CAPÍTULO 1 A FOTOGRAFIA - WordPress.com
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auxiliar as outras artes da representação. A ele é creditada uma frase célebre: “a pintura está<br />
morta!”, embora não se tenha qualquer confirmação positiva de que ele tenha realmente dito<br />
isso 63 .<br />
Gustav Coubert 64 , também reconhecia a fotografia <strong>com</strong>o uma poderosa ferramenta<br />
auxiliar. Entretanto, as pinturas dele parecem ilustrar, pela densidade das cores, que ele<br />
visualizou na fotografia apenas uma técnica de copiar a realidade enquanto a pintura ia muito<br />
além, adicionando sua leitura pessoal ao que era visto.<br />
Ainda nos primeiros anos da fotografia, o poeta francês Charles Baudelaire escreveu<br />
um texto criticando a natureza desta enquanto arte, após notar a influência da fotografia na<br />
arte exibida no Salão de 1859, sob o patrocínio da Academia Nacional de Paris. Para o poeta,<br />
a imensa aceitação da fotografia refletia o gosto “exclusivo pela verdade que oprime e sufoca<br />
o gosto pelo belo” e que a “desprezível sociedade correu, <strong>com</strong>o Narciso, a contemplar sua<br />
imagem trivial na placa metálica”. Ele considerava que “a fotografia se tornou o refúgio de<br />
pintores falidos, <strong>com</strong> pouco talento ou muito preguiçosos”, e que “se for permitido que a<br />
fotografia passe por arte em algumas de suas atividades, não demorará muito para que tenha<br />
superado ou corrompido toda a arte graças à estupidez das massas, sua aliada natural”<br />
(BAUDELAIRE apud TRACHTENBERG, 1981, pp. 85-88) 65 . Essa afirmação, de que a<br />
fotografia tinha se tornado o refúgio de pintores falidos ou <strong>com</strong> muito pouco talento era<br />
bastante injusta, embora seja verdade que um grande número de artistas tenham visto na<br />
fotografia a possibilidade de melhorar de vida.<br />
Já para Benjamin (2000), a fotografia liberou a mão do artista de tarefas, ligadas à<br />
reprodução das imagens, agora fixadas pela objetiva da câmera fotográfica. Para Benjamin, a<br />
polêmica entre pintores e fotógrafos sobre o valor da fotografia <strong>com</strong>o arte, “dá-nos hoje a<br />
impressão de responder a um falso problema e de fundar-se numa confusão”. Para ele essa<br />
polêmica era apenas a parte visível de uma subversão histórica onde as partes não viam o que<br />
realmente acontecia. “Libertada de suas bases cultuais pelas técnicas fotográficas de<br />
reprodução, a arte já não podia sustentar suas pretensões de independência”. Segundo ele, na<br />
62<br />
ROUILLE, André: Le monde des images, les territoires de la photographie. La Recherche Photographique,<br />
Noviembre 1988. Paris.<br />
63<br />
Delaroche era um defensor da fotografia. A ele coube o primeiro relatório sobre a daguerreotipia (1839) ao<br />
governo francês onde afirma que: “O processo de Daguerre satisfaz todas as demandas de arte essencial,<br />
levando tais princípios essenciais a tal perfeição que deve tornar-se assunto de observação e estudo até mesmo<br />
para os pintores mais experientes. (...) O pintor descobrirá neste processo um meio fácil de colecionar estudos e<br />
imagens que ele só poderia obter <strong>com</strong> muito trabalho e tempo. Além disso, por mais talentoso que for, seu<br />
trabalho não será tão perfeito.” In http://www.rleggat.<strong>com</strong>/photohistory/index.html . Acessado em 03 de agosto<br />
de 2004.<br />
64<br />
Gustav Coubert (1819-1877) – pintor da escola realista.<br />
42