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queostomia. O piloto ainda estava em coma, mas respirava sem o auxílio de aparelhos. Ayrton levava em seu rosto um roxo em volta dos olhos, de acordo com a medicina, sintoma de fratura no crânio. Durante o trajeto até o Maggiore, Senna perdeu mais de quatro litros de sangue. No caminho entre o heliporto e a UTI, o coração dele parou e voltou a bater segundos depois. Havia um cuidado para que as pessoas não olhassem para a cabeça de Ayrton. A face estava afundada. A corrida continuou. O alemão Michael Schumacher venceu mais uma, assim como fora nas duas anteriores. Era líder do campeonato no ano de 1994. A imprensa toda cobria a corrida com os pensamentos em Ayrton. - Eu saí da cabine e encontrei o Reginaldo Leme saindo da cabine da Globo. Fiz uma entrevista com ele. Galvão Bueno era muito amigo de Ayrton e estava muito mal naquele momento. Ele estava dentro da cabine, diz Luis Roberto. Ao final do Grande Prêmio, todos se dirigiram ao hospital. O clima estava ruim. Muitos boatos corriam pelos corredores murmurando “é morte cerebral”, “não é morte cerebral”. Era manhã ainda no Brasil. Enquanto isso, os médicos faziam radiografias de todo o corpo; exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada. De acordo com Giovanni Gordini, um dos médicos presentes no local, a 42
43 LANCES DE UMA VIDA irrigação do cérebro estava comprometida, a pressão sanguínea chegou a níveis críticos e havia uma grande perda de massa encefálica. Resultado da tomografi a: Ayrton tinha sofrido danos irreversíveis na cabeça. Onze andares abaixo estavam os jornalistas prontos para qualquer informação. Roberto Cabrini poderia interromper a programação da TV Globo quantas vezes fossem necessárias para que nenhuma informação fosse perdida. Aliás, ele já havia feito isso, várias vezes, para repetir os boletins ofi ciais sobre o estado de coma e a parada cardíaca que Ayrton sofreu. Cabrini já percebia reações estranhas. - Descia todo mundo para dar entrevista no saguão. Não era um comportamento típico de uma equipe médica lutando para salvar a vida de alguém. Cinco minutos após as seis da tarde na Itália - 13h05 no Brasil - a médica Maria Th ereza Fiandri, a mesma de sexta-feira, emocionada, leu para os jornalistas presentes no saguão do hospital, o primeiro triste anúncio: - O eletroencefalograma de Ayrton Senna não registra nenhuma atividade. Continuamos com a ventilação pulmonar. Senna tem morte cerebral. Nós o mantemos vivo apenas porque a lei italiana assim o exige. Não há mais esperanças. Foi então que o celular, preciosa novidade tecnológica, caiu como um presente nas mãos de Luis Ro-
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