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1 Mestiçagem, degenerescência e crime Dr. Nina Rodrigues ...

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cria em relação a essas bebidas, de modo que a embriaguez ao invés de ser uma causa<br />

poderia muito bem ser o simples sintoma de um desequilíbrio mental destinado a se agravar<br />

sob a sua influência, tanto no indivíduo quanto em sua descendência. É uma idéia que<br />

devemos ter sempre presente, para não nos enganarmos atribuindo ao vício o que é na<br />

realidade sua causa. “Para tornar-se alcoólatra, diz Feré 13 , é preciso ser alcoolizável e não<br />

há quem venda a sede de bebidas fermentadas. Entre o bêbado e o dipsomaníaco existe<br />

apenas uma diferença de moralidade e de impulsão mórbida; mas é só em aparência que<br />

eles se constituem em espécies distintas. Poderíamos dizer o mesmo dos excessos venéreos,<br />

dos excessos do trabalho intelectual, etc., de tal modo que os hábitos viciosos que parecem<br />

as causas determinantes das psicoses, são em realidade os primeiros sintomas dum estado<br />

neuropático.”<br />

Nossas conclusões serão as mesmas no que tange as localizações nervosas da sífilis,<br />

cuja freqüência pode denunciar apenas uma <strong>degenerescência</strong> latente.<br />

Mas é sobretudo a consangüinidade que vemos geralmente como causa eficiente<br />

dessas manifestações, essa sendo a opinião corrente na localidade, o que contém<br />

certamente uma grande parte de verdade. Os belos estudos sobre a consangüinidade, no<br />

topo dos quais, como estudo de conjunto, quero colocar o importante artigo de meu<br />

eminente mestre e amigo, o professor Lacassagne 14 , deixaram fora de dúvida a sua<br />

impossibilidade de causar sozinha a <strong>degenerescência</strong>, não obstante ser uma causa de seu<br />

agravamento. Ora, não podemos negar que nossa tábua genealógica principal demonstra<br />

com eloqüência a grande influência da hereditariedade consangüínea sobre a<br />

<strong>degenerescência</strong> da população de Serrinha, mas é impossível atribuir-lhe uma ação maior.<br />

13 Feré, La famille névropathique. Paris, 1894, p. 14.<br />

14 Artigo Consanguinité, Dict. Encycl. des Sciences médicales, de Dechambre.<br />

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