Poesia Estrangeira - Academia Brasileira de Letras
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Tradução <strong>de</strong> Geraldo Holanda Cavalcanti<br />
Tens sangue, respiras.<br />
És feita <strong>de</strong> carne<br />
<strong>de</strong> cabelos <strong>de</strong> olhares,<br />
também tu. Terra e plantas,<br />
céu <strong>de</strong> março, luz,<br />
tudo a ti se assemelha –<br />
teu riso e teu andar<br />
como águas em sobressalto –<br />
tua ruga entre os olhos<br />
como nuvens colhidas –<br />
teu <strong>de</strong>licado corpo<br />
<strong>de</strong>scampado ao sol.<br />
Tens sangue, respiras.<br />
Vives sobre esta terra.<br />
Dela conheces os sabores<br />
as estações, os <strong>de</strong>spertares<br />
brincaste ao sol,<br />
falaste conosco.<br />
Água clara, vergôntea<br />
primaveril, terra,<br />
germinante silêncio,<br />
brincaste menina<br />
sob um céu diverso,<br />
tens <strong>de</strong>le nos olhos o silêncio,<br />
uma nuvem que <strong>de</strong>sponta<br />
como uma fonte profunda.<br />
Hoje te surpreen<strong>de</strong>s e ris<br />
<strong>de</strong>sse silêncio.<br />
Doce fruto que vives<br />
sob o claro céu transparente,<br />
que respiras e vives<br />
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