REPRESENTAÇÃO OFICIAL PORTUGUESA 52ª Exposição - DGArtes
REPRESENTAÇÃO OFICIAL PORTUGUESA 52ª Exposição - DGArtes
REPRESENTAÇÃO OFICIAL PORTUGUESA 52ª Exposição - DGArtes
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>REPRESENTAÇÃO</strong> <strong>OFICIAL</strong> <strong>PORTUGUESA</strong><br />
<strong>52ª</strong> <strong>Exposição</strong> Internacional de Arte<br />
Bienal de Veneza 2007<br />
Artista – Ângela Ferreira<br />
Curador – Jürgen Bock<br />
Pavilhão Português<br />
Fondaco Marcello, San Marco 3425 (Calle dei Garzoni), Veneza<br />
www.iartes.pt/veneza2007<br />
Inauguração da Representação Portuguesa:<br />
8 de Junho – 18h00<br />
Abertura ao público: 10 Junho – 21 Novembro 2007<br />
11h00 – 19h00 (Encerra às segundas-feiras)<br />
Organização e produção: Ministério da Cultura / Instituto das Artes
<strong>REPRESENTAÇÃO</strong> <strong>OFICIAL</strong> <strong>PORTUGUESA</strong><br />
A Casa Tropical de Jean Prouvé fotografada por Bernard Renoux<br />
em Brazzaville em 1996. © Bernard Renoux<br />
Ângela Ferreira é a artista que representa Portugal na<br />
<strong>52ª</strong> <strong>Exposição</strong> Internacional de Arte da Bienal de Veneza,<br />
que se realiza de 10 de Junho a 21 de Novembro de 2007.<br />
A representação oficial portuguesa, organizada e<br />
produzida pelo Instituto das Artes, é comissariada por<br />
Jürgen Bock.<br />
Ângela Ferreira (n. Maputo, 1958) expõe regularmente<br />
desde 1990. O seu trabalho é motivado por questões de<br />
natureza política, a partir das quais desenvolve uma<br />
análise sobre as relações e influências da história, em<br />
particular da história da arte, na arte contemporânea,<br />
utilizando o potencial comunicativo da arte neste<br />
processo de negociação.<br />
As apelativas esculturas modernistas produzidas por Ângela Ferreira são frequentemente combinadas com<br />
textos, fotografias e vídeos. Estes trabalhos propõem um conjunto de reflexões sobre o que se tem considerado<br />
como “dados adquiridos” na História da Arte.<br />
A cidade de Veneza – com mais de um século de bienais e na qual as representações nacionais se instalam<br />
em edifícios “modernistas”, daí resultando intermináveis negociações com a (pós) modernidade – apresentase<br />
como o palco ideal para a exploração destas temáticas por Ângela Ferreira.<br />
Com o projecto Maison Tropicale, a artista traça uma reflexão sobre a história colonial e as suas ressonâncias<br />
contemporâneas, pós e neocoloniais.<br />
A exposição portuguesa realizase pela primeira vez no Fondaco Marcello, um espaço de excelente visibilidade<br />
localizado na margem do Grande Canal, entre as pontes da Accademia e de Rialto.<br />
Para efectuar o download em alta resolução das imagens contidas neste<br />
dossier de imprensa, bem como de outras a disponibilizar brevemente,<br />
deverá aceder ao site do Instituto das Artes e clicar na imagem pretendida:<br />
www.iartes.pt/veneza2007 excepção feita à fotografia de Bernard<br />
Renoux que pode ser adquirida em http://www.renouxphoto.com<br />
Patrocinador principal<br />
Apoio<br />
Parceiro em Veneza
AS CONSTRUÇÕES INVISÍVEIS DE ÂNGELA FERREIRA (*)<br />
Fortemente motivada por questões do foro político, Ângela Ferreira é uma “investigadora” do uso de<br />
teorias, em particular de teorias de história da arte, e da sua relação ou do seu impacto na arte contemporânea,<br />
assunto cuja complexidade negoceia através do potencial de comunicação inerente à arte e com a qual a<br />
artista, subtilmente, estimula o observador a questionar os objectos que cria. Estes objectos adquirem a<br />
forma de esculturas modernistas esteticamente apelativas e executadas com rigor perfeccionista, sendo<br />
frequentemente apresentadas em instalações associadas a textos, fotografias e vídeos. Em consonância com<br />
a ideia de história da arte enquanto construção, o trabalho de Ângela Ferreira lança a dúvida sobre aquilo a<br />
que nos habituámos a considerar como “factos” dessa história, podendose então questionar, como Douglas<br />
Crimp já o fez: “Qual história? A história de quem? E uma história para que fim?” Veneza, como cidade com<br />
o historial único de mais de um século de bienais, com as suas mostras nacionais de arte e intermináveis<br />
negociações com o (pós) modernismo, é uma plataforma perfeita para Ângela Ferreira abordar estes assuntos.<br />
Nascida na antiga colónia portuguesa de Moçambique em 1958, Ângela Ferreira estudou na África do Sul<br />
do apartheid, mas desde o início da década de 1990 que vive entre Portugal e a África do Sul. A sua<br />
situação ‘em trânsito’ entre culturas – comum à identidade de muitos portugueses – impelea à exploração<br />
intensiva dos diferentes universos do centro e da periferia, realçando a importância da perspectiva e do<br />
posicionamento do indivíduo e/ou do artista.<br />
Conceptualmente, a obra de Ângela Ferreira pode situarse entre a falência do modernismo nos denominados<br />
centros de difusão e o impacto contraditório da sua tentativa de implantação, pelos colonizadores, em<br />
África e noutras colónias e periferias em todo o mundo, onde o objectivo utópico da emancipação do<br />
homem combinado com o potencial da arte enquanto instrumento de crítica, motor crucial da vanguarda<br />
que se manifestou nesses centros, parece ter outra validade. O fim da vanguarda e das suas qualidades<br />
intrínsecas, a sua história e o impacto que esta teve, são agora discutidos nessas periferias, tendo o centro<br />
perdido a prerrogativa de proclamar a importância política do modernismo no que toca às noções de<br />
utopia e emancipação.<br />
Parafraseando um teórico de arte contemporâneo, o trabalho de Ângela Ferreira não só sobrevive ao fim<br />
anunciado da vanguarda, como recupera a questão da emancipação e dos ideais utópicos ao reformular<br />
a crítica das utopias como uma crítica às utopias. O seu trabalho revela como ilusória a liberdade artística<br />
prometida pelo modernismo nos centros e, devido à falta de latitude política, como falsa a autonomia<br />
na periferia.<br />
As ‘grandes narrativas’ apresentamse agora estilhaçadas e sob a forma de inúmeros fragmentos mais<br />
pequenos. Por um lado, anseiase por vezes por métodos familiares e confortáveis para classificar a vanguarda<br />
histórica, a cadeia interminável de estilos e metodologias claramente identificáveis com o ‘Estilo Internacional’<br />
na arte moderna e na arquitectura. Por outro lado, o trabalho de Ângela Ferreira acentua as possibilidades<br />
que se abriram através das mudanças profundas a que essas narrativas estão a ser sujeitas. Ao desmontar as<br />
estratégias básicas e frequentemente dogmáticas das ‘verdades adquiridas’, o seu trabalho apresenta uma<br />
abordagem social, política e crítica aos resultados do modernismo, aos velhos centros da sua criação e às<br />
suas remotas consequências nas periferias. Em vez de se limitar a simular a metodologia modernista da
análise profunda, a artista propõe como alternativa ‘local’ a aplicação desse método ao próprio modernismo.<br />
Estas preocupações de Ângela Ferreira materializamse, como já se referiu, em ‘esculturas organizadas em<br />
instalações’, as quais, todavia, não se deixam conquistar pela política. A proposição crítica dos seus objectos<br />
não é imediata, antes fervilha subtil e imediatamente debaixo da superfície das suas belas esculturas, que<br />
assim se oferecem como espaço entre ‘o objecto e o político’, espaço esse que o observador é incentivado<br />
a ocupar. Ângela Ferreira não procura impornos uma lição. Em vez disso, estimula o nosso próprio imaginário<br />
político e o nosso pensamento crítico.<br />
Jürgen Bock<br />
(*) Texto do Catálogo Oficial das Representações Nacionais da Bienal de Veneza 2007.
MAISON TROPICALE<br />
O projecto Maison Tropicale de Ângela Ferreira reflecte<br />
sobre a história colonial e as suas ressonâncias contemporâneas,<br />
pós e neocoloniais. Durante a reorganização<br />
territorial levada a cabo pelos poderes coloniais em<br />
África após a II Guerra Mundial, o Ministério do Ultramar<br />
francês teve a oportunidade de promover, na sequência<br />
de um concurso, um projecto modernista de produção<br />
em massa de habitações esteticamente sofisticadas que<br />
permitisse um maior acesso da população a uma arquitectura<br />
e design de qualidade, contando para isso com<br />
a colaboração do construtor francês Jean Prouvé, que<br />
Maison Tropicale, 2007<br />
criou um modelo de casas préfabricadas em módulos<br />
de alumínio. Os projectos de Prouvé nunca alcançaram<br />
o sucesso desejado na Europa, mas a possibilidade de instalar um grande número das suas habitações nas<br />
colónias africanas, conduziu ao desenvolvimento da sua “Casa Tropical”. Dos milhares de unidades inicialmente<br />
previstos, só três protótipos acabaram por sair da oficina do construtor. Em 1949, a primeira Casa<br />
Tropical foi enviada por avião para o Níger, sendo instalada na sua capital, Niamey. Duas outras casas foram<br />
transportadas para o Congo e instaladas em Brazzaville, em 1951. Com a (re)descoberta da “obra” de Jean<br />
Prouvé nos anos 1990, essas casas também suscitaram renovado interesse, tornandose parte do processo<br />
de fetichização a que os objectos do construtor francês foram sujeitos pelo mercado do “design de época”.<br />
Foi neste novo contexto que as três Casas Tropicais<br />
foram desmontadas e transportadas para França, onde<br />
foram restauradas, sendo posteriormente aí apresentadas,<br />
bem como nos Estados Unidos.<br />
Maison Tropicale, 2007<br />
Esta é a história que se conhece da Casa Tropical de<br />
Prouvé e é neste ponto que começa a história da<br />
Maison Tropicale de Ângela Ferreira. A instalação<br />
apresentada no Pavilhão Português em Veneza convoca<br />
a desterritorialização destas casas, que não se situam<br />
em França ou nos Estados Unidos, nem no Níger ou no<br />
Congo, transformandoas num “contentor de História”<br />
em trânsito entre o mundo colonizador e o mundo<br />
colonizado; e depois – porque a artista faz a história de<br />
Prouvé regressar a África –, entre o mundo descolonizado<br />
e o mundo pósmoderno, na sua realidade pós e/ou<br />
neocolonial. Na (re)encenação que faz dos locais que<br />
acolheram as construções de Prouvé em África, Ângela<br />
Ferreira sublinha os seus vestígios e a ausência das<br />
casas, agora evocadas nos objectos esculturais resultantes<br />
da sua arquitectura modular e acumulados num<br />
espaço claustrofóbico, em deriva perpétua.<br />
Jürgen Bock, Maio 2007
BIOGRAFIAS<br />
Ângela Ferreira<br />
Nasceu em Maputo, Moçambique, em 1958. Vive e trabalha em Lisboa e na<br />
Cidade do Cabo, África do Sul, desde 1992.<br />
Ângela Ferreira expõe regularmente desde 1990. Das muitas exposições individuais<br />
realizadas destacam-se: “Ângela Ferreira”, Centro de Arte Moderna da<br />
Fundação Calouste Gulbenkian (1990); “Sites and Services”, South African<br />
National Gallery, Cidade do Cabo (1992); “Double Sided I and II”, Fundação<br />
Chinati, Marfa, EUA e Íbis Art Centre, Nieu Bethesda, África do Sul (1996); “Casa<br />
Maputo: Um Retrato Íntimo”, Museu de Serralves, Porto (1999); “No Place at All /<br />
Em Sítio Algum”, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa (2003) e “Random<br />
Walk”, Galeria Filomena Soares, Lisboa (2005).<br />
Tem também participado em exposições colectivas e bienais internacionais, entre as quais: 1a e 2a Bienal<br />
de Joanesburgo (1995 e 1997); Bienal de Istambul (1999); “Signs of Life”, Bienal Internacional de Melbourne<br />
(1999); “Squatters”, Museu de Serralves, Porto, e Witte de With, Roterdão (2001); “In the Meantime”,<br />
De Appel Foundation, Amesterdão (2001); “Continuare”, Bienal da Maia (2003); “Re-Location / Shake the<br />
Limits”, ICCA-MNAC, Bucareste (2004); “L’Universel? Dialogues avec Senghor”, Joal Fadiouth, Universidade<br />
de Dakar, Senegal (2004); “Territorio Oeste”, MACUF, Corunha (2006), “(Re)volver”, Plataforma<br />
Revólver, Lisboa (2006), e, em preparação, “Troca de Olhares”, Instituto Camões, Maputo (2007).<br />
Ângela Ferreira é professora convidada na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.<br />
Jürgen Bock<br />
Nasceu em Wuppertal, Alemanha, em 1962. Vive e trabalha em Lisboa desde<br />
1993.<br />
Curador independente, Jürgen Bock foi responsável, entre outros, pelo programa<br />
do 1.º Project Room do Centro Cultural de Belém (2000-2001), apresentando os<br />
artistas Eleanor Antin, Nathan Coley, Harun Farocki, Renée Green, Nuno Ribeiro,<br />
Allan Sekula e Heimo Zobernig, pela Bienal da Maia de 2003 e pela participação<br />
alemã na Trienal da Índia/Nova Deli de 2005, com o artista Andreas Siekmann.<br />
Concebeu e editou o livro Da Obra ao Texto – Diálogos sobre a Prática e a Crítica na<br />
Arte Contemporânea, com textos de vários autores (CCB, Lisboa, 2002), e organizou a publicação em<br />
Portugal dos volumes TITANIC’s wake, de Allan Sekula (versão portuguesa, Maumaus, Lisboa, 2003) e<br />
Negociações na Zona de Contacto, de Renée Green (Assírio & Alvim, Lisboa, 2003).<br />
Jürgen Bock é director da Escola de Artes Visuais Maumaus, em Lisboa, e ensina no Mestrado de Práticas<br />
Artísticas Contemporâneas, da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto.
ÂNGELA FERREIRA<br />
Nasceu em 1958, em Maputo, Moçambique. / Born in 1958, Maputo, Mozambique.<br />
Vive e trabalha em Lisboa. / Lives and works in Lisbon.<br />
Exposições individuais / Solo exhibitions<br />
2006<br />
Angela Remix, La Chocolataria, Santiago de Compostela.<br />
2005<br />
Random Walk, Galeria Filomena Soares, Lisboa.<br />
2003<br />
Ângela Ferreira, Em Sítio Algum / Ângela Ferreira, No Place at All, Museu do Chiado – MNAC, Lisboa.<br />
Visitas Privadas MNSR, Galeria Luís Serpa Projectos, Lisboa.<br />
2002<br />
Visitas Privadas / Private Views, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.<br />
Zip Zap Circus School. Instalação de arte pública. / Public art installation. Institute of Contemporary Art.<br />
Cape Town.<br />
2001<br />
Pega 2000. Galeria Catete, Museu da República. Rio de Janeiro.<br />
Duas Casas. / Two Houses. Galeria Luis Serpa Projectos. Lisboa.<br />
2000<br />
Pega 2000. Módulo – Centro Difusor de Arte. Lisboa.<br />
Sem título 1998 / Untitled 1998. ARCO Ifema (stand Galeria Luis Serpa). Madrid.<br />
1999<br />
Casa. Um retrato íntimo da casa em que nasci. / House. An intimate portrait of the house where I was<br />
born. Fundação de Serralves. Porto.<br />
Sem título 1998. / Untitled 1998. Galeria Luís Serpa Projectos. Lisboa. La Lavanderia Fundació. Barcelona.<br />
1998<br />
Kanimambo. Escultura pública. / Public sculpture. Expo’98 – <strong>Exposição</strong> Mundial de Lisboa. Lisboa.<br />
1997<br />
Double Sided Part II. Ibis Art Center. Nieu Bethesda. South Africa.<br />
Amnésia. / Amnesia. Bienal Internacional das Caldas da Rainha. Portugal.<br />
1996<br />
Double Sided Part I. Chinati Foundation. Marfa. U.S.A.<br />
Reordering Reality. Módulo – Centro Difusor de Arte. Porto.<br />
Marquises. Coincidências – Jornadas de Arte Contemporânea. Porto.<br />
1995<br />
Uma Escala, uma Sequência, o Engenho da Deriva e um Filme Retardado (A Scale, a Sequence, a<br />
Derivative Machine and a Retarded Film. Museu do Chiado – MNAC. Lisboa.
1993<br />
Sites and Services. Módulo – Centro Difusor de Arte. Lisboa.<br />
1992<br />
Sites and Services. The Annexe (Invited Artist Program). South African National Gallery. Cape Town.<br />
1990<br />
A Propósito de…. Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.<br />
Lisboa.<br />
Exposições Colectivas Seleccionadas / Selected Group Exhibitions<br />
2007<br />
AfterLife. Michael Stevenson Gallery. Cape Town.<br />
Troca de Olhares / Exchanging Visions. Instituto Camões. Maputo. Moçambique.<br />
Ana V, Armanda D, Angela F, Fernanda F, Maria L, Susannne T. Centro Cultural de Lagos. Portugal.<br />
An Atlas of Events. Fundação Gulbenkian. Lisboa.<br />
2006<br />
Territórios de Oeste / Western Territories. MACUF. Union Fenosa. La Coruña.<br />
Às Portas do Mundo / At the Entrance of the World. Casa do Brasil. Maputo. Moçambique.<br />
Moving Still. Espace Videographe. Montreal. / Saw Video. Ottawa.<br />
Re(volver). Plataforma Revólver. Lisboa.<br />
L’Universel? Dialogues avec Senghor. Unesco. Paris.<br />
2005<br />
L’Universel? Dialogues avec Senghor. Culturgest. Lisboa. / Spacex Exeter. UK.<br />
Lágrimas / Tears. Mosteiro de Alcobaça. Portugal.<br />
O Contrato Social / The Social Pact. Museu Bordalo Pinheiro. Lisboa<br />
Às Portas do Mundo / At the Entrance of the World, Palácio D. Manuel. Évora. Portugal.<br />
2004<br />
L’Universel? Dialogues avec Senghor. Joal Fadiouth, Dakar University. Le Franchouk, Dunkerque, Senegal.<br />
Re-Location/Shake the Limits. ICCAMNAC. Bucarest<br />
1944-2004 – Cinquenta Anos de Arte Portuguesa / 1944-2004 – Fifty Years of Portuguese Art. Museu do<br />
ChiadoMNAC. Lisboa.<br />
1980-2004. Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. Castelo Branco. Portugal.<br />
Horizontes – 20 anos 20 instalações / Horizons – 20 years 20 installations. Galeria Luis Serpa Projectos.<br />
Cordoaria Nacional. Lisboa.<br />
2003<br />
Video Brasil 2003. São Paulo.<br />
Lisboa photo 2003. Galeria Luis Serpa Projectos. Lisboa.<br />
Continuare, Bienal da Maia, Maia.<br />
2002<br />
Diferença e Conflito. O Século XX nas Colecções do Museu do Chiado – MNAC. / Difference and Conflict.<br />
The 20th Century in the Museu do Chiado – NMCA Collections. Museu do Chiado – MNAC. Lisboa.<br />
Contemporary Art from Portugal. European Bank. Frankfurt.
2001<br />
Phoebus Gallery. Rotterdam.<br />
La Fabrica. Madrid.<br />
In the Meantime…. De Appel Foundation. Amsterdam.<br />
Sul / South. Instituto Camões. Maputo.<br />
Squatters. Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Porto.<br />
Squatters #1. Witte de With. Rotterdam.<br />
Total Object Complete with Missing Parts. Tramway Gallery. Glasgow.<br />
Crossing the Line. Home Project. Lisboa.<br />
Novas Aquisições e Doações 2000-2001. / New Acquisitions and Donations 20002001. Museu do<br />
Chiado – MNAC. Lisboa.<br />
2000<br />
Soft Serve 2: a Multimedia Art Event. South African National Gallery. Cape Town.<br />
Um Oceano Inteiro para Nadar. / An Entire Ocean to Swim On. Culturgest. Lisboa.<br />
More Works about Buildings and Food. Fundição de Oeiras. Portugal.<br />
A. R. E. A. 2000. Kjarvalsstadir. Reykyavik.<br />
Initiare. Centro Cultural de Belém. Lisboa.<br />
Colecção Banco Privado. Museu Arte Contemporânea de Serralves. Porto.<br />
1999<br />
A Geração de 1911. / 1911 Generation. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.<br />
Tage der Dunkelheit und des Lichts. Zeitgenossische Kunst aus Portugal. Kunst Museum Bonn. Bonn.<br />
Signs of Life. Melbourne International Bienial. Melbourne.<br />
The Passion and the Wave. Istanbul Biennial. Istanbul.<br />
Entremundos. La Rábida. Huelva.<br />
Chambres, Rooms, Zimmer. Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Lisboa.<br />
Colecção António Cachola. Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo. Badajoz.<br />
1998<br />
Navegar é Preciso. Centro Cultural de São Paulo. São Paulo.<br />
Bienal de Arte de Pontevedra. Pontevedra.<br />
Colecção MEIAC. ARCO Ifema (stand Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo).<br />
Madrid.<br />
Bienal AIP. Europarque. St. Maria da Feira. Portugal.<br />
Graft. Africus – 2nd Johannesburg Biennial. Cape Town.<br />
1997<br />
Prémio União Latina / União Latina Prize. Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.<br />
Pode a Arte ser Afirmativa? / Can Art Be Afirmative. Culturgest. Lisboa.<br />
Sombras na Água. / Shadows on the Water. Galeria André Viana. Porto.<br />
A Arte, os Artistas e o Outro. / Art, the Artists and the Other. Fundação Cupertino de Miranda. Vila Nova<br />
de Famalicão. Portugal.<br />
Zonas de Interferência. / Zones of Interference. Karmeliter Kloster. PortugalFrankfurt’97 (Frankfurt Buch<br />
Messe). Frankfurt.<br />
1996<br />
Artistas / Arquitectos. / Artists / Architects. Centro Cultural de Belém. Lisboa.<br />
Jetlag. Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Lisboa.<br />
Ecos de la Materia. Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo. Badajoz.
1995<br />
Arrivals / Departures. Africus – 1st Johannesburg Biennial. Museum Africa. Johannesburg.<br />
Peninsulares. Galeria Antoni Estrani. Barcelona.<br />
1994<br />
Depois de Amanhã. / The Day After Tomorrow. Centro Cultural de Belém. Lisboa.<br />
Acabamentos de Luxo / Luxury Finishes. Associação Portuguesa de Arquitectos. Lisboa.<br />
1993<br />
New Wood Sculptures. South African National Gallery. Cape Town.<br />
1991<br />
Recent Acquisitions. South African National Gallery. Cape Town.<br />
National Sculpture – New Directions. Centre for African Studies – University of Cape Town. Cape Town.<br />
1989<br />
African Studies Festival. Centre for African Studies – University of Cape Town. Cape Town.<br />
Images of Wood. The Johannesburg Art Gallery. Johannesburg.<br />
Bibliografia Seleccionada / Selected Bibliography<br />
Catálogos individuais/ Individual catalogues<br />
Ângela Ferreira. Em Sítio Algum. / Ângela Ferreira. No Place at All. Lisboa: Museu do Chiado – MNAC /<br />
IPM, 2003.<br />
Casa. Um retrato íntimo da casa em que nasci. Porto: Fundação de Serralves, 1999.<br />
Uma Escala, uma Sequência, o Engenho da Deriva e um Filme Retardado. Lisboa: Museu do Chiado –<br />
MNAC / IPM, 1995.<br />
Ângela Ferreira. A Propósito de…. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna<br />
José de Azeredo Perdigão, 1990.<br />
Textos em catálogos / Texts in catalogues<br />
Perrier, Sophie – Afterlife. Cape Town: Hansa Print, 2007.<br />
Carlos, Isabel – Troca de Olhares / Exchanging Visions. Lisboa: Instituto Camões, 2007.<br />
Oliveira, Filipa – (Re)volver. Lisboa, 2006.<br />
Champesme, Marie – entrevista em / interview in L’Universel? Dialogues avec Senghor. France: Face à<br />
Face, 2004.<br />
Lapa, Pedro – “A Viagem como Metáfora”. Ângela Ferreira. Lisboa: Museu do Chiado – MNAC / IPM, 2003.<br />
Renton, Andrew – Ângela Ferreira. Em Sítio Algum / Ângela Ferreira. No Place at All. Lisboa: Museu do<br />
Chiado – MNAC / IPM, 2003.<br />
Marí, Bartomeu – “Around the Corner. A few reflections on Squatters”. Squatters #1. Rotterdam: Witte<br />
de With, 2001.<br />
Sacramento, Nuno e / and de Bruijn, Hilde – In the Meantime. Amsterdam: De Appel Foundation, 2001.<br />
Carlos, Isabel. Initiare. Lisboa: Instituto de Arte Contemporânea / Centro Cultural de Belém, 2000.<br />
Lapa, Pedro – “Arte e Espaço Social”. More Works about Buildings and Food. Oeiras: Câmara Municipal<br />
de Oeiras, 2000.<br />
Younge, Gavin – A.R.E.A. 2000. Kjarvalsstadir: A.R.E.A. 2000, 2000.<br />
Fernandes, João – “Ângela Ferreira: O Retrato da Casa ou as Referências de uma Intimidade”. Casa. Um<br />
retrato íntimo da casa em que nasci. Porto: Fundação de Serralves, 1999.
Carlos, Isabel – “Double Memory”. Tage der Dunkelheit und des Lichts. Zeitgenössische Kunst aus<br />
Portugal. Bonn: Kunst Museum Bonn, 1999.<br />
Engberg, Juliana – Signs of Life. Melbourne: Melbourne International Biennial, 1999.<br />
Pérez, Miguel von Hafe – “Identity – Architecture – Politics”. The Passion and the Wave. Istanbul: 6th<br />
Istanbul Bienal,1999.<br />
Lapa, Pedro – “Um Lugar de Trânsito”. Arte Urbana Expo’98. Lisboa: Parque Expo’98 S.A., 1998.<br />
Fernandes, João – Arrival / Departures. Johannesburg: Africus – 1st Johannesburg Biennial, 1995.<br />
Lapa, Pedro – “As Máquinas do Tempo de Ângela Ferreira”. Uma Escala, uma Sequência, o Engenho da<br />
Deriva e um Filme Retardado. Lisboa: Museu do Chiado – MNAC / IPM, 1995.<br />
Renton, Andrew – “A Sala de Espera e Outros Pontos de Partida”. Depois de Amanhã. Org. Isabel<br />
Carlos. Lisboa: Electa / Lisboa’94, 1994.<br />
Sanches, Rui – “Conversa entre Rui Sanches e Ângela Ferreira”. Ângela Ferreira. A Propósito de….<br />
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 1990.<br />
Livros / Books<br />
10 Years 100 Artists – Art in a Democratic South Africa. Ed. Sophie Perryer. Cape Town: BellRoberts<br />
Publishing, Struik, 2005.<br />
Bock, Jürgen e / and Low, Iain – Ângela Ferreira’s Zip Zap Circus School. Cape Town: ICA Cape Town, 2003.<br />
Visitas Privadas / Private Views. Porto: Museu Nacional Soares dos Reis / IPM, 2002.<br />
Melo, Alexandre – Artes Plásticas em Portugal dos Anos 70 aos Nossos Dias. Lisboa: Difel, 1998.<br />
Pinharanda, João – Alguns Corpos, Imagens da Arte Portuguesa entre 1950 e 1990. Lisboa: EDP, 1998.<br />
Rankin, Elizabeth – Images of Wood, Aspects of the History of Sculpture in the 20th Century South Africa.<br />
Johannesburg: Johannesburg Art Gallery, 1989.<br />
Williamson, Sue – Resistance Art in South Africa. Ed. David Phillip. Cape Town. London: Catholic Institute<br />
for International Relations, 1989.<br />
Dictionary for South African Painters and Sculptors. Ed. Grania Ogilvie. Johannesburg: Everard Read<br />
Publishers, 1988.<br />
Periódicos / Periodicals<br />
Ávila, María Jesús – “Ângela Ferreira”. Espaços. Lisboa. 40. Janeiro / January 2005.<br />
Bock, Jürgen – “Ângela Ferreira Museu do Chiado”. Art South Africa. Cape Town. V2.3. Outono / Autumn<br />
2004.<br />
Matteer, John – “Sonnets from the Portuguese”. Art Monthly Australia. Canberra. 176. Verão / Summer 2004.<br />
Vieira Jurgens, Sandra – “Aonde?”. PANGLOSS. Lisboa. 2004.<br />
Vieira Jurgens, Sandra – “Ângela Ferreira”. ARQ./A Revista de Arquitectura e Arte. Lisboa. Ano / Year IV.<br />
JaneiroFevereiro / JanuaryFebruary 2004.<br />
Marmeleira, José – “Ângela Ferreira”. Número Magazine. Lisboa. 20. Janeiro / January 2004.<br />
Vaz Fernandes, Francisco – “Ângela Ferreira”. DIF. Lisboa. 12. Outubro / October 2003.<br />
Makeka, Mokena – “Ângela Ferreira Institute for Contemporary Art”. Art South Africa. Cape Town. V3.5.<br />
Outono / Autumn 2003.<br />
Boutoux, Thomas – “Aperto South Africa”. Flash Art. Milano: Vol. XXXIV. 225. JulhoSetembro / July<br />
September 2002.<br />
Low, Iain – “Cool School”. Art South Africa. Cape Town. 1. Agosto / August 2002.<br />
Carlos, Isabel; Fernandes, João e / and Marí, Bartomeu – “Mesaredonda”. Visitas Privadas / Private<br />
Views. Jornal da <strong>Exposição</strong>. Porto: Museu Nacional Soares dos Reis / IPM, 2002.<br />
Matos, Lúcia – “Construção de Um Projecto”. Visitas Privadas / Private Views. Jornal da <strong>Exposição</strong>. Porto:<br />
Museu Nacional Soares dos Reis / IPM, 2002.<br />
Rosengarten, Ruth – “Ângela Ferreira: A Diversidade de Meios na Unicidade das Ideias”. www.artlink.pt.<br />
Lisboa 2000.<br />
Carlos, Isabel – “Aperto Portugal”. Flash Art. Milano. Vol. XXX. 194. MaioJunho / MayJune 1997.
Pérez, Miguel von Hafe – “Galeria”. Hei!. Porto. Abril 1997.<br />
Carlos, Isabel – Flash Art. Milano. Vol. XXIX. 186. JaneiroFevereiro / JanuaryFebruary 1996.<br />
Corris, Michael – “The Day After Tomorrow”. Art Forum. New York. Maio / May 1995.<br />
Rosengarten, Ruth – “Inside Out”. Frieze. London. 23. Verão / Summer 1995.<br />
Carlos, Isabel – Flash Art. Milano. Vol. XXVI. 172. Outubro / October 1993.<br />
Publicações on-line / On-line publications<br />
Murinik, Tracy – www.anamnese.pt<br />
Colecções Públicas / Public Collections<br />
Associação Industrial Portuguesa, Portugal<br />
Banco Privado, em depósito na Fundação de Serralves. Porto.<br />
Câmara Municipal de Lisboa. / Lisbon City Council. Lisboa.<br />
Centro Galego de Arte Contemporáneo. Santiago de Compostela.<br />
Caixa Geral de Depósitos. Lisboa.<br />
Colecção António Cachola, Portugal<br />
Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa.<br />
Fundação Carmona e Costa. Lisboa.<br />
Fundação de Serralves. Porto.<br />
Fundação Pro Justitiae, Portugal<br />
Instituto das Artes / Ministério da Cultura. Lisboa<br />
Market Gallery Foundation. Johannesburg.<br />
Michaelis School Of Fine Art Collection. University of Cape Town. Cape Town.<br />
Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo. Badajoz.<br />
Museu do Chiado – MNAC. Lisboa.<br />
PHB Billiton Collection. Johannesburg.<br />
South African National Gallery. Cape Town.<br />
The Johannesburg Art Gallery. Johannesburg.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Die Vlermuis Huis / A Casa Morcego<br />
(segundo a casa Die Es desenhada e construída por Gabriël Fagan<br />
em Camps Bay, Cidade do Cabo)<br />
2006<br />
Colecção privada, Lisboa<br />
Vista da instalação [(Re)volver, Plataforma Revólver, Lisboa, 2006]<br />
Fotografia: Ângela Ferreira<br />
Em 1966, Gabriël Fagan construiu um edifício modernista minimalista com um telhado escultural em<br />
Camps Bay, na Cidade do Cabo. Na escultura de Ângela Ferreira podemos observar a apropriação do<br />
edifício de Fagan, materializado aqui na forma de uma estrutura semelhante a um esqueleto que, de<br />
pernas para o ar, se tornou parte da estrutura do tecto do espaço expositivo. No espaço, a atenção<br />
centrase agora no telhado escultural que flutua de forma elegante alguns centímetros acima do chão da<br />
galeria, sublinhando (literalmente), com o seu aspecto ondulante, a estrutura que a segura e a liga ao<br />
tecto da galeria. O escultural telhado funcional da África do Sul transformase, em Lisboa, numa base<br />
abstracta e não utilizada da escultura evocativa da arquitectura, provocando o pensamento em torno,<br />
não só da relação entrelaçada da arquitectura e da escultura, como também acerca do envolvimento<br />
recíproco das culturas africana e europeia, e da relação entre centro e periferia. Em Die Vlermuis Huis / A<br />
Casa Morcego não se trata da travessia da arquitectura para a escultura, mas do reconhecimento de uma<br />
dependência e de uma inversão. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Random Walk<br />
2005<br />
Cortesia da artista / Galeria Filomena Soares, Lisboa<br />
Vista parcial da instalação (Galeria Filomena Soares, Lisboa, 2005)<br />
Fotografia: Ângela Ferreira<br />
A escultura Random Walk assume a forma de uma estrutura temporária de andaimes construída dentro<br />
do espaço principal da galeria. Do ponto de vista conceptual, esta peça baseiase na teoria económica<br />
com o mesmo nome, que se refere à imprevisibilidade do mercado económico. A instalação é contextualizada<br />
através de uma série de fotografias que realçam a fragilidade e a instabilidade de uma moeda<br />
africana em comparação com uma moeda europeia. A instalação permite ao visitante abandonar o<br />
espaço convencional da galeria, oferecendolhe um percurso arquitectónico aleatório alternativo no<br />
espaço. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas)<br />
2003<br />
cprint, cor, 124 x 153 cm<br />
Cortesia da artista / Galeria Filomena Soares, Lisboa<br />
Esta fotografia evoca uma ideia de História e a sua relação com um leque de outras histórias (política, da<br />
arte, do cinema e da arquitectura). A fotografia mostra a artista debruçada de uma piscina, em frente a<br />
um hotel modernista isolado na costa de Portugal, perto de Lisboa. O título da fotografia e a acção<br />
performativa de “repetição” de um gesto que se tornou num dos mais icónicos da revolução de 1974 (a<br />
distribuição dos cravos) evoca um outro acontecimento que teve lugar neste hotel durante a depressão<br />
que se seguiu, entre a revolução e 1986, quando Portugal entrou para a CEE. Em 1981, o realizador Wim<br />
Wenders filmou O Estado das Coisas, um melancólico filme autoreflexivo acerca das condições de<br />
trabalho dos cineastas não comerciais. O enredo do filme de Wenders baseiase na história de uma<br />
equipa de filmagens encalhada em Portugal durante a rodagem de um remake de um filme de ficção<br />
científica. A equipa vêse obrigada a interromper as filmagens por falta de fundos de Hollywood. No<br />
filme de Wenders, o argumento e as circunstâncias reais da produção de um filme entrecruzamse (a<br />
equipa de Wenders estava alojada no hotel utilizado como cenário do filme). A fotografia de Ângela<br />
Ferreira associa esses acontecimentos ao mito de uma sociedade portuguesa melancólica numa espera<br />
interminável pelo progresso e pela mudança – duas ideias essenciais no desenvolvimento do pensamento<br />
modernista. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Zip Zap Circus School<br />
200002<br />
Cortesia da artista / Galeria Filomena Soares, Lisboa<br />
Vista geral da instalação (Cidade do Cabo, 2002)<br />
Fotografia: David Goldblatt<br />
Zip Zap Circus School<br />
200002<br />
Cortesia da artista / Galeria Filomena Soares, Lisboa<br />
Vista da instalação (Em Sítio Algum, Museu do<br />
Chiado, Lisboa, 2003)<br />
Fotografia: Mário Valente<br />
Esta instalação inspirouse num projecto nunca construído do arquitecto Pancho Guedes que, como Ângela<br />
Ferreira, se move entre duas culturas. Para a exposição colectiva “More Works about Buildings and Food”<br />
(Hangar K7, Oeiras, 2000), Ângela Ferreira alargou a sua exploração do discurso modernista ao acrescentar a<br />
planta de Guedes de um projecto arquitectónico circense à arquitectura da exposição concebida por Pedro<br />
Gadanho. O seu modelo da Zip Zap Circus School utilizou os mesmos materiais de construção que os<br />
utilizados na arquitectura da exposição. A Zip Zap Circus School de Oeiras, que a artista considerou um<br />
protótipo, tornouse numa continuação da arquitectura expositiva do ”white cube”, fazendo ao mesmo<br />
tempo referência a noções estabelecidas de “arquitectura africana”.<br />
Em 2001, na exposição In the Meantime, no centro de arte contemporânea De Appel em Amesterdão,<br />
Ângela Ferreira voltou a utilizar a arquitectura de Zip Zap Circus School como veículo para a sua exploração<br />
dos conceitos de modernidade, realçando a dicotomia entre as interpretações europeia e africana da<br />
arquitectura. A artista apresentou a maqueta da escola de circo construída com os mesmos materiais que<br />
Mies van der Rohe utilizou no seu modelo da casa de campo Ellenwoude em 1912, relacionando assim os<br />
discursos de Mies e de Guedes. Uma fotografia do modelo de Mies e uma reprodução da planta de Guedes<br />
para a escola de circo faziam referência aos dois “originais”, bem como às respectivas filosofias contrastantes<br />
– se não mesmo contraditórias.<br />
No centro da Cidade do Cabo, num “nãolugar” resultante de um ambicioso, mas fracassado, programa dos<br />
anos sessenta para a construção de uma via rápida no centro da cidade, Ângela Ferreira apresentou a Zip<br />
Zap Circus School como uma escultura pública temporária. Neste caso, não existia já uma exposição ou<br />
edifício cujas limitações espaciais pudessem influenciar ou interferir com a possível posição do seu projecto.<br />
Visto de um determinado ângulo, cada um dos componentes da maqueta dava a ilusão de que o local estava<br />
ocupado por um edifício completo. Porém, de outros pontos de vista, cada elemento parecia estar cortada<br />
ao meio, revelando três “plataformas” semelhantes a palcos, que a artista disponibilizou aos estudantes para<br />
a realização de espectáculos durante a instalação.<br />
A instalação de Ângela Ferreira na Cidade do Cabo em 2002 esteve de novo ligada ao modelo de Mies van<br />
der Rohe da casa Ellenwoude em Wassenaar (Holanda). O projecto arquitectónico da escola de circo<br />
continua por concluir. A técnica de Mies, de utilizar uma maqueta à escala real, foi aqui apropriada para uma<br />
instalação utópica, uma possível estrutura de acolhimento para um projecto comunitário no futuro. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Case Study House #21<br />
2001<br />
Col. da artista, Lisboa<br />
Vista parcial da instalação (Squatters,<br />
Museu de Serralves, Porto, 2001)<br />
Fotografia: Rita Burmester<br />
Case Study House #21<br />
2001<br />
Col. da artista, Lisboa<br />
Detalhe da instalação (Squatters,<br />
Museu de Serralves, Porto, 2001)<br />
Fotografia: Rita Burmester<br />
Case Study House foi um programa arquitectónico experimental na cidade e nos arredores de Los Angeles,<br />
desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960, no qual arquitectos americanos experimentaram novos materiais<br />
e testaram a construção modular de estrutura metálica. Uma das ideias modernistas fundamentais neste<br />
projecto foi trazer o jardim para dentro de casa, sendo a Case Study House #21, de 1951, do arquitecto<br />
Pierre Koenig um exemplo perfeito desta nova proposta da relação casa/jardim.Na instalação de Ângela<br />
Ferreira com o mesmo título, a atenção do observador é dirigida do edifício onde decorre a exposição (o<br />
Museu Serralves no Porto) para o jardim. Ângela Ferreira cobriu o interior da Casa de Serralves com tela<br />
esticada sobre uma estrutura de madeira, introduzindo uma disposição tipo Case Study House recorrendo a<br />
uma técnica que evoca a arquitectura experimental utilizada por Mies van der Rohe no seu projecto para a<br />
casa KröllerMüller em Wassenaar (Holanda) em 1912.<br />
A artista utiliza alguma mobília para reintroduzir uma certa “privacidade” no museu público, que utiliza uma<br />
antiga casa unifamiliar para as exposições. Numa mesa de apoio modernista, uma pequena fotografia<br />
emoldurada mostra de forma “íntima” uma pistola, contextualizando – em conjunto com a vista ampliada do<br />
jardim – o elemento sonoro da instalação: a leitura de uma adaptação de um texto retirado de uma das<br />
publicações portuguesas de maior pendor fascista sobre a história colonial (A Derrocada do Império Vátua e<br />
Mouzinho de Albuquerque, de Francisco Toscano e Julião Quintinha, 1930), onde se descreve o suicídio de<br />
Mouzinho de Albuquerque, o “conquistador” de Moçambique, incapaz de se adaptar ao estilo de vida em<br />
Portugal depois de regressar de África. No texto adaptado por Ângela Ferreira, o jardim da morte de<br />
Albuquerque foi substituído pelo jardim de Serralves, contaminando não só o jardim do museu com este<br />
episódio da história colonial portuguesa, como também o sonho arquitectónico americano com as suas<br />
referências especiais a jardins. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Casa Maputo: Um Retrato Íntimo<br />
1999<br />
Col. Museu do Chiado – MNAC, Lisboa<br />
Fotografia: Mário Valente<br />
A instalação baseiase numa transposição tridimensional de projecções cartográficas (projecção de<br />
Robinson e Gnómica) que formam dois objectos esculturais, e que servem simultaneamente de ecrãs<br />
para duas projecções de vídeo de imagens de uma casa modernista em Maputo. Num dos ecrãs, a<br />
imagem projectada é a “refilmagem” de uma fotografia a preto e branco da casa, tirada logo a seguir à<br />
sua construção na década de 1950. A segunda projecção centrase no realçar de um conjunto de<br />
detalhes da casa numa fotografia a cores tirada na altura da produção da instalação. J.B.
ÂNGELA FERREIRA – OBRAS SELECCIONADAS<br />
Sites and Services<br />
199192<br />
Col. Instituto das Artes / Ministério da Cultura<br />
Vista parcial da instalação (Continuare, Bienal da Maia 2003)<br />
Fotografia: Mário Valente<br />
Sites and Services é composto por quatro esculturas semiabstractas, assemblages de elementos de<br />
cimento com redes de aço e tubos plásticos que fazem referência simultaneamente à prática artística<br />
modernista e aos processos da construção civil, apresentados em conjunto com 12 fotografias a cores,<br />
onde se reconhecem os materiais e as formas utilizadas nas esculturas. As fotografias mostram uma vasta<br />
área de terreno nos arredores da Cidade do Cabo, equipada com infraestruturas rudimentares e<br />
preparada para a construção de casas, estabelecida sob a égide de um programa governamental<br />
denominado Sites and Services. O objectivo do programa era dar resposta à necessidade urgente de<br />
habitação e equipamento das zonas em desenvolvimento com os serviços básicos – electricidade, água e<br />
esgoto – de modo a oferecer abrigo a grandes vagas de população migrante, que, violando as leis do<br />
apartheid em vigor, se deslocavam do campo para as principais áreas urbanas em busca de trabalho.<br />
Na sua instalação, Ângela Ferreira está interessada nos discursos que articulam a arte minimal e naqueles<br />
que articulam a arte política e global. As linhas gerais e a documentação deste programa governamental<br />
específico evocam a disposição formal dos objectos no contexto da arte minimal. A utilização de<br />
materiais de construção civil nas suas esculturas é, por seu lado, reminiscente da prática modernista em<br />
geral. A prática desconstrutivista da artista tornase aqui numa metáfora da desconstrução analítica da<br />
teoria da arte moderna. A artista apropriase de métodos modernistas na tentativa de estimular a<br />
consciência de como os sistemas culturais negoceiam os conceitos de “aqui” e “ali”, de “centro” e<br />
“periferia”, e das complexidades do “original” e do simulacro. Em Sites and Services, Ângela Ferreira<br />
não está interessada na documentação pela documentação, nem no exercício clássico formal da assemblage<br />
ao utilizar estes processos como um meio para estabelecer uma interface entre o político e o<br />
estético. As referências políticas nas fotografias, juntamente com o método formal da arte pela arte<br />
utilizado pela artista, criam novos caminhos de relacionamento com os espectadores. J.B.
PAVILHÃO PORTUGUÊS<br />
FONDACO MARCELLO<br />
Fondaco Marcello é um espaço expositivo situado num edifício histórico de Veneza construído no séc.<br />
XVI/XVII e originalmente concebido como armazém (“Fondaco”), como indicia a sua estrutura interior<br />
em open space. Tem uma área global de 360 m2 e a remodelação de que foi objecto em 2004/2005<br />
manteve as fachadas de tijolo originais e as características espaciais no seu interior.<br />
Fondaco Marcello situase na margem do Grande Canal, muito próximo do Palácio Grassi e entre as<br />
pontes da Accademia e Rialto, frente à estação de vaporetto de San Tomà.<br />
O Pavilhão Português fixase neste espaço até 2009 para acolher também as representações nacionais<br />
na Bienal de Arquitectura de 2008 e na Bienal de Artes Visuais de 2009.<br />
Fondaco Marcello – Vistas exterior e interior<br />
Fondaco Marcello – Maqueta<br />
Fondaco Marcello<br />
San Marco 3415 (Calle dei Garzoni), Veneza
PORTUGAL NA BIENAL DE VENEZA<br />
Portugal participa na Bienal de Veneza desde 1950, tendo assegurado uma presença continuada a<br />
partir de 1997. O Ministério da Cultura e o Instituto das Artes assumem a representação oficial na<br />
Bienal nomeando um comissário responsável pela escolha do(s) artista(s).<br />
51ª Bienal (2005)<br />
Artista: Helena Almeida<br />
Comissária: Isabel Carlos<br />
Espaço: Scoletta Tiraoro e Battioro, S. Stae<br />
49ª Bienal (2001)<br />
Artista: João Penalva<br />
Comissário: Pedro Lapa<br />
Espaço: Palácio Vendramin<br />
dei Carmini, Dorsoduro<br />
47ª Bienal (1997)<br />
Artista: Julião Sarmento<br />
Comissário: Alexandre Melo<br />
Espaço: Palácio Vendramin dei Carmini,<br />
Dorsoduro<br />
50ª Bienal (2003)<br />
Artista: Pedro Cabrita Reis<br />
Comissários: Vicente Todolí e João Fernandes<br />
Espaço: Antichi Granai, Giudecca<br />
48ª Bienal (1999)<br />
Artista: Jorge Molder<br />
Comissário: Delfim Sardo<br />
Espaço: Palácio Vendramin dei Carmini, Dorsoduro
<strong>52ª</strong> EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE – BIENAL DE VENEZA 2007<br />
Director Geral<br />
Robert Storr<br />
Tema: “Think with the Senses Feel with the Mind. Art in the Present Tense”<br />
Abertura ao público<br />
10 de Junho a 21 de Novembro<br />
Inauguração oficial<br />
7 a 9 de Junho<br />
Locais: Giardini / Arsenale / outros locais na cidade<br />
Site oficial: www.labiennale.org/en/art/<br />
MAIS INFORMAÇÕES<br />
Instituto das Artes – Assessoria de Imprensa<br />
Patrícia Brito<br />
T: 919 866 181<br />
www.iartes.pt/veneza2007<br />
Ministério da Cultura/Instituto das Artes<br />
Rua Garrett, 80, 3º<br />
1200204 Lisboa<br />
Portugal<br />
T: +351 213 219 700<br />
F: +351 213 219 723<br />
International Press Office<br />
European Art Projects<br />
Anne Maier<br />
M: + 49 170 290 75 85<br />
T: + 49 30 30 38 18 37<br />
F: + 49 30 69 81 94 15<br />
E: portuguese.pavilion@europeanartprojects.eu<br />
W: www.iartes.pt/veneza2007