18.04.2013 Views

CAPÍTULO 1 A FOTOGRAFIA - WordPress.com

CAPÍTULO 1 A FOTOGRAFIA - WordPress.com

CAPÍTULO 1 A FOTOGRAFIA - WordPress.com

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

se renderam à nova técnica, transpondo para a fotografia não apenas suas qualidades de<br />

artistas mas também suas qualidades de artesãos. “Serão estes fatores os responsáveis pela<br />

alta qualidade das primeiras produções fotográficas” (BENJAMIN, 1985) 50 . Nos primeiros<br />

anos, embora ainda fosse uma técnica rústica, a fotografia apresenta uma acabamento estético<br />

excepcional. “À medida que a fotografia se desenvolve, constata-se uma espécie de<br />

decadência estética” (FREUND, 1994, p.47-49) 51 .<br />

Em meados da década de 1850, a técnica da fotografia estava desenvolvida a ponto de<br />

não ser mais necessário a seus profissionais, conhecimentos especiais. A fotografia que, ao<br />

nascer se aproximava da experiência científica, agora era resultado de processos industriais.<br />

Nesse percurso, de alterações estéticas, alguns fotógrafos podem ser destacados: Félix Nadar,<br />

Le Gray e Disdéri.<br />

Félix Nadar, iniciou seus estudos na Escola de Medicina, mas em 1840, quando seu<br />

pai faliu, abandonou os estudos e se dedicou à literatura e à caricatura. Por quase uma<br />

década, Nadar sofreu para manter-se no meio literário, produzindo desenhos para diversas<br />

revistas e jornais, mas sempre <strong>com</strong> dificuldades de conseguir algum sossego financeiro. Em<br />

1853, um amigo, o escritor Chavette, após ouvir as lamentações de Nadar, oferece a ele um<br />

conjunto de equipamentos fotográficos e propõe que se estabeleça <strong>com</strong>o fotógrafo.<br />

Apesar dos preconceitos em relação à fotografia, Nadar estabelece-se no<br />

centro de Paris e seu estúdio rapidamente torna-se ponto de encontro da elite<br />

intelectual francesa: (...) Delacroix, o desenhista Gustav Doré, o <strong>com</strong>positor<br />

Gia<strong>com</strong>o Meyerbeer (...) o poeta Bauldelaire e o revolucionário Bakunin e<br />

muitas outras grandes personagens vêm posar em seu estúdio. O mais<br />

importante porém, é o “olho artístico” , a “sensibilidade para a fotografia” –<br />

muito bem exemplificados pelos inúmeros trabalhos de Nadar . Pode-se<br />

afirmar que Nadar viveu a época certa (Segundo Império), no lugar certo<br />

(França), conheceu as pessoas certas e, sobretudo, soube transmitir traços da<br />

personalidade, emoções, momentos e sensações através de seus famosos<br />

retratos (FREUND, 1994. p. 52) 52 .<br />

Ao olharmos para um retrato de Nadar, vemos de imediato a pessoa e sentimo-nos<br />

penetrar em seu íntimo. Pierre Bonhomme, diretor do Patrimônio Fotográfico Francês,<br />

declara: “Seus retratos... não são caras” (BONHOMME, 2003) 53 . Talvez toda essa sua<br />

capacidade de observação e de percepção psicológica tenha sido fruto de seus primeiros<br />

desenhos e caricaturas. Nadar produziu ainda as primeiras fotos aéreas, tomadas de um balão.<br />

50<br />

BENJAMIN, W. Pequena história da fotografia. In Obras Escolhidas, magia e técnica, arte e política; São<br />

Paulo: Brasiliense; 1985.<br />

51<br />

FREUND, Gisele. Op. Cit. 1994. P 47-49.<br />

52<br />

Idem, p.52.<br />

53<br />

ver: http://www.patrimoine-photo.org/index.html.<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!