />
<strong>de</strong>notam o aspecto perfectivo e imperfectivo do enunciado. Portanto, as duas sentenças<br />
acima tem o mesmo tempo semântico, apesar <strong>de</strong> terem duas formas verbais flexionais<br />
diferentes, <strong>de</strong>notando diferentes aspectos gramaticais.<br />
O modo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido semanticamente como atitu<strong>de</strong>s do falante em relação ao<br />
conteúdo factual do enunciado, como incerteza, vagueza, possibilida<strong>de</strong>. Gramaticalmente, o<br />
modo po<strong>de</strong> ser expresso por advérbios, por auxiliares ou por marcas flexionais do verbo.<br />
Po<strong>de</strong>mos apontar em português três modalida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong> flexão verbal: o indicativo<br />
(marca a certeza), o subjuntivo (marca o incerto) e o imperativo (marca uma or<strong>de</strong>m,<br />
pedido). Entretanto, como observa Lyons, é provável que os tempos verbais futuros<br />
contenham invariavelmente um elemento modal e mais a marca <strong>de</strong> tempo:<br />
(42) Eu farei isso, se for possível.<br />
Às vezes, afirma-se que existem algumas línguas que não apresentam tempo verbal<br />
verda<strong>de</strong>iro, como o chinês, por exemplo. Entretanto, o que essas línguas não apresentam é o<br />
tempo verbal flexional, a marca gramatical. O tempo verbal semântico é <strong>de</strong>notado por<br />
advérbios <strong>de</strong> tempo ou palavras semelhantes. Não existe língua que não tenha um sistema<br />
<strong>de</strong> tempo verbal.<br />
12