OS JOGOS TANGRAM E DOMINÓ GEOMÉTRICO COMO ... - Unesp
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<strong>OS</strong> JOG<strong>OS</strong> <strong>TANGRAM</strong> E <strong>DOMINÓ</strong> <strong>GEOMÉTRICO</strong> <strong>COMO</strong> ESTRATÉGIA PARA O ENSINO<br />
DA GEOMETRIA<br />
Francislene Aparecida Oliveira ARRUDA 1<br />
Vera Lia Marcondes Criscuolo de ALMEIDA 2<br />
Resumo: Os jogos fazem parte do nosso contexto cultural. No âmbito deste trabalho, o<br />
interesse volta-se para o jogo pedagógico, especificamente, para o jogo, no<br />
ensino da Geometria. O ambiente de trabalho é a sala de aula, o instrumento é o<br />
jogo e a investigação surge da necessidade de desenvolver atividades que<br />
auxiliem no ensino e na aprendizagem da Geometria. Investigam-se os processos<br />
desenvolvidos na construção e o resgate de conceitos e de habilidades<br />
matemáticas a partir da intervenção pedagógica de jogos com regras. O trabalho<br />
foi desenvolvido com doze crianças da 6ª série (11/12 anos) do Ensino<br />
Fundamental, da Escola Estadual Doutor Alfredo Pujol, de Pindamonhangaba; e,<br />
com quinze crianças da Pré-escola (6/7 anos) do Centro de Convivência Infantil da<br />
Universidade Estadual Paulista, Campus de Guaratinguetá, utilizando os jogos<br />
Tangram e o Dominó Geométrico.<br />
Palavras-chave: ensino da Geometria; jogo tangram; prática pedagógica.<br />
1. INTRODUÇÃO<br />
Frente às inúmeras dificuldades encontradas pelos alunos na aprendizagem da<br />
Matemática, o presente trabalho tem por objetivo propor o jogo como estratégia para o seu<br />
ensino, mais especificamente para o ensino da Geometria. Para atingir este objetivo, num<br />
primeiro momento, foi feito um estudo teórico para se estabelecerem metas, procedimentos,<br />
materiais pedagógicos adequados e conceitos geométricos a serem desenvolvidos. Em<br />
seguida, os jogos foram aplicados para verificar na prática o embasamento teórico.<br />
Os Jogos Tangram e Dominó Geométrico foram desenvolvidos juntamente com<br />
atividades complementares que permitiram explorar o grande potencial destes jogos.<br />
As atividades desenvolvidas com o jogo Tangram foram retiradas do livro “A<br />
Matemática das sete peças do Tangram”. Já as desenvolvidas com o Dominó Geométrico<br />
foram elaboradas pelas autoras deste trabalho. Tais atividades foram compostas por vídeos<br />
educativos sobre Geometria, por sólidos de madeira e por folhas de atividades. Há comentários<br />
sobre o desempenho dos alunos, juntamente com a descrição das atividades.<br />
1 Aluna do Curso de Licenciatura em Matemática - UNESP - Campus de Guaratinguetá, bolsista do Projeto do Núcleo de Ensino<br />
2 Docente do Departamento de Matemática - UNESP - Campus de Guaratinguetá<br />
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2. DESENVOLVIMENTO<br />
Atividades desenvolvidas com o tangram<br />
O trabalho com o Tangram foi iniciado com a apresentação das peças,<br />
destacando o nome de cada uma delas e as suas características. Em seguida, contou-se sua<br />
lenda, suas inúmeras possibilidades de construção e suas regras. Como atividade inicial, foi<br />
sugerido aos alunos que realizassem algumas construções para que se familiarizassem com o<br />
jogo.<br />
Os educandos receberam bem o Tangram. Alguns, já o conheciam por nome,<br />
mas nunca haviam antes realizado atividades com ele. As sugestões iniciais de montagem<br />
foram motivadoras, de forma a despertar a curiosidade em relação a como aprender<br />
Matemática por meio dos jogos.<br />
A construção do Tangram por meio de dobradura<br />
Após as atividades de identificação do Tangram, realizou-se sua construção por<br />
meio de dobradura. “A escolha do recurso dobradura para construir o Tangram se justifica<br />
pelas múltiplas vantagens em relação ao desenvolvimento de diversas habilidades no aluno”<br />
(Souza et al, 2003, p.55). De fato, este tipo de atividade é uma estratégia para o estudo e a<br />
exploração de alguns conceitos, elementos e propriedades geométricas. Souza et al (2003)<br />
ressalta, ainda, que há o desenvolvimento da comunicação oral e escrita em Matemática.<br />
cima da linha formada.<br />
Seguem abaixo as etapas de construção do Tangram por meio de dobradura:<br />
1) Em uma folha de sulfite, recorte um quadrado e nomeie seus vértices ABCD.<br />
2) Dobre o quadrado ao meio pelos vértices BD e faça um risco com lápis em<br />
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Este passo permitiu explorar os conceitos de diagonal de um polígono, definida<br />
como o segmento de reta que liga dois vértices não consecutivos. Com esta informação, os<br />
alunos concluíram, naturalmente, que o quadrado possui duas diagonais. Também, constatou-<br />
se que os ângulos e possuem a mesma medida, pois se sobrepõem e, juntos, formam um<br />
ângulo reto. Portanto, e medem, cada um, 45°. Nesse momento, explorou-se o conceito de<br />
bissetriz de um ângulo e concluiu-se que a diagonal do quadrado também é bissetriz dos<br />
ângulos B e D.<br />
3) Dobre novamente o quadrado ao meio, mas agora pelos vértices AC. Faça um<br />
vinco apenas na linha que parte de A e encontra a diagonal BD já traçada. Ao abrir o quadrado<br />
faça um risco com lápis nessa linha e nomeie o ponto de encontro das diagonais de O.<br />
de dobra.<br />
Até aqui, obtiveram-se os dois triângulos grandes do Tangram.<br />
4) Dobre de maneira que o vértice C “encontre” o ponto O. Abra e risque a linha<br />
Neste passo, obteve-se o triângulo médio do Tangram. Foi solicitado aos alunos<br />
que nomeassem os vértices E e F. Por meio de dobras, eles verificaram que as medidas dos<br />
segmentos DF e FC são iguais, bem como as medidas dos segmentos BE e EC. A partir desse<br />
procedimento, também identificaram os pontos E e F como os pontos médios dos lados BC e<br />
CD, respectivamente.<br />
5) Dobre novamente a diagonal AC e faça um vinco até o encontro do segmento<br />
EF. Nomeie o ponto de intersecção G. Risque essa linha de dobra. Dobre, então, de modo que<br />
o ponto E toque o ponto O. Vinque a dobra entre o ponto G e a diagonal BD. Abra e risque<br />
esse segmento.<br />
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Com este passo, foram obtidos um dos triângulos pequenos e o paralelogramo,<br />
que permitiram explorar a classificação do triângulo em retângulo e isósceles e, as<br />
propriedades dos lados, ângulos e diagonais do paralelogramo.<br />
6) Para obter o quadrado e o outro triângulo pequeno, dobre de maneira que o<br />
vértice D toque o ponto O. Vinque essa dobra do ponto F até a diagonal BD.<br />
Assim, obtiveram-se o quadrado e o outro triângulo pequeno. Nesta última etapa,<br />
os alunos classificaram o triângulo obtido e verificaram que o quadrilátero formado era um<br />
quadrado. Isto ocorreu por meio da comparação da medida de seus lados e ângulos com<br />
dobras nas duas diagonais do quadrilátero.<br />
Os alunos não apresentaram dificuldades na construção do Tangram. Durante a<br />
explanação de alguns conceitos geométricos surgiram dúvidas, que foram sanadas com<br />
explicações mais detalhadas e exemplos. Houve motivação e interesse no decorrer de toda a<br />
atividade, o que ocasionou a participação ativa de todos os alunos. Ao final, foi solicitado aos<br />
alunos que elaborassem, em grupo, um roteiro contendo todos os passos da construção do<br />
Tangram.<br />
O conceito de área<br />
Esta fase do trabalho teve por objetivo desenvolver a noção de área utilizando<br />
uma unidade não padronizada, no caso, o triângulo pequeno do Tangram. Desta forma, as<br />
atividades envolveram:<br />
- a verificação, por meio da comparação, de “quantas vezes” ou “quanto” a<br />
unidade de medida cabe na figura a ser medida;<br />
- a apresentação de um número para expressar o resultado dessa comparação.<br />
Inicialmente, foi solicitado aos alunos que recobrissem as peças do Tangram<br />
utilizando o triângulo pequeno como unidade. Através dessa comparação, concluíram que no<br />
triângulo médio, no paralelogramo e no quadrado cabem dois triângulos pequenos e que são<br />
necessários quatro para formar o grande. Assim, perceberam que a área do triângulo médio,<br />
do paralelogramo e do quadrado é igual a duas unidades e a do triângulo grande igual a quatro<br />
unidades. Essa comparação fez com que os alunos notassem que figuras de formas diferentes<br />
podem ter a mesma área, enquanto que figuras de forma semelhante - como cada um dos três<br />
triângulos do Tangram - podem apresentar áreas distintas.<br />
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Em seguida, foram propostas atividades de composição e decomposição de<br />
figuras, com o objetivo de calcular a área, ainda com o triângulo pequeno como unidade.<br />
Segue um exemplo do que foi trabalhado:<br />
Fonte: A Matemática das sete peças do Tangram, p.41.<br />
Como a figura foi montada com 2 triângulos pequenos, um quadrado, um<br />
paralelogramo, um triângulo médio e dois triângulos grandes, verificou-se que ela poderia ser<br />
montada por dezesseis triângulos pequenos, isto é, que a área da figura era de dezesseis<br />
unidades. Estas atividades de composição e decomposição foram introduzidas com o intuito de<br />
desenvolver o raciocínio lógico e de preparar os alunos para o jogo com o Tangram. Durante o<br />
desenvolvimento deste trabalho foram feitas comparações com o cotidiano. Por exemplo, o<br />
cálculo do número de pisos a serem colocados para revestir uma sala. Com isso, os alunos<br />
notaram a importância de se formalizar o cálculo, uma vez que, na prática, é inviável o cálculo<br />
por meio de sobreposições em grandes áreas.<br />
O Jogo do Tangram<br />
Este jogo foi elaborado pelas autoras com base no Tangram, com o intuito de<br />
desenvolver o raciocínio lógico dos alunos e a capacidade de composição e decomposição de<br />
figuras planas.<br />
Segue abaixo a composição, o objetivo e as regras deste jogo.<br />
- Material: cinco conjuntos de Tangram, um relógio e cartões contendo: figuras<br />
para montagem, vantagens e desvantagens.<br />
- Objetivo: para vencer, o jogador deve montar antes dos demais participantes a<br />
figura sorteada. Para tanto, deve perceber quais peças compõem a figura e escolhe-lás<br />
corretamente na hora da “compra”.<br />
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- Regras:<br />
1) Os adversários jogam em seqüência, no sentido horário. Após embaralhar os<br />
cinco conjuntos de Tangram, cada jogador escolhe sete peças. As restantes formam o monte.<br />
Em seguida, sorteia-se um cartão que contém a figura para montagem. Os jogadores devem<br />
escolher quem inicia o jogo.<br />
2) O jogador iniciante deve comprar uma peça do monte e retirar um cartão de<br />
vantagem ou desvantagem. Em seguida, tem que cumprir as exigências do cartão retirado e<br />
tentar montar a figura em dois minutos. Caso não seja possível, deve selecionar uma de suas<br />
peças para colocar de volta no monte. O jogo procede desta maneira até que se obtenha um<br />
vencedor.<br />
3) Os cartões de vantagem ou desvantagem são cartões que ou proporcionam<br />
mais peças ao jogador, ou pulam a vez (o jogador permanece inativo por uma rodada). Caso o<br />
jogador tenha como vantagem escolher um número maior de peças, deve devolvê-las em<br />
mesmo número ao monte depois de acabado o seu tempo.<br />
- Características do jogo: trata-se de um jogo que exige atenção, lógica,<br />
percepção do todo e capacidade de compor e de decompor figuras rapidamente, ou seja, para<br />
jogar é preciso estruturar o raciocínio lógico e ter disciplina.<br />
“O jogo do Tangram” exige que os alunos estabeleçam relações com o conteúdo<br />
já estudado, pois, para vencer, é necessário que se tenha as sete peças, a saber: dois<br />
triângulos grandes, um triângulo médio, dois triângulos pequenos, um quadrado e um<br />
paralelogramo. Caso contrário, a montagem das figuras não será possível. Também, a<br />
exigência implícita no jogo de compor e decompor figuras a cada rodada estimula no aluno o<br />
desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo, pois ele precisa estabelecer hipóteses, testá-<br />
las, avaliá-las e reestruturá-las para vencer. Estas são características necessárias e beneficiam<br />
o ensino e a aprendizagem da Matemática, pois quando o aluno estabelece relações, elabora e<br />
testa hipóteses e as reestrutura com o intuito de acertar, participa ativamente da construção do<br />
seu conhecimento.<br />
Este jogo favorece: o estudo de áreas, pois inúmeras são as atividades que<br />
exigem composição e decomposição de figuras neste conteúdo; a capacidade de combinar e a<br />
noção de espaço, porque os alunos têm de formar diferentes figuras sempre com a mesma<br />
quantidade de peças; a disciplina, pois os jogadores têm de realizar as jogadas dentro de um<br />
tempo estipulado; e, a autoavalição, porque o aluno precisa se corrigir, a todo o momento, para<br />
ser campeão.<br />
- Experiência com os alunos: para “O jogo do Tangram”, os alunos foram<br />
divididos em grupos de quatro alunos e formaram duplas, de forma que os componentes de<br />
cada dupla pudessem se ajudar durante o jogo. Após a explicação das regras, os educandos<br />
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jogaram algumas partidas sem a intervenção do professor. Neste primeiro momento, permitiu-<br />
se o jogo pelo jogo para que houvesse uma familiarização com o material e com as regras.<br />
Fixadas as regras, houve uma intervenção verbal com o intuito de estimular a escolha de uma<br />
boa estratégia, em outras palavras, levantou-se um questionamento de como escolher as<br />
peças certas durante as rodadas. Também, foi discutido se o fator sorte influenciava o jogo.<br />
Nas partidas iniciais, os alunos escolheram aleatoriamente suas peças.<br />
Chegaram à montagem da figura sem perceber que as peças que a compunham eram as sete<br />
do Tangram. Somente depois de várias rodadas notaram que a montagem só era possível<br />
quando se juntavam as sete peças. A habilidade de compor e de decompor figuras melhorou<br />
com o decorrer das partidas e o fator tempo deu ritmo ao jogo. Os alunos aprovaram o “O jogo<br />
do Tangram” e apresentaram melhorias na aprendizagem de outras atividades em que o<br />
raciocínio lógico-dedutivo era exigido. Concluíram que para ganhar não era preciso sorte, mas<br />
sim raciocinar e elaborar estratégias, para fazer escolhas conscientes e, assim, solucionar o<br />
problema.<br />
O Dominó Geométrico<br />
Este jogo, desenvolvido com as crianças da pré-escola, teve como ponto de<br />
partida a exibição de um vídeo educativo sobre Geometria. Em seguida, aplicaram-se<br />
atividades preparatórias e, por último, o Dominó Geométrico.<br />
O vídeo<br />
O vídeo “O Enigma da Geometria” teve o objetivo de ajudar os alunos a<br />
reconhecerem a Geometria do mundo que os cerca e a entenderem suas implicações na vida<br />
cotidiana por meio do humor, da fantasia e da música. O filme tem como personagens<br />
principais um mago do conhecimento e da aprendizagem e três alunos interessados em<br />
aventuras. O mago propõe enigmas geométricos e a exploração de uma variedade de lugares,<br />
nos quais os alunos adquirem novos conhecimentos e tornam-se aptos a solucionar os<br />
desafios propostos. A série desenvolve uma abordagem para a resolução de problemas de<br />
Geometria e mostra a relevância deste conteúdo no cotidiano.<br />
Durante a exibição do vídeo, as crianças mostraram-se concentradas e<br />
interessadas. Ao final, fizeram comentários a respeito do mago, dos alunos, das músicas e dos<br />
sólidos, de modo a fazer analogias com situações vividas por elas.<br />
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A atividade com sólidos<br />
Esta atividade foi desenvolvida com o intuito de levar o aluno a um contato direto<br />
com os sólidos vistos no vídeo.<br />
Os sólidos de madeira (cubo, cilindro, esfera, cone, prisma triangular, prisma<br />
retangular e pirâmide) foram dispostos em duas grandes mesas, às quais as crianças<br />
sentaram-se divididas em dois grupos. Após o reconhecimento das formas e dos nomes dos<br />
sólidos, foi realizada uma atividade de fixação: o professor dizia, aleatoriamente, o nome de um<br />
dos sólidos e a criança que o possuía, levantava-o para os demais colegas. As crianças<br />
responderam bem a esta atividade, de forma que todas relacionaram de maneira correta o<br />
nome do sólido com a sua respectiva forma.<br />
Pediu-se, então, que os alunos dessem exemplos de objetos conhecidos por<br />
eles que apresentassem as mesmas formas dos sólidos estudados. Novamente, todos<br />
responderam bem à atividade, de forma a citar e associar corretamente os objetos aos sólidos.<br />
Os sólidos do jogo<br />
Esta atividade teve o intuito de apresentar os objetos que compõem o Dominó<br />
Geométrico aos alunos. Para a sua realização, foi levado à sala de aula uma bola (esfera), um<br />
dado (cubo), uma caixa de aveia (prisma retangular), uma caixa de chocolate (prisma<br />
retangular), uma pirâmide, uma lata de refrigerante (cilindro) e uma casquinha de sorvete<br />
(cone). Tais objetos, muito populares entre as crianças, proporcionaram uma melhor<br />
associação dos nomes dos sólidos geométricos com objetos do cotidiano.<br />
Após essa atividade, as crianças compararam os sólidos estudados a<br />
brinquedos, móveis, construções etc. Reconheceram, pois, a importância da Geometria no dia-<br />
a-dia e relacionaram a teoria estudada à vida prática.<br />
A atividade de avaliação<br />
A atividade de avaliação teve por objetivo acompanhar e registrar o<br />
desenvolvimento dos alunos durante as etapas preparatórias do jogo. Tais atividades<br />
ocorreram de duas formas: por meio de folhas de atividades e através da observação dos<br />
alunos durante as aulas. As folhas de atividades eram compostas por exercícios que<br />
estabeleciam uma associação entre a Geometria e a vida prática. Já a observação do<br />
rendimento do aluno, era feita pelo professor, por meio de um resumo após cada encontro.<br />
Os alunos tiveram facilidade para resolver as atividades e algumas delas<br />
encontram-se no anexo deste trabalho.<br />
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O jogo<br />
Depois de realizadas todas as etapas citadas anteriormente, foi aplicado o<br />
Dominó Geométrico. Este jogo é um recurso ao professor para estimular os alunos e ajudar na<br />
fixação dos conceitos geométricos. Segue abaixo a composição, o objetivo e as regras deste<br />
jogo.<br />
de seus adversários.<br />
adversário.<br />
- Material: 28 peças com desenhos de sólidos geométricos.<br />
- Objetivo: para vencer, o jogador deverá se livrar de todas as suas peças antes<br />
- Regras:<br />
1) Cada jogador recebe 7 peças e as mantêm escondidas dos olhos do<br />
2) Inicia-se a partida pelo jogador que possuir uma carta com desenho duplo.<br />
Caso haja mais de uma pessoa nesta condição, deve-se escolher uma para iniciar.<br />
3) A partir de quem iniciou, cada jogador, em ordem horária, colocará uma peça<br />
que se encaixe em uma das "pontas" da cadeia que está sendo formada. Se o jogador da vez<br />
não tiver peça alguma que se encaixe na cadeia, vai ao "monte" e "compra" até que consiga<br />
uma peça que sirva. Caso não exista tal peça no monte, o jogador "passa" sua vez ao jogador<br />
seguinte. Vence quem primeiro se livrar de todas as suas peças. No caso do jogo ficar<br />
"travado", isto é, não for possível continuar a seqüência da cadeia, contam-se as peças nas<br />
mãos de cada jogador. Neste caso, vence aquele que tiver o menor número de peças.<br />
- Características do jogo: este é um jogo de treinamento, ou seja, de fixação de<br />
conceitos específicos da Matemática. Por meio dele, o aluno se diverte e recorda conteúdos<br />
estudados.<br />
- Experiência com os alunos: os alunos foram dispostos em grupos de quatro<br />
participantes. Depois de explicadas as regras do Dominó Geométrico, a fim de fixá-las, foram<br />
jogadas algumas partidas com a ajuda do professor. Para melhor compreensão do jogo,<br />
solicitou-se que os alunos dissessem o nome dos sólidos presentes nas peças, quando faziam<br />
suas jogadas. Desta forma, os alunos relembraram o estudo anterior dos sólidos geométricos.<br />
Decorridas algumas rodadas, as crianças passaram a jogar sozinhas e de<br />
maneira correta. Também, passaram a reconhecer os sólidos nas figuras de maneira natural.<br />
O objetivo traçado para este jogo foi alcançado, de forma que as crianças<br />
associaram a Geometria do mundo que as cerca com os sólidos estudados em sala de aula. O<br />
resultado foi uma aprendizagem de qualidade e de maneira significativa para o aluno.<br />
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3. CONCLUSÃO<br />
A realização deste trabalho proporcionou a avaliação do uso do jogo como<br />
estratégia para o ensino e aprendizagem de conteúdos específicos da Matemática. Não se<br />
avaliou o jogo em si - como instrumento ou conjunto de regras -, mas se considerou a maneira<br />
como poderia ser utilizado em sala de aula para estimular o interesse e a vontade de aprender<br />
nos alunos. Por meio das atividades e dos jogos Tangram e do Dominó Geométrico, foi<br />
possível desenvolver o raciocínio-lógico, promover a auto-avaliação, o companheirismo, a<br />
fixação de conceitos específicos da Geometria e romper a barreira do medo de errar e de fazer<br />
perguntas.<br />
Os alunos aprovaram os jogos e as atividades, tiveram um bom desempenho<br />
durante o trabalho e dominaram o conteúdo apresentado. Assim, pode-se afirmar que os jogos<br />
são um excelente recurso para o ensino e a aprendizagem da Matemática.<br />
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Inclusão: todos aprendem quando as crianças com deficiência vão à escola junto com as<br />
outras. In: Revista Nova Escola – Edição Especial n.º 11, Editora Abril, 2006.<br />
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