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vi-004 - aproveitamento dos subprodutos de destilarias de

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XXVII Congresso Interamericano <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental<br />

O potencial <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> metano po<strong>de</strong> ser estimado a partir <strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> no Quadro um. Admitindo-se uma<br />

eficiência <strong>de</strong> remoção da DQO <strong>de</strong> 90 % (o que é conservador) e admitindo-se ainda que 10% do material orgânico<br />

se converta em lodo, e consi<strong>de</strong>rando-se uma massa <strong>de</strong> material orgânico <strong>de</strong> 500 kg <strong>de</strong> DQO por m 3 <strong>de</strong> álcool, tem-se<br />

que uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0,8*500 = 400 kgDQO é digerida em uma massa <strong>de</strong> 0,1*500 = 50 kg DQO é transformada<br />

em lodo. Pela estequiometria po<strong>de</strong>-se mostrar que a digestão anaeróbia <strong>de</strong> 400 kg <strong>de</strong> DQO resulta na produção <strong>de</strong><br />

100 kg CH4 (van Haan<strong>de</strong>l e Lettinga, 1993). A conversão <strong>de</strong> 50 kg <strong>de</strong> DQO em lodo anaeróbio po<strong>de</strong> gerar até<br />

50/1,5 = 33 kg <strong>de</strong> lodo, mas levando-se em consi<strong>de</strong>ração perdas junto com o efluente, estima-se uma acumulação <strong>de</strong><br />

25 kg por m 3 <strong>de</strong> álcool (Van Haan<strong>de</strong>l e Lettinga 1993) e este calculo correspon<strong>de</strong> bem aos valores obti<strong>dos</strong> na prática<br />

na prática (Carneiro, 1990).<br />

Como a digestão anaeróbia é um processo que só se <strong>de</strong>senvolve na fase líquida com um pH perto do ponto neutro,<br />

será necessário adicionar alcalinizante ao <strong>vi</strong>nhoto, na prática geralmente cal. O uso <strong>de</strong> cal po<strong>de</strong> ser reduzido<br />

drasticamente pela introdução <strong>de</strong> uma recirculação do efluente misturando-o com o afluente antes da adição <strong>de</strong> cal<br />

(Van Haan<strong>de</strong>l 1995). Baseando-se em relações estequiométricas, Van Haan<strong>de</strong>l e Catunda (1994) estimaram uma<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> aproximadamente 1 kg <strong>de</strong> cal por m 3 , e trabalho em escala real mostrou, que esta <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> fato po<strong>de</strong><br />

ser esperada na prática.<br />

Para se ter uma idéia do tamanho do digestor UASB para a digestão <strong>de</strong> <strong>vi</strong>nhoto adota-se uma carga <strong>de</strong> 20<br />

kgDQO.m -3 .d -1 (Carneiro, 1990), <strong>de</strong> modo que para 500 kgDQO/d no <strong>vi</strong>nhoto (correspon<strong>de</strong>nte a 1 m 3 .d -1 <strong>de</strong> álcool)<br />

necessita-se <strong>de</strong> um digestor <strong>de</strong> 500/20 = 25 m 3 . Assim sendo para uma <strong>de</strong>stilaria <strong>de</strong> porte média (tipicamente <strong>de</strong><br />

120.000 l.d -1 <strong>de</strong> álcool) o volume do digestor seria 120*25 = 3000 m 3 . Neste digestor haveria então produção <strong>de</strong><br />

100*120 = 12.000 kgCH4.d -1 . Como o metano a 25 o C tem uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 0,67 kg.m -3 , o<br />

volume <strong>de</strong> metano seria <strong>de</strong> 18.000 m 3 /d. Admitindo-se uma composição <strong>de</strong> 60 % metano e 40 % dióxido <strong>de</strong><br />

carbono, calcula-se uma vazão <strong>de</strong> biogás <strong>de</strong> 18.000/0,6 = 30.000 m 3 .d -1 ou ainda: 10 m 3 biogás por m 3 <strong>de</strong> reator e<br />

por dia.<br />

Na digestão anaeróbia produz se uma fase gasosa, uma fase líquida (o <strong>vi</strong>nhoto digerido) e uma fase sólida (o lodo<br />

biológico). To<strong>dos</strong> as três fases têm utilida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>m ser aproveitadas para aumentar a rentabilida<strong>de</strong> das usinas.<br />

Entre outras aplicações, o <strong>aproveitamento</strong> do biogás para geração <strong>de</strong> energia é particularmente atraente, tendo-se em<br />

<strong>vi</strong>sta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso na própria indústria e a venda para a re<strong>de</strong> pública do exce<strong>de</strong>nte. Os geradores <strong>de</strong> energia<br />

mais simples usam o biogás em motores para acionar turbinas que por sua vez geram energia. A eficiência <strong>de</strong><br />

conversão <strong>de</strong> energia nestes geradores é na faixa <strong>de</strong> 30 a 40 %. As turbinas <strong>de</strong> gás têm um rendimento mais<br />

elevado, chegando a 50 %. No caso <strong>de</strong> usinas o uso <strong>de</strong> biogás para geração <strong>de</strong> energia se torna ainda mais<br />

interessante, porque existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se usar o calor residual da combustão no gerador para a produção <strong>de</strong><br />

vapor, que por sua vez tem aplicação ampla e imediata na usina. Nos geradores <strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong> força e calor usase<br />

o biogás tanto para geração <strong>de</strong> energia elétrica como para geração <strong>de</strong> vapor. Esta opção é somente interessante<br />

quando se tem um uso econômico para bagaço que normalmente é usado para geração <strong>de</strong> vapor. O potencial <strong>de</strong><br />

energia po<strong>de</strong> ser calculado, sabendo-se que valor <strong>de</strong> combustão <strong>de</strong> metano é 12.000 kCal ou 50,4 kJ ou kWs por kg<br />

CH4. Assim calcula-se para uma produção <strong>de</strong> 1 kgCH4/d:<br />

Pel = Rel*1 kgCH4d -1 *50.400kWs.kg -1 CH4/(86.400 s.d -1 ) ≈ 0,2 kW/(kgCH4/d) (1)<br />

on<strong>de</strong>:<br />

Pel = Potência elétrica que po<strong>de</strong> ser gerado por kgCH4/d produzido.<br />

= Eficiência <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> energia química em energia elétrica ≈ 0,35<br />

Rel<br />

Portanto numa <strong>de</strong>stilaria <strong>de</strong> porte média com potencial <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> metano <strong>de</strong> 12.000 kgCH4/d, o potencial <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> energia elétrica é <strong>de</strong> 12.000*0,2 = 2.400 kW. Admitindo-se uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> 240 kWh por m 3 <strong>de</strong><br />

álcool produzido, ou seja, uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> 1200 kW para manter uma produção <strong>de</strong> 120.000 l/d <strong>de</strong> álcool, concluise<br />

que meta<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> energia teria <strong>de</strong> ser usada na própria produção <strong>de</strong> álcool e a outra meta<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser<br />

comercializada. Consi<strong>de</strong>rando que no Brasil se produz em torno <strong>de</strong> 13*10 9 l/ano <strong>de</strong> álcool, o potencial <strong>de</strong> energia<br />

elétrica é aproximadamente 600 a 700 MW durante o ano inteiro, sendo meta<strong>de</strong> para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda das<br />

próprias usinas e outra meta<strong>de</strong> disponível para venda. Estimando-se ainda uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> 240 kWh<br />

por mês e por família ou 1/3 kWh/h, então se tem um potencial para aten<strong>de</strong>r a 3*(600 a 700)/2, ou seja, em torno <strong>de</strong><br />

1.000.000 <strong>de</strong> famílias ou 4.000.000 <strong>de</strong> pessoas na zona rural. A vantagem <strong>de</strong>sta geração seria que é difusa em um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> po<strong>de</strong>ndo aten<strong>de</strong>r uma área enorme sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte. Este potencial<br />

po<strong>de</strong>rá ter gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>, principalmente no Nor<strong>de</strong>ste do Brasil, on<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> mais energia<br />

ABES - Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental<br />

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