TEMA DE CAPA sar ao lado do surgimento de uma das teorias ímpares, que recebeu o nome do seu criador, o Taylorismo. Ao mesmo tempo, na indústria automóvel, Henry Ford tecia os moldes do que viria a ser o “fordismo”. O que poucos sabem é que, do outro lado do Oceano Pacífico, surgiu, poucos anos depois, o equivalente a estas ideias aplicadas ao mercado japonês, o “toyotismo”. Uma das linhas-guia da teoria desenvolvida pela <strong>Toyota</strong> mandava personalizar o produto ao máximo. Isto é, fazer com que o produto saído das fábricas da marca se assemelhasse ao máximo àquilo que os consumidores esperavam. O design estava orientado para o consumidor. Estamos nos anos 30 e a indústria automóvel concebe o que hoje todos temos como uma verdade inalterável: o consumidor está no centro das opções tomadas pelas empresas. Voltemos, então, ao século XXI e a este expoente máximo do design, o iQ. O automóvel da <strong>Toyota</strong> exige, e deve, ser tratado como um ícone de estilo. E como prova de que o que acima se escreve é verdade, a criação da <strong>Toyota</strong> acaba de ser agraciada com um Good Design Award, no segmento quatro rodas. Nada que não fosse esperado… 26 ❳❙❪❙❨❵ CONCEITOS A pop-up store Target (à esquerda) abriu em 2004, em Times Square, só com artigos cor-de-rosa. Em cima, a janela de conversação do MSN, um símbolo da comunicação na era da Internet. À direita, a MTV, que, em 1979, com “Video Killed the Radio Star”, abriu caminho ao videoclip Um dos mais antigos dilemas do design prende-se com saber o que vem primeiro: a estética ou a funcionalidade de um objecto? Phillippe Starck, uma lenda viva do design, numa conferência da TED, online em www.ted.com, dá como exemplo prático o de uma escova de dentes. Com o à-vontade próprio dos grande profissionais, e enquanto imita o acto de escovar os dentes com um dedo perante uma plateia que ri, afirma que, antes de pensar no design da escova, tem de imaginar qual será o seu efeito na boca. O que este guru do design pretende dizer é que, antes de tentar fazer um objecto belo, terá de idealizar um objecto que cumpra o seu ob- “Futurista, aerodinâmico, compacto” – definição do iQ feita por um cibernauta, jectivo. Uma das suas criações mais emblemáticas, o famoso espremedor de citrinos Juicy Salif, é, antes de mais, um espremedor de citrinos. Só depois é um objecto de design, de luxo e de beleza. O mesmo se passa com o iQ, que é, antes de qualquer outra coisa a que possamos atribuir significado estético, um automóvel. Mas, como o Juicy Salif, o iQ assume-se como um conceito. E se, como dizia ainda Phillippe Starck, “temos os símbolos que merecemos”, o aparecimento deste modelo é um bom sinal dos tempos. Um conceito na rede Enquanto escrevo este texto, e porque estou online, converso com um amigo, adepto de novas tecnologias e de tudo o que configure uma novidade, através do MSN. Mostro-lhe uma imagem do iQ e peço-lhe que me diga o que pensa dele, em quatro ou cinco palavras. Eis o que leio, neste momento, num ecrã de conversação: “Futurista, aerodinâmico, compacto, elegante e feminino”. De todos os termos, só “feminino” me intriga. Para o pôr à prova, pergunto-lhe se compraria o iQ e a res- através do MSN Fotografias: Getty Images posta é afirmativa. Por feminino, portanto, o que se entende é atraente, elegante e belo.
CONCEITOS A Taschen é uma das editoras que mais aposta no design, quer com o lançamento de obras como na sua própria imagem