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1 Mestiçagem, degenerescência e crime Dr. Nina Rodrigues ...

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Colocados nesse campo, foi fácil aos monogenistas declarar os que os contraditavam<br />

como vencidos, demonstrando, com numerosos fatos em seu apoio, a eugenesia exuberante<br />

de produtos do cruzamento, ainda que provenientes das raças consideradas pelos<br />

poligenistas como espécies distintas, tais como as raças branca, negra e vermelha.<br />

O debate entre o monogenismo e o poligenismo estava, entretanto, destinado a perder<br />

afinal quase todo seu interesse filosófico, já que, admitindo com os transformistas que a<br />

origem do homem se deu entre os primatas, e não entre os símios ou pró-símios, é<br />

admissível tanto que ela tenha se originado de um só tronco quanto de troncos diversos, de<br />

tal modo que atualmente há tanto transformistas que aceitam a hipótese polifilética<br />

(Haeckel, Popinard, etc.), quanto os que aceitam a hipótese monofilética (Keane, etc.).<br />

A psicologia mórbida entrou então em cena e restituiu à questão o seu interesse<br />

original. Não se trata mais de saber se os mestiços são, sim ou não, eugenésicos, mas se são<br />

um produto normal, socialmente viável, ou, se, ao contrário constituem raças abastardadas,<br />

inferiores, uma descendência incapaz e degenerada.<br />

A questão apresentava, evidentemente, duas faces distintas, uma social, a outra<br />

médica, indevidamente destinadas a serem durante muito tempo vistas separadamente. A<br />

psicologia coletiva em suas especulações sobre o futuro e o destino dos povos, ocupou-se<br />

dela em primeiro lugar. Gobineau, em 1855, já a havia desenvolvido longamente, e, em<br />

1875, Spencer a formulou em termos que há muito contém a solução definitiva. Outros<br />

trabalhos se seguiram aos desses dois autores, mas o quadro que estamos traçando não nos<br />

permite fazer a história completa e detalhada da questão. Limitamo-nos a lembrar, entre os<br />

trabalhos mais recentes, os de Keane 2 e de Gustave Le Bon. 3<br />

2 Keane, Ethnology. Cambridge, 1896.<br />

3 Gustave Le Bon, Lois psychologiques de l’évolution des peuples. Paris, 1895.<br />

2

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