Estudo Fitossanitário e Biomecânico do Património Arbóreo - ESAC

4.Discussão e conclusões
Os dados recolhidos no Parque Aquilino Ribeiro e registados neste trabalho, visam
contribuir para uma opinião crítica acerca dos problemas encontrados e aconselhamento
técnico das acções a desenvolver, de modo a salvaguardar a segurança na via pública e a
preservação do património arbóreo.
Numa altura em que se encontra em fase de conclusão uma proposta de requalificação
do parque da responsabilidade da Câmara Municipal de Viseu, julgamos ser o momento
oportuno para a realização de uma avaliação pormenorizada do estado fitossanitário e
biomecânico do património arbóreo, permitindo que a implementação do projecto se faça de
forma conducente com a segurança de pessoas e bens.
A intensa actividade na construção de infra-estruturas na cidade de Viseu, deixa-nos
preocupados, no modo como o património arbóreo é desrespeitado nalgumas zonas
específicas. Este poderá constituir um projecto piloto que se poderá estender a outros espaços
críticos da cidade, nomeadamente na circunvalação, onde a colocação subterrânea das linhas
de média/alta tensão obriga ao corte do sistema radicular de árvores de grande porte, que
poderá trazer graves problemas de sustentabilidade para as árvores, havendo a necessidade de
monitorizar estes casos, de modo a prevenir situações gravosas no futuro.
Durante todos este tempo de observações assistimos a situações de quebra de ramos,
que por mero acaso não atingiram transeuntes. Embora a análise de risco do local não seja
elevada, as falhas sucedem-se frequentemente sendo aconselhadas as podas selectivas
sanitárias, e a redução do peso da extremidade dos ramos.
Uma das zonas do parque que nos causa maior preocupação, é a zona do parque
infantil. As árvores que o circundam apresentam ramos muito longos e pesados, sujeitos a
partir com o vento e atingir as crianças e os equipamentos. Aliviar a densidade dos ramos
permitirá alguma normalização na inclinação das árvores.
Com o passar das estações algumas situações foram-se alterando, e com a chegada do
Outono ficaram a descoberto alguns pontos críticos, como o aparecimento de macrofungos
nalgumas árvores, nomeadamente o fungo lenhívoro, Fomus fomentarius (Fig.3) cujos
carpóforos visíveis na superfície dos troncos constituem focos de disseminação de esporos.
Fig.3 – Cárpoforos de Fomus fomentarius na superfície de um tronco de Populus alba.
Um outro problema que se coloca, prende-se com o stress radicular a que alguns
exemplares estão sujeitos. Ora, como muitas raízes se desenvolvem perto da superfície dos
solos, algumas actividades que se desenvolvam junto ou por cima delas, têm um sério
impacto. Com o passar do tempo essas raízes podem mesmo secar e deixar de ser activas,
conduzindo ao decaimento das árvores.