ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - ftc ead
ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - ftc ead
ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - ftc ead
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>ESTÁGIO</strong><br />
<strong>SUPERVISIONADO</strong> I<br />
1
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
2<br />
SOMESB<br />
Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.<br />
Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira<br />
Vice-Presidente ♦ William Oliveira<br />
Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Samuel Soares<br />
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Germano Tabacof<br />
Superintendente de Desenvolvimento e>><br />
Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva<br />
FTC - EaD<br />
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância<br />
Diretor Geral ♦<br />
Diretor Acadêmico ♦<br />
Diretor de Tecnologia ♦<br />
Diretor Administrativo e Financeiro ♦<br />
Gerente Acadêmico ♦<br />
Gerente de Ensino ♦<br />
Gerente de Suporte Tecnológico ♦<br />
Coord. de Softwares e Sistemas ♦<br />
Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦<br />
Coord. de Produção de Material Didático ♦<br />
EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:<br />
♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦<br />
Gerente de Ensino ♦ Jane Freire<br />
Autores ♦ Aldaci Lopes e Tatiane Lucena<br />
Supervisão ♦ Ana Paula Amorim<br />
Coordenação de Curso ♦ Tatiane Lucena<br />
♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦<br />
Revisão Final ♦ Carlos Magno<br />
Reinaldo de Oliveira Borba<br />
Roberto Frederico Merhy<br />
Jean Carlo Nerone<br />
André Portnoi<br />
Ronaldo Costa<br />
Jane Freire<br />
Luís Carlos Nogueira Abbehusen<br />
Romulo Augusto Merhy<br />
Osmane Chaves<br />
João Jacomel<br />
Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Ana Carolina Alves, Cefas<br />
Gomes, Delmara Brito, Diego Maia, Fabio Gonçalves,<br />
Francisco França Júnior, Hermínio Vieira, Israel Dantas,<br />
Lucas do Vale, Mariucha Ponte e Tatiana Coutinho.<br />
Editoração ♦ Francisco França Junior<br />
Ilustração ♦ Francisco França Júnior<br />
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource<br />
copyright © FTC EaD<br />
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.<br />
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,<br />
da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância.<br />
www.<strong>ftc</strong>.br/<strong>ead</strong>
SUMÁRIO<br />
SUMÁRIO<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
EDUCAÇÃO E PRAXIS PEDAGÓGICA 07<br />
<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />
Estágio Supervisionado: O Que é, Papel e Importância<br />
Etapas do Sstágio Supervisionado<br />
○ ○ ○ ○<br />
O Trabalho Docente e a Construção da Práxis Pedagógica<br />
A Ética Profissional do Educador<br />
○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> NAS SÉRIES INICIAIS<br />
DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />
Desenvolvimento Cognitivo dos Alunos<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Inteligências Múltiplas e Diversidade em Sala de Aula<br />
Princípios Orientadores da Ação Pedagógica na Sala<br />
de Aula: Interdisciplinaridade e Contextualização<br />
Princípios Orientadores da Ação Pedagógica em Sala<br />
de Aula: Transposição Didática<br />
○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
DO PLANEJAMENTO À AÇÃO<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
DOCENTE 41<br />
PLANEJAMENTO E AÇÃO DOCENTE NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />
<strong>SUPERVISIONADO</strong><br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Projeto de Intervenção: a Importância 41<br />
07<br />
07<br />
11<br />
14<br />
20<br />
26<br />
26<br />
27<br />
32<br />
35<br />
41<br />
3
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
4<br />
OS RECURSOS DIDÁTICOS NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />
<strong>SUPERVISIONADO</strong>: SELEÇÃO E USO<br />
Inteligências Múltiplas como Princípio de Seleção<br />
e uso de Recursos Didáticos<br />
O Papel da Ludicidade na Construção dos Recursos<br />
e sua Aplicação no Estágio Supervisionado<br />
Oficina de Recursos Didáticos<br />
Atividade Orientada<br />
Glossário<br />
Do Projeto de Intervenção ao Plano de Ação<br />
Elaborando o Plano de Ação<br />
Cronograma de Execução<br />
Referências Bibliográficas<br />
○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
44<br />
50<br />
53<br />
58<br />
58<br />
60<br />
63<br />
71<br />
74<br />
75
Apresentação da Disciplina<br />
Caro(a) estudante:<br />
Você agora vai iniciar uma aventura educativa com a disciplina Estágio<br />
Supervisionado I. Trata-se de uma disciplina da maior relevância para a prática<br />
docente, pois possibilita o contato do estudante com o campo profissional e os<br />
dilemas e desafios inerente a profissão docente.<br />
Esta disciplina tem como objetivo propiciar a reflexão sobre os processos<br />
que envolvem o ensino/aprendizagem e a ação docente, ampliando esta discussão<br />
para as temáticas que envolvem educação e cultura.<br />
Abordaremos nesta disciplina pressupostos teóricos e práticos que sustentam<br />
uma prática educacional interacionista e dialógica, buscando promover um exercício<br />
de reflexão a respeito do ensino nas séries iniciais do Ensino Fundamental<br />
ressaltando aspectos ideológicos, filosóficos, psicológicos que lhe servem como<br />
referências e principalmente vislumbra o exercício para construção de uma prática<br />
pedagógica autônoma e cônscia.<br />
A disciplina Estágio Supervisionado I encontra-se dividida por questões<br />
metodológicas em dois grandes blocos temáticos, que na verdade se<br />
complementam, perfazendo uma carga horária total de 72 horas.<br />
O primeiro bloco temático intitula-se “Educação e Práxis Pedagógica” e será<br />
desenvolvido a partir de dois temas: Estágio Supervisionado e práxis pedagógica e<br />
Estágio supervisionado nas séries iniciais do Ensino Fundamental.<br />
O segundo bloco temático denomina-se “Do planejamento à Ação Docente”<br />
e será desenvolvido em temas como: Planejamento e Ação Docente no Estágio<br />
Supervisionado e os Recursos Didáticos no Estágio Supervisionado: Seleção e<br />
Uso.<br />
Temos o desafio de pôr mãos à obra, defender a prática pedagógica crítica,<br />
garantindo assim, o acesso a uma educação de qualidade, fazendo cidadania em<br />
cada momento da ação educativa.<br />
Sendo assim, o nosso material didático foi pensado para potencializar sua<br />
aprendizagem e reflexão, por este motivo sugerimos que você leia, analise, discuta,<br />
questione, busque e realize todas as atividades propostas. Vá além... Acreditamos<br />
no seu potencial para aproveitar bastante este módulo e as atividades inerentes a<br />
esta disciplina.<br />
Desejamos sucesso na sua prática educativa!<br />
Profa. Aldaci Lopes<br />
Profa. Tatiane Lucena<br />
5
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
6
EDUCAÇÃO E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />
<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />
Estágio Supervisionado: o Que é, Papel e Importância<br />
Estágio: O Que é?<br />
Compreender o que é e como se conceitua o Estagio Supervisionado<br />
é de extrema importância para o aluno da graduação que irá iniciar sua ação<br />
docente. Segundo Bianchi (2002) recorrer ao dicionário auxiliará no<br />
entendimento. Acompanhe os termos envolvidos neste tema:<br />
Estágio s.m. Período de estudos práticos, exigido dos candidatos<br />
ao exercício de certas profissões liberais: estágio de engenharia; estágio<br />
pedagógico./Período probatório, durante o qual uma pessoa exerce uma<br />
atividade temporária numa empresa. / Aprendizagem, experiência.<br />
Supervisionar v.t. Brás. Supervisar, inspecionar.<br />
Supervisar v.t. Dirigir e inspecionar um trabalho; supervisionar, revisar.<br />
Revisar v.t. Visar novamente; fazer a inspeção ou revisão de; revisar um processo.<br />
Rever, corrigir, emendar.<br />
Rever v.t. Tornar a ver, ver pela segunda vez, ver com atenção, examinar<br />
cuidadosamente com o intuito de melhorar, fazer revisão de, emendar, corrigir. (Koogan<br />
Houaiss. Enciclopédia digital)<br />
Ao analisarmos os significados acima, podemos considerar que o Estágio<br />
Supervisionado é um momento de estudos práticos para o ensino/aprendizagem e<br />
experiência docente, pois envolve supervisão, revisão, correção e planos cuidadosos.<br />
O estágio, quando compreendido como uma atividade que pode trazer imensos<br />
benefícios para o ser humano, para a melhoria do processo educativo e para o estagiário,<br />
no que diz a sua formação profissional, provavelmente trará respostas positivas. Estes se<br />
tornam ainda mais indispensáveis quando se tem consciência de que as maiores<br />
beneficiadas serão a sociedade, a comunidade escolar, os egressos da universidade e,<br />
em especial, a qualidade da educação.<br />
Estagiar é tarefa do aluno; supervisionar é incumbência<br />
da universidade, que está representada pelo professor.<br />
Acompanhar, fisicamente se possível, tornando essa atividade<br />
incomum, produtiva é tarefa do professor, que visualiza com o<br />
aluno situações de trabalho passíveis de orientação (BIANCHI,<br />
2002).<br />
7
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
8<br />
Sendo assim, o estudante deve está com a atenção voltada para<br />
demonstrar seu conhecimento pela teoria trabalhada, realizar seu trabalho com<br />
dignidade procurando, dentro da sua área de atuação, demonstrar que tem<br />
competência, habilidade, simplicidade, humildade e firmeza, lembrando-se<br />
que ser humilde é saber ouvir para aprender, ser simples é ter conceitos claros<br />
e sabê-los demonstrar de maneira cordial que possibilitem o entendimento<br />
de terceiros.<br />
O artigo 82 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />
Nacional (LDB), de 1996, aponta o seguinte sobre o estágio:<br />
“Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para a<br />
realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados<br />
no ensino médio ou superior em sua jurisdição”.<br />
Papel e Importância do Estágio Supervisionado<br />
A finalidade do Estágio Supervisionado é propiciar a complementação do ensino/<br />
aprendizagem a ser planejado, executado, acompanhados e avaliado segundo currículos,<br />
programas, calendários escolares, a fim de se constituírem em um processo integrador ou<br />
seja prático, científico e sócio-cultural.<br />
O Estágio Supervisionado na instituição escolar é mais do que uma experiência<br />
prática na vida do aluno, é uma oportunidade para o educando refletir sobre os saberes<br />
trabalhados durante o Curso Normal Superior.<br />
Podemos definir o Estágio<br />
supervisionado como uma parte do<br />
currículo muito importante na formação<br />
do futuro professor porque é a<br />
oportunidade de experienciar e realizar,<br />
na prática, o conhecimento teórico<br />
adquirido no decorrer da sua formação<br />
acadêmica. No estágio, diversas<br />
atividades relacionadas com o ensino/<br />
aprendizagem são realizadas por<br />
docentes e discentes.<br />
O estágio possibilita ampliar e<br />
aprofundar a integração entre os<br />
conhecimentos técnicos e as práticas, bem como desenvolver análises<br />
crítico-reflexivas sobre a atuação profissional do professor.<br />
Nesse sentido, o estágio tem por objetivo maior integração entre aprendizagem<br />
acadêmica e compreensão da dinâmica das instituições escolares de ensino.<br />
É uma ocasião oportuna para os estudantes estarem diretamente em contato com<br />
outros profissionais da área, a fim de ampliar os saberes sobre a mesma, refletindo a partir<br />
da ação profissional. Através do estágio, os estudantes têm a possibilidade de relacionar<br />
os assuntos abordados na sala de aula com a prática, sendo uma importante fonte de<br />
experiência, principalmente para os que já estão atuando na área.
Segundo Schon apud Alarcão (1996) o estágio deve ser considerado tão importante<br />
como os demais conteúdos do currículo. Assim, os’ próprios docentes, como as<br />
universidades ainda não deram o devido valor à prática da formação do professor.<br />
O estágio pedagógico é considerado “[...] o parente pobre de<br />
todas as disciplinas [...]”, isso porque “[...] a Universidade se demite<br />
da sua função de ajudar o aluno a relacionar teoria e prática e a<br />
saber servir-se do seu saber para com ele resolver problemas<br />
práticos [...]”. Para valorizá-lo é preciso conhecer o trabalho<br />
realizado, pois além de encaminhar o aluno para o local de estágio,<br />
o professor/orientador faz-se presente, acompanhando e orientando<br />
o aluno durante todo o processo, bem como em encontros individuais<br />
e coletivos (ALARCÃO, 1996, p. 38).<br />
Para os atuantes na profissão em que estão estagiando as observações feitas durante<br />
o estágio não é uma forma de invadir o espaço do outro tentando ver o que encontra de<br />
inadequado, mas de refletir sobre as atividades para seu crescimento profissional, sendo<br />
uma oportunidade de meditar sobre sua própria forma de agir, a qual pode ser vista refletida<br />
no outro, além de permitir ao mesmo a elaboração do conhecimento de como agir em<br />
determinada situação, sendo espaço de aprendizagem profissional, em que ofereça ao<br />
estudante.<br />
[...] um estágio que permita ao aluno o preparo efetivo para<br />
o agir profissional: a possibilidade de um campo de experiência, a<br />
vivência de uma situação social concreta [...] que lhe permitirá<br />
uma revisão constante desta vivência e o questionamento de seus<br />
conhecimentos, habilidades, visões de mundo etc., podendo leválo<br />
a uma inserção crítica e criativa na área profissional e um<br />
contexto histórico mais amplo. (BURIOLLA, 2001, p.17).<br />
Enfim, a experiência proporcionada pelo estágio desenvolve as atitudes profissionais<br />
dos estudantes e, conseqüentemente, a melhoria em sua prática, a qual vai sendo<br />
transformada de acordo com as vivências do profissional.<br />
Os conhecimentos adquiridos na prática e a troca de experiências são considerados<br />
as melhores formas de aprendizagem, o que reforça a necessidade de se discutir como<br />
essa aprendizagem ocorre no período de estágio. Assim, o estagiário para construir o seu<br />
presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar,<br />
de recriar, de transformar (ALARCÃO, 1996).<br />
Nesse sentido, o professor das séries iniciais do Ensino Fundamental,<br />
enquanto estagiário, deve dialogar, demonstrar, questionar, refletir, orientar a tomada<br />
de decisões, mas deve também, sempre que preciso informar, explicar, descrever,<br />
teorizar sobre assuntos que se façam necessários. Portanto, o seu ser/fazer deve<br />
integrar o dizer com o escutar, a demonstração com a imitação (ALARCÃO, 1996), além de<br />
ter, na reflexão, o caminho para a decisão. Todos esses questionamentos reforçam a<br />
importância de se elaborar um projeto de estágio que privilegie o conhecimento prático<br />
aliado ao conhecimento teórico, objetivando formar o professor para o exercício consciente<br />
da sua profissão.<br />
9
A ESCOLA DOS BICHOS<br />
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
Era uma vez um grupo de animais que quis fazer alguma coisa para<br />
resolver os problemas do mundo.Para isto, eles organizaram uma escola. A<br />
escola dos bichos estabeleceu um currículo de matérias que incluía correr,<br />
subir em árvores, em montanhas, nadar e voar. Para facilitar as coisas, ficou<br />
decidido que todos os animais fariam todas as matérias. O pato se deu muito bem em<br />
natação; até melhor que o professor! Mas quase não passou de ano na aula de vôo, e<br />
estava indo muito mal na corrida. Por causa de suas deficiências, ele precisou deixar um<br />
pouco de lado a natação e ter aulas extras de corrida. Isto fez com que seus pés de pato<br />
ficassem muito doloridos, e o pato já não era mais tão bom nadador como antes. Mas<br />
estava passando de ano, e este aspecto de sua formação não estava preocupando a ninguém<br />
- exceto, claro, ao pato. O coelho era de longe o melhor corredor, no princípio, mas começou<br />
a ter tremores nas pernas de tanto tentar aprender natação. O esquilo era excelente em<br />
subida de árvore, mas enfrentava problemas constantes na aula de vôo, porque o professor<br />
insistia que ele precisava decolar do solo, e não de cima de um galho alto. Com tanto<br />
esforço, ele tinha câimbras constantes, e foi apenas “regular” em alpinismo, e fraco em<br />
corrida. A águia insistia em causar problemas, por mais que a punissem por desrespeito à<br />
autoridade. Nas provas de subida de árvore era invencível, mas insistia sempre em chegar<br />
lá da sua maneira... Na natação deixou muito a desejar...Cada criatura tem capacidades e<br />
habilidades próprias, coisas que faz naturalmente bem. Mas quando alguém o força a ocupar<br />
uma posição que não lhe serve, o sentimento de frustração e até culpa, provoca mediocridade<br />
e derrota total. Um esquilo é um esquilo; nada mais do que um esquilo. Se insistirmos em<br />
afastá-lo daquilo que ele faz bem, ou seja, subir em árvores, para que ele seja um bom<br />
nadador ou um bom corredor, o esquilo vai se sentir um incapaz. A águia faz uma bela figura<br />
no céu, mas é ridícula numa corrida a pé. No chão, o coelho ganha sempre. A não ser, é<br />
claro, que a águia esteja com fome! O que dizemos das criaturas da floresta vale para<br />
qualquer pessoa. Deus não nos fez iguais. Ele nunca quis que fôssemos iguais. Foi Ele<br />
quem planejou e projetou as nossas diferenças, nossas capacidades especiais!Descubra<br />
seus dons naturais...<br />
10<br />
Fique de Olho...<br />
Um momento de reflexão...<br />
E E a aagor<br />
a or ora? or a? Como Como v vvocê<br />
v ocê se se sente?<br />
sente?<br />
A prioridade dada à formação teórica em detrimento da formação<br />
prática e a concepção da prática como mero espaço de aplicação de<br />
conhecimentos teóricos, sem um estatuto epistemológico próprio é um<br />
equívoco dos modelos educacionais e consiste em acreditar que para ser<br />
bom professor basta o domínio da área do conhecimento específico que<br />
se vai ensinar. Desta forma, apenas conhecer os conteúdos referentes às<br />
séries iniciais do ensino fundamental, não faz do profissional um<br />
educador, mas sim sua capacidade de interligar, estimular e refletir junto<br />
com seus alunos na busca e construção dos conhecimentos.
Ampliando Horizontes<br />
Texto Complementar...<br />
Dúvidas, obstáculos, entrosamento da organização<br />
e da universidade<br />
Por certo e como visto, há dúvidas e obstáculos<br />
que sempre ocorrem e estes se situam principalmente<br />
no acesso e início do processo de uma organização.<br />
No entanto, quando o estágio está confirmado e<br />
se inicia , o aluno deverá preocupar-se com suas atitudes,<br />
prever situações e, principalmente, fazer um balanço diário das atividades realizadas. A<br />
orientação constante dos professores supervisores dá suporte ao estágio, à execução do<br />
projeto e da redação do relatório.<br />
A postura do aluno é fator de suma importância: credenciado pela instituição, irá<br />
representá-la durante sua permanência na organização. A linguagem, a polidez, isto é, a<br />
gentileza para com as pessoas, o horário respeitado rigorosamente e tudo mais que for<br />
exigido no estágio são fundamentais para ser seguido. O estagiário tem de ter em mente<br />
que é um aprendiz e que qualquer atitude de prepotência pode determinar resultados<br />
desfavoráveis ao que foi projetado.<br />
Do modo de proceder do estagiário, os professores supervisores na universidade<br />
tirarão conclusões sobre o resultado de seus esforços na difícil tarefa de ensinar e aprender<br />
(BIANCHI, 2002).<br />
Etapas do Estágio Supervisionado<br />
A integração da teoria à prática, vivenciada em situações e problemas relativos à<br />
profissão escolhida, estimula o pensamento crítico do estudante e possibilita a formação<br />
de um profissional apto a enfrentar desafios.<br />
O objetivo principal do estágio é o de proporcionar ao estudante oportunidades de<br />
desenvolver suas habilidades, analisar situações e propor mudanças no ambiente em que<br />
vive. Além disso, têm-se como objetivos específicos:<br />
· Incentivar o desenvolvimento das potencialidades individuais, propiciando o<br />
surgimento de novas gerações de profissionais capazes de refletir e construir processos<br />
inovadores e metodologias alternativas;<br />
· Complementar o processo ensino teórico, através da vivência educacional com<br />
investigações e pesquisas, buscando incentivar o aprimoramento pessoal e profissional;<br />
· Refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos históricos e instrumentos<br />
discutidos em sala de aula, através de experiências concretas, de observação, reflexão<br />
sobre a realidade e as influências dos acontecimentos históricos nas relações humanas;<br />
· Propiciar ao aluno-estagiário vivência da realidade profissional e familiarização<br />
com o futuro ambiente de trabalho;<br />
· Estabelecer integração efetiva entre a faculdade e o ambiente educativo, contribuindo<br />
para a atualização e o aprimoramento constante do currículo escolar, possibilitando a<br />
expansão dos serviços comunitários propostos pela academia;<br />
11
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
12<br />
· Favorecer o conhecimento e a aplicação de novas tecnologias,<br />
metodologias e organização do trabalho.<br />
Fazendo Estágio, Construindo Habilidades...<br />
O estágio compreende atividades de avaliação e diagnóstico de estudo de caso, de<br />
observação, nas quais contextualiza e transversaliza as áreas e os eixos de formação<br />
curricular, associando teoria e prática. Dessa maneira, incorpora três diferentes modalidades:<br />
1. Conhecimento e integração do aluno às realidades sociais, econômicas e do<br />
trabalho na sua área de atuação profissional;<br />
2. Iniciação à pesquisa e ao ensino na qual a realidade escolar é seu objeto de açãoreflexão-ação;<br />
3. Iniciação profissional no campo específico de sua formação.<br />
Ressalta-se que as modalidades de estágio mencionadas podem ser desenvolvidas<br />
concomitantemente, em níveis diversos de complexidade e de aprofundamento. Nesse<br />
sentido, a relação entre teoria e prática deve ser entendida como eixo articulador da<br />
construção e produção do conhecimento na dinâmica do professor do ensino fundamental.<br />
A primeira etapa do estágio é entendida como um instrumento de integração do<br />
aluno às realidades sociais vigentes e possibilita a interlocução com os referenciais teóricos.<br />
Permite ao estagiário construir seu plano de estudos — Projeto — e optar pelos temas de<br />
aprofundamento que irão fundamentar sua prática durante o estágio e que estarão presentes<br />
na sua atividade orientada.<br />
A segunda etapa direciona-se para iniciação à pesquisa e ao ensino, na forma de<br />
articulação de teoria-prática, partindo do pressuposto de que a formação profissional não<br />
deve jamais se desvincular da pesquisa. A reflexão sobre a realidade observada a partir de<br />
uma problematização que se constitui em uma forma de iniciação à pesquisa educacional.<br />
A terceira etapa destina-se a iniciação profissional do estagiário através de um “saber<br />
fazer” que busca orientar-se por teorias de ensino-aprendizagem adequando-as aos<br />
conhecimentos históricos, sem perder de vista a realidade de cada instituição e de cada<br />
aluno acompanhado.
Em síntese...<br />
Etapas do Estágio:<br />
1. Integração e Planejamento<br />
2. Pesquisa e Plano de Ação<br />
3. Prática e Intervenção<br />
Texto Complementar...<br />
Modelo de Formação Integral<br />
Alguns dos aspectos e organizadores conceituais na formação do professor para a<br />
mudança e inovação:<br />
SER, SENTIR<br />
Colaboração e criatividade<br />
Habilidades pessoais<br />
Habilidades sociais<br />
Abertura à mudança<br />
Atitude de melhoria<br />
Atitude criativa<br />
Flexibilidade<br />
Sensibilidade para problemas<br />
Sensibilidade para valores sociais<br />
Novos interesses e aspirações<br />
SABER, CONHECER<br />
Conhecer a partir do meio<br />
Estratégias docentes inovadoras<br />
Conhecimentos da disciplina<br />
Conhecimentos sobre aprendizagem<br />
Conhecimentos psicopedagógicos<br />
Conhecimentos curriculares<br />
Planejamento<br />
Projeto e desenvolvimento curricular<br />
Processo de inovação<br />
Modelos de ensino<br />
Comunicação educativa<br />
FAZER, ATUAR<br />
Competência docente<br />
Tomada de decisões<br />
Elaboração de materiais<br />
Esboço do projeto inovador<br />
Desenvolvimento de projeto inovador<br />
13
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
14<br />
Avaliação de projetos e programas<br />
Avaliação de centros e do professorado<br />
Análise da realidade<br />
Análise das necessidades<br />
Aprender com os erros<br />
Domínio modelo<br />
QUERER, DECIDIR<br />
Superar bloqueios<br />
Enfrentar conflitos<br />
Enfrentar resistências<br />
Superação de estresse e fadiga<br />
Persistência na tarefa iniciada<br />
Enfrentar dificuldades e problemas<br />
Elaboração de projetos e tarefas<br />
Busca da qualidade em processos e resultados.<br />
(LA TORRE, 2002)<br />
O Trabalho Docente e a Construção da Práxis Pedagógica<br />
O professor capacitado para atuar nas séries Iniciais do Ensino Fundamental deve<br />
ter competência para se integrar no contexto atual do processo de transformação<br />
educacional, respondendo às necessidades da escola e da sociedade. Ademais, o<br />
profissional da educação deverá se dedicar ao ensino e educação de crianças que<br />
freqüentam no nível de ensino pretendido, abrangendo os processos de formação e<br />
desenvolvimento do sujeito, alfabetização, domínio da leitura e escrita, das operações<br />
fundamentais matemáticas, noções básicas das ciências humanas e sociais, além de<br />
dedica-se ainda ao desenvolvimento de projetos de ensino e de pesquisa e desenvolver<br />
ações pedagógicas em parceria com a comunidade escolar e instituições sociais,<br />
dinamizando a vida da escola e da comunidade escolar por meio de atividades culturais.<br />
Como habilidade principal, o profissional da educação deve se preparar para se<br />
comunicar e se relacionar com as pessoas, desenvolver espírito de liderança, iniciativa e<br />
criatividade. Assim, deverá estar capacitado para a atividade docente; bem como ser um<br />
articulador da organização do trabalho pedagógico nos anos iniciais do Ensino Fundamental;<br />
articulador da dimensão interdisciplinar das áreas do conhecimento; com formação para<br />
atuação crítica e interdisciplinar da realidade e capacitado para a ação no espaço<br />
institucional de ensino e nas organizações sociais, no planejamento, na gestão e na pesquisa<br />
do processo educativo. Neste curso a formação do professor acontece pela participação<br />
no trabalho de pesquisa metodológica e científica, integrada à investigação da realidade,<br />
reconhecendo que o papel do professor se faz na atuação profissional e no desempenho<br />
das funções como agente transformador da realidade, valorizando os avanços da ciência e<br />
da formação humana, e é por conta disso que há uma preocupação em articular de maneira<br />
harmônica o Estágio Supervisionado e a teoria estudada durante todo o curso.<br />
Essa articulação se dá através do processo de sistematização das relações entre<br />
os indivíduos que proporciona o conhecimento de saberes necessários à sua sobrevivência<br />
na sociedade, entendido como educação, refletindo dessa forma, uma contextualização
mais condizente com a práxis pedagógica do educador. Atualmente, o processo educativo<br />
é caracterizado como informal e formal: a primeira diz respeito a transmissão de<br />
conhecimentos construídos na vivência cotidiana fora da escola, sendo dado em todos<br />
ambientes sociais que o indivíduo se encontre como: família, igreja, trabalho e outros lugares;<br />
a segunda, é oferecida em um ambiente destinado a este fim, o escolar, onde a finalidade<br />
consiste em ampliar os conhecimentos de quem a freqüenta, instrumentalizando como<br />
cidadão capaz de atuar na sociedade em constante transformação.<br />
Nesse sentido a escola enquanto um espaço que visa preparar o indivíduo para<br />
exercer atividades favoráveis ao seu crescimento e da comunidade, deve estar cada vez<br />
mais a procura de modos que os auxiliem nesse processo de caminhar os cidadãos na<br />
construção de atitudes críticas, tornando-se encarregada de promover atividades que<br />
beneficiem os educandos a se adequar as exigências sociais. Como nos mostra Porto<br />
(1999), “[...] a educação é um processo social que se enquadra numa concepção particular<br />
do mundo, a qual, por sua vez, determina os fins a serem atingidos pelo ato educativo e<br />
estes fins refletem o espírito da época [...]” (PORTO,1999, p.36). Com isso a escola precisa<br />
promover ações que estejam de acordo a realidade de seus educandos, a fim de que os<br />
introduza em seu mundo.<br />
Devido a tantas demandas sociais relacionadas à educação, as escolas vão<br />
transformando seu modo de agir, indo em busca de melhorias na sua rotina de trabalho<br />
para que beneficiem os educandos, ajudando-os na construção de seus conhecimentos. A<br />
utilização das formas de como agir em uma instituição marca sua metodologia de trabalho,<br />
e esta interfere nas atividades dos educandos, pois a prática pedagógica de um ambiente<br />
escolar influencia no processo de aprendizagem dos mesmos incentivando-os na busca de<br />
novos conhecimentos.<br />
Sobre as questões acima, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, relata no seu<br />
artigo 1º:<br />
“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem<br />
na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de<br />
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade<br />
civil e nas manifestações culturais” (LDB, 1996, p.5).<br />
Há afirmação também, que os indivíduos constroem seus conhecimentos mediante<br />
a interação com o outro, sendo a escola a maneira formativa do contato com o mesmo.<br />
Nesse contexto, faz-se necessário que professor esteja sempre repensando sua<br />
prática pedagógica, procurando refletir sobre a importância do seu papel na sociedade, a<br />
fim de estar cada vez mais, em busca de atividades que proporcione a satisfação dos<br />
educandos na obtenção de novas aprendizagens. Para que os educandos se envolvam nas<br />
atividades escolares é preciso que os educadores tenham o cuidado de estar praticando<br />
ações que estejam de acordo com o grupo em que trabalha, promovendo formas de trabalho<br />
que despertem seu interesse.<br />
A prática pedagógica do professor cristaliza uma tendência de acordo com cada<br />
época, estas vão sendo transformadas devido às exigências sociais, percorrendo, assim,<br />
um longo caminho na educação, partindo de saberes variados, os quais foram produzidos<br />
pela humanidade. A maneira como a escola organiza o processo de ensino-aprendizagem<br />
sistematiza a tendência abordada em determinado momento no decorrer do tempo.<br />
As tendências pedagógicas discutidas atualmente foram definidas com base no<br />
pensamento pedagógico europeu, o qual foi propagado por todo o mundo, dentre elas<br />
15
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
16<br />
destacam-se a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Renovada (LIBÂNEO,<br />
1991). Estas se opõem por divergirem no que acreditam ser correto na forma<br />
de como ensinar e aprender atitudes necessárias para sobrevivência do<br />
indivíduo.<br />
PEDAGOGIA TRADICIONAL<br />
- A educação tem uma proposta<br />
centrada no professor, o qual é o detentor do<br />
saber sendo superior ao aluno, pois é ele quem<br />
vigia corrige e transmite conhecimentos,<br />
ocupando o cargo de autoridade máxima na sala<br />
de aula. Os alunos são tidos como “tábua rasa”,<br />
por acreditar que os mesmos nada sabem e<br />
vão à escola como seres passivos com o intuito<br />
de acumular conhecimentos, estes são<br />
tratados de forma isolada do cotidiano.<br />
- É valorizado o ensino da cultura geral,<br />
em que os conteúdos são vistos como verdades<br />
acabadas inquestionáveis, e expostos de forma<br />
oral seguindo passos fixos e pré-determinados<br />
que são utilizados em qualquer contexto escolar.<br />
Acredita-se, com essa metodologia que o aluno<br />
aprende ouvindo, repetindo da mesma maneira<br />
como lhe foi passado em diversos exercícios,<br />
memorizando e reproduzindo o mesmo na<br />
avaliação feita pelo professor, “A escola centrouse<br />
cada vez mais no conhecimento teórico,<br />
científico, um conhecimento distanciado da<br />
vida, de caráter abstrato, cuja aplicação não se<br />
vê imediatamente. E a escola, muitas vezes,<br />
parte do pressuposto de que os alunos devem<br />
estar interessados em adquirir esse<br />
conhecimento...” (DELVAL, 2001, p.84). Sendo<br />
assim, a mesma ocupa um lugar responsável<br />
na transmissão de conhecimentos científicos,<br />
os quais são desinteressantes para os alunos<br />
por ser distante da sua vivência.<br />
As tendências educacionais comentadas sofreram diversas críticas no sentido de<br />
estarem sempre valorizando as classes sociais mais alta, pois:<br />
[...] cada classe social desenvolve<br />
modelos próprios de comportamentos<br />
ideais, instrumentos conceptuais diferentes<br />
de compreensão das formas de<br />
conhecimento e até um conteúdo cultural<br />
apropriado às suas condições históricas de<br />
existência. Logo, não há um conteúdo fixo e<br />
PEDAGOGIA RENOVADA<br />
- A Pedagogia Renovada propõe a<br />
renovação escolar, na qual o mais importante é<br />
o processo de aprendizagem do individuo. Nesta<br />
pedagogia o aluno é visto e valorizado como<br />
um ser livre, social e ativo, que aprende a partir<br />
de suas descobertas e interesses, sendo sua<br />
livre expressão valorizada pelo professor.<br />
- O professor tem como função facilitar<br />
a busca de conhecimento do aluno,<br />
proporcionando situações que desenvolvem as<br />
capacidades e habilidades intelectuais, assim<br />
“...enquanto a escola tradicional é julgada como<br />
aquela adequada aos sistemas sociais estáveis,<br />
cuja continuidade do status quo é desejada a<br />
escola nova é apropriada as sociedades em<br />
desenvolvimento, que necessitam de espíritos<br />
empreendedores e adaptados às mudanças<br />
aceleradas”. (PORTO, 1999, p.40). Devido a<br />
tantas modificações ocorridas no mundo as<br />
escolas vão transformando suas atividades a<br />
fim de que seus alunos acompanhem esse<br />
desenvolvimento contínuo.<br />
absoluto a ser atingido (escola tradicional),<br />
nem a escola pode ser uma miniaturização<br />
idealizada da sociedade (escola nova), e<br />
tampouco o comportamento dos alunos pode<br />
ser controlado em face de objetivos<br />
preestabelecidos (escola tecnicista).<br />
(PORTO, 1999, p.42).
Na tentativa de formular uma educação transformadora que favorecesse o interesse<br />
do povo, foi surgindo primeiro a Pedagogia Libertadora, inspirada por Paulo Freire e a<br />
Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, estas “[...] trata-se de duas tendências<br />
pedagógicas progressistas, propondo uma educação escolar crítica a serviço das<br />
transformações sociais e econômicas, ou seja, de superação das desigualdades sociais<br />
decorrentes das formas sociais capitalistas de organização da sociedade. No entanto,<br />
diferem quanto a objetivos imediatos, meios e estratégias de atingir essas metas gerais<br />
comuns” (LIBÂNEO, 1991, p.69). Essa pedagogia tem como objetivo proporcionar o<br />
funcionamento de escola mediadora entre os alunos e os conteúdos, e estes são tidos<br />
como conhecimentos dinâmicos e questionáveis.<br />
Na Pedagogia Libertadora a proposta é de uma educação que favoreça aos<br />
estudantes um pensamento crítico que transforme a realidade social, a fim de superar as<br />
desigualdades existentes. Nesta tendência, o professor é visto como o coordenador de<br />
atividades, as quais são em torno de temas sociais e políticos, envolvendo problemas a<br />
serem analisados com o intuito de estruturar uma forma para atuar na transformação da<br />
realidade concreta, após o conhecimento da mesma.<br />
Alguns educadores não aceitaram a proposta da Pedagogia Libertadora afirmando<br />
que essa tendência dá pouca importância ao saber cultural da humanidade, acreditando<br />
que não era suficiente apenas conhecer as questões sociais, o que é uma visão equivocada.<br />
Surgindo a partir daí a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos em que faz-se necessário<br />
também construir o domínio de conhecimentos, capacidades e habilidades que possibilitem<br />
aos alunos interpretar e buscar seus interesses pessoais e sociais.<br />
Como foi relatado acima “[...] o que importa é que os conhecimentos sistematizados<br />
sejam confrontados com as experiências sócio-culturais e a vida concreta dos alunos, como<br />
meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos [...]” (LIBÂNEO,<br />
1991, p.70). O ensino deve envolver o domínio de conteúdos científicos, e a problemática<br />
social cotidiana para que através deles os estudantes tenham possibilidade de formar a<br />
sua consciência crítica.<br />
Diante das tendências abordadas é notável que a educação variasse ao longo do<br />
tempo, e devido a tantas transformações ocorridas os educadores estão à procura de<br />
melhorias na área em que atuam.<br />
Vasconcellos nos mostra que é anseio de muitos profissionais que o ambiente escolar<br />
seja um espaço utilizado para o crescimento integral do indivíduo. “[...] nosso desejo é que<br />
a escola cumpra um papel social de humanização emancipação, onde o aluno possa<br />
desabrochar, crescer como pessoa e como cidadão, e onde o professor tenha um trabalho<br />
menos alienado e alienante, que possa repensar sua prática, refletir sobre ela, dar-lhe um<br />
novo significado e buscar novas alternativas [...]” (VASCONCELLOS, 1999). Sendo assim<br />
os educadores devem estar em constantes reflexões das suas atitudes, buscando renovar<br />
sua prática pedagógica a fim de ajudar os educandos a enfrentar os obstáculos existentes<br />
na sociedade.<br />
Transformar a educação com o objetivo de proporcionar aos<br />
indivíduos melhor aproveitamento da sua escolarização é o desejo<br />
de muitos educadores, os quais estão a cada dia<br />
em busca de novos conhecimentos que<br />
favoreçam seus alunos na conquista de novos<br />
saberes. Segundo Zabala (2001) para que o<br />
aluno construa sua aprendizagem pessoal<br />
deve haver a contribuição de uma outra pessoa,<br />
porém esta construção precisa ser de interesse e<br />
17
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
18<br />
disponibilidade do educando, partindo de seus conhecimentos prévios e sua<br />
experiência para conceder um significado ao seu estudo.<br />
É necessário que os educadores ajudem os alunos a confiar em suas<br />
capacidades para que não desistam diante dos obstáculos, pois os mesmos<br />
devem estar cientes de que aprender não é fácil e neste processo existem<br />
diversos desafios que precisam, ser superados. Com isso ao educador cabe<br />
iniciar um trabalho um pouco além do que o aluno já compreende, sendo uma<br />
provocação que desperte seu interesse, a qual na resolução os alunos sintam<br />
o prazer de ter superado a dificuldade e conquistado novos conhecimentos.<br />
Para que o educador promova atividades interessantes aos seus alunos, ele precisa<br />
planejar seu trabalho e se dedicar ao mesmo, procurando diversificadas formas que<br />
favoreçam a aprendizagem. Uma das maneiras de elaborar atividades é que as mesmas<br />
sejam ordenadas, de maneira articulada formando uma seqüência que auxiliem os alunos<br />
na compreensão dos assuntos abordados.<br />
A seqüência de atividades favorece um melhor relacionamento entre elas tornandoas<br />
interligadas e envolvendo os alunos na participação das mesmas, assim:<br />
“[...] a identificação das fases de uma seqüência didática, as atividades<br />
que a conformam e as relações que se estabelecem deve nos servir para<br />
compreender o valor educacional que têm, as razões que as justificam e a<br />
necessidade de introduzir mudanças ou atividades novas que a melhorem [...]”<br />
(ZABALA, 1998, p. 54). Por isso, o educador deve estar em constante processo<br />
de reflexão, a fim de identificar o que precisa ser modificado em sua prática.<br />
Uma das coisas que o docente precisa privilegiar em sua seqüência didática é o de<br />
elaborar atividades de acordo com o interesse do aluno, para que não proponha algo que<br />
desestimulem seus desejos, por ser muito fácil de resolver ou por não terem construído<br />
ainda os esquemas cognitivos para a mesma.<br />
No entanto, muitos educadores vão em busca de estudos que os ajudem na<br />
descoberta de novos conhecimentos, os quais despertem em seus educandos o gosto do<br />
aprender. A procura do crescimento profissional faz com que o indivíduo se depare com<br />
situações conflitantes em relação suas atitudes e as de outras pessoas e as informações<br />
estudadas. O conflito de muitos educadores ocorrem no instante em que têm a oportunidade<br />
de estar observando a prática pedagógica do outro, analisando e refletindo sobre a forma<br />
de agir do colega, e muitas vezes se encontrando nas atitudes do mesmo.<br />
Cinema e Conhecimento...<br />
O cinema é mágico e nos leva a lugares longínquos, jamais vistos... ao mesmo tempo<br />
nos transporta a nós mesmos, ao que há de mais íntimo e muitas vezes desconhecido do<br />
nosso próprio universo da consciência, da racionalidade. O olhar do cineasta nos faz sonhar<br />
e refletir sobre nossa vida.
Filmes que nos fazem pensar, refletir, agir e mudar, orientando nossos caminhos...<br />
O Sorriso de Monalisa – Nike Newell<br />
Katherine Watson é uma solteirona convicta, mulher moderna, que<br />
sai da ensolarada e liberal Califórnia com destino à pacata Nova Inglaterra.<br />
Katherine será professora de História da Arte em uma das mais<br />
conceituadas universidades americanas, a Wellesley. Ao chegar no seu novo<br />
trabalho, Katherine logo entende que todas suas alunas são mais do que<br />
apenas inteligentes e esforçadas. Mas isso não faz delas perfeitas. Entra,<br />
então, a função primordial de um bom educador, ensinar a pensar. E este<br />
passa a ser o principal intuito de Katherine, depois de perceber que a maioria das meninas<br />
ali tinha enorme potencial, mas o jogariam fora se casando e vivendo uma vida de servidão<br />
domiciliar.Mais do que qualquer professora novata, ela vai ser questionada não apenas<br />
pelo seu jeito de lecionar, mas também pela sua vida pessoal. Afinal, na década de 50, não<br />
era comum ver mulheres que abriam mão da “estabilidade” de um casamento em favor do<br />
sucesso profissional.<br />
O Óleo de Lorenzo - George Miller<br />
Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos,<br />
estranhas coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas<br />
de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma doença<br />
extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro,<br />
levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais do menino<br />
ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento<br />
para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar<br />
sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.<br />
Central do Brasil – Walter Salles<br />
Dora (Fernanda Montenegro) escreve cartas para analfabetos na<br />
Central do Brasil. Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil<br />
desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da população<br />
migrante, que tenta manter os laços com os parentes e o passado.<br />
Mentes que Brilham – Jodie Foster<br />
Fred Tate é um superdotado que vive com a sua mãe Dede Tate,<br />
uma empregada de mesa, que se esforça para o educar como uma criança<br />
normal, mas que apesar de tudo não o consegue integrar num meio que<br />
facilmente marginaliza todos aqueles que se mostram diferentes. Recorre<br />
então a Jane Griersm uma psicóloga diretora de uma escola para<br />
superdotados, que se deixa maravilhar pela inteligência e sensibilidade de<br />
Fred e que decide escrever um livro sobre ele. Jane pede, então, a sua<br />
guarda a Dede, por um verão, alegando que Fred poderá assistir a um curso universitário<br />
enquanto ela o observa. Neste período de afastamento da sua mãe, Fred descobrirá que<br />
toda a sua inteligência não significará muito sem ninguém que o ame e acarinhe com a uma<br />
criança normal.<br />
19
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
20<br />
O jardim secreto – Agnieszka Holland<br />
No início do século XX, Mary Lennox (Kate Maberly)<br />
vivia na Índia com seus pais, que não lhe davam muita atenção.<br />
Porém um estouro de elefantes os mata e, seis meses depois,<br />
Mary desembarca em Liverpool, na Inglaterra, para viver com<br />
Lorde Archibald Craven (John Lynch), seu tio, na mansão<br />
Misselthwaite, uma construção feita de pedra, madeira e metal<br />
na qual existem segredos e antigas feridas. Mary estava<br />
assustada naquele solar com várias dezenas de quartos e era incrivelmente<br />
mimada, pois lhe desagradava a idéia de vestir suas roupas, já que na Índia isto era tarefa<br />
de suas aias.A mansão é administrada pela Sra. Medlock (Maggie Smith), uma rigorosa e<br />
fria governanta. Lorde Craven perdeu a mulher há dez anos e nunca mais conseguiu superar<br />
a tragédia. Para piorar Colin Craven (Heydon Prowse), seu filho, também sobre de extrema<br />
apatia, sempre recolhido no seu quarto. Mais uma vez negligenciada, Mary passa a explorar<br />
a propriedade e descobre um jardim abandonado. Entusiasmada com a descoberta, Mary<br />
decide restaurar o lugar com a ajuda do filho de um dos serviçais da casa.<br />
A Ética Profissional do Educador<br />
A qualificação dos alunos como sujeitos de refletir historicamente exige<br />
do professor convicção e persistência para executar um processo demorado<br />
cujos resultados no curto prazo podem deixar a desejar, especialmente<br />
considerar-se o peso da tradição escolar (CALLAI, 1997).<br />
Moral e ética às vezes são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de<br />
princípios ou padrões de conduta (PCN, 1998, p. 69). A ética pode também significar filosofia<br />
da moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre os valores e as normas de conduta. Em<br />
outro sentido, ética pode significar um conjunto de princípios e normas que um grupo<br />
estabelece para seu exercício profissional.<br />
Em outro sentido ainda pode referir-se a uma distinção entre princípios que dão<br />
rumo ao pensar sem, diante mão, prescrever formas precisas de conduta (Ética) e regras<br />
precisas e fechadas (Moral). Neste sentido, é importante atentar para o fato da expressão<br />
moral ter, para muitos, adquirido sentido pejorativo associado a moralismo. Desta forma,<br />
cabe ao docente entender ética como valores e regras, não como apenas regras, em seu<br />
sentido estrito.<br />
Partindo-se do pressuposto de que é preciso o<br />
professor possuir critérios, valores e, ainda mais, estabelecer<br />
relações e hierarquias entre esses valores para nortear sua<br />
prática é imprescindível perceber que o universo do<br />
conhecimento é amplo e complexo. Compreender<br />
que somos seres humanos inacabados e estamos<br />
buscando a melhoria da qualidade de ensino,<br />
constantemente, requer dos profissionais da<br />
educação uma conduta, uma ética profissional, um<br />
diagnóstico da realidade na qual está inserido, e mais<br />
que isso, compreender o seu aluno em suas dificuldades<br />
e possibilidades.
Escola Democrática já é uma Lição<br />
O respeito mútuo, a justiça, a justiça, o diálogo e a solidariedade são pontos de<br />
destaque dentro do conteúdo de ética no Ensino Fundamental. A importância de inclui-los<br />
no programa se torna clara quando as diversas etnias, culturas, religiões e opiniões presentes<br />
na formação da população brasileira são levadas em conta. Essa diversidade gera<br />
preconceitos que se manifestam na forma de intolerância ou desprezo com relação ao que<br />
é diferente. Seus alunos devem saber que todas as pessoas são dignas de respeito, não<br />
importa o sexo, a idade, a cultura, a raça, classe social ou grau de instrução.<br />
A ética permeia todo o currículo. É uma discussão que perpassa pelas guerras<br />
estudadas nas aulas de História, pelo jeito certo ou errado de falar nossa língua e pelo<br />
cuidado com o meio ambiente. Além disso, o tema está presente nas relações internas da<br />
escola. A convivência democrática entre professores e alunos ou entre colegas vale como<br />
uma bela experiência para estudantes.<br />
(Nova Escola, 2001)<br />
A própria lei — Diretrizes Curriculares Nacionais — dá ao professor e à instituição<br />
uma flexibilidade para que se desenvolva a ética e a pluralidade cultural em nossas escolas<br />
e incentiva a formação integral do cidadão. Podemos ser agentes transformadores e<br />
pesquisadores de saberes da prática docente, que irão proporcionar prazer e alegria ao<br />
educando que busca o conhecimento, incansavelmente, acreditamos ser este o papel ético<br />
do professor.<br />
De acordo com Freire (1981 p. 52) é necessário:<br />
O desenvolvimento de uma consciência crítica,<br />
que permite ao homem transformar a realidade, é cada<br />
vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro<br />
de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do<br />
mundo, vão também fazendo história, por sua própria<br />
atividade criadora.<br />
Mudar é preciso e necessário para saber conviver no século XXI. Mudar nossos<br />
paradigmas com relação ao que fomos e ao que somos; ao que aprendemos no passado e<br />
ao que estamos aprendendo no agora. Sendo assim, torna-se um desafio “aprender a<br />
aprender”, “aprender a ser” e “aprender a fazer” (DELORS, 2000, p. 89-99) no processo de<br />
ensino-aprendizagem.<br />
Reavaliar nossos conceitos, concepções e valores traz para o nosso mundo real<br />
uma visão multidimensional do nosso ser. É preciso ter sabedoria, coragem, determinação,<br />
prudência, serenidade para atuar na escola de hoje que é dinâmica, transformadora.<br />
As mudanças não ocorrem por um acaso. Elas obedecem à evolução da humanidade<br />
e ao desejo de transformação, levando o homem a atuar no universo de forma progressista.<br />
O conhecimento tem chegado de forma assustadora no universo escolar. Com o processo<br />
de globalização as informações estão conectadas em rede, e nós não conseguimos<br />
acompanhar esse universo informativo que está chegando a todo o momento. E como<br />
avaliaríamos tais informações, sendo professores?<br />
É muito complexo entender e compreender essas questões que não deixam de<br />
participar de nosso dia-a-dia e de nossa prática profissional. Quantas vezes, na sala de<br />
aula, o aluno traz informações das quais, nós não estamos preparados para responder? O<br />
21
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
22<br />
aprender a ouvir o aluno e estar participando com ele do processo ensinoaprendizagem<br />
é outro desafio que teremos que enfrentar no cotidiano escolar.<br />
Entender o humano, como diz Morin (2000), é complexo. A complexidade<br />
do pensamento humano liga-se a incertezas e, ao mesmo tempo, busca uma<br />
certeza no conhecimento. E o que é o conhecimento? É um aprender a ser<br />
avaliado para saber se aprendeu? Por que tantas exigências, sem nem ao<br />
menos sabemos para que servem?<br />
O refletir, o pesquisar, o se informar sobre nós, enquanto sujeitos e<br />
objetos do conhecimento se torna necessário para compreender o humano.<br />
Corporificar é buscar ser exemplo ou mesmo referência para os alunos, hoje é<br />
importante, pois, muitos se encontram no olhar que têm de um determinado professor que<br />
julga ser o melhor (FREIRE, 1997, p.38). Mesmo essa premissa podendo ser falsa, há<br />
aqueles que nela acreditam e se fundamentam para conseguir lutar pelos seus sonhos.<br />
O professor tem que procurar levar seus alunos a pesquisarem, a se comprometerem<br />
e a construírem sua história, sua identidade em um mundo em constantes transformações.<br />
Buscar melhorar seus hábitos e atitudes são essenciais, para que as mudanças ocorram.<br />
Somos seres mutáveis e necessitamos de nos inter relacionarmos para transformamos<br />
nossas vidas.<br />
Para Freire (1997, p. 44):<br />
Não é apenas preciso mudar, o que, porém exige paciência, uma paciência<br />
que eu chamo de impaciente, que exige também conhecimento, humildade e<br />
uma pressa não demasiada apressada, quer dizer, você tem que viver um tempo<br />
em que você corre e anda também, anda quando pode, corre quando pode.<br />
O tempo é o senhor da sabedoria. Temos que confiar em nossa capacidade de<br />
aprender a conhecer o universo cultural em que vivemos. Compreender o ser humano e<br />
suas relações no espaço em que vive. Aprender que as mudanças existem e que podemos<br />
ser pacientes em diagnosticá-las como processo de transformação ou processo de<br />
investigação de nossa própria natureza. Vivemos em um mundo dicotômico, e a partir de<br />
suas irreverências, podemos discernir o que seria melhor para a formação de um cidadão,<br />
político e consciente de sua formação de educador crítico e reflexivo.<br />
Neste contexto, ética no ensino das áreas de conhecimento das séries iniciais do<br />
Ensino Fundamental constitui um dos temas transversais propostos nos Parâmetros<br />
Curriculares Nacionais (1998) e reflete a preocupação para que a escola e o docente realizem<br />
um trabalho que incentive a autonomia na constituição de valores de cada aluno, ajudandoo<br />
a se posicionar nas relações sociais dentro da escola e da comunidade como um todo.<br />
São quatro blocos temáticos principais: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade.<br />
Em síntese...<br />
Todo professor é uma referência para os seus alunos. Sendo assim, deve cumprir<br />
com o seu papel que é o de possibilitar uma reflexão crítica em seus alunos, isto é, no que<br />
diz respeito à ética eles devem ser capazes de:<br />
Compreender o conceito de justiça e perceber a necessidade da construção de uma<br />
sociedade justa;<br />
Respeitar as diferenças entre as pessoas;<br />
Questionar os conteúdos trabalhados e buscar recriá-los frente a sua realidade;
Valorizar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas;<br />
Perceber as relações entre a história do passado com o presente;<br />
Aplicar os conhecimentos adquiridos na escola para construir uma sociedade<br />
democrática.<br />
Texto Complementar...<br />
Ética e Educação no Mundo Globalizado<br />
A sociedade atual caracterizada pelas tecnologias da informação, em escala global<br />
e em ritmo de tempo nulo lança desafios outros à educação escolar, que conta com a<br />
presença ativa do professor na sala de aula. A educação tradicional ocupava-se da<br />
transmissão de conteúdos, fornecimento de informações, já que escassas. Agora, ante o<br />
excesso de informações com que se defrontam alunos e professores, cumprem à educação,<br />
fazê-las significativas às experiências de vida, aos interesses e valores da vida em comum,<br />
desde o cotidiano vivido de cada um à convivência solidária e co-responsável de todos os<br />
homens. Faz-se necessária a consciência de que todo ato humano é ético porque é ato de<br />
linguagem que produz o mundo que se cria com outros na convivência de todos com todos.<br />
Impõe-se hoje uma ecologia cognitiva de redes complexas, na qual interajam os atores<br />
humanos, biológicos, técnicos, os fatores culturais e as conquistas científicas referidas às<br />
situações concretas de vida. E, quanto mais parecem dispensáveis, as relações<br />
interpessoais, calorosas e densas, mas se exigirão elas num mundo aberto à cidadania de<br />
todos por igual, diferençado e plural, na valorização do que é próximo e familiar.<br />
Essas possibilidades imensas que se abrem, esses processos da comunicação<br />
ampliada, dependem, com tudo ou mais, dos usos que deles se façam. Por isso, multiplicamse<br />
também e adensam-se às responsabilidades éticas da escola posta como lugar do debate<br />
e da argumentação discursiva de que participem todos em pé de igualdade e, no sentido<br />
melhor, adquirir a capacidade de entendimento mútuo dos seres humanos entre si, e, com<br />
isso, garantir uma melhor qualidade de vida.<br />
Os conhecimentos que a escola deve disseminar na contemporaneidade não podem<br />
ser encarados como certezas ou verdades absolutas, mas como saberes sempre provisórios,<br />
sempre em movimento de reconstrução nas aprendizagens significativas, abertas a novas<br />
reformulações, controladas por comunidades argumentativas e postas no âmbito da mais<br />
ampla publicidade crítica; por isso, éticas. (Revista Espaços da Escola, 1991).<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1.<br />
Após a leitura, comente a importância do estágio nas<br />
séries iniciais do Ensino Fundamental na perspectiva da<br />
educação atual.<br />
23
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
24<br />
2. Enumere cinco razões que tornam importante a realização do Estágio<br />
Supervisionado.<br />
3. Leia o texto e analisa as questões abaixo:<br />
O Professor e o Ensino da Condição Humana<br />
No que se refere aos parâmetros para o desenvolvimento de propostas à formação<br />
educacional, muitos têm sido os escritos destinados a repensar, em nível mundial, a educação.<br />
Entre eles, destacam-se: Os sete saberes necessários à educação do futuro, de Edgar<br />
Morin (2001), e Educação: um tesouro a descobrir, também denominado Relatório Jacques<br />
Delors. Ambos foram considerados pela UNESCO como referenciais para o<br />
restabelecimento de políticas educacionais para o futuro.<br />
A educação é a forma pela qual há a transmissão de forma maciça e, muitas vezes,<br />
eficaz do conhecimento. Baseando-se em Morin, considera-se que há sete saberes<br />
fundamentais que a educação do futuro deve tratar em toda sociedade e em toda cultura,<br />
sem exclusividade ou rejeição, segundo modelos e regras próprias a cada sociedade e<br />
cada cultura.<br />
O conjunto das reflexões atuais sobre a reforma do sistema educacional, da educação<br />
básica e a formação de professores, requer dois investimentos cognitivos que se<br />
complementam: o exercício de um diálogo capaz de articular nossas competências e a<br />
escolha de meta-temas e princípios que exponham, com clareza, o ideário da educação<br />
que queremos.<br />
Desse ponto de vista, é necessário expor, problematizar e avaliar se a produção do<br />
conhecimento de que dispomos como herança histórico-cultural, responde, de maneira<br />
satisfatória, aos problemas que emergem na sociedade contemporânea, marcados pela<br />
relação de complementaridade e oposição entre ciência, tecnologia e meio ambiente. Mais<br />
que isso, interessa perguntar se nossa prática como educador nos permite projetar e construir<br />
as bases de uma sociedade futura. Abrir as especialidades, prover métodos de pensar que<br />
rejuntem conhecimentos e reconstruir um sujeito capaz de problematizar a condição humana<br />
parecem ser o protocolo básico para repensar a educação. Uma reforma do pensamento<br />
(Morin), orientada pela desconstrução e reconstrução dos atuais modelos cognitivos (Atlan),<br />
certamente facilitará a escolha de fatos portadores de sentido (Rosnay) que possam fazer<br />
da educação o ensino da condição humana em sintonia com os domínios do mundo que<br />
fundam essa condição.<br />
a.<br />
De acordo com o texto, o conhecimento precisa ser pautado em que bases teóricas?
4. Na sua opinião, quais os benefícios que tem um estudante de licenciatura em realizar<br />
um estágio supervisionado?<br />
5. Confronte as principais características da Pedagogia Tradicional e da Pedagogia<br />
Renovada, considerando sua inserção enquanto estagiário-docente.<br />
6.Na sua opinião, a ética é uma palavra em desuso pelos profissionais de educação<br />
ou tem sido um tema que participa ativamente dos debates educativos? Justifique sua<br />
resposta.<br />
7. Explique como o planejamento impulsiona a aquisição de conhecimentos por parte<br />
dos educandos.<br />
8. Descreva a natureza do Estágio Supervisionado, explicitando quais os seus desejos<br />
e expectativas em relação à sua prática.<br />
9.<br />
De acordo com as definições apresentadas e as definições que você conhece<br />
advindas do senso comum, recrie um conceito de ética e um conceito de ética profissional.<br />
25
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
26<br />
<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> NAS SÉRIES<br />
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />
Desenvolvimento Cognitivo dos Alunos<br />
Em uma sociedade democrática, o professor tem vários desafios. Um dos mais<br />
importantes é o de estimular a aprendizagem e desenvolver habilidades e competências<br />
estruturais e básicas nos alunos, preparando-os para se tornarem cidadãos plenos e<br />
emancipados em todos os campos de sua vida. De acordo com Jacques Delors, a educação<br />
deve se fundamentar nos quatro pilares da educação para o século XXI: aprender a ser,<br />
aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver.<br />
Em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à<br />
Prática Educativa, Paulo Freire oferece contribuições valiosas para<br />
conduzir à reflexão sobre a competência docente.<br />
Ensinar exige razão de ser de alguns desses saberes em relação com<br />
o ensino dos conteúdos [...]. Ensinar exige disponibilidade para o diálogo [...]<br />
nas relações com os outros que não fizeram necessariamente as mesmas<br />
opções que eu fiz, no nível da política, da ética, da estética, da pedagogia [...],<br />
que me encontro com eles ou com elas [...]. Ensinar exige o reconhecimento e<br />
a assunção da identidade pensante, comunicante, transformador, criador,<br />
realizador de sonhos [...]. Ensinar exige a apreensão da realidade [...],<br />
transformar a realidade para nela intervir, recriando-a [...]. Ensinar exige<br />
segurança, profissional e generosidade [...]. O fundamental no aprendizado<br />
do conteúdo é a construção da responsabilidade da liberdade que se assume<br />
[...] (FREIRE, 1996, p. 35).<br />
Segundo Fonseca (2003, p. 117), nos últimos anos do século XX, o ensino deveria<br />
ser precedido nas produções de conhecimento no cotidiano escolar. A autora focaliza a<br />
possibilidade de organização do ensino, especificando o de história, por projetos de pesquisa<br />
na atual realidade escolar brasileira.<br />
Zabala (1998, p. 27) complementa que por trás de qualquer proposta metodológica<br />
se esconde uma concepção de valor que se atribui ao ensino, assim como certas idéias<br />
mais ou menos formalizadas e explícitas em relação aos processos de ensinar e aprender.<br />
Neste sentido, o educador precisa acompanhar as mudanças, promovendo na sala<br />
de aula o entendimento entre o tradicional, o novo e o diferente, trabalhando os conflitos,<br />
transformando a escola em um espaço de convivência prazerosa do aprender e do saber,<br />
valorizando a cultura original do aluno.<br />
Uma atividade que agrega ludicidade e teoria é o reflexo de como deve pensar uma<br />
escola no século XXI. Segundo os PCN’s (1998, p. 40), no processo de aprendizagem, o<br />
professor é o principal responsável pela criação de situações de trocas, de estímulos na
construção de relações entre o estudado e o vivido, de integração<br />
com outras áreas de conhecimento, de possibilidade de acesso<br />
dos alunos a novas informações, de confrontos de opiniões,<br />
de apoio ao estudante na recriação de suas<br />
explicações e de transformação do meio em que vive.<br />
Inclusão Digital nas Escolas<br />
Há uma década, computador em escola<br />
brasileira era, quando muito, privilégio de elite. Seu<br />
uso praticamente se restringia a processar textos e a internet era novidade absoluta. Hoje<br />
esses recursos são os mais básicos de uma enorme gama de opções. As escolas públicas<br />
com laboratório de informática ainda são 11% do total, segundo o Ministério da Educação.<br />
Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles estarão em toda a rede de ensino.<br />
Fazer parte dos novos tempos não depende apenas de equipamentos modernos. A<br />
interação que eles permitem pede uma revisão dos métodos tradicionais de ensino. Quanto<br />
mais se mantiverem os hábitos que relegam o aluno a um papel meramente receptor, menos<br />
diferença a tecnologia fará no aprendizado. Em muitas escolas, os computadores ficam<br />
durante a maior parte do tempo confinados a salas que só se abrem para aulas de informática,<br />
sem se incorporar ao projeto pedagógico. É como deixar trancados os livros da biblioteca<br />
ou limitar seu uso ao processo estrito de alfabetização.<br />
Em geral, crianças e jovens sabem aproveitar por conta própria as oportunidades<br />
oferecidas pelo mundo digital, ainda que - claro - com propósitos recreativos. Segundo o<br />
Comitê Gestor da Internet no Brasil, dos 32,1 milhões de usuários da rede no país, a maioria<br />
é jovem. Alguns professores ficam constrangidos diante dessa desenvoltura, mas não há<br />
razão para isso. O papel do professor, portanto, é dar um sentido ao uso da tecnologia,<br />
produzir conhecimento com base em um labirinto de possibilidades. É possível, por exemplo,<br />
estimular o raciocínio lógico com jogos virtuais ou criar páginas na internet para os alunos<br />
publicarem seus textos.<br />
Texto adaptado da Revista Nova escola<br />
(http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0195/aberto/mt_161219.shtml).<br />
Inteligências Múltiplas e diversidade em Sala de Aula<br />
Etimologicamente, a palavra “inteligência”, no latim intellego origina-se da junção<br />
das palavras inter (entre) e eligere (escolher), que em seu sentido mais amplo, significa<br />
capacidade para compreendermos as coisas. Convencionalmente a inteligência é entendida<br />
como a faculdade de compreender. O primeiro sentido diz respeito a questões como: a<br />
inteligência é também uma questão de discernimento, de distinção, discriminação.<br />
De acordo com Antunes (1998, p. 18), a inteligência “é produto de uma operação<br />
cerebral e permite ao sujeito resolver problemas e, até mesmo, criar produtos que tenham<br />
27
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
28<br />
valor específico dentro de uma cultura”. Sob esta ótica, a inteligência contribui<br />
para que em situações difíceis possamos perceber e criar alternativas através<br />
das quais possamos decidir em optar ou venhamos a dar sugestões<br />
significativas para resolução e/ou encaminhamento de um determinado<br />
problema.<br />
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) aborda<br />
o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que<br />
permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área<br />
de atuação. Sua insatisfação com a idéia de quociente de inteligência (QI) e com visões<br />
unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o<br />
sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da<br />
habilidade para resolver problemas.<br />
Assim, a inteligência pode ser entendida como apacidade inata, geral e única, que<br />
permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de atuação.<br />
Sua insatisfação com a idéia de quociente de inteligência (QI) e com visões unitárias de<br />
inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o sucesso escolar,<br />
levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver<br />
problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas<br />
culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções,<br />
culturalmente apropriadas, para os seus problemas, o autor trabalhou no sentido inverso ao<br />
desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem<br />
a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também:<br />
O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças<br />
superdotadas;<br />
Adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua<br />
produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades<br />
sejam sequer atingidas;<br />
Populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os<br />
primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais<br />
funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades<br />
intelectuais; (d) como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.<br />
Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu<br />
colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da<br />
simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que<br />
processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com<br />
símbolos lingüísticos, numéricos gestuais ou outros.<br />
Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o<br />
que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média<br />
em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o<br />
desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar<br />
significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que<br />
não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma<br />
área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios.<br />
Num plano de análise psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem<br />
seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza<br />
pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.<br />
Ele sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma<br />
horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e
que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas<br />
independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com<br />
possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.<br />
Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade<br />
de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos<br />
possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as<br />
inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada<br />
tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Ele propõe,<br />
ainda, que cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, ou de<br />
processamento de informações, além de seu sistema simbólico. Estes sistemas simbólicos<br />
estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e<br />
funções culturais.<br />
Segundo Antunes (1998), os estímulos são o alimento da inteligência e estão<br />
presentes desde o início da infância, contudo isto deve ocorrer de maneira maneira gradual,<br />
sem excessos, pois “estimulações excessivas, já se disse antes, possui o mesmo sentido<br />
que alimentação em quantidade acima da necessidade”. Neste sentido, cabe ao professor<br />
estar conectado ao educando o tempo todo, observando seus interesses. É importante ter<br />
em mãos os recursos para que sejam usados com sobriedade e, principalmente, com a<br />
participação da comunidade escolar.<br />
“Nunca confunda velocidade na<br />
aprendizagem com inteligência”<br />
(ANTUNES, 1998)<br />
A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua<br />
definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que<br />
são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns talentos<br />
só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura<br />
valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e,<br />
depois, passados para a geração seguinte.<br />
As implicações da teoria de Gardner para a educação são claras quando se analisa<br />
a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento<br />
das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios, a aquisição de<br />
conhecimento e a cultura.<br />
As inteligências em um ser humano são mais ou menos como<br />
janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos, sem pressa, e pra cada etapa<br />
dessa abertura existem múltiplos estímulos... Os estímulos não atuam<br />
diretamente sobre a janela, mas se aplicado adequadamente, desenvolve<br />
habilidades e estas, sim, conduzem a APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS<br />
(ANTUNES, 19980).<br />
29
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
30<br />
Thomas Armstrong incorpora, em seus escritos, as pesquisas mais<br />
novas de Gardner e outros estudiosos. Os estudos originais de Gardner<br />
sugerem que a mente humana é composta por sete inteligências – lingüística,<br />
lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal,<br />
intrapessoal, naturalista e, possivelmente, existencial. Os estudos de Armstrong<br />
proporcionam ajudar educadores de todos os níveis a aplicarem a teoria das<br />
IM ao desenvolvimento de currículos, planejamento de aulas, avaliação,<br />
educação especial, habilidades cognitivas, tecnologia educacional,<br />
desenvolvimento de carreira, políticas educacionais e muito mais. Armstrong apresenta<br />
instrumentos, recursos e idéias que os professores poderão usar imediatamente para ajudar<br />
alunos de todas as idades a atingirem o seu potencial máximo na vida.<br />
Com o surgimento desta teoria o conceito de inteligência foi reestruturado e o ser<br />
humano passou a ser compreendido na sua multidimensão. As discussões evidenciavam<br />
que as inteligências são competências, e dessa forma se responsabiliza pela solução<br />
específica de problemas diferenciados com a capacidade de criação de “produtos” válidos<br />
para uma determinada cultura.<br />
De acordo com Gardner (1996), seriam oito as inteligências, denominadas<br />
inteligências múltiplas: inteligências lingüística ou verbal, a lógica-matemática, a espacial, a<br />
musical, a cinestésica corporal, a naturalista e as inteligências pessoais, isto é, intrapessoal<br />
e a interpessoal. Posteriormente, outras inteligências vêm sendo estudadas. Mas para efeito<br />
do nosso trabalho educativo entendemos que o trabalho de Antunes ainda nos satisfaz.<br />
Vejamos como Antunes (1998, p.111-113) inspirado em Gardner, apresentou as<br />
inteligências:<br />
Lingüística: capacidade de processar rapidamente mensagens lingüísticas, de ordenar<br />
palavras e de dar sentido lúcido às mensagens;<br />
Lógico-matemática: facilidade para o cálculo e para a percepção da geometria<br />
espacial. Prazer específico em resolver problemas embutidos em palavras cruzadas,<br />
charadas ou problemas lógicos como os do tangram, dos jogos de gamão ou xadrez;<br />
Espacial: capacidade de perceber formas e objetos mesmo quando apresentados<br />
em ângulos não-usuais, capacidade de perceber o mundo visual com precisão, de efetuar<br />
transformações sobre as percepções, de imaginar movimento ou deslocamento interno entre<br />
as partes de uma configuração, de recriar aspetos de experiência visual e de perceber as<br />
direções no espaço concreto e abstrato;<br />
Musical: facilidade para identificar sons diferentes, perceber nuanças em sua<br />
intensidade e direcionalidade. Reconhecer sons naturais e, na música, perceber a distinção<br />
entre tom, melodia, ritmo, timbre e freqüência. Isolar sons em agrupamentos musicais;<br />
Cinestésica corporal: capacidade de usar o próprio corpo de maneira diferenciada<br />
e hábil para propósitos expressivos. Capacidade de trabalhar com objetos, tanto os que<br />
envolvem motricidade específica, quanto os que exploram uso integral do corpo;<br />
Pictórica: capacidade de expressão por traço, desenho ou caricatura. Sensibilidade<br />
para dar movimento e beleza a desenhos e pinturas, autonomia para captar e retransmitir<br />
as cores da natureza, movimentar-se com facilidade de diferentes níveis da computação<br />
grafia;
Naturalista: atração pelo mundo natural e sensibilidade em relação a ele, capacidade<br />
de êxtase diante da paisagem humanizada ou não;<br />
Pessoais: interpessoal – capacidade de perceber e compreender outras pessoas,<br />
descobrir as forças que as motivam e sentir grande empatia pelo outro indistinto. Intrapessoal<br />
– capacidade de auto-estima, automotivação, de formação de um modelo coerente e verídico<br />
de si mesmo e do uso desse modelo para operacionalizar a construção da felicidade pessoal<br />
e social;<br />
Neste sentido, Antunes (1998), apresentou algumas sugestões de ações no intuito<br />
de desenvolver tais habilidades nos educandos:<br />
Espacial: exercícios físicos e jogos operatórios que explorem a noção de direita,<br />
esquerda, em cima e em baixo. Natação, judô e alfabetização cartográfica;<br />
Lingüística ou verbal: as crianças precisam ouvir muitas palavras novas, participar<br />
de conversas estimulantes, construir com palavras imagens sobre composição com objetos,<br />
aprender, quando possível, uma língua estrangeira;<br />
Sonora ou musical: cantar junto com a criança e brincar de “aprender a ouvir” a<br />
musicalidade dos sons naturais e das palavras são estímulos importantes, como também<br />
habituar-se a deixar um som de CD no aparelho de som, com música suave, quando a<br />
criança estiver comendo, brincando ou mesmo dormindo;<br />
Cinestésica corporal: desenvolver brincadeiras que estimulem o tato, o paladar e o<br />
olfato. Simular situações de mímica e brincar com a interpretação dos movimentos. Promover<br />
jogos e atividades motoras diversas;<br />
Pessoais (intra e interpessoal): abraçar a criança carinhosamente, brincar bastante.<br />
Compartilhar de sua admiração pelas descobertas. Mimos e estímulos na dosagem e na<br />
hora corretas são importantes;<br />
Lógico-matemática: acompanhar com atenção a evolução das funções motoras.<br />
Exercícios com atividades sonoras que aprimorem o raciocínio lógico-matemático. Estimular<br />
desenhos e facilitar a descoberta das escalas presentes em todas as fotos e desenhos<br />
mostrados;<br />
Pictórica: estimular a identificação de cores. Usar figuras, associando-as às palavras<br />
descobertas. Brincar de interpretação de imagens. Favorecer figuras de revistas e estimular<br />
o uso de abstrações nas interpretações;<br />
Naturalista: estimular a percepção da temperatura e do movimento do ar e da água.<br />
Brincar de “descobrir” a chuva, o mar, o vento.<br />
Assim, conheça os caminhos para estimular as inteligências múltiplas em sala de<br />
aula, segundo Armstrong (2000):<br />
Variar a maneira de apresentar o material;<br />
31
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
32<br />
Criar centros de atividades;<br />
Dar aos alunos opções de tarefas de casa;<br />
Ensinar aos alunos sobre as Inteligências Múltiplas;<br />
Concentrar-se nas potencialidades de alunos rotulados;<br />
Usar as Inteligências múltiplas para desenvolver avaliações;<br />
Preparar alunos para o mundo (das Inteligências Múltiplas) real.<br />
Durante o Estágio Supervisionado a ser desenvolvido nas instituições<br />
de ensino, torna-se fundamental estarmos atentos no que diz respeito ao desenvolvimento<br />
das múltiplas inteligências, e possíveis relações com o desenvolvimento da aprendizagem.<br />
Identificá-las e analisar suas implicações com a aprendizagem é importantíssimo, para que<br />
durante a sua co-participação nas atividades escolares, você obtenha sucesso.<br />
Princípios orientadores da ação pedagógica na sala de aula:<br />
interdisciplinaridade e contextualização<br />
A vida cotidiana impõe aos cidadãos situações nas quais o ato de pesquisar está<br />
constantemente presente. Dessa forma, a construção de saberes escolares deve seguir os<br />
moldes dos saberes construídos na vida. Isso exige empenho dos profissionais de educação<br />
no sentido de efetuarem intervenções pedagógicas que favoreçam a pesquisa no contexto<br />
escolar.<br />
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – lei nº 9.394/96) foi a<br />
responsável por uma nova onda de debates sobre a formação docente no Brasil. Antes<br />
mesmo da aprovação dessa lei, o seu longo trânsito no Congresso Nacional suscitou<br />
discussões a respeito do novo modelo educacional para o Brasil e, mais especificamente,<br />
sobre os novos parâmetros para a formação de professores.<br />
Atualmente, aprender a aprender é condição primordial para o processo de aquisição<br />
de um conhecimento de qualidade na sala de aula. Através da interdisciplinaridade e da<br />
contextualização cria-se a possibilidade de construção de aprendizagens significativas.<br />
A interdisciplinaridade é um processo de conhecimento que busca a cooperação<br />
ativa entre áreas do saber, permitindo o intercâmbio e o enriquecimento na compreensão e<br />
explicação do universo a ser pesquisado. Supõe, portanto, a decisão intencional de se<br />
estabelecerem nexos e vínculos existentes entre as várias disciplinas de modo a privilegiar<br />
todos os aspectos: históricos, políticos, econômicos, socioculturais, na compreensão da<br />
dinâmica do ser humano, concretizada no diálogo entre os diversos saberes, de forma que<br />
possam emergir novas formas de interpretação da realidade.<br />
A prática reflexiva, profissionalização, trabalho em equipe e por projetos, autonomia<br />
e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre dispositivos<br />
e sobre as situações de aprendizagem, sensibilidade à relação com o saber e com a lei<br />
delineiam o roteiro para o novo ofício. Logo, a dimensão do ensino e da aprendizagem é<br />
marcada por um tipo especial de relação, mediada pela apropriação do saber.<br />
O ofício de professor não é imutável. Suas mudanças passam principalmente pela<br />
emergência de novas “competências” (ligadas, por exemplo, ao trabalho com outros<br />
profissionais ou à evolução das didáticas) ou pela acentuação de competências<br />
reconhecidas, por exemplo, para enfrentar a crescente heterogeneidade dos efetivos<br />
escolares e a evolução dos programas.
Segundo Perrenoud (2000), todo referencial tende a se desatualizar pela mudança<br />
das práticas e, também, porque a maneira de concebê-las se transforma. Há 30 anos, não<br />
se falava tão correntemente de tratamento das diferenças, de avaliação formativa, de<br />
situações didáticas, de prática reflexiva, de metacognição... Podendo ir mais longe, de<br />
multidisciplinaridade, de interdisciplinaridade, de transdisciplinaridade, de inteligências<br />
múltiplas e assim por diante.<br />
O referencial escolhido acentua as competências julgadas prioritárias por serem<br />
coerentes com o novo papel dos professores, com a evolução da formação contínua, com<br />
as reformas do ensino, com as ambições das políticas educativas.<br />
Ele é compatível com os eixos de renovação da escola: individualizar e diversificar<br />
os percursos de formação, introduzir ciclos de aprendizagem, diferenciar pedagogia,<br />
direcionar-se para uma avaliação mais formativa do que normativa, conduzir projetos de<br />
estabelecimento, estabelecer o trabalho em equipe docente e responsabilizar-se<br />
coletivamente pelos alunos no centro da ação pedagógica, recorrer aos métodos ativos,<br />
aos procedimentos de projetos, ao trabalho por problemas abertos, desenvolver as<br />
competências e transferência de conhecimentos, ou seja, educar para a cidadania.<br />
Pensando, Fazendo e Acontecendo...<br />
Sugestão de atividades nas séries iniciais do Ensino Fundamental<br />
A apropriação do conhecimento deve se dar de maneira dinâmica e dialética, dirigida<br />
a contribuir com a ética e as atuações conseqüentes ao engrandecimento das mais belas<br />
tradições, bem como com a consecução do progresso, do amor à natureza e do benefício<br />
social.<br />
As atividades devem vincular-se com os procedimentos apropriados ao ensino<br />
participativo individual e em grupo, em forma de realizações tangíveis; uso de informação;<br />
construção de modelos; confecção de instrumentos; elaboração de entrevistas; obtenção<br />
de resultados; realização de observações e apresentação de registros em forma de tabelas,<br />
gráficos, fotos, relatórios, e outros.<br />
Assim, são aplicáveis as utilizações de vídeos, livros, computadores, Internet, visitas;<br />
contatos com laboratórios, entidades, indústrias, universidades (especialmente com seus<br />
funcionários e trabalhadores) e outras formas ativas de obtenção de conhecimentos,<br />
habilidades e informação, sempre dirigidos ao cumprimento dos objetivos previamente<br />
estabelecidos.<br />
OS LIVROS DIDÁTICOS - No crescimento da qualidade do ensino fundamental<br />
oferecido nas escolas brasileiras está priorizado o uso adequado e o aprimoramento do<br />
livro didático. Isto é essencial ao processo de ensino e aprendizagem, apresentando-se<br />
como instrumento básico do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, dentro e<br />
fora da sala de aula.<br />
Como instrumento de aprendizagem, o livro didático, junto aos demais instrumentos,<br />
deve ser usado para apresentar o estudo de conteúdos, bem como motivar a realização de<br />
atividades que favoreçam a aquisição do conhecimento, por meio da reflexão, da solução<br />
de exercícios, da propiciada observação de fenômenos, de acontecimentos e fatos, da<br />
análise e das generalizações, visando o desenvolvimento da criatividade e da crítica.<br />
Atendendo a essas expectativas, o livro possibilita ao aluno tornar-se sujeito de sua própria<br />
aprendizagem e ao professor assumir a responsabilidade pela condução da mesma.<br />
33
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
34<br />
Próximos aos livros didáticos estão os livros de consulta, os pára-didáticos,<br />
as revistas, as enciclopédias e os dicionários. Eles complementam as<br />
informações, as ampliam e ajudam a alcançar maior precisão e ligação<br />
interdisciplinar. O professor deve conhecer integralmente o livro didático e as<br />
suas projeções de relação com outros meios e procedimentos aplicáveis nas<br />
atividades.<br />
OS VÍDEOS - A escolha de um vídeo e sua utilização passam por várias<br />
etapas de preparação. Deve-se considerar o ajuste do tema aos objetivos<br />
estabelecidos, que pode ser total ou parcial, como também, a análise prévia dos vídeos por<br />
parte do professor ou do coletivo de professores, a reflexão e discussão sobre o conteúdo<br />
e a forma de apresentação; a confecção (caso não exista) de uma ficha técnica, uma sinopse<br />
(indicando os aspectos que são tratados e chamando à atenção para determinados<br />
assuntos), um roteiro de análise e debates, um elenco de fontes complementares de<br />
informação e, finalmente, uma orientação para a concretização (individual ou grupal) de<br />
valores, conhecimentos e habilidades, derivados das múltiplas leituras de um vídeo. Junto a<br />
tudo isso a medição de quanto foram cumpridos os objetivos específicos da atividade.<br />
A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - O emprego da computação no ensino é ilimitado.<br />
Para tanto é necessária a escolha do software apropriado ao objetivo que se quer alcançar.<br />
Dentre os tipos a empregar então, tutoriais, simuladores, programas interativos (inclusive<br />
jogos), enciclopédias, dicionários; e outros softwares especialmente dedicados ao cálculo,<br />
realização de gráficos, escritura de textos, etc.<br />
AS VISITAS - As visitas, como outras atividades, devem ser preparadas com muito<br />
detalhe no que diz respeito aos seus objetivos estabelecidos no plano de aula. A escolha da<br />
visita a uma fábrica, um laboratório, um centro de saúde, um ambiente natural ou construído,<br />
etc. se deve a determinado fim. Na preparação da visita, o fim se destaca de maneira clara<br />
e a seqüência de etapas na realização da visita deve ser desenhada conjuntamente entre<br />
os professores, os alunos e a entidade a ser visitada. Significa que os professores deverão<br />
visitar antes uma ou mais vezes a entidade em questão, declarar o interesse fundamental<br />
da visita, o nível de profundidade e abrangência das informações sobre os aspectos de<br />
interesse e o vínculo lógico das disciplinas presentes. Os alunos e professores podem<br />
elaborar um roteiro da visita e, caso seja conveniente, roteiros de entrevistas ou perguntas<br />
previamente elaboradas para obter as respostas a hipóteses, ou assuntos levantados em<br />
sala de aula ou em grupos. A visita deve aportar elementos novos sobre aspectos<br />
possivelmente já considerados em uma outra dimensão ou aproximação.<br />
Texto adaptado do site http://aafd.educar.pro.br/<strong>ead</strong>/procurricular/Atividad.html<br />
Nesse sentido, para alcançar as aulas interessantes, através de atividades<br />
diversificadas, citadas acima, não basta apenas dividir os acontecimentos pela grade<br />
semanal de horários. É preciso pensar no enfoque que será dado ao conteúdo, na forma<br />
como ele será abordado e, principalmente, que ponto devemos chegar.<br />
Saiba mais...<br />
Dez domínios de competências reconhecidas como prioritárias na formação contínua<br />
das professoras e dos professores no Ensino Fundamental:<br />
1. Organizar e dirigir situações de Aprendizagem;<br />
2. Administrar a progressão das aprendizagens;<br />
3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho;<br />
5. Trabalhar em equipe;<br />
6. Participar da administração da escola;<br />
7. Informar e envolver os pais;<br />
8. Utilizar novas tecnologias;<br />
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;<br />
10. Administrar sua própria formação contínua.<br />
Princípios orientadores da ação pedagógica na sala de aula:<br />
transposição didática<br />
Reflita!<br />
Não existe alguém<br />
Que nunca teve um professor na vida,<br />
Assim como não há ninguém<br />
Que nunca tenha sido um aluno.<br />
Se existem analfabetos,<br />
Provavelmente não é por vontade dos professores.<br />
Se existem letrados,<br />
É porque um dia tiveram seus professores.<br />
Se existem Prêmios Nobel,<br />
É porque alunos superaram seus professores.<br />
Se existem grandes sábios,<br />
É porque transcederam suas funções de professores.<br />
Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.<br />
Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.<br />
(Içami Tiba)<br />
Iniciarmos com Içami Tiba nos faz refletir a função do professor e a função do aluno<br />
no contexto da sala de aula. Mas, que sala de aula é essa?<br />
A sala de aula é uma realidade que contém muitas realidades. Talvez esteja enganado<br />
aquele que imagina estar claro para os educadores e professores o sentido desta coisa<br />
com a qual lidam todos os dias: a sala de aula. Esta pode ser pensada em termos do que é,<br />
bem como em termos do que deve ser.<br />
Espaço político portador de uma história? Espaço mágico de encontros humanos?<br />
Lugar no qual tantos escamoteiam com belas palavras os duros conflitos vividos por um<br />
tempo? Espaço no qual se cumpre o jogo sutil das seduções afetivas ou endoutrinadoras?<br />
Ou muitas dessas coisas juntas? Enfim: que lugar é esse, a sala de aula?<br />
Desde a concepção formal que o aponta como “local eleito pela civilização para a<br />
transmissão do saber”, até a concepção anarquista que o vê como “um picadeiro privilegiado<br />
pela sociedade”, a sala de aula é o ambiente específico para as inter-relações vivenciadas<br />
pelos sujeitos na escola, mas não pode ser considerada apenas o único ambiente no qual<br />
a educação se configure em sua magnitude e competências.<br />
35
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
36<br />
A partir das leituras a seguir, propomos questões que consideramos<br />
imprescindíveis para a reflexão sobre o conteúdo em questão:<br />
- Será que o papel do professor é somente de transmissão de<br />
conhecimentos históricos ou trabalhar em prol<br />
da sociedade?<br />
- Até onde os professores estão<br />
buscando estratégias de resoluções de problemas<br />
sociais importantes para praticar as noções<br />
apreendidas no ambiente de sala de aula?<br />
- Será que os conhecimentos aprendidos<br />
pelos alunos têm significados práticos?<br />
A transposição didática é a sucessão de transformações que fazem passar da cultura<br />
vigente em sociedade (conhecimentos, práticas, valores, etc.) ao que dela se conserva nos<br />
objetivos e programas da escola, e, a seguir, ao que dela resta nos conteúdos efetivos do<br />
ensino e do trabalho escolar e, finalmente no melhor dos casos ao que se constrói junto aos<br />
alunos.<br />
Querendo-se trabalhar por competências, deve-se provavelmente remontar a origem<br />
dessa cadeia e começar perguntando com que situações os alunos irão confrontar-se nas<br />
sociedades — antiga, atual e futura.<br />
Sendo assim, consideramos que o professor deve planejar estratégias de resolução<br />
de problemas histórico-sociais. Devemos assinalar a importância da noção de meios<br />
ambientes educador, afinal de contas como afirma Brandão (1984):<br />
Ninguém escapa a educação. Em casa, na rua, na igreja ou na<br />
escola. De um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da<br />
vida com ela; para ensinar, para aprender, para aprender-ensinar. Para<br />
saber, para fazer, para ser, para conviver, todos os dias misturamos a<br />
vida com a educação.<br />
Entendemos assim, que existe a necessidade que o docente realize um esforço para<br />
planejar algumas linhas pedagógicas que contemplem conteúdos históricos que norteiam<br />
os problemas da sociedade em que ele vive. A finalidade educativa deve ser tudo o que<br />
dela faz parte. Isso quer dizer que todos os alunos de uma sociedade devem encontrar<br />
propostas educativas ricas em estímulos para que possam realizar uma aprendizagem que<br />
os forme de uma maneira integral.<br />
Deve, portanto, o docente cuidar para que o ambiente educacional se torne um meio,<br />
um agente, e um conteúdo educativo e que cada instituição, associação, entidade, rua e<br />
espaços urbanos seja agente e, ao mesmo tempo, elemento educativo.<br />
Assim, perceba que, quando falamos de ambiente educacional não nos referimos<br />
somente aquele tipo de organização estruturada — escola —, mas nos referimos a uma<br />
terminologia mais atualizada: “transposição didática”.
Também estamos nos referindo a todas aquelas impressões que se recebem das<br />
ruas da própria cidade, das estátuas, de seus jardins, de seu povo, de seu patrimônio<br />
histórico.<br />
Muitas vezes, o corpo discente não tem recursos para abordar esses elementos<br />
que, mesmo sendo parte de sua vida cotidiana, passam praticamente despercebidos. Seria<br />
possível arriscar uma estratégia que permitisse aos alunos desfazer o emaranhado de<br />
enigmas que se esconde no patrimônio urbano?<br />
E E a aagor<br />
a or ora, or a, Pr Prof Pr of ofessor? of essor?<br />
Como Como F FFaz<br />
F az azer? az er? O O que que f ffaz<br />
f az azer? az er?<br />
Consideramos que o professor é agente social, sobre este ponto de vista, se converte<br />
em elemento essencial para compreender um sem-número de questões colocadas pelo<br />
estudo do patrimônio, como, por exemplo, as intervenções humanas, as mudanças sofridas<br />
ao longo do tempo, as adaptações tecnológicas, os usos e funções de um determinado<br />
espaço em diferentes épocas da história, etc.<br />
Desta forma, pode-se utilizar o patrimônio sob o ponto de vista literário, tecnológico,<br />
artístico, arquitetônico, histórico, natural e industrial. Formular um problema bas<strong>ead</strong>o no<br />
conjunto patrimonial da comunidade envolvida permite iniciar um processo de formulação<br />
de hipóteses e reflexão capaz de gerar conhecimento.<br />
Inferimos, pois, que a resolução de problemas sociais assume<br />
importância e características especiais fora da sala de aula. Por quê?<br />
Quando se realiza uma visita de trabalho fora da classe para estudar as cidades,<br />
procuramos elementos que já estão presentes no ambiente educacional que fazem parte<br />
de nossas vidas, porém o que buscamos é o objeto, o contexto que o envolve e a realidade<br />
que determina. Isso quer dizer que o patrimônio urbano potencializa o fato de que a resolução<br />
de problemas se realize de forma direta com a realidade, praticamente sem outras<br />
mediações.<br />
É importante ressaltar que diante de um processo educacional que extrapola a sala<br />
de aula, o corpo discente não faz um tipo de aquisição automática de conhecimentos e<br />
habilidade que, certamente em pouco tempo estarão esquecidas, nem tão pouco<br />
responderão avaliações históricas sem nenhuma relação com o contexto atual. Ao contrário,<br />
o que se busca é provocar, e inclusive, criar incertezas na mente dos alunos para que possam<br />
ver que o patrimônio traz em si muitos problemas históricos que não foram resolvidos.<br />
Em síntese...<br />
O professor possui papel significativo no processo ensino-aprendizagem que<br />
transpõe o ambiente de sala de aula quando possibilita a si e ao aluno intervir no<br />
meio seguindo seu próprio ritmo;<br />
Dentro deste papel, o professor potencializa um caráter interativo, não só com<br />
o aluno, mas com a disciplina a que se propôs trabalhar e o ambiente ao seu redor.<br />
37
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
38<br />
Texto Complementar...<br />
Fique por Dentro!<br />
Oito passos para extrapolar o ambiente educativo:<br />
1. O tema trabalhado em classe pode ter sua aplicação no contexto social. Pode ser<br />
utilizado para tentar resolver algum problema relacionado com o<br />
tema central e com a realidade;<br />
2. Faz-se uma visita prévia ao espaço em que se<br />
pretende trabalhar: uma ruazinha, uma grande avenida,<br />
um monumento histórico, um local do vilarejo...<br />
Procuram-se pistas, enigmas e problemas;<br />
3. Pensar sobre as possibilidades que o<br />
espaço oferece para trabalhar com os temas<br />
anteriormente tratados, refletindo sobre sua proposta<br />
inicial, realçando os objetivos da saída, seus conteúdos<br />
principais e sua articulação com o tema central;<br />
4. Propor aos alunos a possibilidade de realizar a<br />
visita para aprofundar alguns temas tratados na aula;<br />
5. Preparar material para visita em função dos pontos discutidos em sala. A visita é<br />
um dia de trabalho;<br />
6. A visita acontece: o problema é delin<strong>ead</strong>o, algumas pistas são levantadas para a<br />
interpretação do ambiente educacional e os alunos são orientados em sua pesquisa;<br />
7. De volta à sala de aula, o trabalho continua, enfatizando-se os seus pontos mais<br />
interessantes, ouvindo-se as dúvidas finais que possam surgir e resolvendo-as;<br />
8. Tenta-se avaliar a aprendizagem do ponto de vista conceitual, processual,<br />
procedimental e atitudinal.<br />
(LA TORRE, Saturnino; BARRIO, Oscar. Curso de Formação para educadores, 2002)
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
]<br />
1.Leia o texto abaixo e comente o que se pede:<br />
“O jogo da verdade”<br />
É na sala de aula, no contato direto com os alunos, que o educador<br />
joga o “jogo da verdade”. Os cursos, os debates, as pesquisas, as teses só<br />
têm sentido se considerados em sua finalidade: a ação educativa. E, embora<br />
levando em conta as relações com a escola, enquanto instituição e com a<br />
sociedade de modo geral, o educador tem sala de aula o seu espaço de<br />
atuação privilegiado, tendo consciência de que, como todos os espaços, esse<br />
também é histórico e político e que, portanto, sua ação é limitada.<br />
(TAVEIRA, Adriano S. N., A sala de aula — o lugar da vida? 1995)<br />
A partir do texto acima, identifique qual o papel do professor no contexto da sala de<br />
aula e o discurso proposto em sua abrangência.<br />
2. Para você, quais seriam as atitudes de um professor que pretende transpor o ambiente<br />
de sala de aula?<br />
3.Segundo os conteúdos estudados nesse bloco, relacione as habilidades necessárias<br />
ao professor frente aos processos cognitivos dos alunos.<br />
39
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
5. A expressão “COSTURAR FATOS” foi utilizada no decorrer desses conteúdos.<br />
Como você, enquanto docente-estagiário, entende a referida expressão?<br />
40<br />
4. Comente, segundo os conteúdos do bloco, como os PCN’s consideram<br />
a formação do docente e compare com as necessidades da educação atual.<br />
6.De acordo com seus estudos, como você conceitua inteligências múltiplas?<br />
7. Explique, a partir de suas leituras, o que você entende por interdisciplinaridade.<br />
8.<br />
Você considera a interdisciplinaridade aplicável ao ensino das séries iniciais do Ensino<br />
Fundamental? Sistematize um breve projeto de aprendizagem que envolva algumas<br />
disciplinas de 1ª à 4ª série, cujo tema seja único, com abordagens diferenciadas. Vamos<br />
lá?
DO PLANEJAMENTO À AÇÃO DOCENTE<br />
PLANEJAMENTO E AÇÃO DOCENTE NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />
<strong>SUPERVISIONADO</strong><br />
Projeto de Intervenção: a Importância<br />
É preciso uma decisão consciente,<br />
muita mística, muita garra,<br />
para estabelecer uma Pedagogia de Direito,<br />
numa Sociedade de Conflitos,<br />
onde só na luta se espera com esperança<br />
(Paulo Freire)<br />
O Projeto é o instrumento para sistematizar a ação concreta do professor, a fim de<br />
que seus objetivos sejam atingidos. É a previsão dos conhecimentos e conteúdos que serão<br />
desenvolvidos na sala de aula, a definição dos objetivos mais importantes, assim como a<br />
seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino, como também os recursos<br />
humanos e materiais que serão usados para um melhor ensino-aprendizagem.<br />
Além disso, o projeto possibilita a investigação de técnicas mais eficazes e<br />
instrumentos de avaliação para verificar o alcance dos objetivos em relação a aprendizagem.<br />
A partir da filosofia educacional da escola, dos objetivos específicos<br />
do curso, e dos objetivos da clientela, os professores vão<br />
planejar para atender estes aspectos fundamentais,<br />
favorecendo, deste modo, um melhor e mais eficaz ensino.<br />
Ao refletir sobre o projeto, o que o estudante da<br />
licenciatura realmente faz é planejar o contexto geral da<br />
sua disciplina. Mas este contexto está intimamente<br />
relacionado a ser uma decorrência lógica dos objetivos<br />
dos alunos, da comunidade e da escola em que está<br />
inserida. Por isso, deverá expressar uma unidade de<br />
idéias, de princípios e de ação.<br />
Ao planejar o projeto de intervenção e seus<br />
conteúdos, o docente sempre deve ter em mente que os conteúdos<br />
são meios para atingir os objetivos, pois eles não são fins. Tendo a missão de assegurar<br />
um ensino de qualidade mediado por todos os envolvidos no processo ensinoaprendizagem,<br />
o professor se propõe a observar o indivíduo na sua própria comunidade,<br />
tentando acompanhá-lo na construção do seu conhecimento, ensinando e aprendendo junto<br />
com ele, desenvolvendo, ao mesmo tempo, atitude de reflexão e análise, preparando-o<br />
para a sua construção cognitiva e afetiva, ajudando a formação do seu caráter e preparandoo<br />
para o futuro.<br />
Acreditando que cada indivíduo deve fazer a sua parte, desenvolver múltiplas<br />
habilidades, compartilhar o conhecimento, somar e dividir responsabilidades, construir com<br />
o grupo, melhorando o ambiente onde se vive, crescendo como pessoa, o conhecimento<br />
41
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
42<br />
não deve se basear no acúmulo de informações, mas sim numa elaboração<br />
mental que se deve traduzir em forma de ação transformadora sobre o mundo.<br />
Na escola, o conhecimento será construído a partir da interação<br />
professor/aluno e objeto do conhecimento fazendo com que o aluno<br />
compreenda, usufrua e transforme a realidade.<br />
O aluno deve ser estimulado para desenvolver seu próprio potencial<br />
interagindo de maneira consciente com o processo de aprendizagem<br />
convencional. A escola tem o compromisso social que vai além do transmitir<br />
informação, necessitando criar um contexto em que valores éticos básicos sejam trabalhados<br />
para desenvolver todas as dimensões do ser humano, suas capacidades e competências<br />
cognitivas, oferecendo um currículo que preserve a herança cultural e a interação dos<br />
conhecimentos.<br />
Valores como espontaneidade de expressão, vida sadia, auto-estima, auto-confiança,<br />
dignidade, autonomia, desejo de aprender, amizade, sociabilidade, cooperação, igualdade<br />
de oportunidades, respeito por suas diferenças, diversidades sócio-culturais que devem<br />
ser trabalhadas por todos os setores da Escola, buscando a qualidade do serviço através<br />
da construção passa a passo da cidadania do nosso aluno, preparando-o para o exercício<br />
futuro de seus direitos e deveres, de maneira democrática, respeitando as suas diferentes<br />
raças, etnias, religiões, cor e sexo, bem como o respeito à sexualidade com garantia dos<br />
outros indivíduos e da dignidade do ser humano.<br />
O aluno e o professor dentro de uma linha construtivista se tornam elementos ativos<br />
na troca de conhecimentos, onde o professor estabelece os parâmetros em que se deve<br />
promover atividade mental do aluno, passando por momentos de equilíbrio, desequilíbrio e<br />
reequilíbrio.<br />
Portanto, o conhecimento é construído e não assimilado pelo aluno que deve ser<br />
capaz de formular hipóteses, estabelecer relações e analisar o mundo a sua volta.<br />
A prática educativa deverá ser trabalhada na Unidade Escolar de forma a construir<br />
no indivíduo um conhecimento que o possibilite no futuro exercer o papel de cidadão<br />
autônomo e participativo.<br />
“Projetar e realizar é viver em liberdade”<br />
(MENEGOLLA, 2001).<br />
Neste sentido, todo professor pensa o seu agir, isto é, tenta planejar a sua vida e as<br />
suas atividades particulares e coletivas. Todos pensam no que devem ou no que não devem<br />
fazer. Esta realidade não é apenas um hábito, mas uma necessidade, não se restringindo<br />
apenas a alguns aspectos da vida da pessoa, mas a todos os setores da vida pessoal e<br />
social.<br />
Tudo é sonhado, imaginado, pensado, previsto e planejado para ser executado. De<br />
modo especial, as atividades educacionais e de ensino exercidas pelos professores, na<br />
sala de aula, exigem pedagogicamente, um planejamento.<br />
Sabemos que para os mais diversos setores da vida humana existem os mais<br />
diversos tipos e formas de planejamentos. Devemos considerar que o planejamento do ato<br />
de educar e ensinar não é o mesmo, podendo divergir, dados os elementos envolvidos no
ato de planejar, como, por exemplo, a construção de uma casa. Ao<br />
planejá-la se pensa em pedra, tijolos, areia, espaço, possibilidades<br />
materiais e outras coisas possíveis de serem manipuladas.<br />
Contudo, ao se planejar um projeto de intervenção, deve-se pensar<br />
que os elementos envolvidos vão ser pessoas, indivíduos ou<br />
grupos sociais, por isso a visão do planejamento deve ser<br />
diferente. A partir dessa realidade, o professor necessita pensar<br />
seriamente e com responsabilidade sobre sua ação, isto é,<br />
planejar com seriedade e consciência a sua ação.<br />
Pensar antes de agir é um ato de habilidade e de<br />
sabedoria. Pois, é de muita importância para o docente planejar<br />
da melhor forma possível a sua disciplina em todos os aspectos,<br />
inclusive a partir da necessidade de construir um projeto de<br />
intervenção para agir em uma realidade determinada.<br />
O projeto de intervenção é importante para o professor porque:<br />
- Ajuda ao professor a definir os objetivos que atendam os reais interesses dos<br />
educandos e da comunidade;<br />
- Possibilita selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para o meio em<br />
que está inserido;<br />
- Facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da<br />
disciplina;<br />
- Ajuda a selecionar os melhores procedimentos e os recursos para desencadear<br />
um ensino mais eficiente, orientando no como e com que deve agir;<br />
- Ajuda a agir com maior segurança dentro e fora da sala de aula;<br />
- O professor evita a improvisação, a repetição, e a rotina do ensino;<br />
- Facilita uma melhor integração com as mais diversas experiências de aprendizagem;<br />
- Facilita a integração e a continuidade do ensino;<br />
- Ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente;<br />
- Ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e<br />
participativa.<br />
E E a aagor<br />
a or ora or a pr prof pr of ofessor? of essor?<br />
Você ocê ainda ainda tem tem dúvidas dúvidas ao ao pensar pensar em em constr construir constr uir<br />
um um pr projeto pr ojeto de de inter intervenção?<br />
inter enção?<br />
Texto Complementar...<br />
PROBLEMA<br />
Por Anna Cecília de Moraes Bianchi<br />
O homem é um ser em dúvida constante, insatisfeito e buscador de respostas novas<br />
às necessidades. O estágio constitui um momento ímpar para que ele possa exercitar sua<br />
43
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
44<br />
capacidade, pois está no meio do caminho, entre um estudante em vias de<br />
finalizar um curso e um indivíduo no início da vida profissional.<br />
Assim, é fundamental que perceba a realidade social na qual está<br />
inserido visando a compreendê-la para manter seu equilíbrio, ou modificála<br />
de acordo com as necessidades emergentes. Em qualquer área de<br />
atuação, esta condição é necessária para que o profissional possa atuar.<br />
A definição do problema tem se apresentado aos alunos como uma<br />
barreira intransponível. Este fato resulta do desconhecimento e da falta de<br />
familiaridade com a área e o assunto escolhido.<br />
De acordo com Rúdio (1978, p. 75)<br />
Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita,clara,<br />
compreensível e operacional, qual a dificuldade, com a qual nos defrontamos e queremos<br />
resolver [...]<br />
Para a resolução de uma dificuldade, pode ser necessária a realização de uma<br />
pesquisa e esta só é viável se o fenômeno puder ser verificado por metódos que<br />
comprovem o que se buscou durante o estágio.<br />
O problema pode ou não apresentar-se em forma de pergunta, mas é sempre um<br />
questionamento.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Do Projeto de Intervenção ao Plano de Ação<br />
“Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque<br />
educação não é um processo, cujos os resultados podem ser totalmente<br />
pré-definidos, determinados ou pré-escolhidos, como se fossem produtos<br />
decorrentes de uma ação puramente mecânica e impensável. Devemos,<br />
pois, planejar a ação educativa para o homem, não impondo diretrizes<br />
que o alheiem. Permitindo com isso que a educação ajude o homem a ser<br />
criador de sua própria história”. (Menegholla, 2001)<br />
Da Teoria à Prática...<br />
Desejamos enfatizar que o compromisso do professor com a realidade sócio-política<br />
e cultural não o desvincula do material instrucional organizacional que tornará a aprendizagem<br />
mais efetiva.<br />
Há um número significativo de modelos para organização de ensino que se<br />
diferenciam entre si pelos princípios que os fundamentam, seqüências dos passos ou fases,<br />
desempenhos previstos por professores e alunos, recursos necessários e resultados<br />
esperados.<br />
Queremos, com isso, esclarecer que há modelos de ensino em que os princípios<br />
fundamentais estão alicerçados na informação oral, no conhecimento ou habilidades básicas,<br />
na avaliação bas<strong>ead</strong>a na recitação, no aluno receptivo, não favorecendo a socialização na<br />
sala de aula.
O desempenho do aluno está condicionado a ouvir e aprender a informação, além<br />
de uma submissão a avaliação, esta linha de ação exige do professor conhecimento, boa<br />
dicção, clareza na informação, habilidade na comunicação, o aluno fica restrito a um campo<br />
de ação que não obedece as diferenças individuais, ao ritmo próprio de cada um e a<br />
participação ativa no processo.<br />
Selecionamos um paralelo de procedimentos dentre alternativas de situações de<br />
ensino-aprendizagem com o objetivo de mostrar ao educador como deve conceber sua<br />
participação no processo educativo, educando-se para educar.<br />
A idéia é de que o professor, a partir da observação dos exemplos os quais expressam<br />
a discrepância entre “o que é” e “o que deve ser” quanto ao desempenho educativo passe<br />
a ser um criador, um desafiador, um questionador de metodologias.<br />
Temos a pretensão de acreditar que o professor não deseja ser só teórico ou prático,<br />
mas acima de tudo, um transformador da realidade.<br />
Considerando que a vida do homem é um contínuo projetar, dar preferência. A<br />
realização das atividades escolares em forma de projeto, é uma forma segura de eliminarmos<br />
o distanciamento entre a vida e a escola, além de propiciarmos a integração do educando<br />
à própria vida.<br />
Caminhos para o plano de ação:<br />
Uma técnica bastante útil na hora de agir, ou seja, colocar em prática um plano de<br />
ação é a técnica de um caminho sistemático (LA TORRE, 2002), que apresenta as seguintes<br />
fases:<br />
a) Fase intuitiva ou espontânea a partir da experiência;<br />
b) Fase reflexiva, em que se emprega a racionalidade;<br />
c) Fase matricial, apoiada na técnica.<br />
Fase Intuitiva ou Espontânea<br />
Esta fase supõe que a realização do trabalho seja participativa e, portanto, será um<br />
grupo ou vários deles que conduzirão a presente ação.<br />
45
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
46<br />
Assim, uma vez reunido o grupo e estando todos inteirados do que se<br />
deve fazer, a primeira ação a ser realizada é a de responder, de forma<br />
espontânea às perguntas: Como chegar ao objetivo? Que devemos fazer?<br />
Deve-se atuar da seguinte forma:<br />
Fase Reflexiva<br />
1. Fazer uma lista numa lousa ou em papel das idéias que surjam no<br />
diálogo;<br />
2. Colocá-la em ordem de prioridades quanto a possível eficácia;<br />
3. Fazer uma lista definitiva com as idéias mais importantes;<br />
4. Se a quantidade e a riqueza de conteúdos dessa lista forem<br />
suficientes para atingir o objetivo, ela será usada para projetar os planos<br />
de ação. Caso contrário, deve-se passar para fase 2.<br />
Superado o primeiro passo, o grupo deve refletir sobre os seguintes pontos:<br />
1. O que se fazia antes, na instituição, quando se queria atingir o objetivo proposto?<br />
Por quê?<br />
2. Que estão fazendo hoje outras instituições semelhantes à nossa que de fato<br />
conseguem realizar seus objetivos? Por quê?<br />
3. Que é que funciona do que já está sendo feito em outras instituições, neste<br />
momento, com relação ao objetivo? Por quê?<br />
As duas primeiras questões são muito importantes porque se tratam de pontos de<br />
referência neste tipo de estratégia que costuma ser esquecida com freqüência, apesar de<br />
terem seu conteúdo de eficácia bem demonstrado.<br />
Se acreditamos que a lista de novas idéias já é suficiente, passamos à confecção<br />
dos planos de ação, caso contrário passamos para a terceira fase.<br />
Fase Matricial<br />
Se a segunda fase não nos satisfez, é o momento de nos valermos da técnica. Para<br />
isso, deve-se propor uma análise simples de três matrizes. Na primeira delas, relacionamse<br />
os pontos fortes com as oportunidades que têm a instituição com relação aos objetivos.<br />
Na segunda, cruzam-se essas oportunidades com as áreas de atividade. Na terceira, cruzamse<br />
as fortalezas com as áreas de atividades.<br />
Características de um plano de ação:<br />
- Objetividade e realismo é o que deve caracterizar todo e qualquer plano. Um plano<br />
que não seja objetivo e realista se torna inviável, inexeqüível e obscuro, portanto, impraticável,<br />
sem validade e habilidade;<br />
- Funcionalidade: como o plano é um instrumento orientador para o professor e para<br />
os alunos, ele deve ser o mais funcional possível, para que possa ser executado com<br />
facilidade e objetividade;<br />
- Simplicidade: o plano que orienta toda a linha de ação envolve uma série de elementos,<br />
como o professor, os alunos, os conteúdos, as experiências, as atividades, os recursos, o
processo de avaliação e assim por diante; por isso, necessariamente, deverá ser claro e<br />
simples para ser compreensível e viável, pois suas compreensão facilita a sua execução;<br />
- Flexibilidade: é uma característica fundamental para os planos, tornando-os mais<br />
realistas e possíveis de serem adaptados às novas situações não previstas que possam<br />
ocorrer;<br />
- Utilidade: a utilidade, a validade e a profundidade são princípios que dão consistência<br />
a toda estrutura do plano, no que diz respeito ao seu conteúdo e a sua dinâmica. O plano, no<br />
seu contexto geral, poderá, de fato, ajudar, ser útil e significativo a todos que nele se envolver.<br />
Se faz mister uma análise profunda destes elementos e das suas inter-relações, para<br />
que de fato possam facilitar a aprendizagem do aluno e a ação do professor. Tais elementos<br />
devem estimular e desencadear novas e profundas aprendizagens.<br />
Além das outras características, a utilidade requer um questionamento sério e<br />
profundo. Enfim, o que foi planejado só terá validade se for algo importante e útil para o<br />
educando que tenta buscar na escola sua formação integral como pessoa.<br />
Em síntese...<br />
A importância da observação e da co-participação no Estágio Supervisionado<br />
O professor possui um fazer intencional e político, assim como todo ser humano.<br />
Nossas ações, portanto, têm sempre um objetivo que está vinculado a uma situação com a<br />
qual estamos implicados. Assim, intencionamos, agimos e avaliamos em maior ou em menor<br />
medida as nossas ações. Nesse processo aprendemos. Aprendizagens essas que envolvem,<br />
inquestionavelmente, complexidades. Mas, de forma simplória, podemos falar de uma espiral<br />
na nossa construção de conhecimentos que envolve, de modo geral, uma inquietação, um<br />
desejo, que poderá ser seguido de um movimento que cause uma alteração na realidade e<br />
que posteriormente irá nos fazer pensar sobre o resultado e sobre a forma como o<br />
construímos.<br />
Mas é claro que muitas vezes fazemos como nos sugeri um saber popular e deixamos<br />
a vida nos levar. Isso é bom. Já pensou estarmos vigilantes todo o tempo? Quanto desgaste,<br />
quanta tensão! Porém, queremos assumir o comando de nossas vidas. Não nos conformamos<br />
com tudo o tempo todo. Queremos uma vida melhor e ansiamos optar que caminhos<br />
percorreremos. Então planejamos. Transformamos desejos em projetos. E os nossos sonhos<br />
47
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
48<br />
ganham um futuro. Futuro com limites e possibilidades. E para<br />
compreendermos melhor que limites e que possibilidades, faz-se necessária<br />
uma reflexão “encharcada” de realidade – uma reflexão bem informada.<br />
A isso podemos dar o nome de diagnóstico situacional. E no caso do<br />
nosso estágio, faremos este reconhecimento e aproximação da realidade para<br />
compreendê-la e nos implicarmos com ela no período de co-participação.<br />
Momento em que buscamos interagir com o contexto no qual iremos realizar<br />
nossas futuras intervenções enquanto professores em processo de formação<br />
profissional, e que ao vermos, seremos também vistos, ao conhecermos, sermos também<br />
conhecidos.<br />
Ressaltamos então dois requisitos desta etapa do trabalho docente que são o rigor<br />
e a ética. Um comportamento que denota escrúpulo, atenção a detalhes e cuidados éticos<br />
com os sujeitos envolvidos no processo educacional no qual desejamos nos inserir. É preciso<br />
disposição para colaborar, postura humilde para assimilar os movimentos internos e<br />
relacionais da instituição que adentramos. É um momento em que almejamos compreender<br />
a cultura instituída com as suas contradições, que são próprias de tudo que é humano. Esse<br />
ainda não um momento para pensarmos em intervenções, análises críticas e tomadas de<br />
posições. É um momento em que queremos saber. Queremos conhecer, e isso requer que<br />
desarmemos o nosso olhar, coloquemos os nossos valores em suspensão para<br />
percebermos os sentidos que se organizam neste espaço de aprendizagens, de vidas e de<br />
relações, em parte burocráticas, rotineiras, estruturadas - organizacionais; e em parte<br />
surpreendentes, dinâmicas, imprevisíveis.<br />
Assim podemos afirmar que a observação é uma etapa fundante para o estágio<br />
supervisionado pois a depender de como a realizamos, estaremos de alguma forma<br />
construindo as condições básicas que nos facilitará o maior ou menor sucesso nesta<br />
empreitada. No entanto observar exigirá do observador alguns cuidados para que ela seja<br />
de fato fecunda. De acordo com Lüdke e André (1986, p. 25): “Planejar a observação significa<br />
determinar com antecedência ‘o quê’ e ‘o como’ observar”.<br />
Concentre-se então em captar, perceber, compreender e descrever a realidade na<br />
qual você está se integrando. Observe também as funções dos setores, os papeis<br />
pedagógicos dos sujeitos e o papel assumido pela instituição frente a sua comunidade<br />
escolar e o ambiente com o qual está implicada. Acompanhe e procure perceber os sentidos<br />
das dinâmicas cotidianas, seus ritos burocráticos, os costumes hábitos, valores e referências<br />
identitárias das pessoas e grupos, normas e preceitos estabelecidos alguns ditos ou não<br />
tão explicitados, mas respeitados pelo coletivo. Veja os recursos utilizados, os disponíveis<br />
e suas potencialidades. E o mais importante, registre essas coisas. Elas são os seus<br />
tesouros. Bem usadas, essas informações se constituirão um guia para as decisões que<br />
precisarão ser tomadas. Para vislumbrarmos e assumirmos as nossas opções. E para que<br />
essas opções não sejam pessoais é preciso que como educadores exerçamos a liderança.<br />
As opções que faremos deverão estar intimamente ligadas a função prioritária da<br />
escola – a socialização, re-significação e re-elaboração de conhecimentos. Informação a<br />
sociedade atual disponibiliza por diversos meios. Mas transformar a informações em<br />
conhecimentos, saberes e sabedorias requer a construção de espaços de aprendizagem,<br />
pesquisa, reflexão e crítica. Desta forma o foco do fenômeno educativo se constitui para<br />
nós os conteúdos educacionais, formativos e fomentadores de possibilidades emancipatórias<br />
e libertárias com os quais os sujeitos com suas idiossincrasias e culturas tomem posse da<br />
sua cidadania. Então o nosso diagnóstico deverá servir para fazermos as devidas reelaborações<br />
dos conteúdos partindo do “lugar” em que se encontra o nosso corpo discente<br />
em termos sociais, culturais e cognitivos. A viagem da apropriação de conhecimentos é<br />
ilimitada, mas o nosso limite mínimo são os “Parâmetros Nacionais”, informações
consideradas nas diversas formas de seleção a postos de trabalho e ao acesso a instituições<br />
educacionais, além da compreensão, interpretação e intervenção em situações sociais<br />
convencionais.<br />
Esse é um dos sentidos da nossa observação e co-participação. Buscar percepções<br />
sensibilizadoras de caminhos para que os conteúdos e conhecimentos trabalhados nesse<br />
espaço que pleiteamos fazer uma intervenção pedagógica seja um caminho construído<br />
coletivamente, no qual ao respeitarmos a realidade e a vivência desses grupos,<br />
desencadeemos a operacionalização de uma ação educativa fomentadora da emancipação,<br />
pois construída como instrumento de valorização das identidades de cada sujeito em<br />
processo, e que, ao mesmo tempo, apropria-se, reconstrói, re-significando o conhecimento<br />
das ciências, e das diversas linguagens.<br />
Na realização de nossas observações além das noções sensibilizadoras necessárias<br />
a uma boa inserção na comunidade escolar, deveremos levantar informações sobre os<br />
seguintes aspectos:<br />
· Desenvolvimento sócio-cognitivo dos estudantes.<br />
· Recursos disponíveis.<br />
· Conteúdos já trabalhados e assimilados pelo grupo.<br />
· Dinâmica das atividades até então realizadas.<br />
· Projetos concluídos e em curso.<br />
O nível de desenvolvimento cognitivo dos estudantes é um elemento importante para<br />
o diagnóstico e avaliação do ponto de partida dos trabalhos pedagógicos e da definição do<br />
grau de dificuldade dos desafios a serem propostos pelo professor.<br />
Professor:<br />
Texto Complementar...<br />
“Não me ensine nada que eu possa descobrir.<br />
Provoque minha curiosidade.<br />
Não me dê apenas respostas.<br />
Desarrume minhas idéias e me dê<br />
somente pistas de como ordená-las.<br />
Não me mostre exemplos.<br />
Antes me encoraje a ser exemplo vivo de<br />
tudo o que possa aprender.<br />
Construa comigo o conhecimento.<br />
Sejamos juntos inventores,<br />
descobridores, navegantes e piratas de nossa<br />
aprendizagem.<br />
Não fale apenas de um passado distante<br />
ou de um futuro imprescindível.<br />
Esteja comigo hoje alternando as sensações de<br />
quem ensina e de quem aprende”.<br />
(Ivana M. Pontes)<br />
49
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
50<br />
Elaborando o Plano de Ação<br />
Há diferença entre a realidade escolar e o ideal que construímos em<br />
nossas teorias e em nossos anseios sociais. E é justamente nessa diferença<br />
que consiste o nosso trabalho de planejamento. A construção de uma escola<br />
cada dia um pouco mais próxima daquilo que sonhamos é a nossa luta<br />
cotidiana. Administrar os limites e maximizar as possibilidades, eis o nosso<br />
maior desafio.<br />
Na educação informal as preocupações estão muitas vezes difusas, enquanto no<br />
trabalho escolar e outras formas de educação sistemática é mister um projeto como programa<br />
operatório. Não nos importa um projeto com intenção meramente simbólica, carecemos de<br />
resultados concretos, num fluxo relacional no qual docentes e discentes no contato com<br />
seus objetos de estudo, possam implementar novas formas de inclusão social/ cognitiva,<br />
aprofundando seus processos de autonomização.<br />
E para tanto, o planejamento é feito na dinâmica de uma espiral. Ele é cíclico, mas<br />
nunca volta ao mesmo ponto. Vai se constituindo sempre em pequenos avanços em relação<br />
ao momento anterior, pois, cada fase se compõe de planejamento, ação, avaliação – a<br />
partir da qual temos informações para um novo planejamento.<br />
Isso aumenta o nosso poder de intervenção e a nossa probabilidade de sucesso. E<br />
para o alcance desse sucesso precisamos pensar em três frentes de preparação:<br />
· Conhecimento da realidade com a qual estamos nos propondo a realizar uma<br />
interlocução e intervenção pedagógica.<br />
· Conhecimento dos conteúdos específicos a serem socializados em sala de aula.<br />
· Conhecimento metodológico necessário a intervenção.<br />
Princípios Fundamentais para Elaborar um Plano de Ação<br />
- Princípio da intenção: é de vital importância que o aluno tenha uma intenção<br />
definida para realizar um projeto. Queremos dizer com isso que o aluno precisa saber<br />
exatamente o que quer e onde quer chegar. O seu desejo de atingir o objetivo é que irá<br />
conduzi-lo, permitindo sua realização e conseqüente satisfação pessoal e grupal;<br />
- Princípio da situação-problema: é o ponto fundamental da técnica de projetos.<br />
Objetiva a solução de problemas de forma previamente estabelecida e executada em<br />
ambiente natural. Após diagnosticar o problema, procurarão os elementos envolvidos<br />
verificar o que podem fazer, pesquisarão como resolver a questão e planejarão as ações<br />
para solucioná-lo;<br />
- Princípio da Ação: a aprendizagem é um processo eminentemente pessoal e ativo.<br />
O aluno é somente ele será agente de sua própria aprendizagem. Na nova situação<br />
propiciada pelo projeto, terá oportunidade de agir, reagir, perceber, analisar, observar,<br />
manipular, testar, julgar, decidir, comunicar e sentir;<br />
- Princípio da experiência real anterior: as coisas não surgem do nada. Toda nova<br />
aprendizagem requer pré-requisitos de experiências passadas. Quanto mais situações tiver<br />
vivenciado, o aprendiz, tanto em qualidade quanto em quantidade, maiores probabilidades<br />
de soluções alternativas lhe ocorrerão, facilitando a solução de novos problemas;<br />
- Princípio da investigação: a aprendizagem é sempre experimentação, exploração<br />
em busca das significações. O processo é muito menos sistemático e muito mais intuitivo<br />
do que geralmente se supõe;
- Princípio da integração: a aprendizagem em seu primeiro momento<br />
se deparar com uma visão global, porém sem crítica do problema. À medida<br />
que o processo avança, passa ocorrer uma percepção significativa,<br />
detalhada, diferenciada da situação. A apreensão da realidade em que<br />
o conhecimento da estrutura total do problema é vista com clareza,<br />
retirando as dúvidas, bem como o conhecimento da relação das<br />
partes com o todo e desse com as partes de maneira diferenciada e<br />
inter-relacionada denomina-se integração.;<br />
- Princípio da prova final: a comprovação de que o problema<br />
foi resolvido e, conseqüentemente, o objetivo alcançado é extremamente<br />
importante, pois demonstra que o<br />
pensamento seguiu uma linha adequada de ação, que<br />
cada elemento e o grupo agiram com coerência e com<br />
responsabilidade e que o desempenho foi eficaz;<br />
- Princípio da eficácia social: “Viver é fácil,<br />
conviver é difícil”.Através do projeto, o educando aprende<br />
a desenvolver-se socialmente, crescendo em grupo,<br />
participando e adquirindo novas experiências ricas em<br />
valores do espírito.<br />
Fases do Plano de Ação<br />
O plano de ação se constitui de um processo de planejamento, execução e controle<br />
constante que assegurem uma contínua vigilância das atividades, culminando com a execução<br />
do plano traçado e crítica dos resultados obtidos.<br />
“A gente só aprende as coisas que dão prazer, ou coisas<br />
que nos conduzem ao prazer”<br />
(Rubem Alves)<br />
Antes de iniciarmos as fases ou etapas de um plano de ação, consideramos<br />
indispensável atentarmos para o fato de que a aprendizagem deve ser lúdica e prazerosa,<br />
portanto fique atento:<br />
Etapas:<br />
1. Definição do objetivo (formulação do propósito);<br />
2. Planejamento das atividades (elaboração do plano de trabalho);<br />
3. Programação;<br />
4. Execução do plano e do programa;<br />
5. Controle do progresso;<br />
6. Replanejamento e reprogramação;<br />
7. Culminância.<br />
51
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
52<br />
1. Definição do Objetivo<br />
Esta é a etapa mais importante do projeto. O aluno deve saber com<br />
clareza onde quer chegar; é o momento em que o valor do trabalho<br />
conscientizado se tornará a mola propulsora para que os fins sejam<br />
alcançados. Desta forma, cabe ao professor estabelecer na turma um clima<br />
favorável para facilitar a tarefa, através de perguntas, estímulos diversos e<br />
recursos variados, o aluno será colocado em posição de receptividade,<br />
reconhecendo a necessidade do projeto e propondo-se a realizá-lo.<br />
2. Plano de Atividades<br />
Está presente na relação dos procedimentos necessários para a execução do plano,<br />
observando-se a seqüência em que serão realizados.<br />
3. Programação<br />
É uma das atividades básicas da administração do plano. Instrumentos administrativos<br />
que facilitam a formação de planos e programas de acordo com o grau de complexidade<br />
exigidos. Detectada a necessidade de realizar um plano, é mister conhecer previamente<br />
seu significado, alcance, repercussão em custos e em tempo. A planificação é, portanto, um<br />
fator primordial.<br />
4. Execução<br />
É a etapa da ação. O professor deverá estar atento ao desempenho dos alunos,<br />
observar o rendimento no trabalho, incentivar o aluno com elogios, manifestando apoio e<br />
reconhecimento pela dedicação, contudo deve ter cautela para não exagerar no auxílio ao<br />
aluno, tirando-lhe o prazer da descoberta, procurando atendê-las de acordo com suas<br />
necessidades.<br />
5. Controle do Progresso<br />
O professor através de instrumentos variados, como fichas, observação direta, autoavaliação,<br />
avaliação coo-prática, etc. deverá acompanhar o progresso do aluno. Elogio<br />
geral é de pouco valor e crítica rigorosa não leva ninguém a nada. Chamar o aluno pelo<br />
nome, ressaltar seus pontos positivos é de alta significação para a melhoria do desempenho<br />
ou mudança de comportamento.<br />
6. Planejamento e Reprogramação<br />
Ao concluir o planejamento, faz-se uma análise de todos os elementos abordados<br />
para substituir ou incluir o que for necessário, efetuando-se a seguir o registro do que<br />
realmente foi executado. Tem-se assim o documento chamado “Plano de Ação”. A cada<br />
etapa do plano deve-se também fazer o planejamento e a reprogramação dos desvios<br />
detectados para assegurar o alcance dos objetivos desejados.<br />
7. Culminância<br />
É necessário, ao término do plano, a exibição dos resultados por meio de um produto<br />
concreto, palpável, comprovando que os esforços canalizados para atingir os objetivos foram<br />
alcançados e válidos.
Roteiro de Sugestão do Plano de Ação<br />
Identificação:<br />
- Título do Plano de Ação;<br />
- Síntese descrita a respeito dos objetivos e do<br />
programa de trabalho;<br />
- Nome do(s) autor(es) com identificação;<br />
- Data da elaboração do projeto;<br />
Introdução:<br />
- Antecedentes: informação sobre as causas que<br />
geraram a necessidade do plano;<br />
- Hipóteses ou explanação do problema: informar critérios<br />
que expliquem a natureza do problema e a definição dos pontos-chave para os quais deve<br />
ser dirigida a ação.<br />
Objetivos:<br />
- Definição clara e precisa dos objetivos que se pretende alcançar com o plano e<br />
determinação de metas concretas.<br />
Metodologia ou Estratégia:<br />
- Descrição do caminho pelo qual irá seguir para alcançar os objetivos propostos. É<br />
preciso a explanação dos diversos caminhos para alcança-lo e a justificativa de sua escolha.<br />
Plano de Atividades:<br />
- A relação de atividades necessárias para levar o projeto adiante.<br />
Programa de trabalho:<br />
- Organização de calendário do plano de atividades, estabelecendo datas para cada<br />
atividade. Determinação dos recursos materiais necessários, devidamente quantificados.<br />
Previsão:<br />
- Estimativa dos elementos necessários para o desenvolvimento do plano, detalhando<br />
em quantidades específicas. É aconselhável indicar as fontes de onde se buscará e obterá<br />
os recursos.<br />
Análise da Execução do Plano:<br />
- Refere-se ao estudo sobre diversas óticas que permite julgar se o plano de ação foi<br />
válido.<br />
Referências:<br />
- No caso de haver-se recorrido a certa bibliografia, documentos ou qualquer outra<br />
informação documental, é obrigatório relacioná-la, indicando autor, editorial e data de<br />
publicação.<br />
Cronograma de Execução<br />
O cronograma é o instrumento utilizado para representar graficamente as etapas<br />
do trabalho planejado.<br />
53
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
54<br />
Algumas instituições exigem que se faça antes do cronograma a<br />
programação, onde se relacionam as atividades e o período em que serão<br />
desenvolvidas. Contudo, entende-se que o cronograma cumpre esta função<br />
de maneira objetiva.<br />
Existe ainda instituições que não exigem ou acham desnecessário a<br />
apresentação do cronograma, mas este, além de ilustrar o trabalho do<br />
estagiário, o torna mais interessante e precisa a visão das atividades que o<br />
estudante pretende realizar, como foi dividido e calculado o tempo para que o<br />
estágio seja realizado; enfim, é uma forma de se perceber que o aluno se localizou no<br />
tempo, no espaço para a realização de suas tarefas.<br />
O cronograma deve constar as etapas do trabalho e o tempo que acontecerão. Deve<br />
ser claro e objetivo. Apresentado de preferência em forma de quadro, facilitando a vida do<br />
estudante e do orientador, servindo como um instrumento de controle do tempo disponível e<br />
das atividades. Vale ressaltar, que cronograma deve ser sempre pensado levando em<br />
consideração a flexibilidade e a complexibilidade do ato educativo.<br />
Segundo Biachi (2002) O Gráfico de Gantt tem sido o mais utilizado dada a facilidade<br />
na sua elaboração e leitura, contudo outros podem ser escolhidos. As atividades, exceto a<br />
elaboração do relatório, devem ter relação com os objetivos pretendidos.<br />
O Gráfico de Gantt se baseia em dois princípios básicos:<br />
· A duração de cada atividade é susceptível de ser estimada;<br />
· A duração de cada atividade pode representar-se em forma gráfica mediante uma<br />
barra em um quadro desenhado com este objetivo.<br />
O Gráfico de Gantt compõe-se de colunas verticais; na coluna da esquerda registrase<br />
a atividade; as demais colunas servirão para anotar as unidades de tempo.<br />
Exemplo:<br />
Como organizar seu cronograma:<br />
Atividades:<br />
Deve-se buscar ter idéia de quantas e quais atividades irão ser desenvolvidas durante<br />
o estágio, bem como definir sua posição seqüencial dentro do mesmo. É importante que o<br />
professor atente para a seqüência lógica dos conteúdos e busque ser flexível, pois não<br />
podemos esquecer que o ato de educar é complexo.<br />
Prazo:<br />
É importante atribuir um prazo para cada atividade pensada, salvo que esta atividade<br />
deve estar atrelada aos objetivos traçados. No referido prazo, se deverá considerar certa<br />
tolerância de acordo com a previsão que se tem em relação ao cumprimento do mesmo.<br />
Preparação do Quadro:
Elabora-se um quadro que contenha espaços suficientes para detalhar todas as<br />
atividades do projeto, bem como colunas necessárias para registrar todos os dias que se<br />
empregaram na execução no mesmo. Na parte superior de cada anotam-se as datas do<br />
calendário corresponde iniciando-se pelo dia em que começará o projeto.<br />
Elaboração do Quadro:<br />
Relacionadas as atividades, devem ser ordenadas conforme seqüência lógica,<br />
observando-se o tempo previsto para a realização de cada uma delas. As atividades se<br />
listarão em cada linha do quadro e marcarão com uma reta horizontal as datas programadas,<br />
nas colunas relativas ao tempo (prazo).<br />
No quadro, deverão constar as seguintes informações:<br />
· Nome do Projeto;<br />
· Nome de quem elaborou;<br />
· Nome do Responsável pela execução;<br />
· Nome da Instituição onde será realizado;<br />
Administrar projetos baseia-se em um conjunto de técnicas selecionadas para<br />
planejar, acompanhar e controlar, desde o início até o término do projeto. O processo começa<br />
quando os objetivos são identificados na fase de planejamento e continua através das fases<br />
de execução até que os objetivos tenham sido atingidos.<br />
Planejamento do projeto:<br />
É o processo de converter as idéias gerais e as informações a respeito do trabalho,<br />
formando uma estrutura ordenada de atividades seqüenciadas para alcançar uma meta.<br />
Controle do Projeto:<br />
Trata-se do processo de dirigir e supervisionar a execução dos trabalhos, mediante<br />
revisões planejadas previamente. O controle do projeto permite ao docente repensar sua<br />
prática e jamais se perder na sua ação, pois permite constatar e avaliar o grau de eficiência<br />
da proposta, dependendo este do cumprimento dos trabalhos nas datas previstas.<br />
No caso do professor, é sempre importante que reveja a cada dia sua ação para que<br />
possa retomar as que não obtiveram sucesso a fim de que consiga alcançar, pois o sucesso<br />
no estágio supervisionado em educação está inter-relacionado a uma educação de<br />
qualidade.<br />
Não podemos esquecer que estagiar quer dizer revisar. É o ponto crucial na vida de<br />
um estudante, pois é a sua primeira experiência docente, logo representa a interseção<br />
entre toda a teoria e a realidade prática que o discente passa a experienciar. Desta forma,<br />
é imperioso programar ou planejar cada passo desta jornada, pois é o ápice de uma nova<br />
forma de pensar, uma nova forma de viver, uma nova forma de trabalhar.<br />
Para refletir...<br />
O professor, sua formação e seus instrumentos de trabalho<br />
O professor que trabalha no sentido de contribuir efetivamente para o desenvolvimento<br />
escolar de seus alunos, necessita, antes de mais nada, conhecer e refletir sobre a sua<br />
função nos processos de aprendizagem que acontecem em sala de aula.<br />
55
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
56<br />
Durante muitos anos, a Pedagogia viu o professor como sujeito a quem<br />
era reservada a tarefa de transmitir conhecimentos (organizados em disciplinas<br />
escolares) às novas gerações. Essa visão era aliada a idéia de que o aluno<br />
tinha uma atitude receptiva, passiva, frente aos conteúdos que precisava<br />
aprender durante os anos de escolaridade.<br />
Como sabemos, atualmente a forma de entender as relações de ensinoaprendizagem<br />
que se dão na escola é outra. Já se reconhece o fato que a<br />
educação ocorre dentro e fora da escola. Neste sentido, o papel do docente<br />
também mudou. Atualmente, para ser um bom professor n;ao basta apenas dominar o<br />
assunto, não basta gostar da sua disciplina, não basta ter feito um curso de graduação,<br />
estar numa boa instituição, ter um diploma. Essas coisas deixam de contar, mas é preciso<br />
muito mais.<br />
Ao professor do século XXI espera-se uma atitude ativa frente às novas demandas<br />
educacionais da sociedade. Vivemos sem um mundo que se produz cada vez mais<br />
informações, as novas gerações de alunos precisam de professores capazes de ajudá-los<br />
a compreender e aprender a resolver problemas com autonomia, sendo capazes de dar<br />
continuidade no decorrer do percurso de sua vida.<br />
Uma das formas de definir o papel do docente é dizer que ele é um mediador de<br />
cultura: aquele que coloca os alunos em relação com o conhecimento, através de intervenções<br />
planejadas que favoreçam a ação dos alunos (ação mental que está na origem da<br />
aprendizagem) sobre os objetos de conhecimento.<br />
Mas isso não é tudo. O professor precisa ainda construir competências para planejar<br />
situações de aprendizagem que motivem os alunos e desafio a criatividade quanto aos<br />
conteúdos históricos pesquisados.<br />
Atenção!! Um professor só pode ensinar, criar situações de aprendizagem dos<br />
conteúdos que conhece. Por exemplo:<br />
O Professor só pode criar situações de aprendizagem quanto ele é capaz de “viajar”<br />
nas relações históricas e nos comparativos dos tempos antigos e atuais, buscando<br />
interrelacioná-los. Caso contrário, fica na mera repetição dos conteúdos.<br />
Ser professor é portanto uma tarefa bastante complexa e, por isso, para sua realização,<br />
é necessário o desenvolvimento de instrumentos que estruturem a prática de ensino de<br />
forma a garantir o sucesso da ação pedagógica.<br />
Dentre esses instrumentos, há o projeto curricular, os planejamentos e o trabalho<br />
pedagógico realizado. Cada um dos instrumentos de trabalho têm igual relevância na prática<br />
educativa.<br />
Por este motivo, não deve ser relegado por quem deseja realizar um trabalho de<br />
qualidade.<br />
[<br />
Enumere as razões que você considera importantes<br />
para a construção de um projeto.<br />
Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
] 1.
2. Descreva um problema educacional que lhe impulsionaria a produzir um projeto de<br />
intervenção. Quais seriam suas metas a serem atingidas?<br />
3.Que diferenças você pontuaria entre o projeto e o plano de ação?<br />
4. Na elaboração de um plano de ação, especifique, na sua opinião, os papéis da<br />
escola, do professor e do aluno.<br />
5.<br />
Em sua vida diária você deve respeitar horários e prazos. Se chegar a um banco<br />
após às 16h, você não será mais atendido, se atrasar em uma entrevista de emprego, será<br />
mal visto pelo contratante, entre outras situações... Ao produzir um plano de ação ou qualquer<br />
outro projeto prático, há a necessidade de respeito aos períodos, conhecidos como<br />
cronogramas.<br />
Se você fosse contratado por uma escola para elaborar um Plano de Ação bas<strong>ead</strong>o<br />
nas quantidades excedentes de queixas de racismos por parte da comunidade,por exemplo,<br />
e este plano tivesse que ser apresentado dentro de quinze dias, como você organizaria um<br />
cronograma de ação?<br />
57
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
58<br />
OS RECURSOS DIDÁTICOS NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />
<strong>SUPERVISIONADO</strong>: SELEÇÃO E USO<br />
Inteligências Múltiplas como princípio de seleção e<br />
uso de recursos didáticos<br />
Todos erram: a maioria usa os erros para se destruir; a minoria, para<br />
se construir. Estes são sábios”<br />
(Augusto Cury)<br />
Como já visto brevemente na seção anterior, discutiremos o uso de recursos didáticos<br />
a partir da Teoria das Inteligências Múltiplas.<br />
Segundo Armstrong (2000);<br />
A Teoria de inteligências múltiplas é conectada a diferentes símbolos<br />
(por exemplo palavras, números, pinturas, notação musical, etc), e a<br />
diferentes áreas do cérebro (por exemplo, inteligência lingüística envolve<br />
áreas do hemisfério esquerdo.<br />
Sendo assim, o educador ao considerar qualquer objetivo instrucional (desde os<br />
objetivos bas<strong>ead</strong>os em habilidades como ajudar os alunos a dominar subtração em aritmética,<br />
até objetivos bas<strong>ead</strong>os em conteúdos a como ensinar aos alunos a história do mundo e do<br />
seu país), existe um número de questões simples que podem auxiliar os educadores a<br />
refletirem sobre estratégias de ensino que englobam inteligências as várias inteligências.<br />
Armstrong (2000), ao discutir as inteligências múltiplas, apresenta oito<br />
questionamentos que os professores devem fazer para tornar sua práxis mais eficiente:<br />
- Lingüística Como eu posso ensinar este objetivo usando a palavra falada ou escrita?<br />
- Matemática Lógica Como eu posso ensinar este objetivo usando números, cálculos,<br />
classificações, ou pensamento crítico?<br />
- Espacial Como eu posso ensinar este objetivo usando arte, cor, metáfora,<br />
visualização ou mídia visual<br />
- Cinestésica-corporal Como eu posso ensinar este objetivo usando interpretação<br />
de personagem, drama, ou atividades mão-à-obra.<br />
- Musical Como eu posso ensinar este objetivo usando melodia, ritmo, tom, ou<br />
músicas ou canções específicas.<br />
- Interpessoal Como eu posso ensinar este objetivo usando trabalho em duplas,<br />
aprendizagem cooperativa, ou simulações em grupo?<br />
- Intrapessoal Como eu posso ensinar este objetivo conectando-o com os<br />
sentimentos e memórias pessoais dos alunos, ou dando-lhes opções.
- Naturalista Como eu posso ensinar este objetivo conectando-o à fauna e à flora,<br />
outros fenômenos naturais, ou ecossistemas?<br />
- Existencial Como eu posso ensinar este objetivo conectando a questões<br />
fundamentais de interesse da vida?<br />
“Os “Os estím estímulos estím ulos são são o o alimento alimento das das inteligências<br />
inteligências.”<br />
inteligências .”<br />
(Antunes, 1998)<br />
Desta forma, os educadores deveriam tentar ensinar de oito ou nove maneiras<br />
diferentes. Cientes de seus objetivos claros e bem definidos ficará mais fácil ensinar por<br />
meio de inteligências específicas.<br />
A teoria das IM (Inteligências Múltiplas) fornece aos educadores a oportunidade<br />
de rever que uma informação pode ser ensinada de várias maneiras diferentes, para que<br />
busque sempre novas estratégias possíveis de serem usadas.<br />
Podemos também considerar que as inteligências múltiplas oferecem oportunidade<br />
de encontrar o dom de cada estudante, e a possibilidade de provê-los com métodos próprios<br />
de ensino para ajudá-los a experimentar o sucesso na escola e na vida.<br />
CRITÉRIOS PARA A TEORIA DE MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS:<br />
Sistemas de símbolos<br />
Valor cultural<br />
História do desenvolvimento<br />
Indivíduos excepcionais<br />
Estruturas cerebrais<br />
Segundo Gardner, fundador da teoria das Inteligências Múltiplas, as escolas devem<br />
criar um acesso para a educação mais balanc<strong>ead</strong>o, que forneça aos estudantes<br />
possibilidades de desenvolver as habilidades múltiplas.<br />
Os professores devem apresentar recursos didáticos não apenas por meio de leituras,<br />
discussões, livros texto, resolução de situações-problema, mas também trabalhos que utilizem<br />
a arte, visualizações, mídia visual (inteligência espacial), interpretação de personagens,<br />
dramatizações, atividades “mãos à obra” (inteligência cinestésica corporal), ritmo, melodia,<br />
música ambiente, discografias (inteligência musical), trabalhos em dupla, aprendizado<br />
cooperativo, simulações em grupo (inteligência interpessoal), aprendizado individual, projetos<br />
independentes, oportunidades para reflexão (inteligência intrapessoal) e trazendo seres<br />
vivos ou ecossistemas naturais para o currículo (inteligência naturalista).<br />
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) simbolizam uma proposta que visa<br />
orientar, de maneira coerente, as muitas políticas educacionais existentes nas diferentes<br />
áreas territoriais do país e que contribuem para a melhoria de eficiência, atualização e<br />
qualidade de nossa educação.<br />
A proposta orientada pelos PCN está situada nos princípios construtivistas e apóiase<br />
em um modelo de aprendizagem que reconhece a participação construtiva do aluno, a<br />
intervenção do professor nesse processo e a escola como um espaço de formação e<br />
informação em que a aprendizagem de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades<br />
operatórias favoreça a inserção do aluno na sociedade que o cerca e, progressivamente,<br />
em um universo cultural mais amplo.<br />
Para que essa orientação se transforme em realidade concreta é essencial a interação<br />
do sujeito com o objeto a ser conhecido e, assim, à multiplicidade na proposta de jogos ou<br />
outras propostas que valorizem a materialização dessas interações.<br />
59
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
como:<br />
60<br />
O papel da ludicidade na construção dos recursos e<br />
sua aplicação no Estágio Supervisionado<br />
A ludicidade é um campo do conhecimento que nos possibilita prazer<br />
e renova as esperanças. As atividades lúdicas, propiciam que trabalhemos<br />
aspectos significativos para a<br />
humanidade e para o mundo hoje,<br />
O autoconhecimento<br />
As relações interpessoais<br />
A solidariedade<br />
A autonomia<br />
A auto-expressão<br />
Sendo assim, deve está presente na práxis do estudante (futuro professor), pois lhe<br />
fornecerá alicerces para compreender e vivenciar a complexidade do ato educativo.<br />
O professor tem um papel fundamental frente a sociedade, a comunidade onde está<br />
inserido e, conseqüentemente, junto a escola e aos educandos. Lidar com todos esses<br />
atores educacionais, tendo em vista que a educação ocorre em qualquer lugar, hora ou<br />
momento,,exige do docente competências, habilidades que vão além do conhecimento de<br />
sua disciplina. Está inteiramente ligado ao processo de integração social, pois integra<br />
intelecto, inteligência, racionalidade, sensibilidade, enfim o ser humano em sua totalidade.<br />
As atividades lúdicas são um caminho viável e exeqüível, enfim, algo que não se<br />
encontra apenas em teorias, mas na realidade que construída nos ambientes educativos.<br />
Vale lembrar, que não podemos considerar a ludicidade como uma “tábua de salvação<br />
da educação”. Mas podemos considerá-la como um trajeto para uma ação pedagógica<br />
transformadora.<br />
Para utilizar a ludicidade como recurso pedagógico, é fundamental que estejamos<br />
presentes em nossa prática, para que contagiemos nossos educandos a embarcar na<br />
aventura da aprendizagem da vida de si e do outro. É necessário enfatizar que o educador<br />
que utiliza as atividades lúdicas como um produto para alcançar seus objetivos, perde o<br />
que a vivência desta pode nos proporcionar, pois, a ludicidade se esvai, e a atividade<br />
transforma-se em apenas uma tarefa comprida. Estar presente de fato significa adquirir<br />
maior compreensão de si, do outro e da situação vivida. Não é apenas com o intelecto que<br />
agimos, é também com o coração.<br />
Segundo Pereira (2004):<br />
Temos que considerar que a escola tradicional, do modo que se constitui,<br />
centrada na transmissão de conhecimentos, geralmente, vê a ludicidade,<br />
quando esta é utilizada, como uma forma de trabalhar conteúdos de maneira<br />
mais agradável e eficiente, ou para o preenchimento do “tempo livre”. Contudo<br />
vale afirmar que devido a formação acadêmica que tivemos promover<br />
transformações radicais na prática pedagógica não é nada simples.<br />
Uma prática pautada para a educação lúdica em quaisquer disciplina exige do<br />
educador a convivência com o inesperado, com a imprevisibilidade, que abra mão do controle
absoluto, de sua onipotência, que abra espaço para auto-expressão e a criatividade dos<br />
educandos, estimulando a sua participação efetiva no processo ensino-aprendizagem,<br />
trazendo aos educandos possibilidades de autoconhecimento e auto-desenvolvimento.<br />
As atividades lúdicas permitem a vivência plena com o tempo-espaço próprio<br />
experiências sem julgamentos, sem coerções, sem imposições e direcionamentos<br />
controladores, com abertura de novas possibilidades. Dessa forma, podemos perceber<br />
que atividades lúdicas não são apenas brincadeiras e jogos, mas também aquelas que<br />
proporcionem um estado de socialização e que estas também proporciona recurso para a<br />
práxis pedagógica docente.<br />
Exemplos de Atividades Lúdicas:<br />
- Uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização.<br />
- Um trabalho com argila<br />
- Recorte e colagem<br />
- Canto<br />
- Dança<br />
- Música<br />
- Filme<br />
Existem muitas outras atividades lúdicas, o importante é que esta seja orientada de<br />
forma a seguir os princípios que a norteiam, permitindo que cada sujeito envolvido se<br />
expresse livremente, solidariamente, sem constrangimentos, cobranças e pressões.<br />
Neste sentido acreditamos que um processo dinâmico da construção conhecimento,<br />
que se envolve e implica no desenvolvimento cognitivo e lúdico possibilita ao aluno está<br />
constantemente sendo desafiado e, por isso mesmo, precisa de atenção, carinho, estímulo<br />
e proteção dos agentes educativos, tanto da própria família quanto da escola.<br />
É por meio da ludicidade que o discente exterioriza seus anseios e imita o mundo<br />
real. Cabe ao educador está aberto para a troca e socialização de conhecimentos.<br />
Os estudos recentes têm mostrado também que as atividades lúdicas são ferramentas<br />
indispensáveis no desenvolvimento, porque não há atividade mais completa do que<br />
BRINCAR, JOGAR, SE PERMITIR, VIVENCIAR... Pela brincadeira ou dinâmicas, educandos<br />
e educadores introduz-se no meio sociocultural, constituindo-se num modo de assimilação<br />
e recriação da realidade.<br />
Da mesma forma que o aprendizado é importante ao desenvolvimento intelectual, o<br />
lúdico é “peça” fundamental para tal, pois as novidades do dia-dia são cada vez mais<br />
mutáveis e velozes, nas diversificadas maneiras de desvendar as curiosidades dos alunos.<br />
E é através da ludicidade que essa transformação toma forma, onde criam um mundo<br />
imaginário repleto de encanto, magia, satisfação, frustrações, raiva ou desilusões. Dessa<br />
forma, é que o educando usa suas interpretações para aceitar, ou não, o que lhe convém,<br />
sendo mais fácil para ele mudar os acontecimentos, transformar os fatos do dia-dia, usando<br />
sua imaginação e revendo conceitos.<br />
Por meio do desenvolvimento lúdico, que envolve plenamente o aluno no conjunto<br />
corpo e mente, é que se percebe uma integração absolutamente estreita, já que o corpo<br />
não pára e a mente tampouco, trabalhando para realizar as ações previstas e/ou criadas, a<br />
fim de que os dois entrem em sintonia.<br />
Portanto, a ludicidade auxilia consideravelmente no conhecimento e no<br />
desenvolvimento cognitivo dos educandos, pela busca da interação do mundo que o cerca.<br />
Aproximar a relação de interesse do aluno no que tange as relações interpessoais,<br />
pelo cultivo de suas amizades e desenvolvimento de novas situações, que exijam raciocínio,<br />
61
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
62<br />
convívio com as diferentes pessoas que a cercam, bem como entre as mais<br />
diversas situações apresentadas, no decorrer da própria vida, a cada instante.<br />
O lúdico muitas vezes transmite a imagem de que é apenas o brincar<br />
por brincar é perda de tempo; deste modo, o aluno encara a atividade lúdica<br />
proposta de maneira singular, sem importância ao próprio desenvolvimento.<br />
Neste sentido, o docente deve deixar claro seu objetivo no momento de propor<br />
um jogo ou uma brincadeira uma dinâmica. É importante refletir sobre a<br />
proposta, ouvir os discentes e dialogar, refletindo sobre a atividade lúdica.<br />
Frente a essas inferências, é possível compreender a importância da ação lúdica<br />
para o desenvolvimento cognitivo e social. Dentro desse contexto, existe um fator muito<br />
importante, também, que é o reconhecimento do trabalho lúdico na escola pelos docentes e<br />
discentes como fonte de aprendizagem.<br />
Acredita-se que as habilidades cognitivas desempenhem<br />
um papel muito importante em muitos tipos de atividades<br />
cognitivas, incluindo a comunicação oral, a compreensão<br />
oral, a compreensão da leitura, a escrita, a aquisição da<br />
linguagem, a percepção, a memória, a solução de<br />
problemas, o raciocínio lógico, a cognição social e várias<br />
formas de auto-instrução e autocontrole.<br />
(FLAVEL, MILLER e MILLER, 1999, p. 126)<br />
Vale ressaltar, que não podemos também esquecer jamais que educar vai muito<br />
além da mera transmissão de conteúdos, significa contribuir para o crescimento do<br />
educando, para sua formação, para a melhoria de sua qualidade de vida, pois colabora<br />
para momentos de felicidade. É, sobretudo, um ato amoroso capaz de transformar a<br />
pedagogia vigente,e nos fazer acreditar e investir na construção do conhecimento.<br />
Cultivar a intuição e a criatividade para se expressar é colaborar com a nova geração<br />
é proporcionar sonhos, sentimentos, imaginação. Assim com maior sensibilidade os<br />
problemas que afligem historicamente os seres humanos poderão ser encarados em diversos<br />
ângulos propiciando a busca e possibilidade de encontramos soluções competentes para<br />
resolvê-los.<br />
Texto Complementar...<br />
A importância da expressão criativa junto aos processos educacionais<br />
A importância de uma educação mais abrangente faz com que procuremos novas<br />
saídas para suprir as carências encontradas nas instituições de ensino. A maior luta atual é<br />
por um ensino mais humano, voltado para o real interesse dos alunos, tornando-os agentes<br />
do processo educacional.<br />
Nesse contexto, propomos atividades e jogos criativos como uma das saídas viáveis<br />
para uma maior integração entre as áreas afins e para desenvolver valências esquecidas<br />
na aprendizagem.<br />
Alguns autores ressaltam que a característica principal do homem é imaginativa, e<br />
esta é essencialmente dramática, provando que o processo criativo é um dos mais vitais
para os seres humanos. Essa imaginação, por sua vez, deve ser fundamentada por diversas<br />
estratégias de ensino.<br />
Um instrumento principal desta atividade criativa é a inter-relação. Esta arte imaginativa<br />
está atrelada a curiosidade e por necessidades psíquicas do educando. Assim, o educando<br />
revela-se a si mesmo e aos outros, buscando garantir sua participação e liderança. Através<br />
dos jogos criativos, o adolescente e até mesmo o adulto retorna ao mundo do faz de conta<br />
das crianças. Apesar de pressões sociais que faz o jovem e o adulto controlarem-se,<br />
consegue-se soltar a naturalidade de brincar, ser livre, além de ampliar o verdadeiro sentido<br />
da vida, mostrando-o na totalidade.<br />
(HAETINGER, 1998)<br />
Pirâmide da Criatividade<br />
COMENTANDO A PIRÂMIDE:<br />
Esta pirâmide nos demonstra a necessidade de<br />
um equilíbrio para o desenvolvimento do pensamento.<br />
Aponta como são fundamentais o pensamento<br />
divergente, a criatividade e o senso crítico. Estão<br />
ligados como um triângulo onde todos os lados são<br />
iguais e de igual responsabilidade com o todo.<br />
Oficina de recursos didáticos<br />
A incrível história da professora Rosimar, que aprendeu a ensinar o boi a voar<br />
Capítulo V – Ouvindo e Aprendendo<br />
Por José Pessoa de Araújo e Madza Ednir<br />
I<br />
O nosso boi Encantado<br />
No pasto, atormentado,<br />
Suava frio esperando<br />
A hora de ser levado<br />
Pra ser morto no muorão<br />
Pelo Joaquinzão malvado.<br />
I<br />
Mas a linda professora<br />
Não desiste de lutar.<br />
De volta para a escola<br />
Um jeito tenta encontrar:<br />
“Temos que saber voar<br />
Para Encantado ensinar.<br />
III<br />
Só voa quem aprendeu<br />
A ser cobra no que faz,<br />
Conforme nos alertou<br />
O povo sábio demais”.<br />
Rosimar, a professora,<br />
Vai mostrar do que é capaz.<br />
63
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
64<br />
V<br />
Escutando meus alunos<br />
Eu vou poder melhorar<br />
O que faço na escola<br />
E aprender a voar<br />
Só assim vou ajudar<br />
Encantado a decolar”.<br />
VI<br />
Era a primeira vez<br />
Que Rosimar discutia<br />
Com a turma da escola<br />
O que ali sucedia.<br />
Tudo tomou outro rumo<br />
A partir daquele dia.<br />
IV<br />
Ela pergunta às crianças:<br />
“Digam com sinceridade,<br />
o que posso fazer<br />
pra nossa felicidade?<br />
Quero que as aulas sejam<br />
De ótima qualidade.<br />
VII<br />
Letícia disse com jeito:<br />
“Só faço cópia e ditado.<br />
Não sei pra que serve isso:<br />
Algo deve estar errado.<br />
Não ‘tou aprendendo nada,<br />
É tempo desperdiçado.”<br />
VIII<br />
Benedito aproveitou<br />
Pro seu lado defender:<br />
“Com gritos e nervosia<br />
fica difícil aprender.<br />
Se a professora é calma<br />
Isso vai favorecer”.<br />
IX<br />
Gabriel pediu desculpa<br />
Pra falar o que sentia.<br />
Só decorar tabuada<br />
De quase nada servia.<br />
Faltava o essencial<br />
Pra usar no dia-a-dia.<br />
X<br />
Tião falou bem baixinho,<br />
Com medo de ofender:<br />
“Eu queria tanto ler<br />
livros, cordéis, jornais,<br />
escutar muitas histórias,<br />
e minha história escrever...”<br />
XI<br />
Depois de ouvir a todos,<br />
Rosimar ficou abalada:<br />
“O que eu faço não agrada!<br />
O meu sonho sempre foi<br />
Ser querida e amada<br />
Por essa turma adorada”.<br />
XII<br />
Ao verem a professora<br />
Em prantos se desmanchando,<br />
Dizem os alunos: “Não chore!<br />
Estamos lhe apoiando,<br />
Para o que der e vier.<br />
No mesmo barco remando”.<br />
XIII<br />
Zezé, que é o mais velho,<br />
Sugeriu a Rosimar<br />
Que procurasse Helena<br />
Pra lhe aconselhar.<br />
“Eu já fui aluno dela,<br />
sei que bem sabe ensinar.”<br />
XIV<br />
Rosimar procurou Helena,<br />
Uma santa criatura.<br />
Ela é filha do padeiro,<br />
Moça de rara cultura.<br />
Estudou lá no Recife<br />
Tem muita literatura.<br />
XV<br />
Rosimar disse: “Helena,<br />
Me valha nesta enrascada.<br />
Não consigo ensinar<br />
Esta minha garotada.<br />
Meus alunos estão tristes,<br />
Estou desacorçoada.
XVI<br />
Sem aprender de verdade<br />
Nada posso ensinar.<br />
Não vou conseguir voar<br />
Para além desse lugar.<br />
Quero fazer o melhor<br />
E os alunos ajudar”.<br />
XVII<br />
Helena logo pergunta:<br />
“Em que posso lhe servir?”<br />
Rosimar responde: “Eu quero<br />
Que você venha assistir<br />
Uma aula em minha classe,<br />
Pra mudança introduzir”.<br />
XVIII<br />
Helena cumprimentou<br />
A colega Rosimar:<br />
“Este é um bom caminho<br />
pra se aprender a voar.<br />
Expor todos os problemas<br />
Sem ter medo de errar”.<br />
XIX<br />
Será que esta união<br />
De Helena e Rosimar<br />
Vai salvar o Encantado<br />
Que está lá a esperar<br />
Ansioso lá no pasto<br />
Pedindo pra se salvar?<br />
Revista Chamada em Ação<br />
Será Será que que a a pr prof pr of ofessor of essor essora essor a R RRosimar<br />
R osimar utiliz utilizou utiliz ou de<br />
de<br />
recur ecur ecursos ecur sos didáticos?<br />
didáticos?<br />
Afinal, o que é Recurso Didático?<br />
Recursos didáticos são todos e quaisquer recursos físicos, além do professor,<br />
utilizados no contexto de um método ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o professor a<br />
transmitir sua mensagem e ao educando a mais eficientemente realizar sua aprendizagem.<br />
Sendo assim, estes recursos, seja qual for o tipo, incentivam, facilitam e possibilitam<br />
o processo ensino-aprendizagem. O material didático é uma exigência daquilo que está<br />
sendo estudado por meio de palavras, com o objetivo de torná-lo concreto e tem um papel<br />
fundamental destacado no ensino em todas as disciplinas. Quadro negro, giz, apagador,<br />
pincel para quadro branco, são elementos indispensáveis e básicos em qualquer sala de<br />
aula, principalmente em nossas escolas, onde transcorrem, todas elas com um professor<br />
em frente de alunos.<br />
Nenhuma aula deveria dispensar, também, o concurso de retratos, mapas, gravuras,<br />
gráficos, livros, noticiários de jornal, revistas, aparelhos de projeção, gravadores. Tanto o<br />
professor quanto os materiais somente terão vida na práxis pedagógicas da sala de aula,<br />
fora isso serão apenas objetos sem valor didático nenhum.<br />
O material didático, para ser realmente auxiliar, eficiente do ensino deve:<br />
- Ser adequado ao assunto da aula;<br />
- Ser de fácil apreensão e manejo;<br />
- Estar em perfeito estado de funcionamento, principalmente se tratando de aparelhos,<br />
pois nada mais diverte e dispersa uma turma do que os enguiços nas demonstrações.<br />
Classificação dos Recursos Didáticos<br />
(Segundo a II Conferência Geral da UNESCO)<br />
I. Experiências diretas com a realidade<br />
1.Excursões escolares - viagens escolares, escotismo e bandeirantismo.<br />
65
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
66<br />
2. Objetos, espécimes e modelos – organização de um museu escolar,<br />
mostra e exposições, dioramas, planetário, aquário, terráqueo, visitas a<br />
museus.<br />
3. Auxiliares de atividades – dramatizações, demonstrações,<br />
marionetes, clubes, bibliotecas, recortes e Cruz Vermelha Infantil.<br />
II. Auxiliares visuais (material pictórico) – ilustrações, cartões,<br />
impressos, diapositivos e diafilmes, episcopia, cinematografia, microfotografia<br />
e fotomicrografia, fac símile, ultrafax e estereoscopia.<br />
III. Auxiliares auditivos – audiofono, eletrônico, rádio e toca discos.<br />
IV. Auxiliares audiovisuais – filmes sonoros e televisão.<br />
V. Símbolos de representação plana – quadro negro, cartaz, carta-mural, diagrama,<br />
frisos, multiplicadores, jornal mural, caricaturas, globos, mapas, historieta gráfica, mural e<br />
flanelógrafo.<br />
Vale ressaltar que a classificação apresentada foi retirada de Nérici (1992), portanto,<br />
algumas de suas terminologias já não se encaixam com as tecnologias contemporâneas.<br />
Contudo, mais a frente, faremos algumas novas considerações, tendo em vista a<br />
globalização dos saberes.<br />
Recomendações quanto ao uso de recursos didáticos:<br />
Os recursos audiovisuais não devem ficar expostos, porque os poucos podem tornarse<br />
indiferente.<br />
Devem ser expostos com mais evidência aqueles recursos referentes a unidade que<br />
esteja sendo estudada.<br />
Os recursos audiovisuais destinados a aula devem ficar à mão, a fim de não haver<br />
perda de tempo em mandar buscar ou procurar.<br />
Os recursos audiovisuais de uma aula devem ser apresentados, oportunamente, e<br />
não todos de uma vez, pois pode desviar a atenção da classe.<br />
Antes da utilização dos recursos audiovisuais, estes devem ser revistos quanto às<br />
possibilidades de utilização e funcionamento.<br />
Recursos audiovisuais na sala de aula<br />
“O uso das mídias é o processo mais eficiente na fixação de conteúdos.<br />
Parte-se do pressuposto de que o computador reúne muitos tipos de mídia<br />
e que isso confere a essa tecnologia um grande potencial de aplicação”.<br />
No cotidiano, na sala de aula, no trabalho, no lazer, nas imagens, nos símbolos, enfim,<br />
no plano geral da história da humanidade, a comunicação, a inter-relação, as técnicas não<br />
podem ser isoladas e abstraídas do contexto da realidade social e do pensamento humano.<br />
A cultura da informação desenvolve reflexos na aprendizagem dos indivíduos. Tudo<br />
aquilo que é aprendido na leitura, escrita e da impressão ocorre por simulação, evento<br />
típico da civilização atual.<br />
A disseminação de técnicas e das tecnologias vem modificando a vida cotidiana, o<br />
trabalho e os processos perceptivos e cognitivos de milhões de pessoas. Esse processo<br />
desencadeia novas formas de relação, ou seja, o viver, o agir e perceber a realidade.<br />
A educação formal nas escolas de todos os níveis deveriam também desenvolver<br />
novas formas de interação com instrumentos da cultura de informática, dentro de uma<br />
perspectiva dinâmica e de forma significativa, não perdendo de vista a questão dos valores<br />
que norteiam a cultura, a sociedade e a educação.
Para ilustrar o uso dos novos recursos, podemos citar o correio eletrônico,<br />
a Internet, uso das mídias, ou seja, “mundo visual e dinâmico” é o<br />
processo mais eficiente na fixação dos conteúdos. É por esse motivo<br />
que os recursos audiovisuais merecem mais atenção.<br />
Vale ressaltar, também o uso de softwares educativos, os<br />
quais agrupam vários multimeios, combinando sons, imagem<br />
estática ou em movimento, textos e outras mídias, conhecidas por<br />
hipertextos, multimídias e hipermídias.<br />
Parte-se do pressuposto de que o computador reúne muitos tipos de<br />
mídia (áudio, vídeo, texto). Este tipo de tecnologia confere um grande<br />
potencial de aplicação e possibilita o ensino interativo e o desenvolvimento<br />
de interfaces cada vez mais amigáveis com os avanços no processo e na<br />
inter-relação de saberes: os saberes interlocutores fazem intervir o contexto<br />
para interpretar as mensagens que são dirigidas.<br />
LÈVI STRAUSS, apud HETKOWSKI, 1997<br />
Dessa forma, na escola, a utilização da informática, das diversas ferramentas<br />
possibilita novas alternativas no processo de reconstrução do pensamento cognitivoexpressivo.<br />
As instituições de ensino médio, fundamental e universitário são as promotoras da<br />
busca e da reconstrução do conhecimento nos alunos.<br />
Vivemos um momento globalizado. Um novo estilo de humanidade está sendo<br />
inventado, assim como as tecnologias da escola devem ser utilizadas como meio para<br />
alcançar fins e não tecnicamente como um fim.<br />
Socializando práticas e construindo saberes:<br />
Por Maria Izilda Santos de Matos<br />
“Saudosa Maloca” vai à escola<br />
(Pouco explorada pela análise histórica, a música recria na sala de aula temas ligados<br />
à comunidade)<br />
Se o senhor não está lembrado<br />
Da me licença de contar<br />
Que aqui aonde agora está<br />
Esse edifício alto que agora vê<br />
Era uma casa velha<br />
Um palacête assobradado<br />
Foi aqui senhor<br />
mato grosso, joça e eu<br />
Construimos nosso lar<br />
Mais um dia<br />
Não podemos nem lembrar<br />
Veio os homes cas ferramentas<br />
O dono mandô derrubá<br />
67
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
68<br />
Peguemos todas nossas coisas<br />
E fumos pro meio da rua<br />
Preciá a demolição<br />
Que tristeza que nois sentia<br />
Cada táuba que caía<br />
Duia no coração<br />
Mato grosso quis gritá<br />
Mais em cima eu falei<br />
Os homes tá ca razão<br />
Nois arranja outro lugá<br />
Só se conformemos quando o Jocá falou<br />
Deus dá o frio conforme o cobertô<br />
E hoje nois pega a páia nas gramas do jardim<br />
E pra esquecê nois cantemos assim<br />
Saudosa Maloca, maloca querida dim dim<br />
Donde nos passemos os dias feliz da nossa vida<br />
Saudosa Maloca, maloca querida dim dim<br />
Recurso didático de amplo potencial, a música pode ser usada para discutir as<br />
transformações do espaço urbano. É desafiador acompanhar as contínuas Reformas do<br />
Ensino no País — Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN/1996); Parâmetros<br />
Curriculares Nacionais (PCN/1998) — e aplicá-las no dia a dia-a-dia. Ainda mais<br />
considerando o processo de aprendizagem como permanente e direcionado a uma<br />
educação que estimule a reflexão. O espírito crítico e a ética na prática social.<br />
Por que não enfrentar isso tudo com música? A produção musical pode ser vista<br />
como um corpo documental, uma nova fonte particularmente instigante para a historiografia,<br />
já que por muito tempo embalou boêmios, artistas, populares, sambistas, entre outros com<br />
poucos meios de se manifestarem. Além disso, as funções também abordam temas raros<br />
em outras fontes: amor, dor, romantismo, protesto, denúncia. A proposta aqui é justamente<br />
enfatizar a análise das letras das canções, mas sem descartar outros elementos presentes<br />
no discurso sonoro.<br />
A música é uma manifestação artística que revela aspectos da vivência de seus<br />
produtores e ouvintes. Assim, se o compositor capta, reproduz e explora episódios do<br />
cotidiano, seu público, por outro lado, interage, capta, reproduz e assume idéias e sentimentos<br />
expressos pelo autor na canção, mas também rejeita, adapta, troca e até inverte sentidos.<br />
É indispensável considerar esta relação para observar a música como uma produção que<br />
não é isolada, nem individual, mas um elemento de aprendizagem cultural (ou seja, de<br />
integração numa cultura), que também representa sensibilidades, valores, padrões e regras.<br />
Não existe um modelo ou fórmula para trabalhar com a música na sala de aula. O<br />
potencial é amplo. Pode-se explorar seu caráter interdisciplinar, envolvendo Literatura, Língua<br />
Portuguesa, Geografia, Filosofia, Ciências e História. Atuando como elementos deflagrador<br />
de todo um processo de discussão sobre situações, temas, personagens, momentos da<br />
História, a música também possibilita trocas de aprendizagens e o repensar de ações e<br />
preconceitos.<br />
Em alguns momentos, a música permite despertar o interesse por um problema<br />
qualquer; em outros, é possível perceber até como certos aspectos foram aprendidos,<br />
abrindo possibilidades práticas de pesquisa, de criação e de embasamento da opinião.<br />
Longe de ser algo já pronto e fechado que o professor transmite ao aluno, parte-se do<br />
princípio que é uma troca de experiências entre sujeitos criativos.
Vale ressaltar, porém, que a música, mais do que recurso didático-pedagógico e<br />
fonte documental, é arte e envolve o lúdico. Assim, fica o desafio-sujestão: procure, através<br />
das canções, discutir novas dinâmicas do processo de aprendizagem e desenvolver a<br />
sensibilidade frente a manifestação artística.<br />
Revista Nossa História, 2006<br />
Texto Complementar...<br />
Organização da escola:<br />
Organização de saberes<br />
A educação escolar, como obra de uma comunidade educativa, só se faz com<br />
interação de educadores e educandos, dedicados à reconstrução que sistemize/reorganize<br />
os saberes, provindos dos diversificados lugares sociais em que vivem, se comunicam e<br />
agem uns e outros. Educadores e educandos, no entanto, só existem como tais à medida<br />
que intencional, emotiva e operativamente inseridos nos respectivos grupos iguais.<br />
Isso significa que tanto a identidade dos professores, como a dos alunos necessitam,<br />
antes de tudo, serem construídas no interior das respectivas categorias: ninguém é professor<br />
sozinho e a partir de si mesmo; ninguém isolado é aluno. Se não estiverem organizados<br />
entre si, os educadores e se os alunos não se articularem nas respectivas formas de convívio<br />
e de ações integradas, não se podem a escola como um todo e as respectivas salas de<br />
aula, dizer-se organizadas.<br />
Organização, por outra parte, é um ato de intencionalidade explícita, não acontece<br />
de per si nem acontecem se não num permanente processo de muita conversa, discussões<br />
e argumentação cooperativa. Não basta, por isso, planejar no início do ano ou do semestre.<br />
Se esse planejamento é indispensável também devem ser de contínuo repensado,<br />
rediscutido e aplicado às circunstâncias e aos desafios mutantes. Professores e professoras,<br />
alunos e alunas, professores e alunos necessitam, a cada passo, retomar sua<br />
intencionalidade, reexaminar os caminhos andados, sistematizar suas aprendizagens, dizer<br />
entre si o que fizeram e o que aprenderam, que isso é construir seus saberes de experiência<br />
feitos.<br />
Vale isso tanto para a escola, como para cada sala de aula entendida como espaçotempo<br />
em que uma equipe de professores e uma turma de alunos reconstroem de contínuo<br />
suas identidades, suas tramas de relações intersubjetivas e a condução pedagógica de<br />
suas aprendizagens tematizadas. Isso vale também para cada região de saberes, ou cada<br />
disciplina do currículo, referida sempre as demais, ao trabalho integrado da sala de aula e<br />
às diretrizes do planejar pedagógico da escola (Espaço Escola, 1991).<br />
Para refletir...<br />
Caros Futuros professores,<br />
Ao nos aproximarmos do final de mais uma maratona, dedicamos a mensagem<br />
abaixo que se refere com maestria ao papel dos educadores e, em especial, aqueles que<br />
lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental:<br />
69
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
[ Agora é hora de<br />
TRABALHAR<br />
Na sua opinião, que aspectos o educador deve levar em conta ao trabalhar com as<br />
Inteligências Múltiplas?<br />
]<br />
1.<br />
70<br />
“O país vive a era da globalização, caracterizada pela<br />
integração de mercados em escala mundial e pelo aparato<br />
tecnológico da informática, da automação e das<br />
telecomunicações. Como resposta adaptativa, a escola passa a<br />
buscar metodologias integradoras das diversas áreas do<br />
conhecimento. Nesse contexto, o papel do ensino é o de<br />
promover a consciência do educando a respeito de si e do país,<br />
de forma a instrumentalizá-lo para formar sua própria opinião e<br />
exercer com autonomia a sua criatividade”.<br />
Trennepohl, Vera. Espaço Escola, 1997<br />
2.Observando a prática relacionada a alguns docentes, você percebe o reconhecimento<br />
das Inteligências Múltiplas em sala de aula? Justifique.<br />
3.O que você entende por ludicidade? E que recursos lúdicos você utilizaria ao ministrar<br />
uma aula nas séries iniciais do Ensino Fundamental?
4. Explique a finalidade dos recursos didáticos no processo de ensino aprendizagem.<br />
5.Como os recursos didáticos influenciam na aquisição dos conhecimentos na atual<br />
sociedade?<br />
Prezado(a) graduando(a),<br />
Atividade<br />
Orientada<br />
Com o objetivo de estimular a ampliação dos seus conhecimentos a partir do<br />
Projeto de Intervenção realizado na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica III, de<br />
agora em diante iremos rever, melhorar e aprimorar seu Projeto de Intervenção<br />
transformando-o em um Plano de Ação. Cabe salientar que esta atividade é de caráter<br />
obrigatório, fazendo parte das atividades avaliativas da FTC EaD, além de ser uma<br />
chance de aperfeiçoamento de um trabalho efetivo que foi percebido e será realizado<br />
dentro da sala de aula. Esta tarefa será desenvolvida em uma única etapa ao longo da<br />
nossa disciplina, na sua Unidade Pedagógica e com o auxílio e supervisão do seu tutor.<br />
Todas as ações propostas deverão ser realizados com os recursos materiais<br />
disponíveis e sua percepção em campo, combinados com os novos conhecimentos<br />
científicos adquiridos em PPP III e Estágio Supervisionado I e com a sua experiência de<br />
vida.<br />
Gostaríamos que em todas as etapas de desenvolvimento do Plano de Ação,<br />
você aluno(a)-professor(a), pudesse expressar, além dos seus conhecimentos técnicos,<br />
a importância de se construir outros conhecimentos a partir do senso comum.<br />
A apresentação desta atividade orientada (Plano de Ação) deverá ocorrer nas<br />
tutorias 7 e 8, e sua nota deverá ser inserida pelo tutor(a) no espaço referente a<br />
Consolidação da Aprendizagem.<br />
Esta única atividade orientada será composta de três etapas que se<br />
complementam entre si e são elas:<br />
· Elaboração do Plano de Ação a partir do problema levantado no Projeto<br />
de Intervenção.<br />
71
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
1 Etapa Etapa<br />
72<br />
· Organização do Cronograma de Execução a partir das<br />
atividades propostas no Plano de Ação.<br />
· Elaboração dos Recursos Didáticos que serão utilizados<br />
no desenvolvimento das atividades propostas.<br />
PLANO DE AÇÃO<br />
O Plano de Ação é a organização de idéias. São as propostas ordenadas de uma<br />
forma lógica, para que possam ser claramente compreendidas. Um bom planejamento<br />
permite que se anteveja como acontecerá a ação, quais as etapas a serem percorridas,<br />
como e quando serão executadas certas atividades, quais serão os atores envolvidos, o<br />
que cada membro do Grupo deverá fazer e quais os recursos necessários.<br />
Neste sentido Plano de Ação de Estágio Supervisionado I deverá ser a proposta de<br />
desenvolvimento de um trabalho de regência de sala elaborado a partir das atividades<br />
realizadas durante a disciplina de PPP III, o que suscitou na problemática levantada para a<br />
elaboração do Pré-Projeto de Intervenção.<br />
Este Plano de Ação tem como principal objetivo incentivar você, graduando, a<br />
organizar e descrever as atividades que irá desenvolver em seu estágio supervisionado,<br />
aplicando os conhecimentos construídos ao longo do curso de licenciatura em curso Normal<br />
Superior .<br />
Após conhecer - através da observação e análise - o seu terreno de atuação e eleger<br />
seu desafio, você também precisa conhecer seu próprio potencial, saber de suas qualidades,<br />
de suas habilidades.<br />
Então, mãos à obra! Vamos à descrição das atividades a serem realizadas no Plano<br />
de Ação!<br />
Vamos colocar em prática os seus conhecimentos?<br />
Lembre-se de utilizar todos os conhecimentos elencados neste material didático,<br />
pois os mesmos irão ajudá-lo(a) a desenvolver atividades que promovam a superação das<br />
dificuldades de aprendizagem que você detectou nos alunos. Diante disso, considere<br />
pressupostos como os PCN, as inteligências múltiplas, a ludicidade, entre outros tão<br />
significativos e integre-os aos seus conhecimentos, vivências, valores e grande potencial<br />
criativo.<br />
Acreditamos em você, pois sabemos que és capaz de superar todos os limites que<br />
possam surgir!<br />
ITENS DO PLANO DE AÇÃO:<br />
1. Identificação da instituição e dos Estudantes – este item deve conter o nome<br />
da instituição em que o estudante irá aplicar o plano de ação, assim como o nome de todos<br />
os componentes que fazem parte da sua equipe.<br />
2. Cronograma das atividades – descreva o período que cada atividade deverá<br />
ocorrer.
3. Identificação da ação – aqui você fará uma descrição da ação a ser realizada<br />
na instituição escolar. Relate qual o tipo de transformação que você pretende realizar em<br />
seus alunos a partir da realidade apresentada pelos mesmos.<br />
4. Objetivos – neste item você deverá estabelecer pelo menos dois objetivos que<br />
indiquem a finalidade da ação que vocês estão propondo.<br />
5. Descrição das atividades que serão realizadas/ Ações – neste item o<br />
estudante deverá fazer um breve relato das atividades que serão realizadas com a turma de<br />
alunos escolhida para a regência durante o estágio supervisionado, assim como os recursos<br />
e a metodologia que será utilizada.<br />
6. Avaliação – não esqueça de relacionar ou descrever as ferramentas que serão<br />
utilizadas para avaliar as atividades desenvolvidas.<br />
7. Recursos – descrição dos recursos materiais e humanos que serão necessários<br />
ao desenvolvimento das atividades.<br />
8. Outros aspectos que você julga relevantes – quaisquer outras considerações<br />
que você julgar relevantes devem ser inseridas no Plano de Ação lembrando que o mesmo<br />
poderá ser planejado e executado por você ou por seu grupo.<br />
9. Resultados esperados – realize uma breve descrição do que você espera com<br />
a ação a ser desenvolvida.<br />
2 Etapa Etapa<br />
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO<br />
O Cronograma de execução é uma peça muito importante para a atividade de estágio<br />
visto que é ele que especifica o momento em que cada atividade será desenvolvida. O<br />
acompanhamento do cronograma é a visibilidade do andamento do plano de ação de<br />
regência de sala tanto para o estagiário quanto para o professor e tutor.<br />
Mantendo o Cronograma atualizado você consegue saber se as tarefas estão em<br />
dia, se estão atrasadas e quando será a data provável de encerramento, realizando seu<br />
estágio de forma consistente, crítica e reflexiva.<br />
3 Etapa Etapa<br />
ELABORAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS<br />
O processo de ensino-aprendizagem é otimizado através da utilização de recursos<br />
didáticos, especialmente se os mesmos têm um teor atrativo para os alunos, ou seja, que<br />
ajude a motivá-los na aquisição dos conhecimentos. Toda atividade de ensino e de<br />
aprendizagem quando bem motivado sempre produz bons resultados.<br />
Considerando que você é uma pessoa extremamente criativa e com base dos<br />
conhecimentos adquiridos acerca das inteligências múltiplas e da ludicidade, elabore<br />
recursos didáticos que atendam às necessidades apresentadas pelos alunos e aos<br />
conteúdos e atividades por você propostos no plano de ação.<br />
73
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
74<br />
Veja e pesquise alguns exemplos de alguns recursos didáticos que<br />
podem servir de referência para que você crie outros: vídeos e filmes; mapas<br />
e cartazes; jornais e revistas; cartilhas, jogos e simulações; experiências<br />
demonstrativas; teatros e músicas, atividades externas (ex.: visita a uma<br />
biblioteca), dentre outros.<br />
Cidadão – é o membro ativo da sociedade política independente. É também sujeito<br />
de direitos políticos e que, ao exercê0los, intervém no governo do país.<br />
Conhecimentos prévios – é a relação que se estabelece entre o sujeito que conhece<br />
ou deseja conhecer algo ou objeto a ser conhecido.<br />
Competências – idoneidade, aptidão, rivalidade ou capacidade.<br />
Cultura – é o atributo de toda pessoa possuidora de conhecimento, com formação<br />
intelectual desenvolvida; outro, a cultura é referida como comportamento social do gripo<br />
Currículo – cruzamento de práticas diversas; comportamentos didáticos, políticos<br />
administrativos e econômicos.<br />
Ética – qualidade da ação fundada em valores morais.<br />
Etnia – agrupamento humano homogêneo quanto aos caracteres lingüísticos,<br />
somáticos e culturais.<br />
Habilidades – destreza, capacidade, jeito.<br />
Intuição – percepção clara, imediata, de verdade sem necessidade da intervenção<br />
do raciocínio.<br />
Moral – Conjunto de normas associadas a idéia sobre formas lícitas e ilícitas de<br />
comportamento, conjunto esse aceito e sancionado por uma determina sociedade.<br />
Multidisciplinaridade – múltiplas integrações entre as disciplinas.<br />
Transdisciplinaridade - interligação entre as disciplinas, nas quais esta supera as<br />
barreiras de cada conteúdos, entremeando e constituindo-se uma matéria sozinha.<br />
se.<br />
Glossário<br />
Glossário<br />
Transceder – ser superior, exceder, ultrapassar, elevar-se, avantajar-se e extinguir-<br />
Tendências Pedagógicas – modelos educacionais.
Paradigmas – modelo padrão; tipo de conjugação.<br />
Pedagogia Libertadora – denominação de Paulo Freire para um modelo<br />
educacional que visa a libertação dos oprimidos.<br />
Referências<br />
Referências<br />
Bibliográficas<br />
Bibliográficas<br />
ALARCÃO, Isabel (Org.). Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão.<br />
Porto: Porto Editora, 1996.<br />
ALVES, Nilda (Org.). Educação e supervisão: o trabalho coletivo na escola. São Paulo:<br />
Cortez, 1997.<br />
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 8. ed. Petrópolis:<br />
Vozes, 2000.<br />
______. Inteligências Múltiplas: os estímulos, as práticas da Educação Infantil ao Ensino<br />
Médio. In: Congresso Internacional dos Expoentes na Educação, Curitiba: PUC, 2000.<br />
ARMSTRONG, Thomas. Múltiplas Inteligência na sala de aula. In: Congresso Internacional<br />
dos Expoentes na Educação, Curitiba: PUC, 2000.<br />
BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola. São Paulo: Loyola, 1998.<br />
BIACHI, Anna Cecília de Moraes; ALVARENGA, Marina; BIANCHI, Roberto. Manual de<br />
Orientação: estágio supervisionado. São Paulo: Pioneira Thomson Learnig, 2002.<br />
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, 1984.<br />
BRASIL. Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/<br />
SEF, 1998.<br />
CARVALHO, Alysson; SALLES, Fátima; GUIMARÃES, Marilia (Org.). Desenvolvimento e<br />
aprendizagem. Belo Horizonte: UFMG, 2002.<br />
CECCON, Claudus; OLIVEIRA, Miguel Darcy de; OLIVEIRA, Rosiska Darcy. A vida na escola<br />
e a escola da vida. 30. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.<br />
CHEN, Jie-Qi; KRECHEVSKY, Mara; VIENS, Julie; ISBERG, Emily. Utilizando as<br />
competências da criança. Trad. Maria Andrade Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed,<br />
2001.<br />
COLL, César; MARTÍN, ELENA. Aprender conteúdos e desenvolver capacidades. Porto<br />
Alegre: Artmed, 2004.<br />
75
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
76<br />
DELORS; Jacques (Org). Educação: um tesouro a descobrir. 4. ed. São<br />
Paulo; Cortez; Brasília, DF: MEC: unesco, 2000.<br />
ESTEBAN, Maria Teresa (Org.). Escola, currículo e Avaliação. São Paulo.<br />
Cortez, 2003.<br />
FERREIRA, Oscar M. de C. Recursos audiovisuais no processo ensinoaprendizagem.<br />
São Paulo: EPU, 1986.<br />
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 3.<br />
ed. São Paulo: Paz e Terra S.A., 1997. (Série cultura, memória e currículo, v. 5)<br />
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.<br />
FLAVEL, John H.; MILLER, Patrícia H.; MILLER, Scott A. Desenvolvimento cognitivo.<br />
3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda, 1999.<br />
FONSECA, Silva Guimarães. Didática e prática do ensino da história. 2. ed. São Paulo:<br />
Papirus, 2003.<br />
HAETINGER, Max G. Criatividade: criando arte e comportamento. 4. ed. Ampliada. Porto<br />
Alegre: M. M. Produtores Associados LTDA, 1998.<br />
KISHIMOTO, Tizuko (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 5.ed. São Paulo:<br />
Cortez, 2001.<br />
LA TORRE, Saturnino de; BARRIOS, Oscar. Curso de formação para educadores. São<br />
Paulo: Madras, 2002.<br />
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo, Cortez, 1991.<br />
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisas em educação: abordagens qualitativas. São<br />
Paulo: EPU, 1986.<br />
LUCKESI, Cipriano Carlos. Estados de consciência e atividades lúdicas. In: Educação<br />
e Ludicidade, Salvador: UFBA, 2004.<br />
MARANHÃO, Diva Nereida Marques. Ensinar brincando: aprendizagem pode ser uma<br />
grande brincadeira. 2.ed. Rio de Janeiro: Wac, 2003.<br />
MENEGHOLA, Maximiliano; SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar?<br />
Currículo, área, aula. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. (Coleção Escola em debate)<br />
MORAIS, Regis de (Org.). Sala de Aula: que espaço é esse? 9. ed. Campinas: Papirus,<br />
1995.<br />
MOREIRA, Antônio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Currículo, cultura e sociedade.<br />
2. ed. São Paulo: Cortez, 1995.<br />
MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 3. ed. São<br />
Paulo: Cortez, 2005.
NÉRICI, Imídeo G. Didática geral dinâmica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1992.<br />
NOGUEIRA, Nibo Ribeiro. Uma prática para o desenvolvimento das Múltiplas<br />
Inteligências. 2. ed. São Paulo: Érica, 1998.<br />
REVISTA ESPAÇOS DA ESCOLA, UNIJUÍ: Ijuí, 1991.<br />
77
Estágio<br />
Supervisionado I<br />
78<br />
FTC - EaD<br />
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância<br />
Democratizando a Educação.<br />
www.<strong>ftc</strong>.br/<strong>ead</strong>