Edição (PDF) - CÂNDIDO - Estado do Paraná
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Editora Brasília, o livro foi proibi<strong>do</strong> e só<br />
voltaria às prateleiras brasileiras em 1979,<br />
após grande pressão da intelectualidade<br />
nacional, que organizou um manifesto a<br />
favor de Zero com mais de 1.200 assinaturas.<br />
Entre alguns nomes que assinaram<br />
o <strong>do</strong>cumento, estavam Otto Maria Carpeaux,<br />
Antônio Houaiss, Moacyr Scliar,<br />
Chico Buarque, Paulo Emílio Salles Gomes<br />
e Rubem Fonseca.<br />
Cena 4<br />
Agonia e glória<br />
Enquanto esteve proibi<strong>do</strong>, o romance,<br />
no entanto, circulava por outras<br />
paragens. Entre 1975 e 1979, ano<br />
em que foi libera<strong>do</strong> pela censura, Zero<br />
ganhou edições em Portugal, Espanha<br />
e Alemanha. Ao longo de mais de<br />
três décadas, o livro continuou fazen<strong>do</strong><br />
grande carreira no exterior, com traduções<br />
em países como Coreia <strong>do</strong> Nor-<br />
te, Hungria e República Tcheca. Dada<br />
a complexidade <strong>do</strong> romance, carrega<strong>do</strong><br />
de gírias e regionalismos, Ignácio, a pedi<strong>do</strong><br />
de Curt Meyer-Clason, o tradutor<br />
alemão de Zero, fez um dicionário para<br />
tradutores, o que facilitou o trabalho de<br />
novas versões <strong>do</strong> livro. “Fiz dezenas de<br />
questionamentos a você. Por que não<br />
organiza essas perguntas e respostas em<br />
um volume? Assim terá um dicionário<br />
para os tradutores. Cada vez que o Zero<br />
for vendi<strong>do</strong>, você entra em contato com<br />
o tradutor e envia o ‘dicionário’”, sugeriu<br />
Meyer-Clason. Assim Ignácio passou<br />
a distribuir um dicionário de mais<br />
ou menos 100 páginas para os novos<br />
tradutores de Zero.<br />
Em 2010, a editora Global organizou<br />
uma edição especial em comemoração<br />
aos 35 anos de Zero, que reúne,<br />
além <strong>do</strong> dicionário para tradutores, textos<br />
que reconstroem o caminho <strong>do</strong> livro<br />
jornal da biblioteca pública <strong>do</strong> paraná | Cândi<strong>do</strong> 19<br />
por meio de matérias de jornal, capas e<br />
<strong>do</strong>cumentos da época em que o romance<br />
foi lança<strong>do</strong>.<br />
Como costuma acontecer com os<br />
clássicos, Zero ganhou ainda mais importância<br />
com o passar das décadas e é considera<strong>do</strong><br />
hoje um <strong>do</strong>s livros mais emblemáticos<br />
da literatura brasileira. O tremor<br />
de terra provoca<strong>do</strong> pelo livro foi tamanho,<br />
que o romance passou a assombrar<br />
seu autor, que se via preso à própria obra-<br />
-prima que produziu. “Certa época de<br />
minha vida, cheguei a odiar Zero, a me<br />
preocupar. Falavam de Ignácio Loyola,<br />
falavam de Zero. Era um peso, uma<br />
prisão. Pensei em parar de escrever. Depois<br />
dele veio um romance importante<br />
para mim, Dentes ao sol, mas que não teve<br />
nenhuma crítica, nenhuma repercussão.<br />
Hoje tem. Até que chegou Não verás país<br />
nenhum, que provocou tamanho impacto<br />
e me ‘liberou’ <strong>do</strong> Zero.” g<br />
Manuscritos, rascunhos<br />
e primeiros esboços<br />
gráficos de Zero.