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1 Mestiçagem, degenerescência e crime Dr. Nina Rodrigues ...

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Gomes na Revista médico-legal da Bahia 37 é curiosa a este respeito e de fato<br />

comprovadora.<br />

Observação XXXVI. - No dia 31 de janeiro de 1895, às 11,30 da noite, num bairro do<br />

Rio de Janeiro, o negro Antonio Victor bateu à porta de uma família composta de três<br />

pessoas: o marido, a esposa e uma criança de cinco anos. A família tendo recusado abrir e o<br />

agressor tendo insistido, o marido saiu com a esposa em busca de socorro, deixando na casa<br />

a criança dormindo. Ao voltar, encontraram a janela arrombada, a criança morta e violada,<br />

o negro deitado ao lado e, diz-se, fingindo dormir. O cadáver da criança estava coberto de<br />

contusões e o períneo inteiramente despedaçado.<br />

Antonio Victor (figura 4) tem trinta e cinco anos. O <strong>Dr</strong>. Souza Gomes o descreve da<br />

seguinte maneira:<br />

“Grande corpulência, fronte estreita, rosto largo, arcadas superciliares proeminentes,<br />

espaço inter-ocular grande, nariz pequeno(bem achatado), lábios grossos, prognatismo bem<br />

acentuado do maxilar superior, queixo afundado, lóbulos das orelhas aderentes, partes<br />

sexuais normais. Altura de 1, 74. Envergadura de 1.84. Índice cefálico 77,94.”<br />

A impulsividade do agressor que se traduziu na extensão das lesões produzidas; a<br />

imprevidência inexplicável de que ele deu provas ao permanecer deitado ao lado de sua<br />

vítima, os órgãos sexuais descobertos, até a volta dos pais, quando teria sido simples fugir;<br />

a recusa formal em confessar seu ato apesar da evidência esmagadora, tudo concorre para<br />

provar, ou ao menos permite acreditar, que o sono que fechava seus olhos no momento no<br />

qual foi encontrado, na posição que conhecemos, não era fingido, e devemos mais bem crer<br />

que era o final de uma crise epiléptica que não deixou no criminoso a menor lembrança de<br />

seu <strong>crime</strong>, daí sua negação obstinada.<br />

37 Souza Gomes, Criminologia brasileira, Revista médico-legal, 1897, p. 135.<br />

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