Unidade I - Ministério da Educação
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te, que nos revela o passado e o futuro. Será que para outros<br />
estu<strong>da</strong>ntes também não poderia ser assim?<br />
Seu Carpino era inspetor de alunos no Colégio Estadual<br />
Culto à Ciência, em Campinas, onde fiz os quatro anos do Ginásio,<br />
que correspondem às séries finais do Ensino Fun<strong>da</strong>mental<br />
de hoje. Era um senhor de meia-i<strong>da</strong>de, mais baixo que<br />
alto, um pouco corcun<strong>da</strong>, o que lhe <strong>da</strong>va o ar de pessoa sofri<strong>da</strong>.<br />
Tinha o dever de cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> “disciplina” nos recreios, pátios<br />
e corredores. Algo antipático, mas que ele fazia com<br />
muita mansidão. Embora tivesse por obrigação nos<br />
corrigir, era incapaz de nos ofender. Um belo dia, eu<br />
fui expulso <strong>da</strong> aula de religião, <strong>da</strong><strong>da</strong> por uma estagiária<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica. Fiquei colado à porta,<br />
esperando que o sinal do recreio me livrasse de alguma<br />
punição. Não é que Seu Carpino me viu? E lá<br />
fui eu para a Diretoria, onde Dr. Telêmaco me<br />
aplicou três dias de suspensão. Coube ain<strong>da</strong><br />
a Seu Carpino me levar até o portão, onde, entre<br />
lágrimas, me disse: “Joãozinho, logo você,<br />
filho de Dona Al<strong>da</strong>, tão bonzinho, não merecia<br />
isso”. Você entendeu? Ele sofreu mais do que eu,<br />
e eu aprendi muito mais a amar a Deus e ao próximo<br />
com suas lágrimas do que com os Dez Man<strong>da</strong>mentos<br />
que a estagiária recitava.<br />
De Campinas, vamos para Mato Grosso, para conhecer outras<br />
três funcionárias de escola: a Josefina, a Laídes e a Maria<br />
Faustina.<br />
Em março de 1969, fui até Bauru e, de lá, de trem noturno,<br />
para Campo Grande, hoje capital do Mato Grosso do Sul. Os<br />
setecentos quilômetros até Cuiabá, em estra<strong>da</strong> de terra, areia<br />
e barro, foram vencidos em vinte horas, por um ônibus corajoso<br />
e cheio de pessoas inesquecíveis – como um senhor que<br />
levava um papagaio que aprendia o nome dos passageiros.<br />
De Cuiabá fui para Diamantino, sede <strong>da</strong> Prelazia dos Jesuítas,<br />
local onde ficavam missionários com os quais iria trabalhar por<br />
dois anos. Lá havia um internato para meninas, e uma delas<br />
tinha olhos azuis e se chamava Josefina.<br />
Três anos depois, virei diretor de uma Escola Experimental<br />
em Nova Marilândia, com a missão de implantar os novos currículos<br />
fixados pela Reforma de Ensino prevista na Lei Federal<br />
nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Nas séries iniciais do 1º<br />
grau, hoje Ensino Fun<strong>da</strong>mental, as matérias deveriam ser de-<br />
I M P O R T A N T E<br />
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<strong>Uni<strong>da</strong>de</strong> I – Funcionários <strong>da</strong>s escolas públicas: quem somos nós?