MANACORDA, Mario Alighiero. A Educação no Setecentos. In ...
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obras. Primavam pelo rigor científico na organização do saber com objetivo de seu enriquecimento e<br />
progresso. Os principais encioclopedistas: Diderot, D'Alembert, Rousseau.<br />
Qual a preocupação do enciclopedistas ? Em primeiro lugar “organizar e atualizar” todo o<br />
saber produzido entre os a<strong>no</strong>s Seiscentos e <strong>Setecentos</strong>, desde Bacon, Comenius até Leibnitz. Esse foi o<br />
trabal lho apresentado na “Enciclopédia das ciências, artes e dos ofícios” (1751- 1765).<br />
Para Manacorda (1999), além da grandiosidade da obra, o que mais a caracteriza é o<br />
aproximar as artes às ciências e cultura intelectual. Arte aqui <strong>no</strong> contexto moder<strong>no</strong> são artes e ofícios ou<br />
artes de ofícios. Por isso a enciclopédia é revolucionaria desde o seu título. D'Alembert assim define<br />
arte: “[...] qualquer sistema de conhecimentos que é possível traduzir em regras […] existem regras<br />
para as operações da inteligência […]' e “[...] também para as operações do corpo.” (<strong>In</strong><br />
<strong>MANACORDA</strong>, 1999, P. 240).<br />
Em Diderot, <strong>no</strong> verbete “ART”, Manacorda (1999, p.241) destaca a compreensão de arte do<br />
período que ao tratar da geometria intelectual (das academias, escolas) e geometria experimental (das<br />
oficinas) conclui que o ideal seria a aproximação das duas.<br />
Entre os colaboradores da enciclopédia estão artesãos que deram informações sobre seus<br />
ofícios, sobre a história e prática dos mesmos, e sobre a fabricação e funcionamento de mecanismos e<br />
máquinas.<br />
E Manacorda ressaltou sobre Diderot: “Ele também vêm com suficiente clareza o concurso<br />
das forças que operam a mudança: o artesão pela mão de obra, o acadêmico pelas suas luzes e<br />
orientações, o homem rico pelo custeio das maquinarias. Enfim, começa a ver claramente o<br />
desenvolvimento do capitalismo moder<strong>no</strong>, com sua divisão social […] destaca com objetiva<br />
capacidade de observação, a divisão do trabalho dentro da fábrica”: o parcelamento da fabricação do<br />
produto de forma a se ganhar agilidade e maior produção. (<strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 241 – 242).<br />
Manacorda aponta que a Enciclopédia também estava marcada por contradições. Para<br />
demonstra isso, <strong>no</strong>s apresenta as contribuições de César Damaris com o conceito atrasado e<br />
conservador de educação, bem como Rousseau (que embora contribuiu com revolução na abordagem<br />
da pedagogia ao situar a criança como uma especificidade com características que a diferem do adulto<br />
na forma de aprender e relação com o mundo: “estabelece relação entre educação e sociedade”) que<br />
assume uma “[...] concepção atrasada do desenvolvimento real das forças produtivas e dos modos de<br />
produção e da própria divisão do trabalho, que ficam muito aquém da realidade da revolução industrial<br />
em ato e da consciência que dela tiveram, por exemplo, os enciclopedistas, e em que a presunção da<br />
existência de um trabalho 'natural' se associa à suposta possibilidade de escolha que a história concede<br />
ao privilegiado Emílio; além disso, a mola que impulsiona para a aprendizagem de um trabalho é a<br />
pavorosa expectativa de uma revolução.” ( <strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 243 – 24 4).<br />
Enquanto Diderot está na perspectiva gentil homem de Locke, Rousseau apresenta o<br />
homem <strong>no</strong>bre que pode escolher ofício limpo e e deixa os trabalhos sujos e insensatos aos demais. Para<br />
Locke, um homem virtuoso e sábio é superior e um grande erudito. A cultura deve estar subordinada às<br />
boas maneiras, boas disposições, boas atitudes. Condições que a educaççao deve realizar. Assim Locke<br />
entende que a educação é anterior à instrução, e que uma vez realizada esta, favorecerá a própria<br />
instrução. Quando Locke trata de cultura pensa numa versão moderna que promova a liberdade de<br />
pensamento, o autogover<strong>no</strong> (auto<strong>no</strong>mia) e a utilidade prática. Daí sua valorização da educação física e<br />
do trabalho para o fortalecimento moral. Assim, na formação dos pobres e reeducação dos delinquentes<br />
cumprem papel decisivo segundo seu entendimento com parte da formação do homem<br />
(<strong>MANACORDA</strong>, 1999, P. 226).<br />
4 PROPOSTAS E ATUAÇÕES DE UMA ESCOLA ESTATAL (245 - 248)<br />
As vozes por intervenções i<strong>no</strong>vadoras do Estado na instrução são apresentadas por<br />
Manacorda em dois grupos: os que teorizam e os que implementaram, os sobera<strong>no</strong>s iluminados.<br />
A) Quanto aos teóricos:<br />
LOUIS RENÉ DE LA CHALOTAIS (1701 - 1785) - “Essai d'education nacional” (1763)