primeiros campeonatos de surf em Portugal - Quimera Editores

~Recordar o 1.º Campeonato Nacional
ALBERTO PAIS
Na Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas (FPAS)
surgem, em 1976, dois jovens praticantes de mergulho e de
surf com a ideia de organizar um campeonato nacional da
actividade. Eram o João Rocha e o João Boavida.
O Alberto Pais, que era o presidente da Comissão de
Ensino da Federação e que há anos tinha uma prancha de surf
(marca Keo), sensibilizado para esta modalidade, apadrinhou
logo a ideia, tendo sido o projecto levado à direcção, que o
aprovou. A partir daí, a iniciativa passou a beneficiar da credibilidade
de uma federação.
Com a ajuda de surfistas contactados pelo João Rocha,
iniciaram-se reuniões para viabilizar o evento. Eram precisas
medalhas e taças, cartazes e T-shirts, estabelecer contactos
e estruturar a prova. O Alberto ficou encarregue das medalhas
e das taças, o Tó-Pê e o Jonet ficaram com as T-shirts e os
cartazes.
Com o João Rocha e outros surfers por ele contactados,
foi nas instalações da Federação, junto ao Campo Pequeno,
delineada a estrutura da competição. Eram precisos apoios
e, pelo menos, uma ajuda financeira que permitisse custear
algumas despesas fundamentais.
O João Rocha foi à Direcção-Geral de Desportos (DGD),
que não apoiou a iniciativa. Perante a recusa de ajuda da DGD,
pensou-se ir à Direcção-Geral de Turismo (DGT). Por indicação
do Henrique Jourdan, também membro da FPAS, foi contactado
um indivíduo da DGT, que indicou a pessoa a quem se
deveria apresentar a ideia. Assim, o João Rocha e o Alberto
Pais deslocaram-se à António Augusto de Aguiar, onde funcionava
a delegação da DGT, tendo sido recebidos com toda a
simpatia pela responsável, que, apoiando a iniciativa e reconhecendo
que a imagem associada ao surf era boa para Portugal,
atribuiu para o efeito a verba de 50 mil escudos.
Depois, foi necessário ir à Ericeira, resolver os problemas
logísticos e obter as autorizações necessárias. Dos contactos
então realizados, o que se fez com o então presidente
da Junta de Freguesia, o Sr. Caré, foi
importante, tendo este disponibilizado todos
os meios de que dispunha, com uma simpatia
indescritível. Providenciou o palanque, as bandeiras,
o local para a distribuição dos prémios,
a mesa para o lanche...
O campeonato correu muito bem, com
grande participação de surfistas e público.
Aqueles que na FPAS tinham manifestado
algumas reservas quanto ao êxito da iniciativa
mudaram de opinião. O surf estava lançado,
tendo surgido, nos anos imediatamente
a seguir a este campeonato, outros de muita
qualidade.
Equipa de mergulho
do Belenenses em 1977
(em destaque, Alberto
Pais e João Rocha;
uma amizade a que o
surf nacional, nos seus
primeiros passos, muito
deve)
JOãO MORAES ROCHA
~
186 187
Os primeiros
campeonatos
internacionais
O êxito do 1.º Campeonato Nacional de Surf, em Maio de 1977, conseguiu que a comu-
nidade surfista não só tivesse passado a encarar o campeonato como algo compatível
com o surf, mas também que mostrasse apetência por novos campeonatos.
PENICHE, NOvEMBRO DE 1977
Assim, ainda em 1977, na sequência do apoio da Direcção-Geral de Turismo, no seio
da Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, projecta-se um campeonato
internacional em Peniche.
Aproveitando uma boleia da Mimi Cruz, a mãe do Ivo Cruz, João Rocha desloca-se
a Peniche e, enquanto o Tó-Pê e o Ivo ficam a fazer surf no molhe leste, contacta a
Comissão de Turismo de Peniche e as demais entidades públicas locais. viabilizada a
prova, esta ficou dividida em dois torneios: um primeiro, aberto a todos os portugue-
ses, a fim de qualificar aqueles que iriam competir internacionalmente, e um segundo,
o próprio campeonato internacional.
No dia 20 de Novembro de 1977, disputaram-se as primeiras provas eliminatórias
entre os portugueses. Realizaram-se na baía entre Peniche e o Baleal. Nos juvenis, o
resultado do apuramento seria: 1.º Carlos Frederico Rocha (Quico), 2.º Paulo Inocentes
e 3.º Ivo Cruz. Nos juniores: 1.º António Pedro Rocha (Tó-Pê), 2.º Nuno Baltazar e 3.º
João Inocentes.
O cartaz do 1.º Campeonato
Internacional
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Baía de Peniche/Baleal,
Tó-Pê e João Luís Santos