Estudos nos livros poéticos (II) - Juerp
Estudos nos livros poéticos (II) - Juerp
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Realização<br />
A revista da maturidade cristã • ANO XIV • Nº 53 • 1T12<br />
Seções<br />
<strong>Estudos</strong><br />
<strong>nos</strong> <strong>livros</strong><br />
<strong>poéticos</strong> (<strong>II</strong>)<br />
<strong>Estudos</strong> <strong>nos</strong> <strong>livros</strong> de Jó, Provérbios,<br />
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos<br />
Reflexões para a maturidade • Carta dos leitores • Agenda e notícias •<br />
Saúde • Receita • Dicas e curiosidades • Especial • Espaço light •<br />
Vitaminas para o espírito • Coisas de Vô/Vó e netos
Realização<br />
ISSN 1984–8706<br />
Ano X<strong>II</strong>I – nº 53 – 1T12<br />
Publicação trimestral da Junta de Educação<br />
Religiosa e Publicações da Convenção Batista<br />
Brasileira, dirigida a adultos da terceira idade,<br />
contendo lições para a Escola Bíblica Dominical<br />
e outras matérias que favorecem<br />
a edificação do adulto<br />
CGC (MF): 33.531.732/0001-67<br />
Registro nº 816.243.760 no INPI<br />
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Barbosa, Ebenézer S. Ferreira, Francisco Mancebo<br />
Reis, Gilton M. Vieira, Ivone Boechat de Oliveira,<br />
João Reinaldo Purim, José A. S. Bittencourt,<br />
Lael d’Almeida, Margarida Lemos Gonçalves,<br />
Pedro Moura, Roberto A. Souza e Silvino C.F. Netto<br />
Coordenação Editorial<br />
Solange Cardoso Abreu d’Almeida (RP/16897)<br />
Redação<br />
João Oliveira Ramos Neto<br />
Conselho Geral da CBB<br />
Sócrates Oliveira de Souza<br />
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Nossa missão: “Viabilizar a coopera ção<br />
entre as igrejas batistas no cum pri men to<br />
de sua missão como comunidade local”<br />
Conversas de maturidade<br />
Querido aluno,<br />
Mais um ano começa! Talvez você já fez o planejamento<br />
para 2012 e estabeleceu muitos alvos pessoais<br />
desafiadores para você. Nosso desejo é que seja, de fato,<br />
um ano de muita realização. E, por falar em realização,<br />
esperamos que o estudo da Bíblia também ocupe um lugar<br />
especial <strong>nos</strong> seus pla<strong>nos</strong>.<br />
Para ajudá-lo a aprender mais da Bíblia em 2012, começamos<br />
o primeiro trimestre estudando os <strong>livros</strong> <strong>poéticos</strong>:<br />
Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. O livro de<br />
Salmos, conforme <strong>nos</strong>so calendário, já foi estudado no<br />
primeiro trimestre de 2011.<br />
Como temos feito, além das lições da EBD, preparamos<br />
uma revista caprichada para você. Além de poesia,<br />
diversão, receita e notícia, compartilhamos artigos e<br />
reflexões relevantes para manter a sua saúde espiritual.<br />
Não deixe de ler, meditar e aprender.<br />
Lembre-se: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento.<br />
Os insensatos, porém, desprezam a sabedoria<br />
e a instrução” – Provérbios 1.7.<br />
Para encerrar, lembramos você de escrever para nós.<br />
Nosso endereço é redacao.realizacao@gmail.com.<br />
Um fraterno abraço com carinho do seu redator.<br />
João Oliveira Ramos Neto<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 1
<strong>Estudos</strong> da EBD<br />
2 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
Sumário<br />
EBD 1 – “Bendito seja o nome do Senhor”<br />
EBD 2 – “Os meus gemidos se derramam como água”<br />
EBD 3 – “Os meus amigos zombam de mim”<br />
EBD 4 – “Vive Deus que me amargurou a alma”<br />
EBD 5 – “Os olhos de Deus estão sobre os caminhos de cada um”<br />
EBD 6 – “O Senhor respondeu a Jó”<br />
EBD 7 – “Filho meu, guarda as minhas palavras”<br />
EBD 8 – “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”<br />
EBD 9 – “Não é bom agir sem refletir”<br />
EBD 10 – “Melhor é o pobre íntegro do que o rico perverso”<br />
EBD 11 – “Tudo tem a sua ocasião própria”<br />
EBD 12 – “Vi que o homem não pode compreender”<br />
EBD 13 – “As muitas águas não podem apagar o amor”<br />
Seções<br />
3 – Liderança<br />
43 – Poesia<br />
44 – Agenda e Notícias<br />
45 – Receitas<br />
46 – Saúde<br />
48 – Dicas e curiosidades<br />
50 – Especial<br />
52 – Espaço light<br />
54 – Vitaminas para o espírito<br />
55 – Carta dos leitores<br />
56 – Coisas de Vô/Vó e netos<br />
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Neste trimestre estudaremos os <strong>livros</strong> <strong>poéticos</strong>:<br />
Jó, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.<br />
Quem escreveu as lições foi o Diretor Geral da<br />
JUErP, Almir dos Santos Gonçalves Júnior.<br />
Ele é membro da Igreja Batista de Itacuruçá,<br />
onde exerce o ministério diaconal e professor<br />
de uma bonita classe de EBD de adultos.<br />
Para aprofundar ainda mais seu estudo, sugerimos,<br />
principalmente para os líderes e professores,<br />
os <strong>livros</strong> abaixo:<br />
O livro mais mal-humorado da Bíblia, escrito<br />
por Ed rené Kivitz, pastor da Igreja Batista<br />
da Água Branca, em São Paulo, e publicado<br />
pela Editora Mundo Cristão, traz excelentes<br />
estudos sobre o livro de Eclesiastes.<br />
Jó. Da série Heróis da Fé, foi escrito pelo pastor<br />
norte-americano Charles rozell Swindoll<br />
e publicado pela Editora Mundo Cristão. Um<br />
devocional inspirador para subsidiar os estudos<br />
do trimestre.<br />
Provérbios. Escrito pelo excelente teólogo norte-americano<br />
Walter C. Kaiser Jr. e publicado<br />
no Brasil pela editora Vida, é um livro profundo<br />
e ao mesmo tempo simples, ideal para complementar<br />
os estudos da Escola Bíblica Dominical.<br />
Os alu<strong>nos</strong> da classe também poderão marcar<br />
um dia para se reunir e assistir ao filme Salomão,<br />
da coleção Bíblia Sagrada. O filme, de 1997, foi<br />
dirigido pelo cineasta norte-americano roger<br />
Young e traz a vida de Salomão enquanto rei de<br />
Israel. Será ótimo para compreensão do contexto<br />
em que nasce Provérbios, Eclesiastes e Cantares.<br />
Bom estudo e bom trimestre!<br />
Liderança<br />
Capa do DVD “Salomão”, da coleção Bíblia<br />
Sagrada, de 1997, e dirigido pelo cineasta<br />
norte-americano Roger Young<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 3
Segunda<br />
Jó<br />
1.1-12<br />
Sem dúvida alguma, o sofrimento que<br />
se abateu sobre Jó é a história bíblica mais<br />
marcante sobre a calamidade atingindo uma<br />
vida apenas: em instantes, ele perde seus<br />
bois, jumentos, ovelhas, camelos, empregados,<br />
e filhos. E, logo depois, adoece também<br />
de enfermidade horrenda e amaldiçoada.<br />
No entanto, o que <strong>nos</strong> chama atenção no<br />
texto lido é que tal situação não devia ter<br />
acometido <strong>nos</strong>so personagem. Afinal, “ele<br />
era um homem íntegro e reto, que temia a<br />
Deus e se desviava do mal”.<br />
Nos dias de hoje ainda é assim. Calamidades<br />
e vicissitudes não atingem apenas os maus<br />
e os perversos: pessoas boas estão sofrendo.<br />
Homens honestos e corretos estão padecendo.<br />
Mulheres dignas e bondosas estão se la-<br />
4 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
EBD 1<br />
1 de janeiro<br />
“Bendito seja o<br />
nome do Senhor”<br />
Texto bíblico – Jó 1, 2 e 42 • Texto áureo – Jó 1.21<br />
Terça<br />
Jó<br />
1.13-22<br />
A vida de Jó – Princípio e fim<br />
DIA A DIA CoM A BÍBLIA<br />
Quarta Quinta Sexta<br />
Jó<br />
2.1-6<br />
Jó<br />
2.7-10<br />
Jó<br />
2.11-13<br />
Sábado<br />
Jó<br />
42.1-9<br />
Domingo<br />
Jó<br />
42.10-17<br />
mentando. Jovens que tanto tinham ainda<br />
por viver estão morrendo. Crianças inocentes<br />
e ingênuas estão com os dias contados. Crentes<br />
em Cristo Jesus também estão passando<br />
por isso. Talvez você conheça alguém que está<br />
passando pelo vale da dor e do sofrimento.<br />
Quem sabe se você mesmo não está diante de<br />
alguma situação triste e constrangedora? Foi<br />
assim que aconteceu com Jó.<br />
A vontade permissiva de<br />
Deus e a presença do mal<br />
(Jó 1.6-12 e 2.1-6)<br />
Como fruto da entrada do pecado no<br />
mundo, a vontade de Deus para a sua criação<br />
e as suas criaturas deixou de ser provenien-
te unicamente de sua intenção pura, maravilhosa<br />
e perfeita, para se tornar a vontade<br />
permissiva dele para com o homem a quem<br />
deu o livre arbítrio. Diante disto, situações<br />
inimagináveis como as descritas nesses dois<br />
textos (1.6-12 e 2.1-6) se tornam realidade,<br />
quando a presença do mal envolve o ser humano<br />
e o leva ou o atrai para o erro, a dor e<br />
o sofrimento.<br />
A grande realidade que a Bíblia <strong>nos</strong> traz<br />
é que a presença do pecado trouxe para o<br />
homem, enquanto o mundo for mundo, a<br />
presença do mal e do sofrimento. Para <strong>nos</strong><br />
preservar deles temos que dotar os <strong>nos</strong>sos<br />
passos de obediência e sujeição à vontade<br />
do <strong>nos</strong>so Deus e, ainda assim, pedir sempre<br />
por sua misericórdia e cuidado, pois, como<br />
o pregador de Eclesiastes <strong>nos</strong> fala: “...tudo<br />
sucede igualmente a todos... ao justo e ao ímpio...<br />
ao puro e ao impuro... ao bom como ao<br />
pecador...”<br />
As consequências da presença<br />
do mal (Jó 1.13-19 e 2.7-10)<br />
Jó não é o único exemplo desse tipo de<br />
sofrimento. Aliás, antes dele, Abel sofreu a<br />
morte covarde e assassina nas mãos do próprio<br />
irmão. Noé vai sofrer vendo a humanidade<br />
corromper-se ao seu redor. O quanto<br />
Abraão sofreu subindo até Moriá devem<br />
ter feito aqueles três dias de caminhada, os<br />
mais amargos vividos pelo pai da fé. Moisés,<br />
no seu degredo de 40 a<strong>nos</strong> do Egito, no<br />
distanciamento do seu povo amargando a<br />
escravidão, deve ter padecido muito. Josué,<br />
com a vergonha da derrota diante de Ai,<br />
lamentou-se profundamente com o Senhor.<br />
Sansão vai morrer sofrido e cego, debaixo<br />
de pedras que ele mesmo derribou, prefe-<br />
rindo mais a morte do que a humilhação<br />
em que vivia. Samuel vai se amargurar com<br />
Deus por causa da ingratidão do povo que<br />
ele havia conduzido com tanta segurança.<br />
Davi vai passar por momento atrozes, e os<br />
seus salmos vão ser testemunha da angústia<br />
e tristeza que muitas vezes turvaram o seu<br />
viver.<br />
E por aí poderíamos continuar numa<br />
galeria que, passando por Elias, Ezequias,<br />
Jeremias, Habacuque, Oseias, Amós, iria<br />
prosseguir <strong>nos</strong> grandes heróis do Novo Testamento,<br />
que também enfrentaram o sofrimento,<br />
como Pedro, João, Estêvão, Paulo e<br />
o próprio Cristo. A dor, a angústia, os atropelos<br />
que Jó vê derramarem-se sobre ele, <strong>nos</strong><br />
textos acima, nada mais são do que as eventualidades<br />
e surpresas a que estamos sujeitos<br />
como seres viventes num mundo que do paradisíaco<br />
Éden se transformou no corrupto<br />
e degradante mundo “que jaz no Maligno”.<br />
Um exemplo de<br />
resignação e dependência<br />
(Jó 1.20-22 e 2.11-13)<br />
No caso de Jó, algo, no entanto, <strong>nos</strong> impressiona:<br />
a sua resignação e submissão à<br />
vontade de Deus que permitia que tais coisas<br />
lhe acontecessem. Como Jó, o que <strong>nos</strong><br />
compete agora, diante desse quadro, é com<br />
coragem prosseguir enfrentando os desafios<br />
que o mundo <strong>nos</strong> lança. Com destemor<br />
evitar as armadilhas do pecado. Com<br />
inteligência adotar os procedimentos que<br />
naturalmente <strong>nos</strong> preservarão do mal.<br />
Com humildade, rogar a Deus a sua proteção.<br />
E, quando o mal sobrevier, aprender<br />
com Jó a lição de resignação e submissão<br />
que <strong>nos</strong> dá.<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 5
6 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
A recompensa divina<br />
(Jó 42.1-17)<br />
O prêmio pela fé e heroísmo demonstrados<br />
por Jó em toda a sua tragédia está<br />
descrito no último capítulo do livro. Tudo<br />
aquilo que lhe fora tomado pelo mal e pelo<br />
sofrimento lhe vem em dobro agora pela<br />
bênção e misericórdia do Senhor que, mesmo<br />
diante do sofrimento dele, estava ao seu<br />
lado, sustentando-o de alguma forma para<br />
que ele prevalecesse, como prevaleceu. Paulo,<br />
um dos heróis da fé que muito sofreu <strong>nos</strong><br />
dá em 2Coríntios 4.8,9 uma gradação do<br />
que pode <strong>nos</strong> acontecer: “atribulados, mas<br />
não angustiados... perplexos mas não desesperados...<br />
perseguidos mas não desamparados...<br />
REFLEXÃo PARA A MATURIDADE<br />
abatidos mas não destruídos”. Cristo na sua<br />
última mensagem aos discípulos, antes de<br />
sua morte e ressurreição, em João 16.33 <strong>nos</strong><br />
adverte: “no mundo tereis aflições, mas tendo<br />
bom ânimo, eu venci o mundo.” É isto que<br />
<strong>nos</strong> compete fazer em face do mal, para que<br />
vislumbremos pelos olhos da fé a recompensa<br />
que <strong>nos</strong> está reservada pelo amor do Pai.<br />
Conclusão<br />
Crer para ver, antes de ver para crer. Esta<br />
deve ser a <strong>nos</strong>sa expectativa, a <strong>nos</strong>sa disposição<br />
de vida, pois, no mundo em que vivemos<br />
dominado pelo mal e pelo pecado, só<br />
pelos caminhos da fé é que teremos a vitória<br />
sobre a dor e o sofrimento.<br />
Dentre todas as dores que Jó sofreu, chamo a sua atenção para<br />
aquela que lemos <strong>nos</strong> versículos 18 e 19 do primeiro capítulo.<br />
Além de sofrer as dores das próprias perdas, Jó sofreu aquela que<br />
talvez seja a pior dor de todas: perder os filhos. Se, como Jó, você<br />
infelizmente experimentou isso na sua vida, você sabe o que ele<br />
passou quando recebeu aquela notícia. Quero que se lembre disso:<br />
se Jó conseguiu superar, você também conseguirá. Ainda que<br />
seja difícil, lembre-se da promessa de que Jesus irá enxugar de<br />
<strong>nos</strong>sos olhos todas as lágrimas (Ap 21.4). Talvez você não teve<br />
a triste experiência de perder um filho, mas sofre quando vê um<br />
filho ou neto sofrendo. E o pior, além do sofrimento, vem aquela<br />
angústia enorme da impotência de não poder fazer nada para<br />
ajudá-lo. Nessa hora, entregue nas mãos de Deus. Afinal, Deus<br />
também viu seu Filho sofrendo injustamente na cruz. Deus sabe<br />
o que é isso. Ele sabe da sua angústia. Confie nele pois ele está no<br />
controle de todas as coisas.
Segunda<br />
Jó<br />
3 e 4<br />
Hoje, chama-<strong>nos</strong> atenção quase diariamente<br />
a crônica noticiosa internacional para<br />
terremotos, maremotos, furacões, tornados,<br />
erupções vulcânicas, fenôme<strong>nos</strong> ocorridos<br />
em todas as partes do mundo e que deixam<br />
uma esteira trágica de morticínio, dor e tragédia<br />
por onde passam. O sofrimento dos<br />
povos atingidos por tais cataclismos é de<br />
pronto levado ao conhecimento de todo o<br />
mundo, pelo poder da comunicação moderna,<br />
de modo que poucas horas depois da<br />
tragédia, a humanidade toda, praticamente,<br />
já se lamenta pela situação em que se encontram<br />
as vítimas, enquanto as organizações<br />
internacionais se apressam a socorrer os sobreviventes.<br />
A Bíblia <strong>nos</strong> dá ensejo ao conhecimento<br />
também de diversas situações de tremenda<br />
EBD 2<br />
8 de janeiro<br />
“Os meus gemidos se<br />
derramam como água”<br />
Terça<br />
Jó<br />
5 e 6<br />
Jó – Uma discussão sobre o sofrimento<br />
Texto bíblico – Jó 3 a 14 • Texto áureo – Jó 9.2<br />
DIA A DIA CoM A BÍBLIA<br />
Quarta Quinta Sexta<br />
Jó<br />
Jó<br />
Jó<br />
7 e 8 9 e 10 11 e 12<br />
Sábado<br />
Jó<br />
13<br />
Domingo<br />
Jó<br />
14<br />
comoção social. O texto que <strong>nos</strong> narra o fim<br />
do reino de Judá em 2Crônicas 36 descreve<br />
para nós um quadro de tremenda tristeza:<br />
Jerusalém chegara ao fim como capital do<br />
reino, e o sofrimento moral, por ver a cidade<br />
destruída somado ao sofrimento físico<br />
pela fome, sede e guerra que a todos atingiu,<br />
além do sofrimento sentimental e saudoso<br />
pela perda dos entes queridos, o sofrimento<br />
psíquico pela angústia da falta de horizonte<br />
e o sofrimento espiritual por sentirem que<br />
isto tudo havia acontecido pela ausência do<br />
Senhor se abateu sobre todos.<br />
Nos dias de hoje, estamos vendo situações<br />
assim também em várias partes do mundo,<br />
onde a política, a ambição, a inveja, têm levado<br />
parcelas enormes de <strong>nos</strong>sa sociedade moderna<br />
à dor e ao sofrimento. Por que isso acontece?<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 7
A lamentação de Jó<br />
diante do ocorrido (Jó 3.1-26)<br />
Como já comentamos em <strong>nos</strong>sa lição do<br />
domingo passado, não foi pela vontade primeira<br />
de Deus que isto aconteceu a Jó e tem<br />
acontecido, está acontecendo e acontecerá<br />
enquanto o homem existir. Quando o mal<br />
entrou no mundo com o pecado original, foi<br />
como se uma grande represa se tivesse rompido<br />
e as águas ali contidas, derramando-se<br />
em velocidade e peso crescentes sobre o vale,<br />
inundou e destruiu a tudo que encontrou<br />
pela frente. Sim, é isto mesmo, o pecado está<br />
se derramando pelo mundo!<br />
O que Jó exterioriza em sua lamentação nada<br />
mais é do que a reação humana natural e imediata<br />
à tragédia que sobre ela se abate: “Pereça<br />
o dia em que nasci. Por que não morri ao nascer?<br />
Por que aquilo que temo me sobrevém? E o que<br />
receio me acontece?Não tenho repouso nem sossego,<br />
nem descanso mas vem a perturbação”.<br />
8 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
Os amigos que procuram<br />
ajudar (Jó 4, 5, 8 e 11)<br />
Três personagens vão surgir então na narrativa<br />
bíblica. Mais tarde, um quarto amigo<br />
de Jó ainda surgirá para interpelá-lo. Diante<br />
da calamidade sobrevinda, vêm ao seu encontro,<br />
procurando ajudar de alguma forma,<br />
mas também criando alguns problemas<br />
para ele, pelas palavras que lhe dizem.<br />
O primeiro, Elifaz, <strong>nos</strong> capítulos 4 e 5 exclama<br />
convidando Jó a examinar-se interiormente<br />
para verificar o quanto teria contribuído para<br />
isso; a analisar a sua jactância de homem reto;<br />
a entender que ele é apenas uma peça na grande<br />
engrenagem divina: “Porventura não está a<br />
tua confiança no teu temor de Deus?... Pode o<br />
homem mortal ser justo diante de Deus?... Pode<br />
o varão ser puro diante do Criador?... O homem<br />
nasce para a tribulação... Quanto a mim eu buscaria<br />
a Deus, e a ele entregaria a minha causa”.<br />
O segundo, Bildade, no capítulo 8, procurando<br />
colocar Jó diante do fato que algo<br />
deveria estar errado em sua vida e na de sua<br />
família: “Perverteria Deus o direito?... Se teus<br />
filhos pecaram contra ele... Se com empenho<br />
buscares a Deus... Se fores puro e reto... Ele<br />
tornará segura a habitação de tua justiça...”<br />
O terceiro, Zofar, no capítulo 11, vai colocar<br />
Jó contra a parede com as suas palavras acusadoras:<br />
“Acaso as suas jactâncias farão calar os homens?...<br />
Poderás descobrir as coisas profundas de<br />
Deus ou descobrir perfeitamente o Todo-Poderoso?...<br />
Se tu preparares o teu coração, e estenderes as<br />
mãos para ele... Então levantarás o teu rosto sem<br />
mácula e estarás firme e não temerás...”<br />
As justificativas e<br />
respostas de Jó (Jó 6 e 7; 9 e10)<br />
Jó não vai se sentir bem com tais palavras<br />
que antes de serem de conforto e de alento, se<br />
tornam mais acusatórias e negativas. reage,<br />
<strong>nos</strong> capítulos 6 e 7, procurando justificar-se:<br />
“As flechas do Todo-Poderoso se cravaram em<br />
mim... Quem dera que se cumprisse o meu rogo,<br />
e que Deus me desse o que anelo... A minha vida<br />
abomino... Não quero viver para sempre... Por<br />
que me fizeste alvo dos teus dardos... Por que não<br />
me perdoas a minha transgressão e não tiras a<br />
minha iniqüidade?...” E depois, <strong>nos</strong> capítulos<br />
9 e 10, rebate as indagações feitas: “Mas, como<br />
pode o homem ser justo para com Deus?... Embora<br />
eu seja justo não lhe posso responder... Tenho<br />
de pedir misericórdia ao meu juiz... As tuas<br />
mãos me fizeram e me deram forma, e te voltas<br />
agora para me consumir?... Se eu pecar, tu me
observas e da minha iniqüidade não me absolverás”.<br />
Todas as palavras de resposta e de justificativa<br />
de Jó são de alguém acuado, colocado<br />
contra a parede, que embora julgue em seu<br />
raciocínio que não cometeu pecado que justificasse<br />
tal situação, entende no entanto que<br />
o Deus em todo o seu poder, tem os desígnios<br />
dele próprio para a sua vida.<br />
A autodefesa de Jó<br />
e sua oração (Jó 12 a 14)<br />
Nos capítulos 12 a 14, Jó tenta então fazer a<br />
apologia de sua vida, consciente que era de sua<br />
integridade diante dos homens, mas também<br />
de sua fragilidade diante de Deus: “Eu tenho<br />
entendimento como vós, e não vos sou inferior...<br />
Quem dentre vós não sabe que a mão do Senhor<br />
fez isto... Com Deus está a sabedoria e a força...<br />
Mas eu falarei ao Todo-Poderoso e quero defender-me<br />
perante Deus... Quantas iniqüidades<br />
e pecados tenho eu?... Faze-me saber a minha<br />
transgressão e o meu pecado... Oxalá me escon-<br />
REFLEXÃo PARA A MATURIDADE<br />
desses no Seol, e me ocultasses até que a tua ira<br />
tenha passado.” Com esta autodefesa, Jó está<br />
se colocando diante de Deus para que lhe revelasse<br />
onde errou e falhou para que pudesse<br />
então compreender o porquê de tais situações<br />
terem sobre ele se derramado.<br />
Conclusão<br />
A verdade, aproveitando-<strong>nos</strong> da expressão<br />
bíblica citada em 2Crônicas 36.16, é que<br />
não “há mais remédio para este problema” do<br />
sofrimento que se abate sobre a humanidade<br />
genericamente. Ou seja, temos que conviver<br />
com situações dessa natureza. Não há como<br />
escapar a elas, pois estão em toda parte ao<br />
<strong>nos</strong>so redor. As próprias palavras de Cristo<br />
<strong>nos</strong> alertaram para isto. João no Apocalipse,<br />
também <strong>nos</strong> advertiu para essa circunstância.<br />
O que <strong>nos</strong> compete como povo de Deus é vivermos<br />
pura e santamente diante dele, tomando<br />
todos os cuidados necessários para a <strong>nos</strong>sa<br />
preservação, entregando os <strong>nos</strong>sos dias a ele.<br />
Muito cuidado! Na tentativa de tentar explicar a existência do mal<br />
no mundo, muita heresia tem surgido em <strong>nos</strong>so meio. Uma delas, por<br />
exemplo, é chamada de Teologia relacional. Trata-se de uma corrente de<br />
pensamento que afirma que Deus é impotente para evitar o mal e, por<br />
isso, nós cristãos, mesmo sendo cristãos, somos afligidos por circunstâncias<br />
negativas. Como lemos em Jó, o Diabo só pode atacá-lo depois de<br />
obter a autorização de Deus. Deus é soberano. Ele controla tudo. Nós,<br />
huma<strong>nos</strong>, temos que entender que somos criaturas e, por isso, incapazes<br />
de compreender os desígnios de Deus. Aqueles que não admitem essa<br />
posição e buscam uma explicação para a qual não estamos preparados<br />
incorrem em heresias. É o caso da Teologia relacional. Não caia nessa.<br />
Deus é soberano. Ele tem propósito para todas as coisas que acontecem.<br />
Nós é que somos limitados para compreendê-lo.<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 9
Segunda<br />
Jó 15<br />
Não estranhemos o fato, impossível para<br />
nós de compreender, que uma visita de conforto<br />
e condolência pelas perdas sofridas por<br />
alguém possa se estender por tanto tempo.<br />
Somente, na chegada, os três amigos ficaram<br />
com Jó, em silêncio, durante sete dias e<br />
sete noites, como lemos ao final do capítulo<br />
2. Naqueles tempos, homens abastados não<br />
tinham que correr atrás do seu “ganha-pão”.<br />
Eles tinham muitos serviçais e servos que se<br />
encarregavam de todos os aspectos de sustentação<br />
de sua vida, razão por que podiam<br />
dar à contemplação e à consolação, como<br />
neste caso de Jó, os dias que fossem necessários<br />
ao sentimento que desejavam expressar.<br />
Esta foi a situação de Elifaz, Bildade e Zofar<br />
que, como amigos, queriam demonstrar a Jó<br />
todo o afeto e consideração que tinham por<br />
ele, ficando vários dias ao seu lado.<br />
10 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
EBD 3<br />
15 de janeiro<br />
“Os meus amigos<br />
zombam de mim”<br />
Jó sofre acusações e se defende de todas elas<br />
Texto bíblico – Jó 15 a 21 • Texto áureo – Jó 16.20,21<br />
Terça<br />
Jó 16<br />
DIA A DIA CoM A BÍBLIA<br />
Quarta Quinta Sexta<br />
Jó 17<br />
Jó 18<br />
Jó 19<br />
Sábado<br />
Jó 20<br />
Domingo<br />
Jó 21<br />
Outro aspecto que <strong>nos</strong> deve chamar<br />
atenção é que, na época em que a história<br />
se desenvolvia, não havia muito que fazer<br />
para o homem rico e afortunado. Ele não<br />
tinha TV ao seu lado, não dispunha de um<br />
jornal diário impresso em sua mesa, nem<br />
de um rádio à cabeceira, nem de um lap-<br />
-top à sua mesa de trabalho em casa. Após<br />
acordar, deveria ser mesmo um desalento<br />
para muitos, olhar as 12 ou 15 horas de<br />
dia que teriam pela frente, sem ter o que<br />
fazer. Tal ociosidade levava muitos deles<br />
a se dedicarem às meditações filosóficas e<br />
elucubrações metafísicas sobre as realidades<br />
da vida, caminhos novos sempre para<br />
a humanidade da época que não dispunha<br />
de um “Google” ou de uma enciclopédia<br />
na estante que respondesse às suas indagações<br />
sobre tais temas.
Por este caminho é que podemos identificar<br />
o porquê de um livro como este ter sido escrito<br />
para inserir-se na revelação escrita de Deus.<br />
Este contemplacionismo de Jó e seus amigos,<br />
aproximadamente, em dois mil a<strong>nos</strong> antes de<br />
Cristo, é o mesmo que no Oriente mais distante,<br />
um Confúcio viveu na China <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> 500<br />
a.C., Gautama Sidarta, Buda, mais ou me<strong>nos</strong><br />
nesta mesma época na Índia, e também os clássicos<br />
sábios da Grécia, Platão, Sócrates e Aristóteles<br />
<strong>nos</strong> séculos 400 e 300 antes de Cristo,<br />
na Grécia. remontando a tempos um pouco<br />
mais antigos, podemos lembrar que Zoroastro<br />
ou Zaratustra fazia suas incursões na astrologia<br />
que Isaías, inclusive vai citar em suas profecias,<br />
em plena Pérsia, lá pelos a<strong>nos</strong> 1000 a.C.,<br />
o que vai resultar <strong>nos</strong> adivinhos e videntes que<br />
usam ainda hoje o horóscopo para saber se vão<br />
ter um dia bom ou ruim.<br />
A presunção de Jó,<br />
segundo Elifaz (Jó 15)<br />
Este amigo de Jó é, talvez, o mais contundente<br />
em suas críticas ao amigo. Diante das<br />
palavras de Jó rogando o favor de Deus no capítulo<br />
anterior, ele vai acusar Jó de ser alguém<br />
presunçoso e irreverente diante de Deus. Suas<br />
acusações são severas, como podemos ver<br />
<strong>nos</strong> versículos 4 a 7. Indo mais longe ainda<br />
em seu questionamento, ele mostra um argumento<br />
terrível para Jó, indicando que se ele é<br />
atormentado é porque agiu de forma ímpia,<br />
como vemos <strong>nos</strong> versículos 20, 25 e 30.<br />
Jó se defende acusando seus<br />
amigos de falta de misericórdia<br />
(Jó 16 e 17)<br />
De forma imediata, Jó responde a Elifaz<br />
e aos demais, conforme demonstram os ver-<br />
sículos 1 e 2: “Então Jó respondeu, dizendo:<br />
Tenho ouvido muitas coisas como essas; todos<br />
vós sois consoladores molestos”. Isto é, em vez<br />
de virem me confortar, me molestam mais<br />
ainda. E se defende explicando que foi da<br />
vontade de Deus que isto assim acontecesse<br />
sem que ele desse causa a tal infortúnio,<br />
como lemos em 12,17, 20 e 21. Para acrescentar,<br />
ainda o capítulo 17, versículos 2,6 e<br />
15.<br />
Bildade acusa Jó de presunção<br />
também e ele se defende<br />
(Jó 18 e 19)<br />
Bildade vai seguir mais ou me<strong>nos</strong> o mesmo<br />
caminho de Elifaz acusando Jó de se julgar<br />
imune ao castigo de Deus por ter uma vida<br />
pura e casta, e por acusá-los de molestadores<br />
em vez de ajudadores, como podemos ler <strong>nos</strong><br />
versículos 3-5,6,19. Ao que Jó, vendo o retrato<br />
negativo que Bildade traça de sua vida,<br />
responde logo a seguir no capítulo 19.2-4,6,<br />
para depois mostrar <strong>nos</strong> versículos 13-16 o<br />
estado de esquecimento e abandono em que<br />
caiu. Finaliza exclamando num grito de esperança<br />
e confiança em Deus, que se sobressai<br />
em todo o Antigo Testamento como a maior<br />
prova de certeza de ressurreição e vida eterna:<br />
“Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que<br />
por fim se levantará sobre a terra. E depois de<br />
consumida esta minha pele, então fora da minha<br />
carne verei a Deus” ( Jó 19.25,26).<br />
Zofar volta ao ataque<br />
e Jó responde (Jó 20 e 21)<br />
Zofar, ouvindo o amigo, resolve então<br />
atenuar um pouco as suas críticas, ainda<br />
que contra-atacando em alguns aspectos<br />
REALIZAÇÃO • 1T12 • 11
(20.4,5,19,20,22,27,29). Tais palavras pretendem<br />
induzir Jó a reconhecer a sua iniquidade,<br />
daí os problemas que lhe acometem,<br />
fazem com que ele reaja em 21.27,28,34.<br />
12 • 1T12 • REALIZAÇÃO<br />
Conclusão<br />
Estes capítulos do livro de Jó <strong>nos</strong> ensinam<br />
que é muito difícil consolar e amparar<br />
o amigo ou parente, quando a calamidade<br />
que advém sobre ele possa transparecer um<br />
castigo de Deus ou uma consequência de<br />
um erro ou um pecado. Em princípio, qual-<br />
quer crente vai sempre procurar viver uma<br />
vida pura e reta diante de Deus, como acontecia<br />
com Jó, de forma que tais vicissitudes<br />
não lhe sobrevenham. Porém, por razões<br />
que desconhecemos e que talvez só muito<br />
mais tarde venhamos a perceber, foi da vontade<br />
de Deus que assim acontecesse. É difícil<br />
à <strong>nos</strong>sa compreensão humana entender<br />
isto. Além do mais, alguns acontecimentos<br />
nunca mesmo entenderemos enquanto estivermos<br />
presos à vida terrena e limitada que<br />
temos. Só mesmo a eternidade é que poderá<br />
<strong>nos</strong> revelar as razões de tais fatos.<br />
REFLEXÃo PARA A MATURIDADE<br />
Muitas pessoas entram em depressão quando se aposentam. O<br />
motivo é o excesso de tempo vazio. Algumas acabam incorrendo<br />
em vícios. Isso acontece porque a pessoa só pensa nela e em como<br />
aproveitar o tempo com ela mesma.<br />
Mas, e se fizéssemos o contrário?<br />
Uma vez aposentados, por que não investir o tempo em consolar<br />
pessoas que precisam de uma palavra amiga? Você seria capaz<br />
de passar sete dias na companhia de uma pessoa entristecida?<br />
Talvez sete dias na <strong>nos</strong>sa realidade seja um exagero, mas fica a sugestão:<br />
se você está aposentado e tem tempo livre, procure saber<br />
quem está precisando de um ombro amigo e ofereça sua companhia.