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79. Rial, Carmen. "De Acarajés e Hamburgers e - CFH - UFSC

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nesta geração que acho está sendo retomada hoje por outros caminhos<br />

(Grossi 2005).<br />

Aproprio­me de uma confissão pessoal do autor em Por uma<br />

antropologia da alimentação para arriscar uma interpretação<br />

(psicanalítica?) do seu interesse acadêmico pela alimentação: como não se<br />

interessar por comida e bebida tendo tido como pai o famoso inventor do<br />

vinho Jurubeba Leão do Norte, em Feira de Santana, em 1920, cinco anos<br />

antes do seu nascimento?<br />

Admito que resisti à tentação de, ao invés de resenha­lo,<br />

simplesmente reproduzir o texto Por uma antropologia da alimentação,<br />

através de citações, o que talvez fosse mais saboroso para todos nós. Trata­<br />

se de um manifesto pró­antropologia da alimentação ­ a alimentação em<br />

sentido abrangente que inclui "todo um sistema que vai da produção ao<br />

consumo e envolve as formas de interação social, de expressão simbólica e<br />

de ritualização" e de interdições 3 . Vivaldo da Costa Lima da Costa Lima<br />

propõe que se crie uma disciplina na pós­graduação de antropologia da<br />

alimentação, e dá indicações do que seria o programa: necessariamente<br />

teria uma ou duas unidades introdutórias aos campos da fisiologia e da<br />

nutrição, e depois se concentraria em uma abordagem mais sociológica e<br />

mais histórica.<br />

Se o texto é um manifesto, como o título antecipa, nem por isto é<br />

desprovido de humor. Vivaldo da Costa Lima da Costa Lima é um autor<br />

com parêntesis encantadores, capaz de nos faz rir com observações<br />

3 Como exemplo destas interdições, nada melhor do que as do candomblé. Costa Lima<br />

afirma que toda iniciação ao candomblé passa pelos tabus alimentares. “As ‘quizilas’<br />

constituem uma verdadeira ética para a vida do iniciado”, acrescenta. "Um filho­de­<br />

santo deve seguir as prescrições da dieta de seu orixá. Um filho de Oxalá, pai de todos<br />

os orixás, não come azeite­de­dendê. O de Exu, malicioso e ambíguo, detesta óleo­de­<br />

coco. O de Oxóssi, caçador que vive embrenhado nas matas, evita a carne de assanhaço,<br />

coruja e urubu. E assim segue com os outros orixás. É necessário seguir as regras para<br />

ocupar um lugar marcado no terreiro e na sociedade de um modo geral".<br />

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