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1. CAPA MODELO MESTRADO - Pós-Graduação em Ciência ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA<br />

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA<br />

<strong>MESTRADO</strong> EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS<br />

PESQUISA DE Mycobacterium bovis EM PACIENTES<br />

INTERNADOS NO HOSPITAL ESPECIALIZADO OCTÁVIO<br />

MANGABEIRA, SALVADOR - BA.<br />

.<br />

Catarina Nunes Bittencourt<br />

Salvador – Bahia<br />

2009


CATARINA NUNES BITTENCOURT<br />

PESQUISA DE Mycobacterium bovis EM PACIENTES INTERNADOS NO<br />

HOSPITAL ESPECIALIZADO OCTÁVIO MANGABEIRA, SALVADOR - BA.<br />

ii<br />

Dissertação apresentada ao<br />

Mestrado <strong>em</strong> <strong>Ciência</strong> Animal nos<br />

Trópicos da Escola de Medicina<br />

Veterinária da Universidade<br />

Federal da Bahia, como requisito<br />

parcial para obtenção do grau de<br />

Mestre, na área de saúde<br />

animal.<br />

Orientador: Prof. Dr. Maurício Costa Alves da Silva<br />

Co-Orientador: Prof. Dr. Philip Noel Suffys<br />

Salvador<br />

2009


Bittencourt, Catarina Nunes<br />

Pesquisa de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes internados no<br />

Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador – Ba.<br />

/Catarina Nunes Bittencourt. Salvador – Ba, 31/07/2009, 78f.<br />

Dissertação (Mestrado <strong>em</strong> <strong>Ciência</strong> Animal nos Trópicos) –<br />

Universidade Federal da Bahia/Escola de Medicina Veterinária,<br />

2009.<br />

Orientador: Prof. Dr. Maurício Costa Alves da Silva<br />

Co-Orientador: Prof. Dr. Philip Noel Suffys<br />

Palavras-chave: <strong>1.</strong> Pesquisa 2. Mycobacterium bovis. 3. Spoligotyping


TERMO DE APROVAÇÃO<br />

CATARINA NUNES BITTENCOURT<br />

Pesquisa de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes internados no Hospital Especializado<br />

Octávio Mangabeira, Salvador - Ba.<br />

Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial para obtenção do<br />

grau de Mestre, <strong>em</strong> <strong>Ciência</strong> Animal nos Trópicos, Universidade Federal da<br />

Bahia, pela seguinte banca examinadora:<br />

BANCA EXAMINADORA<br />

_______________________________________________<br />

Prof. Dr. Maurício Costa Alves da Silva<br />

________________________________________________<br />

Prof. Dr. Eduardo Luiz Trindade Moreira<br />

___________________________________________________<br />

Profª. Drª. Melissa Hanzen Pinna<br />

Apresentada <strong>em</strong> 31 de julho de 2009.<br />

iii


Dedico este trabalho à minha querida Profª Eugênia, inesquecível, e s<strong>em</strong>pre presente.<br />

iv


AGRADECIMENTOS<br />

À Deus, <strong>em</strong> primeiro lugar; por ter me concebido a vida, pois s<strong>em</strong> ela nada<br />

disso seria possível; por me dar forças e iluminar minha caminhada para que<br />

eu chegasse até aqui. Enfim, por mais uma etapa vencida da minha vida!<br />

À Profª. Eugênia (“in m<strong>em</strong>orian”) por tornar possível a realização deste<br />

trabalho. Pela sua amizade, seu carinho, sua atenção e dedicação para<br />

comigo: uma de “suas meninas”. Obrigada pelos seus ensinamentos e por sua<br />

confiança. Você s<strong>em</strong>pre estará presente no meu coração.<br />

Ao Prof. Maurício, que me recebeu de braços abertos e com todo carinho.<br />

Conseguimos vencer as dificuldades ultrapassando os obstáculos do<br />

caminho... Somos VENCEDORES! Que Deus continue te iluminando. Serei<br />

s<strong>em</strong>pre grata pelo seu apoio e sua amizade. Muito obrigada por dispor de seu<br />

precioso t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> prol desse trabalho, e pela confiança.<br />

À minha Júlia, pela minha ausência, pela minha impaciência, enquanto na<br />

angústia de ver este trabalho finalizado. S<strong>em</strong>pre carinhosa e companheira, me<br />

acalmando com suas palavras doces, com seus beijinhos e com carinhos das<br />

suas delicadas mãozinhas. Você é a alegria da minha vida. Um presente de<br />

Deus! TE AMO FILHA!<br />

Ao meu noivo Paulo, pelo seu amor, pela sua amizade e cumplicidade, pela<br />

sua compreensão quanto da minha ausência e dos meus momentos de<br />

angústia, um pouco t<strong>em</strong>peramental; Não sei o que seria de mim s<strong>em</strong> você!<br />

Muito obrigada pelo seu incentivo e por acreditar <strong>em</strong> mim. Muito obrigada por<br />

fazer parte da minha vida! Te Amo, s<strong>em</strong>pre!<br />

À minha Babi, s<strong>em</strong>pre me proporcionando momentos de alegria, mesmo que<br />

rosnando...<br />

v


Ao Prof. Adelmo, pela amizade, pela dedicação e pelo seu incentivo, s<strong>em</strong>pre.<br />

À minha irmã Carolina, qu<strong>em</strong> abriu as portas para a realização desse trabalho.<br />

Muito obrigado pelo seu apoio.<br />

Aos meus Pais, pela vida, pelo carinho e por estar<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre me incentivando.<br />

Agradeço a Deus por ter vocês comigo.<br />

À minha Amiga Irmã Cristiane Aguiar: Valeu Amiga, por ter me metido nessa!<br />

Minha Amiguinha Vivi, que me aturou nos dias de angústia, e que s<strong>em</strong>pre tinha<br />

uma palavra carinhosa pra me alegrar. S<strong>em</strong>pre me fazendo ver a Vida de uma<br />

forma diferente! Obrigada pelo apoio e incentivo durante essa caminhada.<br />

À Dra. Eliana e a Dr. L<strong>em</strong>os pelo apoio desde o início, s<strong>em</strong> este não seria<br />

possível a realização do trabalho. À Eleonora (Léo) que s<strong>em</strong>pre me atendeu<br />

muito b<strong>em</strong>.<br />

As meninas do Laboratório de Bacterioses (LABAC): Léia, s<strong>em</strong>pre incansável;<br />

Sônia, Gal, s<strong>em</strong>pre dispostas a colaborar e apoiar, mesmo nos momentos mais<br />

difíceis...<br />

As meninas do Laboratório do Hospital Especializado Octávio Mangabeira:<br />

principalmente à Dra. Ilma, Dra. Silvânia, Jô e Mari: obrigada pela amizade<br />

construída e por todo apoio e dedicação para comigo. S<strong>em</strong> vocês esse trabalho<br />

não teria n<strong>em</strong> começado...<br />

Às equipes médica e de enfermag<strong>em</strong> das alas do HEOM.<br />

Ao meu amigo Valmir, meu chefinho querido e amigo compreensível, s<strong>em</strong>pre<br />

me apoiando.<br />

vi


Ao Philip Noel Suffys, Harrison Magdinier Gomes, Adalgiza da Silva Rocha,<br />

Atiná Elias e Diego Fonseca Soares, pela enorme ajuda quanto da realização<br />

de etapas importantes desse trabalho! Pelos ensinamentos, pelo apoio e pela<br />

amizade de vocês! Sou muito grata a vocês.<br />

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES<br />

pela bolsa de mestrado concedida.<br />

vii


"Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para<br />

que o melhor fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, não somos o<br />

que ir<strong>em</strong>os ser.... mas Graças a Deus, não somos o que éramos."<br />

Martin Luther King<br />

viii


ÍNDICE<br />

LISTA DE QUADROS............................................................................. xi<br />

RESUMO ................................................................................................ xii<br />

ABSTRACT ............................................................................................ xiii<br />

<strong>1.</strong> INTRODUÇÃO ................................................................................... 13<br />

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................. 15<br />

2.1 Histórico ................................................................................. 15<br />

2.2 Micobactérias ......................................................................... 17<br />

2.2.1 O Complexo Mycobacterium tuberculosis .................. 19<br />

2.2.2 Características bioquímicas e de resistência ............. 21<br />

2.3 Epid<strong>em</strong>iologia ........................................................................ 23<br />

2.3.1 Distribuição ................................................................. 23<br />

2.3.2 Cadeia epid<strong>em</strong>iológica ............................................... 25<br />

2.3.3 Impacto econômico e de saúde pública ..................... 29<br />

2.4 Patogenia ............................................................................... 32<br />

2.5 Sinais clínicos ........................................................................ 35<br />

2.6 Diagnóstico ............................................................................ 37<br />

2.6.1 Diagnóstico clínico ...................................................... 38<br />

2.6.2 Diagnóstico bacteriológico .......................................... 39<br />

2.6.3 Diagnóstico Alérgico cutâneo ..................................... 41<br />

2.6.4 Técnica de Spoligotyping ........................................... 43<br />

2.7 Tratamento ............................................................................. 45<br />

2.8 Prevenção e controle ............................................................. 47<br />

ix


3. ARTIGO CIENTÍFICO ........................................................................ 51<br />

3.1 Introdução .............................................................................. 53<br />

3.2 Materiais e métodos ............................................................... 55<br />

Coleta e processamento das amostras ................................. 55<br />

3.3 Resultados e discussão ......................................................... 58<br />

3.4 Conclusões ............................................................................ 66<br />

3.5 Agradecimentos ..................................................................... 67<br />

3.6 Referências Bibliográficas ..................................................... 68<br />

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 70<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 71<br />

ANEXOS<br />

x


LISTA DE QUADROS<br />

Quadro <strong>1.</strong> Quadro <strong>1.</strong> Perfil das cepas de Mycobacterium spp.<br />

isoladas dos 21 pacientes com tuberculose internados<br />

no Hospital Especializado Octávio Mangabeira,<br />

Salvador, Bahia.<br />

58<br />

xi


BITTENCOURT, C.N. Pesquisa de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes<br />

internados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador - Ba.<br />

Salvador , Bahia, 78p. Dissertação (Mestrado <strong>em</strong> <strong>Ciência</strong> Animal nos Trópicos)<br />

– Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2009.<br />

RESUMO<br />

A tuberculose é uma enfermidade infecciosa reconhecida mundialmente, e<br />

importante do ponto de vista sócio-econômico e de saúde pública. Acomete<br />

todos os animais mamíferos, incluindo o hom<strong>em</strong>, caracterizando-se como uma<br />

zoonose de grande relevância. Causada pelo Mycobacterium bovis,<br />

pertencente ao Complexo Mycobacterium tuberculosis, que pode ser<br />

transmitido por diversas vias, sendo a respiratória e a digestiva as mais<br />

importantes. Exist<strong>em</strong> diversos meios de diagnóstico para essa enfermidade,<br />

entretanto nenhum dos rotineiramente utilizados nos hospitais é capaz de<br />

diferenciar o M. bovis do M. tuberculosis, causador da doença nos humanos, o<br />

que pode levar a consequências graves quanto à saúde dos indivíduos<br />

tratados. No presente estudo foi verificada a prevalência de Mycobacterium<br />

bovis <strong>em</strong> pacientes internados com tuberculose no Hospital Especializado<br />

Octávio Mangabeira, estudada a diversidade genética dos isolados de<br />

Mycobacterium spp. e avaliado os fatores de risco associados à transmissão do<br />

M. bovis aos seres humanos, utilizando a técnica de spoligotyping. Os<br />

resultados indicaram que 100% das amostras foram M. tuberculosis, que<br />

pertenc<strong>em</strong> às famílias LAM 1, LAM 4, LAM 6, LAM 9, T1, T3, H1, S, U e que<br />

nenhum fator de risco pode ser relacionado aos pacientes estudados. A técnica<br />

de spoligotyping mostrou-se eficiente quanto à identificação de cepas de<br />

Mycobacterium spp. isoladas de pacientes com tuberculose, podendo ser<br />

utilizada como um método de diagnóstico na rotina laboratorial.<br />

Palavras chaves: <strong>1.</strong> Pesquisa 2. Mycobacterium bovis 3. Spoligotyping<br />

xii


BITTENCOURT, C.N. Research of Mycobacterium bovis <strong>em</strong> hospitalizated<br />

patientes in Octávio Mangabeira Specialized Hospital, Salvador - Ba.<br />

Salvador , Bahia, 78p. Dissertation (Master of Science in Tropical Veterinary<br />

Medicine) – School of Veterinary Medicine, Federal University of Bahia, 2009.<br />

ABSTRACT<br />

Tuberculous is an infectious disease world-widely recognized, and is important<br />

of social-economic and sanitary view-point. Affects all mammalian animals,<br />

including human, and shows as an important zoonosis. Can be caused by<br />

Mycobacterium bovis, which belongs to Mycobacterium tuberculosis complex,<br />

that can be transmited throughout several ways, being the respiratory and the<br />

digestive the most importants. There are several methods of diagnosis for this<br />

disease, although, neither of routinely used in hospitals is able to differentiate<br />

M. bovis to M. tuberculosis, which cause the disease in humans, what can be<br />

carry serious consequences on health of individuals treated. In the present<br />

study was verified the prevalence of Mycobacterium bovis in interned patients<br />

with tuberculosis in Octávio Mangabeira Specialized Hospital, studied the<br />

genetic diversity of variety of Mycobacterium spp. and evaluated the risk factors<br />

associated to the transmission of M. bovis to humans, using the spoligotyping<br />

method. The results indicated that 100% of the samples were M. tuberculosis<br />

that belongs to the families LAM1, LAM4, LAM6, LAM9, T1, T3, S, U and that<br />

neither risk factor can be related to the studied patients. The method of<br />

spoligotyping showed efficient how about the identification of variety of<br />

Mycobcterium spp. isolated of patients with tuberculosis, and can be used as a<br />

method of diagnosis in the laboratorial routine.<br />

Keywords: <strong>1.</strong>Research 2.Mycobatcerium bovis 3.Spoligotyping<br />

xiii


<strong>1.</strong> INTRODUÇÃO<br />

A tuberculose é uma enfermidade infecto-contagiosa de distribuição mundial e de<br />

grande importância econômico-sanitária para todos os países afetados. Nos seres<br />

humanos a infecção é causada principalmente pelo Mycobacterium tuberculosis.<br />

No entanto, a espécie M. bovis, que acomete principalmente as espécies bovina e<br />

bubalina, destaca-se como um dos agentes zoonóticos mais relevantes na história<br />

da humanidade (ABALOS; RETAMAL, 2004). Integra a lista B da Organização<br />

Internacional de Epizootias (OIE) de enfermidades transmissíveis importantes do<br />

ponto de vista sócio-econômico e de saúde pública, cujas repercussões no<br />

comércio internacional de animais e de produtos de orig<strong>em</strong> animal são<br />

consideráveis (WHO, 2007).<br />

A frase “O ressurgimento da tuberculose”, <strong>em</strong>bora impactante, não pode ser<br />

considerada como uma verdade absoluta, porque se observarmos a evolução da<br />

doença <strong>em</strong> nosso país, através de dados oficiais de prevalência, será possível a<br />

constatação de que a mesma nunca deixou de ser um probl<strong>em</strong>a no Brasil, b<strong>em</strong><br />

como na maioria dos países subdesenvolvidos ou <strong>em</strong> desenvolvimento. Em<br />

contrapartida, na maioria dos países do chamado Primeiro Mundo, atualmente,<br />

pode ser considerada uma doença <strong>em</strong> via de extinção (SILVA; BOÉCHAT, 2004).<br />

No Brasil a doença é endêmica e afeta grande parte das propriedades de rebanho<br />

leiteiro de alto valor genético; provavelmente devido ao fato dos de tais animais<br />

ser<strong>em</strong> submetidos à situação de confinamento e elevada d<strong>em</strong>anda metabólica,<br />

13


esultando <strong>em</strong> maior predisposição ao desenvolvimento da doença (LILENBAUM,<br />

1999; LILENBAUM 2000).<br />

A real situação da tuberculose humana determinada pelo M. bovis no Brasil,<br />

inclusive no estado da Bahia, ainda não foi completamente elucidada, <strong>em</strong> virtude<br />

da escassez de dados que forneçam objetivamente a ocorrência da infecção pelo<br />

referido microrganismo <strong>em</strong> pacientes humanos. Em relação à enfermidade nos<br />

animais de produção exist<strong>em</strong> relatos consistentes a cerca da ocorrência e<br />

interferência negativa na produtividade animal b<strong>em</strong> como os sérios prejuízos<br />

causados à saúde humana <strong>em</strong> virtude do consumo de produtos de orig<strong>em</strong> animal<br />

contaminados com o patógeno.<br />

Em vista disso, foi estabelecida uma parceria entre o Hospital Especializado<br />

Octávio Mangabeira e o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da<br />

Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (EMV/UFBA)<br />

objetivando verificar a ocorrência de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes<br />

internados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira, através de isolamento<br />

microbiológico; conhecer a diversidade genética de Mycobacterium spp. através<br />

da técnica de spoligotyping, b<strong>em</strong> como identificar os fatores de risco associados à<br />

transmissão do M. bovis aos seres humanos.<br />

14


2. REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1 HISTÓRICO<br />

A tuberculose é uma doença que acompanha o hom<strong>em</strong> há milênios. Sab<strong>em</strong>os<br />

que é uma doença que já foi encontrada, por métodos de biologia molecular que<br />

<strong>em</strong>pregam sequências conhecidas do genoma da micobactéria, <strong>em</strong> material<br />

retirado de múmias egípcias de 4.000 anos. Exist<strong>em</strong> também evidências de<br />

tuberculose óssea no hom<strong>em</strong> neolítico. Durante a idade média foi chamada de<br />

peste branca (SILVA; BOÉCHAT, 2004).<br />

O caráter transmissível da doença foi descrita pela primeira vez por Vill<strong>em</strong>in <strong>em</strong><br />

1865, que inoculou <strong>em</strong> coelhos material proveniente de hom<strong>em</strong> e bovinos<br />

doentes, observando maior virulência naquele oriundo dos animais. Em 1882<br />

Robert Koch descobriu o agente infeccioso da tuberculose humana, corando-o<br />

pela fucsina-anilina e isolando <strong>em</strong> meio de cultura <strong>em</strong> 1884 (PRITCHARD, 1988).<br />

Em 1889, Theobald Swit isola o M. bovis; <strong>em</strong> 1897 foi possível a diferenciação<br />

entre os bacilos humano, bovino e o aviário, descrita por Smith; e <strong>em</strong> 1902<br />

Ravenal obteve a primeira prova definitiva da transmissão da tuberculose bovina<br />

ao hom<strong>em</strong>, decorrente da ingestão de alimentos, isolando <strong>em</strong> uma cultura pura os<br />

bacilos presentes <strong>em</strong> gânglios mesentéricos de uma criança falecida de meningite<br />

tuberculosa no Hospital Infantil da Filadélfia. Os bacilos isolados foram inoculados<br />

<strong>em</strong> três bovinos que <strong>em</strong> menos de 30 dias vieram a óbito. Os resultados não<br />

deixaram dúvidas de que a causa do óbito foi tuberculose (FELDMAN, 1955).<br />

15


A tuberculose, humana e animal, causada pelo Mycobacterium bovis é conhecida<br />

desde o final do século XIX. Entretanto, seus efeitos na saúde humana e na<br />

produtividade dos rebanhos afetados tornaram-se aparentes somente no início do<br />

século XX, <strong>em</strong> decorrência do desenvolvimento da indústria leiteira na Europa e<br />

Américas, estimando-se que entre 10 a 18% de todos os casos de tuberculose<br />

humana eram causados por esta espécie bacteriana, existindo uma associação<br />

entre o número de casos humanos identificados e a prevalência da tuberculose na<br />

população bovina local (ABRAHÃO, 1998).<br />

Há referência, no estado de São Paulo, <strong>em</strong> 1941, de isolamento de 16 cepas de<br />

M. bovis (13,2%) <strong>em</strong> 121 pacientes com meningite tuberculosa; e <strong>em</strong> Minas<br />

Gerais, <strong>em</strong> 1955, de um total de 52 doentes, foram isoladas duas cepas de<br />

M. bovis (3,8%) (FELDMAN, 1955; ABRAHÃO, 1998).<br />

Em 1992 o M. bovis era reconhecido como uma causa relativamente comum de<br />

tuberculose humana, sendo implicado <strong>em</strong> inúmeros casos que variavam de 0,1%<br />

na França a 5% no Reino Unido. Estudos posteriores realizados nos países <strong>em</strong><br />

desenvolvimento, onde a tuberculose bovina é comum, revelou que cerca de 10%<br />

dos casos de tuberculose clínica <strong>em</strong> humanos foram causados pela infecção por<br />

M. bovis (O’REILLY; DABORN, 1995).<br />

Sauret, Jolis e Ausina (1992), observaram que cerca de 70 a 80% dos casos de<br />

tuberculose dos gânglios cervicais <strong>em</strong> crianças e 20% dos casos de tuberculose<br />

renal do hom<strong>em</strong> foram causados pelo M. bovis. Posteriormente, estimou-se que a<br />

16


infecção por M. bovis era responsável por, aproximadamente, 7.000 novos casos<br />

de tuberculose humana por ano na América Latina (ORDÓÑEZ et al., 1999).<br />

Há séculos as relações entre a tuberculose animal e humana constitu<strong>em</strong> motivo<br />

de preocupação para as autoridades sanitárias. São numerosas as referências<br />

feitas anteriormente à Era bacteriana, ao perigo que representa para o hom<strong>em</strong> o<br />

consumo de carne de animais sofrendo de caquexia, e é muito provável que nesta<br />

designação estivesse incluída a tuberculose bovina (SOUZA et al., 1999).<br />

Apesar de o Mycobacterium bovis ter sido descoberto no final do século XIX, o<br />

quadro geral da tuberculose humana e bovina t<strong>em</strong> se agravado, particularmente<br />

nos países subdesenvolvidos. No quadro global de combate à tuberculose e<br />

proteção da saúde humana é indispensável, também, a erradicação da<br />

tuberculose bovina. A susceptibilidade do hom<strong>em</strong> ao M. bovis é uma das<br />

principais razões da importância dessa zoonose nos bovinos<br />

(BAPTISTA et al., 2004).<br />

2.2 MICOBACTÉRIAS<br />

As micobactérias são pequenos bastonetes curtos, imóveis, aeróbios,<br />

intracelulares facultativos, não capsulados, não flagelados, apresentando aspecto<br />

granular quando corados, medindo de 0,5 a 7,0µm de comprimento por 0,3µm de<br />

largura. São Gram positivos, do ponto de vista citoquímico, apesar de resistir<strong>em</strong> à<br />

17


coloração com frequência. Entretanto, a sua propriedade mais característica é a<br />

álcool-ácido-resistência (HIRSH; ZEE, 2003; BRASIL, 2006; SENNA, 2008).<br />

O gênero Mycobacterium foi introduzido por Lehmann e Neumann na primeira<br />

edição do “Atlas de Bacteriologia” <strong>em</strong> 1896, para incluir as espécies causadoras<br />

da hanseníase e da tuberculose, que haviam sido classificadas respectivamente<br />

como Bacterium leprae e Bacterium tuberculosis (WRIGHT; WALLACE, 1994). O<br />

significado do nome Mycobacterium se originou do Bacterium-fungus, devido ao<br />

modo de crescimento do bacilo da tuberculose parecido com uma película de<br />

mofo na superfície de meio líquido, entretanto o nome não pode e não deve<br />

relacionar as micobactérias aos fungos (SENNA, 2008).<br />

O gênero Mycobacterium compreende uma grande variedade de espécies, dentre<br />

elas as reconhecidas como clássicas, por determinar<strong>em</strong> doenças no hom<strong>em</strong><br />

(M. bovis, M. avium, M. tuberculosis, M. paratuberculosis e M. leprae), e as<br />

atípicas (M. kansasii, M. marinum, M. scrofulaceum, M. xenopi, M. avium-<br />

intracelulare e M. fortuitum). A lista de espécies desse gênero está s<strong>em</strong>pre<br />

expandindo, e <strong>em</strong> 2003 chegou a 95 m<strong>em</strong>bros (KATOCH, 2004).<br />

Outros m<strong>em</strong>bros do gênero, comumente saprófitas, pod<strong>em</strong> determinar infecção<br />

oportunista, sob circunstâncias particulares como imunossupressão, sendo<br />

referidas também como micobactérias não tuberculosas (NTM) ou outras<br />

micobactérias além do bacilo da tuberculose (MOTT). Estes microrganismos<br />

pod<strong>em</strong> produzir doença localizada nos pulmões, linfonodos, pele e ossos, e<br />

ocasionalmente doença diss<strong>em</strong>inada. Dentre as espécies conhecidas, um terço<br />

18


t<strong>em</strong> sido associado com doença no hom<strong>em</strong>, sendo: M. avium, M. intracellulare,<br />

M. Kansaii, M. paratuberculosis, M. scrofulaceum, M. simiae, M. habana,<br />

M. interjectum, M. xenopi, M. heckeshornense, M. szulgai, M. fortuitum,<br />

M. immunogenum, M. chelonae, M. marinum, M. genavense, M. ha<strong>em</strong>ophilum,<br />

M. conspicuum, M. celatum, M. malmoense, M. ulcerans, M. smegmatis,<br />

M. wolinski, M. goodii, M. thermoresistible, M. neoaurum, M. vaccae, M. palustre,<br />

M. elephantis, M. boh<strong>em</strong>icam e M. septicum (SENNA, 2008).<br />

O M. tuberculosis, específico do hom<strong>em</strong>, raramente produz doença progressiva<br />

nos animais, incluindo primatas não-humanos e cães. O Mycobacterium bovis<br />

pode causar quadros progressivos na maioria dos vertebrados h<strong>em</strong>atógenos,<br />

incluindo o hom<strong>em</strong>. O complexo MAIS (M. avium, M. intracellulare e<br />

M. scrofulaceum), espécies efetivas nas aves, apresentam potencial patogênico<br />

para os suínos, determinando lesões granulomatosas nos linfonodos do trato<br />

gastrintestinal (linfadenite granulomatosa), bovinos, ovinos, veados, cães, gatos e<br />

alguns animais pecilotérmicos. Influenciam ainda na tuberculinização com a<br />

indução de reações inespecíficas, dificultando o diagnóstico da tuberculose<br />

(AIELLO, 2001; BRASIL, 2006).<br />

2.2.1 O COMPLEXO Mycobacterium tuberculosis<br />

Em micobacteriologia, um “complexo” é um grupo de espécies s<strong>em</strong>elhantes, que<br />

por apresentar<strong>em</strong> um diagnóstico diferencial difícil, exig<strong>em</strong>, portanto, técnicas<br />

laboratoriais diferenciadas. O Complexo Mycobacterium tuberculosis contêm<br />

19


quatro espécies nomeadas, sendo M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum e<br />

M. microti (MODA, 1996; DAVID et al., 2004). As espécies mais importantes<br />

dentro do complexo são M. bovis (bacilo da tuberculose bovina) e M. tuberculosis<br />

(bacilo da tuberculose humana) (GRANGE; YATES; KANTOR, 1996).<br />

De fato, as micobactérias agrupadas no Complexo Mycobacterium tuberculosis<br />

difer<strong>em</strong>, largamente, <strong>em</strong> termos do seu tropismo, fenótipo e patogenicidade.<br />

Apesar de todos derivar<strong>em</strong> de um ancestral comum, M. tuberculosis e<br />

M. africanum são patógenos específicos de seres humanos, enquanto o M. microti<br />

parasita roedores, e o M. bovis têm um amplo espectro de hospedeiros<br />

susceptíveis. Entretanto, o M. tuberculosis pode infectar os bovinos, porém s<strong>em</strong><br />

causar doença progressiva nesta espécie; todavia, ocasionalmente, pode<br />

sensibilizá-los ao teste tuberculínico (BROSCH et al., 2002; BRASIL, 2006).<br />

A organização genética do último ancestral comum do bacilo da tuberculose e<br />

quais eventos genéticos teriam contribuído para o fato de o hospedeiro ser<br />

diferente e frequent<strong>em</strong>ente específico, ainda são alguns aspectos que necessitam<br />

de mais estudos. As respostas para essas perguntas são importantes para uma<br />

melhor compreensão da patogenicidade e da epid<strong>em</strong>iologia global da tuberculose<br />

e, desta forma, ajudar na antecipação da direção futura da evolução da doença<br />

(BROSCH et al., 2002).<br />

A diferenciação dos m<strong>em</strong>bros do complexo depende basicamente das<br />

características de crescimento, produção de pigmento, morfologia de colônia e<br />

20


testes bioquímicos, tais como a produção de niacina e a atividade de nitrato-<br />

redutase (COLLINS; GRANGE; YATES, 1984).<br />

2.2.2 CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS E DE RESISTÊNCIA<br />

As micobactérias apresentam uma alta concentração de lipídeos <strong>em</strong> sua parede<br />

celular, que são responsáveis pela estabilidade ácida, propriedades patogênicas e<br />

imunológicas. Os micosídeos de superfície, como os glicolipídios, influenciam<br />

diretamente sobre as características coloniais, especificidade sorológica e<br />

sensibilidade bacteriofágica, além de assegurar a sobrevivência bacteriana<br />

quando fagocitadas (HIRSH; ZEE, 2003).<br />

O glicolipídeo (trealose-6,6 dimicolato), denominado fator corda, é um importante<br />

fator determinante da virulência da bactéria, uma vez que inibe a quimiotaxia, é<br />

leucotóxico e protege a bactéria da fagocitose, impedindo a formação do<br />

fagolisossoma. Outro fator importante na patogenicidade é a tubérculo-proteína<br />

que induz hipersensibilidade tipo IV e contribui para a morte celular<br />

(RIET-CORREA; GARCIA, 2001).<br />

Os ácidos micólicos são ácidos graxos que variam <strong>em</strong> tamanho dependendo da<br />

espécie e são responsáveis pela característica ácido-resistente, ou seja, a<br />

propriedade de reter carbofucsina após a aplicação do descorante, uma mistura<br />

de álcool e ácido. A coloração de Ziehl Neelsen é uma técnica utilizada para<br />

identificação de bacilos álcool-ácido-resistentes, porém esta característica<br />

21


também pode ser observada nos gêneros Corynebacterium, Nocardia e<br />

Rhodococcus (pertencentes a mesma Ord<strong>em</strong> Actinomycetales), devido a muitas<br />

s<strong>em</strong>elhanças bioquímicas, o que pode levar a um resultado falso positivo (HIRSH;<br />

ZEE, 2003; BRASIL, 2006; SENNA, 2008). A composição da cadeia dos ácidos<br />

micólicos pode contribuir para a identificação da micobactéria, devido às<br />

peculiaridades das cadeias entre as diferentes espécies (SENNA, 2008).<br />

Técnicas de isolamento de M. bovis difer<strong>em</strong> das de M. tuberculosis. O<br />

crescimento é pobre ou não ocorre <strong>em</strong> meios contendo glicerol (Lowenstein-<br />

Jensen), normalmente usado para crescimento do M. tuberculosis, mas é<br />

estimulado pelo piruvato sódico encontrado no meio de Stonebrink-Lesslie<br />

(GRANGE; YATES; KANTOR, 1996). Como regra geral, o M. tuberculosis produz<br />

grande quantidade de niacina, enquanto o M. bovis não produz esta vitamina<br />

(MODA, 1996).<br />

O M. bovis pode sobreviver por meses no ambiente, particularmente no frio, <strong>em</strong><br />

locais escuros e condições de umidade. Em t<strong>em</strong>peraturas entre 12 e 24ºC sua<br />

sobrevivência pode variar de 18 a 332 dias, dependendo da exposição à luz solar.<br />

Este microrganismo é frequent<strong>em</strong>ente isolado do solo ou de pastos ocupados por<br />

bovinos infectados. De acordo com WHO (2007), o mesmo se mostrou viável por<br />

4 a 8 s<strong>em</strong>anas numa amostra de solo seca ou úmida <strong>em</strong> 80% de sombra (34ºC),<br />

assim como <strong>em</strong> estábulos, ao abrigo da luz, t<strong>em</strong> condições de sobreviver por<br />

vários meses.<br />

22


2.3 EPIDEMIOLOGIA<br />

2.3.1 DISTRIBUIÇÃO<br />

Embora a tuberculose bovina seja encontrada ao redor do mundo, programas de<br />

controle têm eliminado ou está perto de eliminar essa doença dos animais<br />

domésticos <strong>em</strong> muitos países (WHO, 2007). Os países que implantaram<br />

programas de controle da tuberculose animal ao longo do século passado, com<br />

bases <strong>em</strong> tuberculinização e sacrifício dos animais reagentes, conseguiram<br />

reduzir consideravelmente a frequência de animais infectados. Na atualidade, a<br />

prevalência da doença é maior nos países <strong>em</strong> desenvolvimento e menor nos<br />

países desenvolvidos, cujo controle e a erradicação encontram-se <strong>em</strong> fase<br />

avançada. A tuberculose ocasionada pelo M. bovis está diss<strong>em</strong>inada por todo o<br />

território nacional, no entanto a sua prevalência e distribuição regional não estão<br />

b<strong>em</strong> caracterizadas (BRASIL, 2006).<br />

Segundo Melo et al. (1999), estimou-se que 1,7 bilhões de indivíduos <strong>em</strong> todo o<br />

mundo, 35 a 45 milhões no Brasil, estivess<strong>em</strong> infectados por algumas das<br />

espécies que formam o Complexo M. tuberculosis.<br />

Informações sobre o modelo epid<strong>em</strong>iológico da tuberculose bovina têm sido<br />

obtidas durante muitos anos a partir de países industrializados. Entretanto,<br />

algumas diferenças epid<strong>em</strong>iológicas notáveis relatadas entre a população animal<br />

e a humana <strong>em</strong> países <strong>em</strong> desenvolvimento requer<strong>em</strong> atenção particular<br />

(COSIVI et al., 1998). A tuberculose bovina, apesar de ter sido erradicada ou<br />

23


eficient<strong>em</strong>ente controlada <strong>em</strong> vários países, continua sendo um grande probl<strong>em</strong>a<br />

para a evolução pecuária de um grande número de países <strong>em</strong> desenvolvimento<br />

(AMBROSIO, 2005).<br />

A distribuição global da infecção por M. bovis <strong>em</strong> animais e humanos varia<br />

largamente. Alguns países da América do Norte e da Europa instituíram<br />

programas de eliminação da tuberculose bovina baseados no teste-abate, tendo<br />

como consequência uma baixa ocorrência da doença. Programas de eliminação<br />

estão <strong>em</strong> progresso na Austrália e na Nova Zelândia, Leste Europeu, Israel,<br />

Japão e parte da América do Sul. Em geral, a incidência da infecção pelo M. bovis<br />

<strong>em</strong> humanos é alta na zona rural onde o rebanho está infectado. A diferença na<br />

apresentação clínica da doença humana pelo M. bovis é relatada quanto à rota de<br />

transmissão a partir dos animais, a qual pode ser por exposição direta, ou<br />

indiretamente através da ingestão de produtos como o leite cru e/ou a carne<br />

contaminados, representando risco à saúde humana (MODA et al., 1996; ROWE;<br />

DONAGHY, 2008).<br />

A prevalência da tuberculose pode ser muito maior do que se imagina, uma vez<br />

que a inspeção oficial de rotina só identifica cerca de 47% das lesões<br />

tuberculosas macroscopicamente detectáveis (CORNER, 1994). Além disso,<br />

acredita-se que o número de casos relatados de tuberculose humana por M. bovis<br />

poderia ser ainda maior do que a conhecida, uma vez que não há uma orientação<br />

da rede pública de atendimento no sentido de efetuar a cultura bacteriológica e<br />

identificação das amostras de micobactérias <strong>em</strong> meios contendo piruvato, que<br />

são exigidos para isolamento primário de M. bovis, mas fazendo uso de meios<br />

24


contendo glicerol, o que inibe o crescimento desta micobactéria (LILENBAUM,<br />

1999; ROWE; DONAGHY, 2008).<br />

Entre 1989 e 1998, os dados de notificações oficiais sobre tuberculose bovina<br />

indicaram uma prevalência média nacional de 1,3% de animais infectados. Em<br />

1999, num levantamento realizado no Triângulo Mineiro e nas regiões do centro e<br />

sul de Minas Gerais, envolvendo aproximadamente <strong>1.</strong>600 propriedades e 23.000<br />

animais, estimou-se a prevalência aparente de animais infectados <strong>em</strong> 0,8%. No<br />

mesmo estudo foram detectadas 5% das propriedades com animais reagentes,<br />

sendo importante destacar que esse valor subiu para 15% no universo de<br />

propriedades produtoras de leite com algum grau de mecanização da ordenha e<br />

de tecnificação da produção (BRASIL, 2006).<br />

2.3.2 CADEIA EPIDEMIOLÓGICA<br />

A principal forma de introdução da tuberculose <strong>em</strong> um rebanho sadio é a<br />

aquisição de animais infectados, uma vez que se considera o portador de um<br />

agente infecto-contagioso como principal fonte de infecção. Entretanto, espécies<br />

silvestres pod<strong>em</strong> assumir papel importante como reservatórios do M. bovis, <strong>em</strong><br />

condições de introduzir ou reintroduzir a doença <strong>em</strong> rebanhos. Na Europa<br />

verificou-se que o texugo (Meles meles) levou a tuberculose bovina a ressurgir <strong>em</strong><br />

áreas de onde já havia sido erradicada. Na Nova Zelândia, um pequeno marsupial<br />

silvestre (Trichossurus vulpecula) é apontado como um dos principais<br />

responsáveis pela reinfecção de bovinos pelo M. bovis. Nos EUA, acredita-se que<br />

25


os cervídeos tenham alguma importância como reservatórios (BRASIL, 2006).<br />

Seres humanos pod<strong>em</strong> ser infectados por exposição a outras espécies. Infecções<br />

documentadas têm ocorrido <strong>em</strong> caprinos, alces, rinocerontes e outros animais<br />

selvagens, que muitas vezes pod<strong>em</strong> ser fontes de infecção (WHO, 2007).<br />

No Brasil, certamente, exist<strong>em</strong> espécies silvestres susceptíveis ao M. bovis, mas<br />

é desconhecida a importância desses animais como reservatórios do agente para<br />

bovinos. Eventualmente, o hom<strong>em</strong> com tuberculose causada pelo M. bovis pode<br />

ser fonte de infecção para os rebanhos (BRASIL, 2006).<br />

Em um animal infectado o M. bovis pode ser eliminado pela via respiratória<br />

(aerossóis e perdigotos), por via digestiva (fezes), por via genito-urinária (urina,<br />

secreções genitais, líquidos e anexos placentários, aborto), via mamária (leite) e<br />

por via percutânea (soluções de continuidade) (HIRSH; ZEE, 2003; WHO, 2007).<br />

Alguns fatores pod<strong>em</strong> contribuir para que a enfermidade se propague com maior<br />

eficiência, como a aglomeração de animais <strong>em</strong> estábulos e a inadequação das<br />

instalações zootécnicas (WHO, 2007). A infecção pelo M. bovis se propaga nos<br />

animais independent<strong>em</strong>ente do sexo, da raça ou da idade. A introdução e a<br />

manutenção da doença <strong>em</strong> um rebanho são fort<strong>em</strong>ente influenciadas por<br />

características da unidade de criação, entre as quais se destacam o tipo de<br />

exploração, o tamanho do rebanho, a densidade populacional e as práticas<br />

zootécnicas e sanitárias. Observa-se que a doença é mais frequente <strong>em</strong> rebanhos<br />

leiteiros do que <strong>em</strong> rebanhos de corte. Contudo, quando bovinos de corte e<br />

bubalinos são mantidos <strong>em</strong> confinamento ou <strong>em</strong> condições naturais de<br />

26


aglomeração, a ex<strong>em</strong>plo do que ocorre <strong>em</strong> torno de bebedouros durante a seca<br />

ou nas partes mais altas das pastagens durante as enchentes, os animais ficam<br />

submetidos às mesmas condições de risco. Constitu<strong>em</strong> práticas comuns que<br />

pod<strong>em</strong> introduzir a doença no rebanho tanto a alimentação de bezerros com leite<br />

de vacas tuberculosas quanto a aquisição de receptoras de <strong>em</strong>brião s<strong>em</strong> controle<br />

sanitário (BRASIL, 2006).<br />

A via respiratória é s<strong>em</strong> dúvida a mais comum das vias pelas quais o gado se<br />

infecta, <strong>em</strong>bora a via digestiva seja mais importante <strong>em</strong> bezerros que inger<strong>em</strong><br />

leite contaminado. Vias menos comuns, como a cutânea, requer usualmente uma<br />

lesão primária como pré-condição para instalação do processo infeccioso ou a via<br />

genital, que <strong>em</strong>bora rara, pode ocorrer entre um animal para outro, tanto na<br />

transmissão do macho para a fêmea quanto vice-versa. Em casos de tuberculose<br />

uterina, a transmissão congênita, através dos vasos do cordão umbilical é<br />

possível (NEIL et al., 1994).<br />

Na transmissão por via aerógena, a partícula infecciosa é uma gotícula úmida<br />

contendo alguns poucos bacilos. O bacilo da tuberculose não é excretado<br />

somente por bovinos com lesões pulmonares aparentes, mas também no período<br />

assintomático da doença. Assim, a rota respiratória da infecção resulta na doença<br />

pulmonar, muito frequente <strong>em</strong> trabalhadores expostos a animais infectados<br />

(veterinários, fazendeiros, trabalhadores rurais) e m<strong>em</strong>bros da comunidade rural<br />

que mantém contato com esses animais (MODA et al., 1996).<br />

27


A transmissão do Mycobacterium spp., <strong>em</strong> ambientes hospitalares, pode atingir<br />

tanto pacientes quanto funcionários numa unidade de saúde, através da inalação<br />

de aerossóis eliminados a partir de portadores ou produzidos durante os<br />

procedimentos laboratoriais com os seus materiais biológicos (BARROSO, 2001).<br />

A transmissão de pessoa a pessoa é rara, mas <strong>em</strong> indivíduos<br />

imunocomprometidos, entre os alcoólicos e os indivíduos infectados pelo vírus<br />

HIV, o M. bovis t<strong>em</strong> ocasionalmente sido transmitido (WHO, 2007). Em contraste<br />

com o M. tuberculosis, as infecções causadas pelo M. bovis são frequent<strong>em</strong>ente<br />

extra pulmonares (DAVID et al., 2004; SANTOS; KIPNIS; KIPNIS, 2007).<br />

A rota digestiva da infecção resulta na forma extra-pulmonar da tuberculose.<br />

Alguns animais se infectam quando inger<strong>em</strong> o microrganismo presente na<br />

pastag<strong>em</strong>. Crianças que se alimentam de leite de rebanho infectado, não<br />

pasteurizado, são mais susceptíveis que os adultos, mesmo a partir de um<br />

pequeno número de bacilos. A infecção pode se estabelecer na região cervical e<br />

menos frequente nos nódulos linfáticos da axila (scrófula). A carne de bovino<br />

infectado pode conter partículas viáveis de M. bovis e representa um perigo para<br />

o consumidor, principalmente quando a carne é ingerida crua (MODA et al.,<br />

1996).<br />

Tuberculose humana por M. bovis t<strong>em</strong> sido muito raro nos países com exigência<br />

da pasteurização de leite e programas efetivos de erradicação da tuberculose<br />

bovina. Entretanto, esta doença continua sendo reportada <strong>em</strong> áreas onde a<br />

doença bovina t<strong>em</strong> baixo controle (WHO, 2007).<br />

28


O contato direto entre humano e animais potencialmente infectados existe,<br />

principalmente, entre indivíduos que trabalham na agricultura, sendo uma<br />

proporção significativa das populações consideradas de risco para a aquisição da<br />

tuberculose bovina, como no caso de 65% da população africana, 70% da asiática<br />

e 26% dos latinos americanos e caribenhos (COSIVI et al., 1998).<br />

Em adição, gatos pod<strong>em</strong> se infectar através da rota respiratória ou por via<br />

cutânea transmitido através de mordedura ou arranhão. Mamíferos não primatas<br />

são usualmente infectados através da inalação. N<strong>em</strong> todos os animais infectados<br />

transmit<strong>em</strong> a doença (WHO, 2007). A infecção de cães pelo M. tuberculosis é<br />

atribuído ao contato com seres humanos (HIRSH; ZEE, 2003).<br />

2.3.3 IMPACTO ECONÔMICO E SAÚDE PÚBLICA<br />

A importância da tuberculose bovina como zoonose é uma das principais razões<br />

para o estudo de seus aspectos epid<strong>em</strong>iológicos e da susceptibilidade do hom<strong>em</strong><br />

a tal enfermidade (SOUZA et al., 1999). Entretanto, não é possível determinar<br />

diretamente <strong>em</strong> populações humanas a prevalência da infecção pelo M. bovis,<br />

uma vez que n<strong>em</strong> o teste tuberculínico e n<strong>em</strong> qualquer outro método de<br />

investigação populacional pode distinguir essa infecção daquela causada pelo<br />

M. tuberculosis (ABRAHÃO, 1998). Um fator agravante é que laboratorialmente,<br />

devido sua aparente similaridade na apresentação clínica, tratamento e<br />

prognóstico da infecção no hom<strong>em</strong> pelo M. bovis e M. tuberculosis, s<strong>em</strong>pre<br />

ocorreram falhas no diagnóstico diferencial dessas micobactérias, principalmente<br />

29


nos países onde se julgava erradicada a tuberculose bovina (ORDÓÑEZ et al.,<br />

1999; PINTO, 2003).<br />

Segundo Baptista et al. (2004), a prevalência é subestimada, pois para se chegar<br />

à prevalência real, seria necessário somar também os casos de tuberculose s<strong>em</strong><br />

lesões macroscópicas detectáveis na inspeção post-mort<strong>em</strong>. Isso alerta para a<br />

possibilidade de, mesmo sendo baixa, existir<strong>em</strong> rebanhos infectados pela<br />

tuberculose, o que leva a implicações na saúde pública e na economia nacional,<br />

chamando atenção para a necessidade do controle mais efetivo da zoonose. Em<br />

São Paulo, Corrêa e Corrêa (1974), a partir de material colhido <strong>em</strong> pacientes com<br />

diagnóstico clínico de tuberculose, isolaram 200 estirpes de Mycobacterium spp.,<br />

sendo que 7 (3,5%) foram isoladas de crianças e classificadas como sendo M.<br />

bovis.<br />

Numa revisão sobre o estudo da tuberculose zoonótica, entre 1954 e 1970, e<br />

divulgada <strong>em</strong> vários países no mundo, foi estimada que a proporção de casos<br />

humanos por M. bovis era de 3,1% de todas as formas de tuberculose, 2,1% da<br />

forma pulmonar e 9,4% das formas extrapulmonares (GERVOIS et al., 1972). Em<br />

outro estudo realizado no Egito, 9 de 20 pacientes selecionados ao acaso com<br />

peritonite tuberculosa estavam infectadas pelo M. bovis (NAFEH et al., 1992). Na<br />

Nigéria, dos 102 isolados do complexo M. tuberculosis, quatro (3,9%) foram de<br />

M. bovis (IDRISU; SCHNURRENBERGER, 1977). No Zaire, M. bovis foi isolado<br />

de secreção gástrica <strong>em</strong> 2 de 5 pacientes com tuberculose pulmonar (MPOSHI;<br />

BINEMO-MADI; MUDAKIKWA, 1983). Numa investigação na Tanzânia, 4 de 19<br />

nódulos linfáticos biopsiados de pacientes com suspeita de tuberculose extra<br />

30


pulmonar estavam infectados pelo M. bovis (DABORN; GRANGE; KAZWALA,<br />

1997). Segundo David et al. (2004), entre os m<strong>em</strong>bros do complexo<br />

M. tuberculosis existe um relacionamento genético, apesar de diferir<strong>em</strong> quanto à<br />

virulência, à patogenia e à importância relativa à doença nos seres humanos.<br />

As perdas econômicas determinadas por esta enfermidade se manifestam pela<br />

redução de 10 - 20% da produção de leite, eficiência reprodutiva e do ganho de<br />

peso; além da infertilidade e condenação das carcaças dos animais acometidos.<br />

Sendo assim, produtos derivados de carnes e de leite originários de regiões onde<br />

a tuberculose ainda ocorre têm dificultada sua exportação para países onde a<br />

doença é controlada, o que implica <strong>em</strong> prejuízos à economia nacional e perda de<br />

mercado externo, com menor cotação do produto (LILENBAUM, 1999). Existe<br />

ainda a perda de prestígio e de credibilidade da unidade de criação onde a<br />

doença foi constatada (BRASIL, 2006).<br />

As metas internacionais estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde<br />

(OMS), e pactuadas pelo governo brasileiro são de identificar 70% dos casos de<br />

tuberculose estimados e alcançar uma taxa de cura <strong>em</strong> torno de 85%, visto que a<br />

enfermidade ainda é um sério probl<strong>em</strong>a de saúde pública, com profundas raízes<br />

sociais, estando intimamente ligada à pobreza e a má distribuição de renda. O<br />

surgimento da pand<strong>em</strong>ia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e o<br />

aparecimento de focos de tuberculose multirresistente agravam ainda mais o<br />

probl<strong>em</strong>a da doença no mundo (BRASIL, 2009).<br />

31


Estima-se que a tuberculose, nos próximos dez anos, deva conduzir a óbito cerca<br />

de 30 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, <strong>em</strong>bora essa doença seja um<br />

probl<strong>em</strong>a, são poucos os investimentos para pesquisa científica relacionada à<br />

enfermidade. A tecnologia biomolecular t<strong>em</strong> sido uma ferramenta valiosa no<br />

estudo da epid<strong>em</strong>iologia do M. bovis, pois permite melhores investigações na<br />

detecção e conhecimento da transmissão e da crescente incidência dessa<br />

infecção (SILVA; BOÉCHAT, 2004; LARI et al., 2006).<br />

2.4 PATOGENIA<br />

A manifestação da doença é dependente da via de infecção, da resposta imune<br />

do hospedeiro e da virulência do organismo infectante. As localizações mais<br />

frequentes das lesões primárias são os pulmões e linfonodos associados e os<br />

intestinos, estes especialmente <strong>em</strong> indivíduos jovens que se infectam pela via<br />

digestiva (NEILL et al., 1994). A lesão primária pode permanecer isolada no órgão<br />

acometido ou diss<strong>em</strong>inar-se por via h<strong>em</strong>o-linfática para outros sítios anatômicos.<br />

A patogenia se inicia a partir da formação de um complexo primário, que envolve<br />

a lesão primária, ou foco primário, associada à reação ganglionar regional. Na<br />

medida <strong>em</strong> que a lesão evolui, o complexo primário desenvolve fibroplasia<br />

periférica e necrose caseosa central, sendo esta última intimamente ligada à<br />

hipersensibilidade tardia. O complexo primário pode regredir ou persistir s<strong>em</strong><br />

progressão aparente (RIET-CORREA; GARCIA, 2001).<br />

32


A produção de anticorpos também ocorre, e está ligada à multiplicação bacteriana<br />

extracelular e ao consequente aumento da carga infectante pós-liberação<br />

intracelular (LILENBAUM, 2000).<br />

A rota respiratória ocorre por inalação, via pulmões e linfonodos<br />

traqueobrônquicos. Quando atinge o alvéolo, o bacilo é capturado por<br />

macrófagos. Alguns bacilos são eliminados através de fagocitose, enquanto<br />

outros são capturados e sobreviv<strong>em</strong> dentro dos macrófagos, impedindo a fusão<br />

fagolisossômica, multiplicando-se <strong>em</strong> seguida. Quando cessa a multiplicação<br />

bacilar ocorre resposta imune mediada por células e reação de hipersensibilidade<br />

tardia. Nesta fase, <strong>em</strong> decorrência da reação de hipersensibilidade tardia, o<br />

hospedeiro destrói seus próprios tecidos por meio de necrose de caseificação<br />

para conter o crescimento intracelular das micobactérias. Com a mediação dos<br />

linfócitos T, ocorre a migração de novas células de defesa, culminando com a<br />

formação dos granulomas (tubérculos) (BRASIL, 2006), que histologicamente<br />

caracterizam-se por área de necrose caseosa central com áreas de calcificação.<br />

Essa área central está rodeada por uma região onde predominam as<br />

denominadas células epitelióides e encontram-se, também, células gigantes. Mais<br />

na periferia da lesão observam-se monócitos e linfócitos, e proliferação de tecido<br />

fibroso, que tenta encapsular a lesão. Com coloração de Ziehl-Neelsen para<br />

bactérias ácido-álcool resistentes pode observar-se o agente na lesão<br />

(SOUZA et al., 1999; RIET-CORREA; GARCIA, 2001).<br />

Macroscopicamente, o M. bovis produz uma lesão granulomatosa específica, na<br />

qual se pode observar mineralizações por precipitações por sais de cálcio<br />

33


(SOUZA et al., 1999). Inicialmente, observam-se pequenos nódulos acinzentados,<br />

que ao progredir<strong>em</strong> formam uma área central amarelada de aspecto caseoso<br />

ocupando maior parte da lesão, rodeada por cápsula esbranquiçada. Esses<br />

tubérculos pod<strong>em</strong> aumentar de tamanho ou juntar-se a outros formando grandes<br />

massas caseosas com área de calcificação. A presença de lesões <strong>em</strong> outros<br />

órgãos, além do complexo primário, indica generalização da infecção o que, <strong>em</strong><br />

matadouros-frigoríficos, é um critério importante para proceder à condenação de<br />

toda a carcaça (AIELLO, 2001; RIET-CORREA; GARCIA, 2001). Embora a<br />

apreciação dos caracteres morfológicos das lesões <strong>em</strong> nível macroscópico seja<br />

um instrumento valioso na identificação da doença, jamais poderá substituir o<br />

exame histopatológico (REIS; COELHO; LÚCIO, 1996).<br />

Pod<strong>em</strong>-se encontrar situações <strong>em</strong> que bovinos tuberculino-positivos não<br />

apresent<strong>em</strong> lesões visíveis à necropsia, tais como: os animais pod<strong>em</strong> estar <strong>em</strong><br />

estágios iniciais da doença, o que dificulta a localização das lesões; as lesões<br />

estão localizadas nas partes do corpo que geralmente não são examinadas<br />

durante o trabalho de inspeção de carcaças; animais que tenham tido contato<br />

com outras micobactérias que não o M. bovis, normalmente mostram lesões<br />

discretas ou invisíveis a olho nu (SOUZA et al., 1999).<br />

Da mesma forma, Tabosa et al. (2000) realizaram um trabalho com animais<br />

abatidos num matadouro-frigorífico municipal de Patos – PB, onde verificaram a<br />

ocorrência da tuberculose bovina através de lesões <strong>em</strong> carcaças e vísceras.<br />

Inspecionaram os principais órgãos (pulmões, fígado, baço, útero e rins), a cadeia<br />

linfática mediastínica e mesentérica de carcaças de 1021 bovinos, no período de<br />

34


agosto de 1993 a abril de 1994. Dos animais inspecionados, 32 apresentaram<br />

lesões macroscopicamente s<strong>em</strong>elhantes à tuberculose. Mas à microscopia<br />

apenas cinco apresentaram nódulos característicos por acúmulos focais de<br />

macrófagos, células epitelióides, células gigantes de Langhans e área central<br />

necrótica com calcificação, caracterizando um granuloma tuberculóide típico.<br />

Dessas, <strong>em</strong> duas foram isoladas cepas de Mycobacterium, sendo uma<br />

identificada como M. bovis, representando um percentual de 0,48%.<br />

2.5 SINAIS CLÍNICOS<br />

A tuberculose humana causada pelo M. bovis é clinica e patologicamente<br />

indistinguível daquela causada pelo M. tuberculosis, com diferenciação apenas<br />

através de métodos laboratoriais sofisticados como cultura bacteriológica seguida<br />

de tipificação dos isolados de acordo com as características de crescimento e<br />

propriedades bioquímicas. Em países onde a tuberculose bovina não é<br />

controlada, muitos casos humanos ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> pessoas jovens como resultado<br />

da ingestão ou do manejo de leite contaminado, caracterizando-se clinicamente<br />

com sinais de linfadenopatia cervical, lesões intestinais, tuberculose crônica de<br />

pele (lúpus vulgarius) e outras formas não pulmonares são particularmente<br />

comuns. Certos casos, provavelmente, pod<strong>em</strong> ser causados pelo M. tuberculosis<br />

(COSIVI et al., 1998; ROWE; DONAGHY, 2008).<br />

Sabe-se, entretanto, que algumas infecções humanas são assintomáticas. Em<br />

muitos casos, a doença localizada ou diss<strong>em</strong>inada pode desenvolver tão logo<br />

35


ocorra infecção, ou muitos anos depois quando a baixa de imunidade permite a<br />

reativação. A doença localizada pode afetar os nódulos linfáticos, pele, ossos e<br />

articulações, sist<strong>em</strong>a geniturinário, meninges e sist<strong>em</strong>a respiratório. A<br />

linfadenopatia cervical (scrófula), na qual primeiramente são afetadas as tonsilas<br />

e nódulos linfáticos pré-auricular, foi <strong>em</strong> outros t<strong>em</strong>pos uma forma comum de<br />

tuberculose <strong>em</strong> crianças que consumiam leite contaminado. Em alguns casos<br />

esse nódulos rompiam e drenavam para a pele. A doença pulmonar é mais<br />

comum <strong>em</strong> pessoas com reativação da infecção primária, sendo que os principais<br />

sintomas são febre, tosse, dor torácica, cavidades e h<strong>em</strong>optises (WHO, 2007).<br />

Em estágios avançados, e dependendo da localização das lesões, os bovinos<br />

pod<strong>em</strong> apresentar <strong>em</strong>aciação progressiva, febre, inapetência, hipertrofia de<br />

linfonodos, timpanismo crônico, dispnéia, tosse, mastite e infertilidade, entre<br />

outros. Em alguns animais, os linfonodos retrofaríngeos pod<strong>em</strong> abscedar e<br />

fistular, drenando o conteúdo para o meio externo. Se o trato digestivo estiver<br />

envolvido, diarréia intermitente e constipação pod<strong>em</strong> ser observadas (BRASIL,<br />

2006; WHO, 2007).<br />

A tuberculose é geralmente uma doença crônica e os sinais clínicos são poucos<br />

frequentes <strong>em</strong> bovinos e bubalinos, entretanto pode ocasionalmente ocorrer de<br />

forma aguda e rapidamente progressiva. Infecções recentes são comumente<br />

assintomáticas. Em países com programas de erradicação, na maioria das vezes,<br />

os bovinos infectados são identificados brev<strong>em</strong>ente e infecções sintomáticas são<br />

incomuns (WHO, 2007).<br />

36


A broncopneumonia da forma respiratória da doença causa tosse produtiva,<br />

intermitente e crônica, com sinais posteriores de dispnéia e taquipnéia. As lesões<br />

destrutivas da broncopneumonia granulomatosa pod<strong>em</strong> ser detectadas <strong>em</strong><br />

ausculta e percussão. O aumento de volume dos linfonodos superficiais, quando<br />

presente, pode constituir um sinal diagnóstico útil. Os linfonodos mais profundos<br />

afetados, obviamente, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre pod<strong>em</strong> ser palpados, mas chegam a causar<br />

obstrução das vias aéreas, faringe e do intestino, levando ao timpanismo ruminal<br />

(AIELLO, 2001). Animais tuberculosos, quando submetidos à marcha forçada,<br />

tend<strong>em</strong> a posicionar-se atrás dos d<strong>em</strong>ais, d<strong>em</strong>onstrando cansaço e baixa<br />

capacidade respiratória. Pode ocorrer linfadenomegalia localizada ou<br />

generalizada (BRASIL, 2006).<br />

Casos de tuberculose por M. bovis <strong>em</strong> pessoas HIV-positivas se ass<strong>em</strong>elham a<br />

doença causada pelo M. tuberculosis. Dessa forma, manifesta-se como doença<br />

pulmonar e linfadenopatia, e nos indivíduos com imunossupressão mais<br />

acentuada, a doença manifesta-se na forma diss<strong>em</strong>inada (COSIVI et al., 1988).<br />

2.6 DIAGNÓSTICO<br />

O diagnóstico da tuberculose bovina pode ser efetuado por métodos diretos e<br />

indiretos. Os diretos envolv<strong>em</strong> a detecção e identificação do agente etiológico no<br />

material biológico. Os indiretos pesquisam uma resposta imunológica do<br />

hospedeiro ao agente etiológico, que poder ser humoral (produção de anticorpos<br />

circulantes) ou celular (mediada por células) (BRASIL, 2006).<br />

37


A reação tuberculínica, a bacteriologia e a histopatologia são os métodos mais<br />

utilizados para o diagnóstico da tuberculose bovina e bubalina. A grande<br />

inespecificidade dos sinais clínicos, a dificuldade de isolamento do M. bovis do<br />

animal vivo e o baixo nível de anticorpos durante o período inicial de infecção faz<br />

com que os métodos diagnósticos clínico, bacteriológico e sorológico tenham um<br />

valor relativo (BRASIL, 2006).<br />

Na tuberculose bovina, <strong>em</strong>bora a cultura bacteriológica ainda represente o padrão<br />

ouro de diagnóstico, a dificuldade de obtenção de amostras torna pouco viável<br />

sua utilização rotineira. Uma vez que é impossível a obtenção de escarro bovino e<br />

a obtenção de lavados bronco-alveolares difícil <strong>em</strong> grandes rebanhos, a<br />

realização de baciloscopias, culturas bacteriológicas e exames histopatológicos,<br />

têm se limitado ao diagnóstico post-mort<strong>em</strong>. Os achados de necropsia dos<br />

granulomas clássicos são, com frequência, bastante sugestivo da doença. Mas,<br />

como discutido anteriormente, a confirmação do diagnóstico requer isolamento e<br />

identificação do microrganismo, b<strong>em</strong> como histopatológico (AIELLO, 2001).<br />

Assim, o diagnóstico da infecção <strong>em</strong> bovinos in vivo tende a ser realizado através<br />

de métodos indiretos de diagnóstico, notadamente os testes imunológicos<br />

baseados na resposta mediada por células (LILENBAUM, 2000).<br />

2.6.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO<br />

A grande variabilidade de sinais e sintomas, b<strong>em</strong> como o caráter crônico da<br />

tuberculose, faz com que o diagnóstico clínico tenha um valor relativo,<br />

38


proporcionando apenas um diagnóstico presuntivo. Os testes para diagnóstico da<br />

tuberculose se baseiam na detecção de infecções latentes pelo<br />

Mycobacterium spp., através de testes alérgicos ou pela detecção do agente <strong>em</strong><br />

secreções, sendo o último mais utilizado <strong>em</strong> humanos (SOUZA et al., 1999).<br />

2.6.2 DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO<br />

Exames bacteriológicos comprovam a presença dos bacilos álcool-ácido<br />

resistentes através da coloração de Ziehl-Neelsen, isolamento das micobactérias<br />

<strong>em</strong> meio de cultura seletivo e subsequente identificação através da cultura e<br />

testes bioquímicos além da técnica de PCR (HAAGSMA, 1995). Entretanto,<br />

<strong>em</strong>bora a visualização de micobactérias através da coloração seja um método<br />

rápido e barato, só consegue revelar a presença de bacilo álcool-ácido resistente<br />

<strong>em</strong> concentrações superiores a 10 4 bactérias por mL (RODRIGUEZ et al., 2004).<br />

As técnicas de rotina utilizadas nos laboratórios veterinários diferenciam-se das<br />

utilizadas nos laboratórios médicos, principalmente, porque cepas de M. bovis<br />

cresc<strong>em</strong> b<strong>em</strong> pouco ou não cresc<strong>em</strong> <strong>em</strong> meios à base de glicerol usados para o<br />

cultivo do M. tuberculosis. Assim, sabe-se que muitos laboratórios usam apenas o<br />

meio sólido de Lowenstein-Jensen que cont<strong>em</strong> glicerol, necessário para o<br />

isolamento do M. tuberculosis. Por esta razão, o meio utilizado para o isolamento<br />

de M. bovis é o Stonebrink-Lesslie, o qual contém piruvato sódico <strong>em</strong> lugar de<br />

glicerol (GRANGE; YATES; KANTOR, 1996).<br />

39


A baciloscopia é a técnica de eleição para o diagnóstico rápido e o controle do<br />

tratamento da tuberculose pulmonar do humano adulto. É simples, econômica e<br />

eficiente para detectar casos infecciosos (OPS, 2008). Além disso, permite<br />

descobrir as fontes mais importantes de infecção: os pacientes bacilíferos<br />

(BRASIL, 2002). Embora seja considerado um exame básico <strong>em</strong> tuberculose<br />

humana, sobretudo do escarro, ela não é rotineiramente utilizada no diagnóstico<br />

de tuberculose animal, pois além da dificuldade na obtenção da amostra, existe<br />

s<strong>em</strong>pre a real possibilidade de um resultado falso negativo, o que não exclui a<br />

ocorrência da infecção. Ressalta-se também a possibilidade de resultado falso-<br />

positivo <strong>em</strong> virtude dos gêneros Nocardia, Corynebacterium e Rhodococcus<br />

ser<strong>em</strong> também bacilos álcool ácido resistentes (CPZ, 1986).<br />

O diagnóstico bacteriológico, mediante isolamento e tipificação da bactéria, é<br />

necessário para a vigilância epid<strong>em</strong>iológica da enfermidade (RIET-CORREA;<br />

GARCIA, 2001; AMBRÓSIO, 2005). Nas campanhas de controle ou erradicação,<br />

à medida que diminui a prevalência da doença, é mais importante tipificar as<br />

micobactérias isoladas de lesões de tuberculose, com o objetivo de identificar<br />

aquelas que induz<strong>em</strong> reação cruzada com a tuberculina bovina (RIET-CORREA;<br />

GARCIA, 2001). Segundo Santos, Kipnis e Kipnis (2007), os métodos de tipag<strong>em</strong><br />

molecular são úteis para a diferenciação dos m<strong>em</strong>bros do complexo<br />

M. tuberculosis e têm importância preponderante no que diz respeito ao<br />

monitoramento da transmissão da tuberculose nos países endêmicos.<br />

Uma etapa de extr<strong>em</strong>a importância na realização da identificação das<br />

micobactérias numa amostra clínica, animal ou humana, é a descontaminação da<br />

40


mesma. A descontaminação da amostra t<strong>em</strong> por objetivo inativar outras bactérias<br />

presentes na amostra, pois se estiver<strong>em</strong> presentes, crescerão mais rapidamente,<br />

esgotando os nutrientes do meio e inviabilizando o crescimento do M. bovis. Os<br />

produtos utilizados no procedimento de descontaminação deverão ser poucos<br />

agressivos para as micobactérias e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, capazes de inativar a<br />

microbiota acompanhante. O balanço dessas duas capacidades, aliado ao grau<br />

de contaminação da amostra, é que será responsável pela sensibilidade do<br />

método de isolamento (AMBROSIO, 2005; CPZ, 1972).<br />

2.6.3 DIAGNÓSTICO ALÉRGICO-CUTÂNEO<br />

O teste alérgico cutâneo com tuberculina é um instrumento básico para<br />

programas de controle e erradicação da tuberculose bovina <strong>em</strong> todo o mundo,<br />

sendo a técnica preconizada pela OIE por apresentar boa sensibilidade e<br />

especificidade (BRASIL, 2006). Para Lilenbaum (2000), uma desvantag<strong>em</strong> do<br />

teste é quanto às dificuldades <strong>em</strong> detectar estágios iniciais (período de<br />

incubação) ou tardios da enfermidade (fenômeno de anergia), ou infecções <strong>em</strong><br />

bovinos idosos (imunossupressão na senilidade) e <strong>em</strong> vacas que pariram<br />

recent<strong>em</strong>ente (período periparto, que compreende 15 dias antes e após a<br />

parição).<br />

A prova consiste na inoculação intradérmica de tuberculina, que é um derivado<br />

protéico purificado (PPD), extraído da cultura de Mycobacterium spp. Caso o<br />

animal tenha sido exposto a micobactérias provavelmente irá produzir uma<br />

41


eação de hipersensibilidade tipo IV no local da inoculação, evidenciada por<br />

ed<strong>em</strong>a e aumento de volume da pele (RIET-CORREA; GARCIA, 2001).<br />

No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD bovino, produzido a partir<br />

da amostra AN5 de M. bovis, contendo 1mg de proteína por mL (32.500 UI). No<br />

teste cervical comparativo, utiliza-se também o PPD aviário, produzido a partir de<br />

amostra D4 de M. avium, contendo 0,5mg de proteína por mL (25.000UI)<br />

(BRASIL, 2006).<br />

O teste cervical simples é a prova de rotina <strong>em</strong> bovinos e bubalinos devido a sua<br />

boa sensibilidade, porém a legislação permite a utilização do teste na região da<br />

prega ano-caudal, como prova de triag<strong>em</strong>, exclusivamente <strong>em</strong> gado de corte. O<br />

teste cervical comparativo é a prova confirmatória para animais reagentes ao<br />

teste da prega ano-caudal ou ao teste cervical simples, podendo ser aplicado<br />

como única prova diagnóstica <strong>em</strong> rebanhos com histórico de reações<br />

inespecíficas. Esses testes estão de acordo com os padrões internacionais e, <strong>em</strong><br />

particular, com as recomendações do Código Zoosanitário Internacional da OIE<br />

(BRASIL, 2006).<br />

Silva et al. (2006) avaliaram a resposta alérgica cutânea à tuberculina <strong>em</strong><br />

caprinos experimentalmente sensibilizados e estabeleceram parâmetros de<br />

interpretação do teste intradérmico simples e comparativo nesta espécie animal.<br />

Salientaram que no Brasil não exist<strong>em</strong> padrões estabelecidos para a<br />

interpretação do teste tuberculínico nesta espécie, e n<strong>em</strong> dados sobre a<br />

frequência da tuberculose nesta espécie animal.<br />

42


2.6.4 TÉCNICA DE SPOLIGOTYPING<br />

O Spacer oligonucleotide typing (Spoligotyping) é uma das técnicas mais<br />

versáteis de genotipag<strong>em</strong> do complexo M. tuberculosis. Baseia-se na metodologia<br />

de PCR e analisa uma região cromossômica específica do complexo, o locus DR<br />

(Direct Repeats), pela determinação da presença ou ausência de espaçadores<br />

específicos entre as sequências DR. O Spoligotyping não só facilita uma<br />

diferenciação das espécies do complexo M. tuberculosis, como também é útil na<br />

determinação da orig<strong>em</strong> geográfica das estirpes. A existência de um banco de<br />

dados internacional permite uma comparação a este nível (KAMERBEEK et al.,<br />

1997; DAVID et al., 2004).<br />

O Spoligotyping é baseado no polimorfismo de DNA presente <strong>em</strong> um locus<br />

cromossomal particular, a região de repetição direta, Direct Repeat (DR), presente<br />

apenas nas bactérias do Complexo M. tuberculosis. Em outras estirpes do<br />

Complexo M. tuberculosis o número de el<strong>em</strong>entos DR apresentou grande<br />

variação. A maioria das estirpes contém um ou mais el<strong>em</strong>entos IS6110 na região<br />

DR (RODRIGUEZ, 2005). O locus DR é uma região cromossômica que contém,<br />

<strong>em</strong> número variável, a sequência curta DR, de 36 pares de base. Esta sequência<br />

está separada por espaçadores não repetitivos, também de sequência curta, de<br />

35 a 41 pares de base. A técnica analisa a presença ou ausência de 43<br />

espaçadores do locus DR, cuja sequência é conhecida. A região DR <strong>em</strong> M. bovis<br />

consiste de sequências repetidas de 36 pares de base e o número de cópias de<br />

DR foi determinado como 49 (KAMERBEEK et al., 1997; KREMER, 2002).<br />

43


O primeiro passo no método é amplificar a região DR da estirpe <strong>em</strong> estudo por<br />

PCR. Os primers usados são baseados na sequência do DR e permite a<br />

amplificação dos espaçadores entre os DR’s. O produto de PCR obtido difere <strong>em</strong><br />

tamanho por duas razões: primeiro, o amplificado contém muitos espaçadores<br />

com suas DR’s se os primers anelar<strong>em</strong> <strong>em</strong> DR’s não imediatamente vizinhos;<br />

segundo, os amplificados, <strong>em</strong> cada ciclo, funcionam como primer que se tornam<br />

alongados com uma ou mais DR’s. Os oligonucleotídeos derivados de<br />

espaçadores conhecidos são covalent<strong>em</strong>ente ligados <strong>em</strong> linhas paralelas a uma<br />

m<strong>em</strong>brana de nylon ativada. Os produtos de PCR são hibridados perpendiculares<br />

às linhas dos oligonucleotídeos. Após a hibridação, a m<strong>em</strong>brana é incubada <strong>em</strong><br />

estreptavidina-peroxidase que reage com a biotina marcada nos produtos da<br />

PCR. A detecção do sinal de hibridação é feita pelo sist<strong>em</strong>a de detecção<br />

quimioluminescência. A peroxidase presente na streptavidina catalisa a reação,<br />

resultando na <strong>em</strong>issão de luz que pode ser detectada por filme de raio X. Por<br />

utilizar a PCR <strong>em</strong> uma das etapas, o spoligotyping pode ser aplicado diretamente<br />

<strong>em</strong> amostras clínicas permitindo a detecção, a identificação e a diferenciação de<br />

estirpes de M. bovis simultaneamente (KAMERBEEK et al., 1997; KREMER,<br />

2002; RODRIGUEZ, 2005).<br />

Essa técnica t<strong>em</strong> diversas vantagens: a execução é rápida, t<strong>em</strong> uma boa<br />

reprodutibilidade, não requer investimento excessivo <strong>em</strong> equipamento específico,<br />

não necessita de um software para interpretação, permite a análise de um grande<br />

número de estirpes e um bom nível de diferenciação para a análise<br />

epid<strong>em</strong>iológica e de fácil diferenciação das espécies do complexo M. tuberculosis<br />

pela simples análise visual da m<strong>em</strong>brana. Outra vantag<strong>em</strong> é a diferenciação entre<br />

44


M. bovis e M. tuberculosis pela ausência ou presença, respectivamente, dos<br />

espaçadores 39 a 43, o que por métodos tradicionais é bastante difícil<br />

(KAMERBEEK et al.,1997; DAVID et al., 2004; RODRIGUEZ et al., 2004;<br />

RODRIGUEZ, 2005).<br />

A técnica de spoligotyping é um método vantajoso para tipificação diretamente na<br />

amostra clínica, dispensando a etapa de crescimento do microrganismo e<br />

possibilita o uso de isolados não mais viáveis para cultivo, e que permite,<br />

simultaneamente, a detecção e tipificação do Complexo M. tuberculosis,<br />

reduzindo o t<strong>em</strong>po entre a suspeita e o diagnóstico da doença (KAMERBEEK et<br />

al., 1997; SANTOS et al., 2007).<br />

Segundo David (2008), o spoligotyping permitiu a subdivisão do M. tuberculosis<br />

<strong>em</strong> nove famílias de spoligotype: M. africanum, M. bovis (incluindo o M. bovis<br />

BCG), East African-Indian (EAI), Beijing, Haarl<strong>em</strong>, Latin American and<br />

Mediterranean (LAM), Central and Middle Eastern Asian (CAS), uma família<br />

européia X, e uma família pouco definida T.<br />

2.7 TRATAMENTO<br />

O tratamento da tuberculose humana consiste numa associação de fármacos, no<br />

qual várias drogas foram testadas. Entretanto, atualmente, das 16 drogas<br />

conhecidas com ação efetiva sobre o bacilo, seis são de uso rotineiro instituído<br />

pelo Ministério da Saúde, geralmente isoniazida, rifampicina, pirazinamida,<br />

45


estreptomicina, etambutol e etionamida (ROSSETTI et al., 2002; MOTA et al.,<br />

2004).<br />

Levando <strong>em</strong> consideração a resistência do M. bovis à pirazinamida, o tratamento<br />

da tuberculose humana causada por essa espécie de micobactéria pode não ser<br />

efetivo, assim como, <strong>em</strong> situações de resistência primária elevada para isoniazida<br />

e estreptomicina pode severamente limitar a eficácia do tratamento<br />

(COSIVI et al., 1998).<br />

De acordo com Langenegger, Leite e Oliveira Júnior (1991), a utilização da<br />

isoniazida para o tratamento da tuberculose, tanto na medicina humana quanto na<br />

veterinária, consistia na administração diária e contínua por períodos longos. Em<br />

protocolos mais recentes, utilizam-se dosagens maiores num período mais curto,<br />

de até seis meses. A duração do tratamento não pode ser reduzida por causa da<br />

lenta absorção das grandes massas caseosas das lesões tuberculosas, já que a<br />

difusão da isonizada <strong>em</strong> dose terapêutica só ocorre até uma certa profundidade<br />

da massa caseosa.<br />

O tratamento <strong>em</strong> bovinos e bubalinos não é permitido segundo a legislação<br />

vigente do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e<br />

Tuberculose (PNCEBT), instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (MAPA).<br />

46


2.8 PREVENÇÃO E CONTROLE<br />

Em países desenvolvidos, o programa de controle e erradicação da tuberculose<br />

bovina, juntamente com a pasteurização do leite, reduziu drasticamente a<br />

incidência da doença causada pelo M. bovis, tanto <strong>em</strong> animais quanto nos<br />

homens. Em países subdesenvolvidos, entretanto, a tuberculose animal está<br />

amplamente distribuída, as medidas de controle não são aplicadas ou são<br />

aplicadas esporadicamente, e a pasteurização do leite é raramente praticada.<br />

Medidas de prevenção da transmissão da infecção têm que ser o primeiro objetivo<br />

a ser executado por pessoas treinadas para a educação <strong>em</strong> saúde pública e<br />

práticas de higiene (COSIVI et al., 1998).<br />

O risco de um indivíduo ser exposto e infectado pelo agente por meio da ingestão<br />

de produtos cárneos contaminados torna-se menor, devido à baixa distribuição do<br />

agente <strong>em</strong> tecidos musculares. Porém, tal risco não deve ser ignorado, quando se<br />

leva <strong>em</strong> consideração o grande número de abates clandestinos, ou mesmo o<br />

abate de animais descartados de rebanhos positivos <strong>em</strong> matadouros-frigoríficos<br />

municipais, que muitas vezes não atend<strong>em</strong> às normas legais de inspeção oficial<br />

(SOUZA et al., 1999). Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do estado da<br />

Bahia (ADAB), <strong>em</strong> 2006 foram diagnosticados 78 casos de tuberculose bovina <strong>em</strong><br />

todo estado.<br />

Programas de erradicação baseados <strong>em</strong> testes de tuberculinização com posterior<br />

abate dos animais reatores têm obtido diversos resultados <strong>em</strong> vários países como<br />

a União Européia, onde a situação sanitária não é homogênea, existindo países<br />

47


que erradicaram a doença (Dinamarca, Holanda e Lux<strong>em</strong>burgo), países onde a<br />

prevalência da doença é extr<strong>em</strong>amente pequena (Al<strong>em</strong>anha, Bélgica, Inglaterra,<br />

França, Grécia e Portugal) e outros onde a doença ainda não está<br />

suficient<strong>em</strong>ente controlada (Itália, Irlanda e Espanha). Nestes programas, aos<br />

métodos diretos de diagnóstico é reservada uma função estratégica e de apoio às<br />

ações de vigilância, tradicionalmente desenvolvidas nas fases de erradicação ou<br />

de baixa prevalência de focos (RODRIGUEZ et al., 2004).<br />

No Brasil, o método recomendado para o controle da doença é o teste-e-abate,<br />

<strong>em</strong> que todo animal reativo ao teste intradérmico deve ser abatido <strong>em</strong> matadouro<br />

sanitário, segundo o decreto 24.548 de 1934 do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento (MAPA) evitando, desta forma, que os animais<br />

infectados desenvolvam a doença e venham diss<strong>em</strong>iná-la no rebanho bovino e<br />

entre população rural que lida diretamente com animais ou que ingere leite não<br />

pasteurizado (BRASIL, 1934).<br />

O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose<br />

Animal (PNCEBT) foi instituído <strong>em</strong> 2001 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (MAPA), com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessas<br />

zoonoses na saúde humana e animal, reduzindo a prevalência e a incidência de<br />

novos focos, além de promover a competitividade da pecuária nacional, criando<br />

um número significativo de propriedades certificadas como livres ou monitoradas,<br />

e que ofereçam ao consumidor produtos de baixo risco sanitário. Só a partir deste<br />

que as normas e procedimentos de controles passaram a estar regulamentados<br />

<strong>em</strong> nível nacional. Antes do lançamento deste Programa, o controle da<br />

48


Tuberculose estava regulamentado pela Portaria Ministerial nº 23/76<br />

(BRASIL, 2006).<br />

Num trabalho realizado por Mota et al. (2004), onde após a tuberculinização de<br />

um rebanho bubalino, na qual se obteve uma prevalência de animais reagentes<br />

de 20,4%, decidiu-se fazer a tuberculinização nos cães da propriedade já que<br />

estes mantinham uma estreita relação com os búfalos. Nenhum dos cinco cães da<br />

fazenda apresentava sintomatologia clínica. Foi realizado a tuberculinização<br />

nesses animais e apenas um apresentou grande reação à prova, sendo<br />

eutanasiado, <strong>em</strong> seguida, para avaliação dos achados de necropsia e coleta de<br />

material para isolamento e cultura de micobactéria. Foi d<strong>em</strong>onstrado, portanto, a<br />

importância do cão na cadeia de transmissão da tuberculose bovina.<br />

A decisão sanitária é uma das funções permanentes do médico veterinário, que<br />

está s<strong>em</strong>pre sendo solicitado a decidir sobre a destinação de um animal, seus<br />

produtos e subprodutos, visando segurança sanitária do hom<strong>em</strong> ou dos animais<br />

(PINTO, 2003).<br />

No Brasil, não exist<strong>em</strong> padrões estabelecidos para a interpretação do teste<br />

tuberculínico efetuado <strong>em</strong> caprinos, assim como não se dispõe de dados sobre a<br />

frequência de tuberculose nesta espécie animal. Por outro lado, observa-se o<br />

hábito do uso de leite caprino “in natura” para o consumo humano (SILVA et al.,<br />

2006). Lilenbaum et al. (1998), num trabalho realizado na Região dos Lagos no<br />

Rio de Janeiro, através da realização do teste intradérmico simples preconizado<br />

pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), verificaram que<br />

49


12,7% do rebanho estudado apresentou reações significativas (aumento de pele<br />

> 3mm no local da inoculação), apresentando um grande risco para a saúde da<br />

população, já que a produção de leite desta região é comercializada num grande<br />

centro urbano local. Melo et al. (1999) concluíram, num estudo no Estado de São<br />

Paulo que, as estimativas da prevalência da tuberculose precisam ser revistas e<br />

atualizadas <strong>em</strong> vários setores da pecuária nacional, já que seus resultados<br />

diferiram muito dos índices oficiais disponíveis para o País.<br />

A prova tuberculínica, a vigilância epid<strong>em</strong>iológica <strong>em</strong> matadouros, os controles<br />

sanitários e o diagnóstico de laboratório, são todos el<strong>em</strong>entos básicos que dev<strong>em</strong><br />

ser <strong>em</strong>pregados com critério e de modo adequado a cada situação<br />

epid<strong>em</strong>iológica. Independent<strong>em</strong>ente dos métodos de diagnóstico utilizados, é<br />

fundamental que os animais positivos sejam abatidos, evitando-se assim a<br />

diss<strong>em</strong>inação da tuberculose (BRASIL, 2006).<br />

O sucesso no combate às doenças dos animais está estreitamente associado a<br />

diferentes fatores, entre os quais, o conhecimento da história natural do agente<br />

etiológico, sua distribuição espacial e t<strong>em</strong>poral além da sua ocorrência. A<br />

estratégia para tal depende do instrumental que se dispõe para a identificação<br />

dos indivíduos ou dos rebanhos doentes (RIBEIRO et al., 2003). A introdução da<br />

pasteurização do leite e a inspeção da carne realizada durante o abate dos<br />

animais constitu<strong>em</strong> um importante passo na luta contra a tuberculose humana de<br />

orig<strong>em</strong> bovina e sendo um procedimento de controle <strong>em</strong> diversos países (MODA<br />

et al., 1996; AIELLO, 2001).<br />

50


3. ARTIGO CIENTÍFICO<br />

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DO SPOLIGOTYPING NO ESTUDO DA<br />

INCIDÊNCIA DE CEPAS DE Mycobacterium spp. ISOLADOS DE PACIENTES<br />

COM TUBERCULOSE INTERNADOS NO HOSPITAL ESPECIALIZADO<br />

OCTÁVIO MANGABEIRA, SALVADOR - BA.<br />

BITTENCOURT, C.N. 1* ; SILVA, N.S. 2 ; SUFFYS, P.N 3 .; ROCHA, A.S³; ELIAS,<br />

A.R³.; MAGALHÃES, V.R. 2 ; LABORDA, S.S. 2 ; PINNA, M. H. 4 ; SILVA, M.C.A. 4<br />

1 Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária, Mestrado <strong>em</strong><br />

<strong>Ciência</strong> Animal nos Trópicos, Salvador, BA; 2 Universidade Federal da Bahia,<br />

Escola de Medicina Veterinária, Laboratório de Bacterioses, Salvador, BA;<br />

3 Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Biologia Molecular Aplicada a<br />

Micobactérias; 4 Universidade Federal da Bahia, Escola de Medicina Veterinária,<br />

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Salvador, BA.<br />

*E-mail: cati.bittencourt@gmail.com<br />

RESUMO<br />

Com o objetivo de verificar a incidência de cepas de Mycobacterium spp. <strong>em</strong><br />

pacientes internados com tuberculose no Hospital Especializado Octávio<br />

Mangabeira, localizado na cidade de Salvador, Bahia, foram coletadas amostras<br />

de escarro de 57 pacientes, as quais foram submetidas a baciloscopia. As<br />

amostras álcool-ácido-resistentes foram s<strong>em</strong>eadas <strong>em</strong> meio de Stonebrink-<br />

Lesslie, incubadas por até 90 dias a 37ºC e, as que apresentaram crescimento<br />

foram encaminhadas ao Laboratório de Biologia Molecular Aplicada a<br />

Micobactérias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz –<br />

FIOCRUZ/RJ, onde foram submetidas à técnica de spoligotyping, obtendo 100%<br />

de cepas de M. tuberculosis. Quanto aos padrões de famílias, foram identificadas<br />

as famílias LAM1-LAM4, LAM6, LAM9, T1, T3, S, H1, U. Algumas cepas não<br />

puderam ser identificadas. Nenhum fator de risco pôde ser atribuído às amostras<br />

estudadas. A técnica de spoligotyping mostrou-se eficiente quanto à identificação<br />

de cepas de Mycobacterium spp. isoladas de pacientes com tuberculose,<br />

podendo ser utilizada como um método de diagnóstico na rotina laboratorial.<br />

Palavras-chave: <strong>1.</strong> Spoligotyping 2. Incidência 3. Mycobacterium spp.<br />

51


USE OF THE SPOLIGOTYPING METHOD IN THE STUDY OF INCIDENCE OF<br />

Mycobacterium spp. STRAINS FROM HOSPITALIZED PATIENTS WITH<br />

TUBERCULOSIS IN OCTÁVIO MANGABEIRA SPECIALIZED HOSPITAL IN<br />

SALVADOR CITY, BAHIA, BRAZIL.<br />

SUMMARY<br />

In order to verify the incidence of Mycobacterium spp. strains isolated from<br />

hospitalized patients with tuberculosis in Octávio Mangabeira Specialized Hospital,<br />

in Salvador city, Bahia, Brazil, 57 samples of sputum were analyzed by<br />

baciloscopy. Samples alcohol acid resistant were streaked on Stonebrink-Lesslie<br />

agar and incubated, and the positive growth cultures were sent to the Laboratory<br />

of Molecular Biology applied to Mycobacteria of the Oswaldo Cruz Institute (IOC)<br />

of the Oswaldo Cruz Foundation – FIOCRUZ, Rio de Janeiro, Brazil, and were<br />

analyzed by spoligotyping method. All of th<strong>em</strong> (100%) were identified like M.<br />

tuberculosis strains. How about the family pattern the variety LAM1-LAM4, LAM6,<br />

LAM9, T1, T3, S, H1, U were identified. Some variety could’nt be identified. No<br />

risck factor was attributed to the samples studied. The spoligotyping method<br />

showed very efficient to detect Mycobacterium spp. strains isolated tuberculous<br />

pacients. It can be utilized how a diagnostic method in laboratorial rotine.<br />

Keywords: <strong>1.</strong> Spoligotyping 2. Incidence 3. Mycobacterium spp.<br />

52


3.1 INTRODUÇÃO<br />

A tuberculose é uma doença que já matou milhares de pessoas no passado e que<br />

na atualidade atingiu características de uma pand<strong>em</strong>ia, matando cerca de 1,7<br />

milhões de pessoas por ano <strong>em</strong> todos os continentes do planeta, sendo<br />

considerada uma das mais graves ameaças à saúde da população. Estima-se<br />

que um terço da população carreie nos pulmões o bacilo de Koch, o causador da<br />

tuberculose. Na maioria dos casos ele permanece latente, mas 10% dos<br />

infectados desenvolv<strong>em</strong> a doença <strong>em</strong> algum momento da sua vida, <strong>em</strong> geral,<br />

quando o sist<strong>em</strong>a imune está comprometido por desequilíbrios passageiros ou<br />

probl<strong>em</strong>as graves como diabetes e HIV (SEGATTO, 2009).<br />

Caracteriza-se tal enfermidade como infecciosa e contagiosa, que se propaga<br />

pelo ar por meio de gotículas contendo os bacilos de Mycobacterium spp<br />

expelidos por um doente ao tossir, espirrar ou falar <strong>em</strong> voz alta e que, ao ser<strong>em</strong><br />

inalados por pessoas sadias, provocam a infecção e o risco de desenvolver a<br />

doença. Por esta característica a tuberculose está incluída na Portaria n o 4.052,<br />

de 23 de dez<strong>em</strong>bro de 1998, do Ministério da Saúde, que define as Doenças de<br />

Notificação Compulsória <strong>em</strong> todo o território nacional, estabelecendo como<br />

mecanismo de notificação o Sist<strong>em</strong>a Nacional de Agravos de Notificação (Sinan),<br />

do Centro Nacional de Epid<strong>em</strong>iologia (Cenepi) da Fundação Nacional de<br />

Saúde/MS (BRASIL, 2002). Estima-se que, anualmente, aproximadamente 8<br />

milhões de novos pacientes e cerca de 2 milhões morr<strong>em</strong> pela enfermidade,<br />

mesmo quando se conta com técnicas de diagnóstico sensíveis e precisas e<br />

tratamentos eficazes (OPS, 2008).<br />

53


Além da via aerógena, sabe-se que uma importante via de transmissão aos seres<br />

humanos pelo bacilo da tuberculose é a via digestiva. A carne e o leite bovinos<br />

contaminados pod<strong>em</strong> transmitir diversas doenças ao hom<strong>em</strong>, inclusive a<br />

tuberculose bovina, que é uma zoonose de ocorrência mundial, ocasionando<br />

prejuízos à pecuária e riscos à saúde da população que consome produtos de<br />

orig<strong>em</strong> animal (ABRAHÃO; NOGUEIRA; MALUCELLI, 2005).<br />

Diversos fatores de risco pod<strong>em</strong> estar associados à infecção por<br />

Mycobacterium spp. A ex<strong>em</strong>plo, Kerr-Pontes et al. (1997) fizeram uma<br />

investigação dos principais aspectos da co-infecção pelo HIV e o Mycobacterium<br />

tuberculosis nos pacientes adultos assistidos pelo Hospital de referência para<br />

doenças infecciosas do Estado do Ceará, Brasil. Coletaram dados de prontuários<br />

de pacientes maiores de 15 anos com diagnóstico da síndrome da<br />

imunodeficiência adquirida (AIDS), e observaram que a tuberculose apresentou-<br />

se <strong>em</strong> 30,6% dos pacientes estudados. Concluíram que o precoce<br />

desenvolvimento da tuberculose e a alta letalidade indicam que as medidas de<br />

prevenção e controle da AIDS e da tuberculose não dev<strong>em</strong> ser vistas<br />

separadamente.<br />

Os métodos bacteriológicos (baciloscopia e cultura) ainda são prioritários para o<br />

diagnóstico da tuberculose, pois permit<strong>em</strong> a d<strong>em</strong>onstração do bacilo,<br />

estabelecendo a etiologia da doença, ocupando um papel de fundamental<br />

importância na luta contra a tuberculose. No entanto, diante da alta prevalência da<br />

doença, há necessidade de utilização de métodos laboratoriais simples, rápidos,<br />

confiáveis e pouco onerosos, que permitam identificar a maioria dos doentes, <strong>em</strong><br />

54


especial os “eliminadores de bacilos”, os grandes responsáveis pela transmissão<br />

da tuberculose (NOGUEIRA et al., 2000). Nesse sentido, a utilização da<br />

genotipag<strong>em</strong> no controle da tuberculose requer o conhecimento da distribuição<br />

geográfica de genótipos do Mycobacterium spp., b<strong>em</strong> como dentro dos vários<br />

grupos de risco (DAVID, 2008).<br />

No Brasil, a escassez de trabalhos epid<strong>em</strong>iológicos recentes <strong>em</strong> humanos, que<br />

realizam tipag<strong>em</strong> do agente causador da tuberculose, associadas à possibilidade<br />

de uma infecção primária silenciosa, que pode sofrer reativação <strong>em</strong> momento<br />

oportuno como ocorre, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> pacientes com AIDS, imped<strong>em</strong> que se<br />

tenha uma idéia da real situação do progresso da doença (SOUZA et al., 1999).<br />

Desta forma, o objetivo do presente estudo foi investigar a incidência de cepas de<br />

M. tuberculosis e M. bovis <strong>em</strong> pacientes humanos com tuberculose internados no<br />

Hospital Especializado Octávio Mangabeira - HEOM, localizado na cidade de<br />

Salvador, Bahia, utilizando o método molecular do spoligotyping.<br />

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Coleta e processamento das amostras<br />

Durante o período de set<strong>em</strong>bro de 2007 a julho de 2008, foram coletadas 57<br />

amostras de escarro de pacientes adultos e sintomáticos, com suspeita clínica de<br />

tuberculose, internados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira, com a<br />

55


prévia autorização da equipe do Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa da Secretaria da<br />

Saúde do Estado da Bahia (CEP-SESAB). Destes, selecionou-se,<br />

preferencialmente, indivíduos oriundos de cidades do interior do Estado, levando<br />

<strong>em</strong> consideração os possíveis fatores de risco associados a esses pacientes.<br />

As amostras foram coletadas diariamente, preferencialmente no turno da manhã<br />

para que fosse obtido o primeiro escarro do dia, o qual é mais concentrado e,<br />

portanto, potencialmente mais rico <strong>em</strong> microrganismos. Em seguida,<br />

acondicionou-se <strong>em</strong> coletor estéril descartável, de boca larga e transparente,<br />

identificado com o nome do paciente e data da coleta. No laboratório essas<br />

amostras recebiam identificação numerada padronizada.<br />

As amostras foram submetidas a baciloscopia, fixadas <strong>em</strong> lâminas de vidro e<br />

coradas pelo método de Ziehl-Neelsen para identificação dos bacilos álcool-ácido<br />

resistentes (BAAR) (CPZ, 1986). Em seguida, os esfregaços eram analisados <strong>em</strong><br />

microscópio óptico e as amostras positivas para BAAR eram descontaminadas<br />

pelo ácido sulfúrico (H2SO4) a 4%, a fim de se eliminar o máximo de bactérias<br />

contaminantes, seguindo da homogeneização manual e, posteriormente,<br />

centrifugação durante 10 minutos a 2.500 rpm. Por fim, eram cultivadas <strong>em</strong> meios<br />

de Lowenstein-Jensen e Stonebrink-Lesslie.<br />

As amostras cultivadas <strong>em</strong> meio de Stonebrink-Lesslie foram encaminhadas ao<br />

Laboratório de Bacterioses do Hospital de Medicina Veterinária da Universidade<br />

Federal da Bahia, onde permaneceram incubadas à 37ºC por até 90 dias, e eram<br />

inspecionadas diariamente para verificação de crescimento de colônias<br />

56


sugestivas de micobactérias, presença de contaminação ou ressecamento dos<br />

meios. As que não apresentaram crescimento e as que apresentaram<br />

contaminação foram descartadas.<br />

As amostras com crescimento sugestivo foram avaliadas pelo método de<br />

Spoligotyping no Laboratório de Biologia Molecular Aplicada a Micobactérias do<br />

Instituto Oswaldo Cruz (IOC) – FIOCRUZ/RJ.<br />

O DNA bacteriano foi extraído por fervura, seguido da amplificação e marcação<br />

por PCR da totalidade da região DR, com utilização de “primers” específicos.<br />

Seguindo as recomendações do fabricante do kit de spoligotyping (Biog<strong>em</strong>, USA),<br />

os produtos de PCR foram submetidos a hibridação seguido da detecção do sinal<br />

de hibridação por quimioluminescência.<br />

Um questionário epid<strong>em</strong>iológico (ANEXO 1) foi aplicado aos pacientes,<br />

juntamente com um termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 2).<br />

Esses pacientes foram selecionados quanto à localidade de orig<strong>em</strong>/procedência,<br />

para coleta de dados e identificação de possíveis fatores de risco. Eram anotados<br />

os dados referentes ao nome, sexo, endereço residencial, co-morbidade (como<br />

HIV, etilismo e diabetes), grau de instrução e alguns fatores de risco como<br />

consumo de produtos alimentares in natura (ingestão de carne e leite cru),<br />

trabalho <strong>em</strong> matadouro-frigorífico oficial ou clandestino, e o contato com animais<br />

de fazenda, especialmente gado bovino.<br />

57


3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Das 57 amostras coletadas, 21 (36,84%) obtiveram crescimento satisfatório<br />

compatível com micobactérias, enquanto que 36 (63,16%) não cresceram ou<br />

sofreram contaminação no momento da s<strong>em</strong>eadura e foram descartadas. As<br />

amostras com colônias sugestivas de micobactérias foram levadas ao Laboratório<br />

de Biologia Molecular Aplicada a Micobactérias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)<br />

da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Rio de Janeiro, onde foram submetidas<br />

à identificação pelo método de spoligotyping.<br />

Foi identificado M. tuberculosis <strong>em</strong> 100% das amostras analisadas. Dentre os<br />

perfis de famílias reconhecidos pelo SpolDB4 database do Institute Pasteur de la<br />

Guadeloupe, t<strong>em</strong>-se: LAM 1-LAM 4 (4,76%), LAM 6 (14,29%), LAM 9 (23,81%),<br />

T1 (9,52%), T3 (4,76%), H1 (9,52%), S (4,76%), U (4,76%).<br />

PERFIL AMOSTRA FAMÍLIA TYPE<br />

1111111111110111111111111111111100001001111 1 T3 157<br />

1111111100110111111111111111111100001111111 2 S 71<br />

1111111111111111111100001111111100001111111 3 LAM9 42<br />

1101111111111111111100001111111100001110111 4 LAM1-LAM4 1321<br />

1111111111111111111111111111111100001111111 5 T1 53<br />

1111111111111111111111111000000100001111111 6 H1 47<br />

1111111100111111111111110111111000001110111 7 ? ?<br />

1111111111111111111100000000000000000000000 8 U 402<br />

1111111100011111010100001111111100001111111 9 ? ?<br />

1111111111111111111111111000000100001111111 10 H1 47<br />

1111111111111111111100001111111100001111111 11 LAM9 42<br />

1111111110111111111100001111110000001111111<br />

1111111111111111111100001111011100001111111<br />

12<br />

13<br />

?<br />

LAM6<br />

17<br />

?<br />

64<br />

1111001111111111111100000000000000000000000 14 ? ?<br />

1111111111111111111100001111011100001111111 15 LAM6 64<br />

1111111111111111111100001111111100001111111 16 LAM9 42<br />

1111111111111111111100001111011100001111111 17 LAM6 64<br />

1111111111111111111100001111111100001111111 18 LAM9 42<br />

1111111111110000111111111111111100001111111 19 T1 102<br />

1111111111111111111100001111111100001110011 20 LAM9 1530<br />

1111111111111111111100111111111100001111111 21 ? ?<br />

Quadro <strong>1.</strong> Perfil das cepas de Mycobacterium spp. isoladas dos 21 pacientes com tuberculose<br />

internados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira, Salvador, Bahia.<br />

58


Os resultados das análises das amostras de escarro apesar de ter<strong>em</strong><br />

d<strong>em</strong>onstrado a presença exclusiva de M. tuberculosis, não implica que inexista<br />

<strong>em</strong> um ou mais pacientes o bacilo do M. bovis, visto que fatores de risco exist<strong>em</strong>,<br />

como ingestão de leite e carnes s<strong>em</strong> inspeção adequada, assim como o contato<br />

com animais. Deve-se levar <strong>em</strong> consideração que a principal via de transmissão<br />

pelo agente da tuberculose bovina é a via digestiva, e que o material utilizado<br />

como amostra foi o escarro. Deve-se l<strong>em</strong>brar, também, que o Mycobacterium<br />

pode permanecer <strong>em</strong> estado de latência no organismo à espera de um momento<br />

oportuno para se restabelecer e promover a enfermidade.<br />

Cabe ressaltar que a ausência de micobactérias da espécie M. bovis nos<br />

resultados encontrados pode estar relacionada à metodologia de<br />

descontaminação dos escarros <strong>em</strong>pregada no Laboratório do Hospital pode ter<br />

causado inibição do crescimento das bactérias ou até mesmo eliminado o<br />

Mycobacterium bovis do material coletado. Segundo Ambrósio (2005), a ação do<br />

descontaminante pode produzir efeitos tóxicos sobre o M. bovis. O método HPC é<br />

o que apresenta maior proporção de sucesso no isolamento e menor proporção<br />

de contaminação, dentre os métodos NaOH e H2SO4.<br />

Dos pacientes entrevistados com amostras tipificadas, 14 eram do sexo<br />

masculino e 7 do sexo f<strong>em</strong>inino. Quanto à profissão, observou-se que duas eram<br />

manicures, quatro domésticas, um lavrador, um carregador de carrinho de mão,<br />

um ambulante, um biscateiro, um gesseiro, dois pescadores, um pedreiro, um<br />

servente, um ajudante de bar, um marceneiro, um gari e dois eram motoristas,<br />

sendo um destes, responsável pelo transporte de animais para abate. Com<br />

59


elação aos resultados encontrados, não foi observada nenhuma correlação direta<br />

com a atividade profissional.<br />

Quanto à localização de residência dos pacientes, seis eram oriundos do interior<br />

do estado (Santo Amaro da Purificação, Santa Maria da Vitória, Macajuba, Madre<br />

de Deus, São Francisco do Conde e Terra Nova), um da região metropolitana de<br />

Lauro de Freitas e 14 da capital Salvador. Da mesma forma, não foi observada<br />

nenhuma correlação direta entre o local de domicilio e a infecção por<br />

M. tuberculosis. A maior prevalência de M. tuberculosis foi encontrada <strong>em</strong><br />

pacientes da capital.<br />

Considerando que nenhuma cepa de M. bovis foi isolada, os fatores de risco<br />

associados aos pacientes nos quais foram isolados M. tuberculosis no presente<br />

estudo, foram: 10 pacientes afirmam ter contato com animais, como gatos, cães,<br />

galinhas, bovinos, caprinos e ovinos, no geral; quatro pacientes tinham costume<br />

de ingerir leite cru e outros quatro tinham costume de ingerir carne crua e/ou mal<br />

passada, o que representa um agravante no que diz respeito à transmissão da<br />

tuberculose bovina. Este costume está intimamente relacionado ao grau de<br />

instrução dos indivíduos, e neste caso observou-se que sete possuíam 1º grau<br />

completo, oito possuíam o 1º grau incompleto, dois possuíam o 2º grau completo,<br />

um possuía o 2º grau incompleto, e três não responderam a este quesito. Quatro<br />

pacientes afirmaram já ter trabalhado <strong>em</strong> matadouros-frigoríficos <strong>em</strong> alguma<br />

época da sua vida, sendo que outros cinco afirmaram ter<strong>em</strong> presenciado o abate<br />

de animais ou trabalhado <strong>em</strong> matadouros clandestinos.<br />

60


Devido à aparente similaridade na apresentação clínica, no tratamento e no<br />

prognóstico da tuberculose no hom<strong>em</strong> pelo M. bovis e pelo M. tuberculosis,<br />

s<strong>em</strong>pre houve falhas na tentativa de diferenciação entre estas micobactérias<br />

pelos laboratórios, <strong>em</strong> muitos países do mundo. A falha na distinção desses<br />

bacilos induz à falsa impressão de que medidas de controle para os bovinos<br />

foram suficientes para se considerar a doença humana por M. bovis quase extinta<br />

<strong>em</strong> países desenvolvidos (ABRAHÃO, 1999).<br />

Da mesma forma, devido às dificuldades encontradas na identificação do<br />

M. bovis, e a necessidade de isolá-lo a partir da cultura, poucos laboratórios nos<br />

países <strong>em</strong> desenvolvimento difer<strong>em</strong> esta espécie do M. tuberculosis. Por esta<br />

razão, as informações quanto a importância zoonótica desse patógeno ainda é<br />

limitada <strong>em</strong> todo mundo (MODA et al., 1996).<br />

A importância da tuberculose bovina como zoonose é reconhecida mundialmente.<br />

Estudo dos fatores de difusão de tal enfermidade possui grande relevância, e<br />

caso não sejam adotadas medidas rápidas, uma epid<strong>em</strong>ia de tuberculose poderá<br />

ocorrer nos próximos anos. A falta de diagnóstico efetivo, com a identificação do<br />

agente, t<strong>em</strong> contribuído para o aumento dos casos no Brasil. A ocorrência de<br />

infecções humanas por micobactérias atípicas à espécie, associadas à<br />

reativações de infecções adquiridas na infância, principalmente relacionadas a<br />

AIDS, agravam ainda mais a situação (SOUZA et al., 1999). Contudo, <strong>em</strong>bora os<br />

fatores de risco não tenham sido diretamente associados aos casos clínicos de<br />

tuberculose analisadas no presente estudo, com relação à co-morbidade com<br />

61


outras enfermidades, observou-se que um paciente era HIV positivo, enquanto<br />

outros 12 pacientes eram usuários de drogas e/ou álcool.<br />

Segundo Pinto et al. (2002), existe uma necessidade de reforçar o diagnóstico de<br />

análise microbiológica com o <strong>em</strong>prego da baciloscopia e do isolamento do agente,<br />

com vista à aplicação de medidas de controle da tuberculose e do controle da<br />

qualidade dos produtos de orig<strong>em</strong> animal, integrando as funções de inspeção,<br />

controle de qualidade e vigilância sanitária <strong>em</strong> toda cadeia produtiva,<br />

considerando o princípio da rastreabilidade e permitindo melhores definições de<br />

risco, com reflexos diretos na economia e na manutenção da saúde humana e<br />

animal. Ainda segundo esses autores, as constatações científicas feitas <strong>em</strong> seu<br />

trabalho reflet<strong>em</strong> a importância da atualização do conceito da patogenicidade<br />

desse grupo de bactérias (Mycobacterium spp.) ao hom<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> como do seu<br />

diagnóstico <strong>em</strong> animais produtores de carne.<br />

Segundo David (2008), a integração de dados de natureza bacteriológica, clínica<br />

e epid<strong>em</strong>iológica constitui uma base para estudos de investigação aplicada e<br />

fundamental, onde é possível prever importantes atributos <strong>em</strong> apoio à orientação<br />

de programas de luta contra a tuberculose, e que, de fato, estes estudos facilitam<br />

a associação de genótipos à resistência antibiótica, conduz<strong>em</strong> a noções de<br />

adaptabilidade de genótipos e de como estes pod<strong>em</strong> contribuir para a dinâmica<br />

da tuberculose, b<strong>em</strong> como para a sua eventual implicação na manifestação clínica<br />

e resposta terapêutica.<br />

62


Para Lilenbaum (2000), as pesquisas no Brasil, com relação às doenças<br />

infecciosas do gado ainda são insuficientes para as necessidades da atividade<br />

econômica, faltando estatísticas confiáveis quanto da ocorrência e distribuição<br />

das enfermidades, <strong>em</strong> especial da tuberculose bovina. Afirma que, s<strong>em</strong> maior<br />

investimento <strong>em</strong> um programa de diagnóstico da enfermidade e caracterização de<br />

sua ocorrência <strong>em</strong> diferentes regiões do país, programas de controle tend<strong>em</strong> a se<br />

limitar a focos isolados, coordenados pela iniciativa privada, que, infelizmente,<br />

não chegam a alcançar parcela significativa do rebanho nacional.<br />

Em um estudo anatomopatológico e microbiológico <strong>em</strong> búfalos com tuberculose,<br />

realizado por Freitas, Guerra e Panetta (2001), o M. bovis foi a espécie<br />

predominante encontrada na maioria das lesões tuberculosas, o que levou a<br />

concluir que esta cepa representa um elevado risco para a saúde pública, ao ser<br />

considerado a qualidade sanitária da carne e a saúde dos indivíduos que<br />

desenvolv<strong>em</strong> atividades relacionadas com o abate e criatório de animais.<br />

Para Souza et al. (1999), a escassez de trabalhos epid<strong>em</strong>iológicos <strong>em</strong> humanos<br />

no Brasil, que realizam a tipag<strong>em</strong> do agente causador da tuberculose, associadas<br />

à possibilidade de uma infecção primária silenciosa, que pode sofrer reativação<br />

<strong>em</strong> momento oportuno como ocorre, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> pacientes com AIDS,<br />

imped<strong>em</strong> que se tenha uma idéia da real situação do progresso da doença.<br />

Segundo David (2008), estudos internacionais posicionam além de outra técnica a<br />

de spoligotyping como de primeira linha na epid<strong>em</strong>iologia molecular do<br />

M. tuberculosis por estar<strong>em</strong> baseadas <strong>em</strong> tecnologias simples (PCR) e<br />

63


produzir<strong>em</strong> padrões, podendo ser traduzidas <strong>em</strong> código numérico de<br />

interpretação direta. Para Rodriguez et al. (2004), o spoligotyping constitui uma<br />

ferramenta para sist<strong>em</strong>as de vigilância na detecção de focos de tuberculose<br />

bovina.<br />

Não exist<strong>em</strong> dados sobre a incidência de tuberculose humana causada por<br />

M. bovis no Brasil. Esta espécie é naturalmente resistente a pirazinamida, droga<br />

utilizada no tratamento da tuberculose humana, o que justifica a diferenciação<br />

destas espécies <strong>em</strong> determinados casos, principalmente quando houver evidência<br />

epid<strong>em</strong>iológica que justifique esta suspeita, ou quando houver falha na resposta<br />

ao tratamento com esqu<strong>em</strong>as que inclu<strong>em</strong> a pirazinamida (VIANA-NIERO; LEÃO,<br />

2004).<br />

É comum a desinformação da classe médica quanto da importância zoonótica do<br />

M. bovis, b<strong>em</strong> como da diferença entre o M. bovis e o M. tuberculosis quanto ao<br />

isolamento <strong>em</strong> meio de cultura. Este fato t<strong>em</strong> contribuído para diagnósticos<br />

errôneos e consequent<strong>em</strong>ente as sub-notificações de casos humanos de<br />

tuberculose bovina.<br />

Ainda sobre o diagnóstico da tuberculose, o M. bovis é naturalmente resistente a<br />

pirazinamida, antibiótico de eleição utilizado no tratamento de doentes humanos<br />

sintomáticos nos diversos Hospitais Especializados, inclusive no que foi objeto<br />

desse estudo. Pode ser conseqüência do uso incorreto desse medicamento os<br />

casos de tuberculose-multi-resistente (TBMR) encontrados no Hospital, o que não<br />

64


se pode afirmar devido ao fato desses pacientes não ter<strong>em</strong> entrado neste referido<br />

estudo.<br />

É de extr<strong>em</strong>a importância que sejam revistas as medidas de controle e<br />

erradicação dessa zoonose. A supervisão de toda cadeia produtiva deve ser<br />

integrada ao controle de qualidade dos produtos, b<strong>em</strong> como as pessoas<br />

diretamente ligadas à produção dev<strong>em</strong> ser informadas dos riscos e da prevenção<br />

de tal enfermidade.<br />

65


3.4 CONCLUSÕES<br />

Foram isoladas cepas de M. tuberculosis <strong>em</strong> 100% das 21 amostras provenientes<br />

de pacientes internados no Hospital Especializado Octávio Mangabeira –<br />

Salvador, Bahia.<br />

A técnica de spoligotyping mostrou-se eficiente na identificação de cepas de<br />

Mycobacterium spp. isoladas de pacientes com tuberculose, sendo reconhecidas<br />

as seguintes famílias: LAM1-LAM4, LAM6, LAM9, T1, T3, S, H1, U.<br />

66


3.5 AGRADECIMENTOS<br />

A CAPES pela bolsa de mestrado concedida.<br />

O referido trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa - CEP da<br />

Secretaria de Saúde do Estado da Bahia - SESAB, ofício nº 107/2006.<br />

67


3.6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ABRAHÃO, R.M.C.M. Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis:<br />

considerações gerais e a importância dos reservatórios animais. Archives of<br />

Veterinary Science. v.4, n.1, p: 5-15, 1999.<br />

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A tuberculose, bovina e humana, é uma enfermidade mundialmente distribuída,<br />

de grande importância econômica e sanitária, altamente contagiosa e infectante<br />

além de se tratar de uma zoonose, t<strong>em</strong> maior impacto nos países<br />

subdesenvolvidos ou <strong>em</strong> desenvolvimento, devido a falta de informação quanto<br />

aos fatores de riscos e diagnóstico pouco preciso.<br />

Embora existam diversas formas de se diagnosticar a tuberculose humana, como<br />

a baciloscopia seguida da cultura <strong>em</strong> meio específico, muitas vezes o diagnóstico<br />

da doença é inconclusivo por questões técnicas e laboratoriais. Desta forma, com<br />

o advento da biologia molecular, mais precisamente do spoligotyping, a<br />

identificação de estirpes de Mycobacterium e a diferenciação entre o M. bovis e o<br />

M. tuberculosis se tornou viável por ser uma técnica simples e rápida, apesar de<br />

ainda onerosa, podendo ser introduzida nos hospitais e laboratórios de referência<br />

para o diagnóstico rápido e preciso.<br />

Por fim, <strong>em</strong>bora as espécies de Mycobacterium apresent<strong>em</strong> uma maior afinidade<br />

por certos hospedeiros, sabe-se que o M. tuberculosis pode infectar os animais,<br />

assim como o M. bovis o hom<strong>em</strong>, provocando neste uma doença tão grave<br />

quanto àquela causada pelo M. tuberculosis. Considerando que a real situação da<br />

tuberculose por M. bovis nos seres humanos não é conhecida, faz-se necessário<br />

a realização de outros estudos que forneçam dados mais precisos quanto à<br />

epid<strong>em</strong>iologia dessa espécie <strong>em</strong> humanos.<br />

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66. SILVA, P.E.G.; PINHEIRO, S.R.; LEAL, M.L.R.; BERTAGNON, H.G.;<br />

MOTTA, P.M.P.C.; SINHORINI, I.L.; VASCONCELOS, S.A.; BENESI, F.J.<br />

Teste de tuberculinização <strong>em</strong> caprinos (Capra hircus) experimentalmente<br />

sensibilizados. <strong>Ciência</strong> Rural, v.36, n.3, p.880-886, 2006.<br />

67. SOUZA, A.V.; SOUZA, C.F.A.; SOUZA, R.M.; RIBEIRO, R.M.P.;<br />

OLIVEIRA, A.L. A importância da tuberculose bovina como zoonose.<br />

Higiene Alimentar, v.13, n.59, 1999.<br />

68. TABOSA, I.M.; TRINDADE, V.M.; VALE, G.M.G.; DANTAS, A.F.M.;<br />

VIEIRA, J.M.; MEDEIROS, M.B.A.; AZEVEDO, E.D.; MELO, M.A.;<br />

ANDRADE, M.G.; SOUZA, S.B.; MEDEIROS, L.S.; RODRIGUES, R.D.;<br />

XAVIER, S.D. Ocorrência de tuberculose <strong>em</strong> bovinos abatidos no<br />

matadouro municipal de Patos – PB – Brasil. Revista Brasileira de<br />

<strong>Ciência</strong> Veterinária, v.7, n.1, p.61-62, 2000.<br />

69. VIANA-NIERO, C.; LEÃO, S.C. Limitações do uso do fragmento mtp40<br />

como marcador de diferenciação entre Mycobacterium tuberculosis e<br />

M. bovis. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.4, p.496-500, 2004.<br />

70. WHO - WORLD ORGANIZATION FOR ANIMAL HEALTH. Bovine<br />

Tuberculosis. p.1-6, 2007. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://www.cfsph.iastate.edu/Factsheets/pdfs/bovine_tuberculosis.pdf<br />

Acesso <strong>em</strong> 15 de fevereiro de 2009.<br />

7<strong>1.</strong> WRIGHT, P.W.; WALLACE JÚNIOR, R.J. Nontuberculous micobactéria<br />

with and without HIV infection – Tuberculosis: current concepts and<br />

treatment. Ed. Friedman, CRC Press, p. 183-206, 1994.<br />

78


ANEXO 01: Questionário Epid<strong>em</strong>iológico<br />

ANEXOS<br />

QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO<br />

0<strong>1.</strong> Identificação: Registro/autorização:.................. Ala....... Enfermaria............ leito......<br />

Nome:.............................................................................................................................<br />

Endereço:.........................................................................................................................<br />

Município:................................................................................. Estado: Bahia<br />

Zona urbana: ( ) Zona rural: ( ) Ocupação: ..............................................<br />

02. Sexo: Masculino ( ) F<strong>em</strong>inino ( )<br />

03. Escolaridade:<br />

1º grau – completo ( ) incompleto ( )<br />

2º grau – completo ( ) incompleto ( )<br />

Superior - completo ( ) incompleto ( )<br />

04. Imag<strong>em</strong> radiológica sugestiva de tuberculose com ou s<strong>em</strong> caverna? Sim ( ) Não ( )<br />

05. Baciloscopia: 1ª Amostra: Positiva ( ) Negativa ( ) data: ____/____/____<br />

2ª Amostra: Positiva ( ) Negativa ( ) data: ____/____/____<br />

06. Material para cultura: Escarro ( ) Outro: ....................................................................<br />

07. Co-morbidade: HIV/AIDS ( ) Diabetes ( ) Etilismo ( ) Drogas ( )<br />

08. Tipo de caso: Novo ( ) Recidiva ( ) Retratamento ( )<br />

09.Forma clínica:<br />

Tuberculose pulmonar<br />

Tuberculose na laringe<br />

Tuberculose pleural<br />

Meningite tuberculosa<br />

Tuberculose óssea<br />

Tuberculose genital<br />

Tuberculose urinária<br />

Tuberculose ganglionar<br />

Tuberculose intestinal<br />

Tuberculose na pele<br />

Tuberculose no olho<br />

Tuberculose no ouvido<br />

Tuberculose nas supra-renais<br />

Tuberculose miliar<br />

Outras formas<br />

S<strong>em</strong> informação<br />

10. Contato com animais: Sim( ) Não( ) Qual (is) espécie (s): .............................................<br />

1<strong>1.</strong> Consumo de leite in natura? Sim ( ) Não ( )<br />

12. Consumo de carne crua ou mal passada? Sim ( ) Não ( )<br />

13. Trabalha <strong>em</strong> abatedouro? Sim ( ) Não ( )<br />

14. Abate Clandestinamente? Sim ( ) Não ( )


ANEXO 02: Termo de consentimento livre e esclarecido<br />

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, <strong>em</strong> uma pesquisa.<br />

Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do<br />

estudo, assine ao final deste documento, que está <strong>em</strong> duas vias. Uma delas é sua e a outra<br />

é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma<br />

alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa da<br />

Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – CEP/SESAB, pelo telefone 3116-5333 ou 3116-<br />

5319.<br />

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:<br />

Título do Projeto: “Prevalência de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes internados com<br />

tuberculose no Hospital Octávio Mangabeira”.<br />

Pesquisador Responsável : Catarina Nunes Bittencourt<br />

OBJETIVOS DA PESQUISA:<br />

• Estudar a prevalência de Mycobacterium bovis <strong>em</strong> pacientes com tuberculose<br />

internados no Hospital Octávio Mangabeira, através do isolamento e identificação<br />

deste agente <strong>em</strong> humanos utilizando métodos moleculares;<br />

• Conhecer a diversidade genética dos isolados de Mycobacterium bovis;<br />

• Aplicar questionário epid<strong>em</strong>iológico para identificação dos fatores de risco.<br />

♦ Nome e Assinatura do pesquisador _______________________________________<br />

As informações obtidas através desta pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo<br />

sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua<br />

identificação.<br />

♦ CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO<br />

Eu, _____________________________________, RG/CPF/n.º de prontuário/n.º de<br />

matrícula ______________________________, abaixo assinado, concordo <strong>em</strong> participar do<br />

estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido pelo pesquisador sobre a<br />

pesquisa. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, s<strong>em</strong><br />

que isto leve à qualquer penalidade ou interrupção de meu<br />

acompanhamento/assistência/tratamento.<br />

Local e data: ____________________________________________________________<br />

Nome e Assinatura do sujeito ou responsável:<br />

_______________________________________________________________________<br />

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e<br />

aceite do sujeito <strong>em</strong> participar<br />

Test<strong>em</strong>unhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):<br />

Nome: ________________________________ Assinatura: _______________________<br />

Nome: ________________________________ Assinatura: _______________________

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