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Detecção de Drusas em imagens de retinografia - deetc

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Introdução<br />

<strong>Detecção</strong> <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> <strong>retinografia</strong><br />

José Manuel Fonseca André Damas Mora Pedro Manuel Vieira<br />

jmf@uninova.pt atm@uninova.pt pmv@fct.unl.pt<br />

UNINOVA, FCT-UNL<br />

Campus da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia/UNL, Quinta da Torre, 2829-516 Caparica<br />

PORTUGAL<br />

Telefone: 21 294 83 80, Fax: 21 294 12 53<br />

<strong>Drusas</strong> são indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>generação macular, uma patologia que se caracteriza por acumulações<br />

<strong>de</strong> materiais extra celulares sob a retina. O estudo automático da evolução quantitativa <strong>de</strong> manchas<br />

<strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> ao longo <strong>de</strong> um tratamento médico constitui uma ferramenta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para<br />

médicos oftalmologistas os quais, até ao momento, efectuam a sua análise <strong>de</strong> forma manual<br />

baseando-se <strong>em</strong> aspectos qualitativos.<br />

Neste artigo é apresentada uma metodologia <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e quantificação automática <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong><br />

<strong>Drusas</strong> <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> da retina. A metodologia é dividida <strong>em</strong> três partes: a correcção da não<br />

uniformida<strong>de</strong> da iluminação, a localização <strong>de</strong> manchas e a mo<strong>de</strong>lação das manchas.<br />

Serão também apresentados os resultados da aplicação <strong>de</strong>sta metodologia <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> com manchas<br />

<strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> e comparados com <strong>imagens</strong> previamente marcadas por médicos oftalmologistas.<br />

Uma das anomalias da retina que são inspeccionadas pelos médicos oftalmologistas durante a examinação <strong>de</strong><br />

um paciente é a presença <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>. Estas são um importante factor <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> Degeneração<br />

Macular Relacionada com a Ida<strong>de</strong> (DMRI) que é uma das principais causas <strong>de</strong> cegueira irreversível nos<br />

países <strong>de</strong>senvolvidos. As <strong>Drusas</strong> po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> da retina como pequenas manchas <strong>de</strong><br />

cor clara e amarelada <strong>em</strong> redor da mácula (ver figura 1).<br />

Figura 1. Imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma retina com <strong>Drusas</strong>.<br />

Para diagnosticar a existência <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> os médicos oftalmologistas recorr<strong>em</strong> habitualmente a <strong>imagens</strong> da<br />

retina obtidas através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> <strong>retinografia</strong>, como sejam a fotografia <strong>de</strong> Fundus, a angiografia ou<br />

varrimento laser. A análise consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>tectar visualmente e avaliar qualitativamente as manchas <strong>de</strong><br />

<strong>Drusas</strong>. Este tipo <strong>de</strong> análise leva a que esta seja subjectiva <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo muito do especialista que a faz, do<br />

momento <strong>em</strong> que a faz e do equipamento que está usar. A <strong>de</strong>tecção e quantificação automática das manchas<br />

<strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> são dois procedimentos que irão certamente melhorar a eficácia do tratamento <strong>de</strong>sta patologia<br />

ocular, uma vez que permit<strong>em</strong> avaliar a sua evolução quantitativamente ao longo do tratamento usando<br />

s<strong>em</strong>pre os mesmos critérios <strong>de</strong> marcação <strong>de</strong> manchas.


A complexida<strong>de</strong> das <strong>imagens</strong> da retina, que inclu<strong>em</strong> o nervo óptico, as veias e eventuais anomalias,<br />

associada ao pouco contraste e à não uniformida<strong>de</strong> da iluminação da imag<strong>em</strong> faz<strong>em</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

algoritmos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> uma tarefa complexa e difícil. Diversas experiências têm sido<br />

levadas a cabo usando técnicas <strong>de</strong> compensação da não uniformida<strong>de</strong> da iluminação [1, 2] e <strong>de</strong><br />

melhoramento do contraste combinadas com algoritmos <strong>de</strong> segmentação <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> (local, global, difusa,<br />

etc.) [3, 4]. No entanto, a maioria das aplicações apresenta tendência para produzir falsos positivos.<br />

Neste artigo é apresentada uma metodologia <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> <strong>retinografia</strong><br />

que po<strong>de</strong> ser divida <strong>em</strong> três fases: a localização das manchas, a sua mo<strong>de</strong>lação e a rejeição <strong>de</strong> manchas não<br />

relacionadas com <strong>Drusas</strong>. Para a localização das manchas foi <strong>de</strong>senvolvido um algoritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

máximos [5] que recorre ao gradiente da imag<strong>em</strong> para fazer uma etiquetag<strong>em</strong> da imag<strong>em</strong> e posteriormente<br />

proce<strong>de</strong>r à sua segmentação. A segunda parte da metodologia [1] consiste <strong>em</strong> caracterizar cada uma das<br />

manchas e <strong>de</strong>finir o seu contorno. Nesta fase é utilizada a intensida<strong>de</strong> da imag<strong>em</strong> como informação<br />

tridimensional da imag<strong>em</strong>, permitindo mo<strong>de</strong>lar não só o contorno da mancha como também a sua forma<br />

tridimensional. A última fase consiste num pós-processamento recorrendo a técnicas <strong>de</strong> apoio à <strong>de</strong>cisão com<br />

vista a rejeitar as manchas que não estão relacionadas com <strong>Drusas</strong>. Este passo está ainda <strong>em</strong> fase <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento pelo que não será apresentado neste artigo.<br />

Estado da arte<br />

O primeiro trabalho importante <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção automática não supervisionada <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>imagens</strong> <strong>de</strong> <strong>retinografia</strong> foi publicado <strong>em</strong> 1986 por Peli and Lahav [3] e foi posteriormente <strong>de</strong>senvolvido por<br />

Sebag et al. [6] do New England Medical Center e da Tufts University School of Medicine. O trabalho<br />

consistiu <strong>em</strong> dividir a imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> janelas <strong>de</strong> 8x8 pixeis, calculando <strong>em</strong> cada janela um valor <strong>de</strong> binarização<br />

que é posteriormente interpolado usando uma interpolação bilinear e usado na binarização da janela. Os<br />

resultados obtidos foram consi<strong>de</strong>rados aceitáveis, mas revelando uma tendência para classificar pequenas<br />

irregularida<strong>de</strong>s na imag<strong>em</strong> como <strong>Drusas</strong> (falsos positivos).<br />

Em 1991, Philips et al. [7] da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aber<strong>de</strong>en <strong>de</strong>monstraram que a combinação <strong>de</strong> binarizações<br />

locais e globais <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> funduscopia po<strong>de</strong>m ser utilizadas para <strong>de</strong>tectar <strong>Drusas</strong>. Mais tar<strong>de</strong>, <strong>em</strong> 1995,<br />

Kirkpatrick et al. [4] do mesmo grupo <strong>de</strong> investigação propôs a utilização <strong>de</strong> um algoritmo <strong>de</strong> region<br />

growing para <strong>de</strong>tectar <strong>Drusas</strong> <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> obtidas por oftalmoscopia <strong>de</strong> varrimento Laser. Embora ambos<br />

tenham produzido resultados idênticos <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> do mesmo paciente, ambos os algoritmos não efectuam<br />

nenhum pós processamento dos resultados levando a que sejam gerados muitos falsos positivos.<br />

Uma aproximação ao probl<strong>em</strong>a da <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> usando Lógica Difusa foi apresentada <strong>em</strong> 2000 por<br />

Thdibaoui et al. [8] da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris. O passo inicial do algoritmo consiste <strong>em</strong> dividir os pixeis <strong>em</strong><br />

três classes: fundo, <strong>Drusas</strong> e ambíguos, <strong>de</strong> acordo com a sua intensida<strong>de</strong>. O último passo consiste <strong>em</strong><br />

classificar iterativamente os pixeis ambíguos numa das outras duas classes usando Lógica Difusa.<br />

Uma segmentação <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> baseada numa reconstrução geodésica da imag<strong>em</strong> foi proposta <strong>em</strong> 2001 por<br />

Sbeh et al. da Universida<strong>de</strong> Paris-Dauphine [9, 10]. O algoritmo, após aplicar um pré-processamento para o<br />

realce <strong>de</strong> contornos, <strong>de</strong>tecta máximos locais e juntamente os seus pixeis vizinhos (vizinhos geodésicos)


extrai o fundo. Este último passo é efectuado subtraindo um valor pré-<strong>de</strong>terminado ao máximo local. Os<br />

resultados obtidos po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados bons, mas este algoritmo po<strong>de</strong> ser classificado como uma técnica<br />

<strong>de</strong> segmentação adaptativa e consequent<strong>em</strong>ente t<strong>em</strong> os mesmos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> falsos positivos<br />

que apresentaram os trabalhos prece<strong>de</strong>ntes.<br />

Com esta pequena apresentação <strong>de</strong> trabalhos relacionados po<strong>de</strong>-se concluir que outras técnicas que não <strong>de</strong><br />

segmentação não foram ainda aplicadas a este probl<strong>em</strong>a. É importante fazer notar que todos estes métodos <strong>de</strong><br />

segmentação têm a mesma tendência <strong>de</strong> produzir falsos positivos, especialmente quando a imag<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />

pequenas irregularida<strong>de</strong>s e que não é efectuado um pós-processamento para eliminação <strong>de</strong> manchas que não<br />

estejam relacionadas com <strong>Drusas</strong>.<br />

Localização <strong>de</strong> Manchas<br />

O algoritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e quantificação <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> proposto é baseado na mo<strong>de</strong>lação das manchas para<br />

assegurar que a segmentação da imag<strong>em</strong> seja consistente com formas geométricas pré-<strong>de</strong>finidas. Para obter<br />

melhores resultados do processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação é conveniente fornecer ao algoritmo a localização<br />

aproximada do centro das manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>.<br />

Neste artigo é proposto um algoritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> máximos locais que t<strong>em</strong> como característica principal<br />

uma boa imunida<strong>de</strong> ao ruído. É um algoritmo <strong>de</strong> segmentação <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> que recorre ao gradiente da<br />

imag<strong>em</strong> para efectuar uma etiquetag<strong>em</strong> da mesma. Em <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> média resolução existe certamente mais<br />

do que um pixel cujo gradiente esteja na direcção <strong>de</strong> um máximo local e seguindo este mesmo gradiente,<br />

pixel a pixel, um máximo local será encontrado. Este será o princípio <strong>de</strong> funcionamento do algoritmo<br />

proposto que é similar aos algoritmos <strong>de</strong> etiquetag<strong>em</strong> <strong>de</strong> componentes ligados e transformada <strong>de</strong> Watershed.<br />

O algoritmo <strong>de</strong> localização <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> t<strong>em</strong> quatro fases distintas: a <strong>de</strong>terminação do gradiente, a propagação<br />

<strong>de</strong> etiquetas, a compatibilização <strong>de</strong> etiquetas e finalmente a junção <strong>de</strong> etiquetas que pelas suas características<br />

po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como pertencentes ao mesmo máximo local. Para ilustrar o algoritmo este será<br />

aplicado à imag<strong>em</strong> apresentada na figura 2.a, um <strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> on<strong>de</strong> são visíveis duas <strong>Drusas</strong>.<br />

O gradiente da imag<strong>em</strong> (figura 2.b) é calculado utilizando o operador <strong>de</strong> Sobel numa janela <strong>de</strong> 3x3 pixeis,<br />

<strong>de</strong>terminando <strong>em</strong> cada pixel um vector que indica a direcção para próximo pixel <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> superior.<br />

Uma vez que o operador analisa a vizinhança <strong>em</strong> redor <strong>de</strong> cada pixel, muitos efeitos <strong>de</strong>vido a ruído po<strong>de</strong>m<br />

ser eliminados.<br />

A segunda fase (figura 2.c) consiste <strong>em</strong> analisar a imag<strong>em</strong> sequencialmente da esquerda para a direita e <strong>de</strong><br />

1 2 3 4 5 6 7 8<br />

9 1 4 5 6 7 10 11<br />

1 12 6 6 7 10 11 13<br />

14 15 16 7 17 10 13 18<br />

19 20 21 7 7 10 18 22<br />

23 24 25 25 25 7 22 26<br />

27 28 29 30 7 31 32 33<br />

1 1 1 1 1 1 7 7<br />

1 1 1 1 1 7 7 7<br />

1 1 1 1 7 7 7 7<br />

1 1 1 7 7 7 7 7<br />

1 1 7 7 7 7 7 7<br />

1 7 7 7 7 7 7 7<br />

1 7 7 7 7 7 7 7<br />

34 35 36 37 37 38 39 40 1 7 7 7 7 7 7 7<br />

(a) (b) (c) (d)<br />

Figura. 2 - Ex<strong>em</strong>plo do algoritmo <strong>de</strong> localização <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> (a) Imag<strong>em</strong> original; (b) Gradiente da<br />

imag<strong>em</strong>; (c) Propagar etiquetas; (d) Compatibilização <strong>de</strong> etiquetas.


cima para baixo, atribuindo a cada pixel não analisado uma nova etiqueta e propagando-a na direcção do<br />

gradiente até que este indique um pixel já analisado. S<strong>em</strong>pre que esta última situação ocorra e que a etiqueta<br />

a propagar seja diferente da etiqueta seguinte, estas serão <strong>de</strong>finidas t<strong>em</strong>porariamente como compatíveis.<br />

A terceira fase correspon<strong>de</strong> a compatibilizar todas as etiquetas que foram i<strong>de</strong>ntificadas no passo anterior<br />

criando uma imag<strong>em</strong> segmentada <strong>em</strong> zonas que contribu<strong>em</strong> para um máximo local. O pixel <strong>de</strong> maior<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada etiqueta é <strong>de</strong>finido como o máximo local.<br />

Após esta fase e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruído presente na imag<strong>em</strong>, o algoritmo po<strong>de</strong> gerar uma<br />

imag<strong>em</strong> <strong>de</strong>masiado segmentada. Nestes casos é aplicado um passo <strong>de</strong> junção <strong>de</strong> zonas vizinhas que<br />

pertençam ao mesmo máximo local, sendo a condição <strong>de</strong> junção que entre os dois máximos locais das zonas<br />

a unir seja possível percorrer um caminho s<strong>em</strong> que a intensida<strong>de</strong> da imag<strong>em</strong> não <strong>de</strong>sça abaixo <strong>de</strong> um nível<br />

pré-<strong>de</strong>terminado.<br />

Mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> Manchas<br />

O próximo passo na <strong>de</strong>tecção e quantificação <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> consiste <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>lar cada uma das manchas<br />

<strong>de</strong>tectadas. Para criar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> uma mancha é importante ter <strong>em</strong> conta que a génese das manchas <strong>de</strong><br />

<strong>Drusas</strong> é uma elevação suave da superfície da retina <strong>de</strong>vido a acumulação <strong>de</strong> materiais extra-celulares<br />

<strong>de</strong>baixo da retina. Usando a intensida<strong>de</strong> da imag<strong>em</strong> como informação tridimensional (coor<strong>de</strong>nada z) para<br />

estimar a elevação da superfície da retina é possível estimar a forma tridimensional <strong>de</strong> uma mancha <strong>de</strong> Drusa<br />

(ver figura 3.a). Como é possível observar, o gráfico po<strong>de</strong> ass<strong>em</strong>elhar-se a uma função gaussiana (figura 3.b)<br />

sobre um fundo com ruído. Estas observações motivaram a utilização <strong>de</strong> funções gaussianas para mo<strong>de</strong>lar as<br />

manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>. A função utilizada é obtida através da seguinte equação:<br />

sendo:<br />

⎛ X<br />

−⎜<br />

⎜ s<br />

2<br />

Y<br />

+<br />

s<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

⎟ d<br />

⎟<br />

⎠<br />

⎝ x y<br />

G ( x,<br />

y)<br />

= A * e + Z on<strong>de</strong>,<br />

0<br />

X =<br />

Y =<br />

s<br />

y<br />

( x − x0<br />

) ⋅ cos(<br />

θ ) + ( y − y0<br />

) ⋅ sin(<br />

θ )<br />

−(<br />

x − x ) ⋅ sin(<br />

θ ) + ( y − y ) ⋅ cos(<br />

θ )<br />

= s<br />

A – amplitu<strong>de</strong> θ - rotação<br />

(x0, y0) – coor<strong>de</strong>nadas do centro sF – factor <strong>de</strong> forma entre sx e sy<br />

d – Factor <strong>de</strong> forma sx – factor <strong>de</strong> forma no plano x<br />

Z0 – valor <strong>de</strong> fundo<br />

(a) (b) (c)<br />

Figura 3. (a) Forma tridimensional <strong>de</strong> uma mancha <strong>de</strong> Drusa; (b) Função gaussiana;<br />

(c) Mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> com manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>.<br />

F<br />

⋅ s<br />

x<br />

0<br />

0<br />

(2)


Esta é uma versão modificada da função gaussiana que acrescenta o factor <strong>de</strong> forma d possibilitando mais<br />

um grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> à função, permitindo que esta se torne mais suave ou com arestas mais pronunciadas.<br />

Para a pesquisa dos parâmetros das funções gaussianas que melhor mo<strong>de</strong>lam as manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>, foi<br />

utilizado o algoritmo <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> funções Levenberg-Marquardt [11]. O resultado da mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong><br />

uma imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> retina encontra-se apresentado na figura 3.c, on<strong>de</strong> sobre a imag<strong>em</strong> original (malha) foi<br />

sobreposto a imag<strong>em</strong> estimada. O contorno das manchas po<strong>de</strong> ser obtido marcando o contorno das funções a<br />

uma percentag<strong>em</strong> da sua amplitu<strong>de</strong>.<br />

Apresentação <strong>de</strong> Resultados<br />

Neste capítulo será apresentada a aplicação da metodologia <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> a uma imag<strong>em</strong> (figura 4.c)<br />

e comparada quantitativamente com <strong>imagens</strong> marcadas por médicos oftalmologistas. A comparação será<br />

efectuada com base no número <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong>tectadas e na área das manchas. As <strong>imagens</strong> são marcadas<br />

manualmente <strong>em</strong> fotografia com caneta (figura 4.a) e também <strong>em</strong> computador <strong>de</strong> forma assistida (figura 4.b)<br />

numa aplicação <strong>de</strong>senvolvida especificamente para o efeito, MD3RI [12].<br />

Antes <strong>de</strong> analisar os resultados obtidos pela ferramenta automática é <strong>de</strong> salientar a subjectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

análise. Comparando as marcações a caneta e a computador efectuadas pelo mesmo médico oftalmologista<br />

<strong>em</strong> <strong>imagens</strong> da retina verifica-se que <strong>em</strong> média apenas 70% dos pixeis são marcados <strong>em</strong> ambas as <strong>imagens</strong>.<br />

Sendo <strong>de</strong> prever que esta disparida<strong>de</strong> seja ainda mais acentuada comparando análises <strong>de</strong> médicos diferentes.<br />

O objectivo final da <strong>de</strong>tecção automática será obter resultados que sejam aprovados pela maioria dos<br />

médicos oftalmologistas.<br />

Comparando os resultados da <strong>de</strong>tecção automática com uma imag<strong>em</strong> contendo apenas os pixeis marcados<br />

simultaneamente a caneta e a computador é possível verificar que 22% dos máximos locais ficaram por<br />

<strong>de</strong>tectar e que 40% dos máximos locais <strong>de</strong>tectados correspon<strong>de</strong>ram a zonas não assinaladas. Estes são<br />

valores na mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za dos verificados noutras <strong>imagens</strong>, pelo que se torna necessário ajustar<br />

os parâmetros do algoritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção para <strong>de</strong>tectar manchas <strong>de</strong> menores dimensões e simultaneamente<br />

efectuar uma selecção dos máximos locais com base nas suas características <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> e dimensão. Os<br />

resultados da mo<strong>de</strong>lação das manchas ainda se encontram um pouco aquém do esperado, havendo cerca <strong>de</strong><br />

(a) (b) (c)<br />

Figura. 4 - (a) Imag<strong>em</strong> marcada a caneta; (b) Imag<strong>em</strong> com marcada assistida;<br />

(c) Imag<strong>em</strong> marcada automaticamente.


20% <strong>de</strong> pixeis falsos positivos e 20% <strong>de</strong> pixeis falsos negativos. Estes valores <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se principalmente à<br />

incapacida<strong>de</strong> da ferramenta Matlab <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>lar a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma só vez, tendo <strong>de</strong> ser efectuada <strong>em</strong> janela<br />

<strong>de</strong>slizante <strong>de</strong> 100x100 pixeis.<br />

Conclusão<br />

O artigo apresenta uma nova aproximação ao probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> <strong>em</strong> <strong>imagens</strong> <strong>de</strong> <strong>retinografia</strong>. A<br />

metodologia apresentada permite não só <strong>de</strong>finir o contorno <strong>de</strong> manchas, como também caracterizar as<br />

mesmas com vista a uma futura classificação das manchas como <strong>Drusas</strong> ou outra estrutura presente na<br />

imag<strong>em</strong>.<br />

O algoritmo <strong>de</strong> localização <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong>, que usa como base o gradiente para fazer etiquetag<strong>em</strong> da<br />

imag<strong>em</strong>, apresentou bons resultados <strong>de</strong>tectando todas as manchas mesmo <strong>em</strong> zonas <strong>de</strong> baixo contraste. A<br />

mo<strong>de</strong>lação das manchas através <strong>de</strong> funções gaussianas tridimensionais permitiu efectuar uma segmentação<br />

da imag<strong>em</strong> adaptada à forma típica das manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> eliminando bastantes artefactos da imag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>vido a ruído e outras irregularida<strong>de</strong>s na superfície da retina.<br />

Como trabalho futuro preten<strong>de</strong>-se aperfeiçoar o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação das manchas utilizando outras<br />

funções e/ou outros métodos <strong>de</strong> optimização <strong>de</strong> funções e <strong>de</strong>senvolver o último passo <strong>de</strong> pós-processamento<br />

dos resultados, com vista a separar as manchas <strong>de</strong> <strong>Drusas</strong> das restantes.<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Os autores agra<strong>de</strong>c<strong>em</strong> o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia através do Programa Operacional<br />

para a Ciência e Inovação POCI-2010 e do Fundo Social Europeu, e também à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aber<strong>de</strong>en e<br />

ao Hospital <strong>de</strong> Santa Maria pela disponibilização das <strong>imagens</strong> e na analise das <strong>imagens</strong> usadas neste estudo.<br />

Referências<br />

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MEDSIP-2004, Malta, 2004.<br />

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[7] R. P. Phillips, et al., Quantification of diabetic maculopathy by digital imaging of the fundus, Eye, vol. 5 (<br />

Pt 1), p. 130-137, 1991.<br />

[8] A. Thdibaoui, A. Rajn, and P. Bunel. A fuzzy logic approach to drusen <strong>de</strong>tection in retinal angiographic<br />

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[9] Z. B. Sbeh, et al., A New Approach of Geo<strong>de</strong>sic Reconstruction for Drusen Segmentation in Eye Fundus<br />

Images, IEEE TRANSACTIONS ON MEDICAL IMAGING, vol. 20(12), p. 1321-1333, 2001.<br />

[10] Z. B. Sbeh, et al. An adaptive contrast method for segmentation of drusen, in International Conference<br />

on Image Processing, 1997.<br />

[11] D. W. Marquardt, An algorithm for least-squares estimation of non-linear parameters, Journal of the<br />

Society for Industrial and Applied Math<strong>em</strong>atics, vol. 11(2), p. 431-441, 1963.<br />

[12] Uninova, MD3RI - Manual Drusen Deposits Detection on Retina Images, 2005.

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