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ESTÁGIO SUPERVISIONADO I - ftc ead

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<strong>ESTÁGIO</strong><br />

<strong>SUPERVISIONADO</strong> I<br />

1


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

2<br />

SOMESB<br />

Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.<br />

Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira<br />

Vice-Presidente ♦ William Oliveira<br />

Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Samuel Soares<br />

Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Germano Tabacof<br />

Superintendente de Desenvolvimento e>><br />

Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva<br />

FTC - EaD<br />

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância<br />

Diretor Geral ♦<br />

Diretor Acadêmico ♦<br />

Diretor de Tecnologia ♦<br />

Diretor Administrativo e Financeiro ♦<br />

Gerente Acadêmico ♦<br />

Gerente de Ensino ♦<br />

Gerente de Suporte Tecnológico ♦<br />

Coord. de Softwares e Sistemas ♦<br />

Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦<br />

Coord. de Produção de Material Didático ♦<br />

EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO:<br />

♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦<br />

Gerente de Ensino ♦ Jane Freire<br />

Autores ♦ Aldaci Lopes e Tatiane Lucena<br />

Supervisão ♦ Ana Paula Amorim<br />

Coordenação de Curso ♦ Tatiane Lucena<br />

♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦<br />

Revisão Final ♦ Carlos Magno<br />

Reinaldo de Oliveira Borba<br />

Roberto Frederico Merhy<br />

Jean Carlo Nerone<br />

André Portnoi<br />

Ronaldo Costa<br />

Jane Freire<br />

Luís Carlos Nogueira Abbehusen<br />

Romulo Augusto Merhy<br />

Osmane Chaves<br />

João Jacomel<br />

Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Ana Carolina Alves, Cefas<br />

Gomes, Delmara Brito, Diego Maia, Fabio Gonçalves,<br />

Francisco França Júnior, Hermínio Vieira, Israel Dantas,<br />

Lucas do Vale, Mariucha Ponte e Tatiana Coutinho.<br />

Editoração ♦ Francisco França Junior<br />

Ilustração ♦ Francisco França Júnior<br />

Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource<br />

copyright © FTC EaD<br />

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.<br />

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito,<br />

da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância.<br />

www.<strong>ftc</strong>.br/<strong>ead</strong>


SUMÁRIO<br />

SUMÁRIO<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

EDUCAÇÃO E PRAXIS PEDAGÓGICA 07<br />

<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />

Estágio Supervisionado: O Que é, Papel e Importância<br />

Etapas do Sstágio Supervisionado<br />

○ ○ ○ ○<br />

O Trabalho Docente e a Construção da Práxis Pedagógica<br />

A Ética Profissional do Educador<br />

○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> NAS SÉRIES INICIAIS<br />

DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />

Desenvolvimento Cognitivo dos Alunos<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Inteligências Múltiplas e Diversidade em Sala de Aula<br />

Princípios Orientadores da Ação Pedagógica na Sala<br />

de Aula: Interdisciplinaridade e Contextualização<br />

Princípios Orientadores da Ação Pedagógica em Sala<br />

de Aula: Transposição Didática<br />

○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

DO PLANEJAMENTO À AÇÃO<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

DOCENTE 41<br />

PLANEJAMENTO E AÇÃO DOCENTE NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />

<strong>SUPERVISIONADO</strong><br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Projeto de Intervenção: a Importância 41<br />

07<br />

07<br />

11<br />

14<br />

20<br />

26<br />

26<br />

27<br />

32<br />

35<br />

41<br />

3


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

4<br />

OS RECURSOS DIDÁTICOS NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />

<strong>SUPERVISIONADO</strong>: SELEÇÃO E USO<br />

Inteligências Múltiplas como Princípio de Seleção<br />

e uso de Recursos Didáticos<br />

O Papel da Ludicidade na Construção dos Recursos<br />

e sua Aplicação no Estágio Supervisionado<br />

Oficina de Recursos Didáticos<br />

Atividade Orientada<br />

Glossário<br />

Do Projeto de Intervenção ao Plano de Ação<br />

Elaborando o Plano de Ação<br />

Cronograma de Execução<br />

Referências Bibliográficas<br />

○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

44<br />

50<br />

53<br />

58<br />

58<br />

60<br />

63<br />

71<br />

74<br />

75


Apresentação da Disciplina<br />

Caro(a) estudante:<br />

Você agora vai iniciar uma aventura educativa com a disciplina Estágio<br />

Supervisionado I. Trata-se de uma disciplina da maior relevância para a prática<br />

docente, pois possibilita o contato do estudante com o campo profissional e os<br />

dilemas e desafios inerente a profissão docente.<br />

Esta disciplina tem como objetivo propiciar a reflexão sobre os processos<br />

que envolvem o ensino/aprendizagem e a ação docente, ampliando esta discussão<br />

para as temáticas que envolvem educação e cultura.<br />

Abordaremos nesta disciplina pressupostos teóricos e práticos que sustentam<br />

uma prática educacional interacionista e dialógica, buscando promover um exercício<br />

de reflexão a respeito do ensino nas séries iniciais do Ensino Fundamental<br />

ressaltando aspectos ideológicos, filosóficos, psicológicos que lhe servem como<br />

referências e principalmente vislumbra o exercício para construção de uma prática<br />

pedagógica autônoma e cônscia.<br />

A disciplina Estágio Supervisionado I encontra-se dividida por questões<br />

metodológicas em dois grandes blocos temáticos, que na verdade se<br />

complementam, perfazendo uma carga horária total de 72 horas.<br />

O primeiro bloco temático intitula-se “Educação e Práxis Pedagógica” e será<br />

desenvolvido a partir de dois temas: Estágio Supervisionado e práxis pedagógica e<br />

Estágio supervisionado nas séries iniciais do Ensino Fundamental.<br />

O segundo bloco temático denomina-se “Do planejamento à Ação Docente”<br />

e será desenvolvido em temas como: Planejamento e Ação Docente no Estágio<br />

Supervisionado e os Recursos Didáticos no Estágio Supervisionado: Seleção e<br />

Uso.<br />

Temos o desafio de pôr mãos à obra, defender a prática pedagógica crítica,<br />

garantindo assim, o acesso a uma educação de qualidade, fazendo cidadania em<br />

cada momento da ação educativa.<br />

Sendo assim, o nosso material didático foi pensado para potencializar sua<br />

aprendizagem e reflexão, por este motivo sugerimos que você leia, analise, discuta,<br />

questione, busque e realize todas as atividades propostas. Vá além... Acreditamos<br />

no seu potencial para aproveitar bastante este módulo e as atividades inerentes a<br />

esta disciplina.<br />

Desejamos sucesso na sua prática educativa!<br />

Profa. Aldaci Lopes<br />

Profa. Tatiane Lucena<br />

5


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

6


EDUCAÇÃO E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />

<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> E PRÁXIS PEDAGÓGICA<br />

Estágio Supervisionado: o Que é, Papel e Importância<br />

Estágio: O Que é?<br />

Compreender o que é e como se conceitua o Estagio Supervisionado<br />

é de extrema importância para o aluno da graduação que irá iniciar sua ação<br />

docente. Segundo Bianchi (2002) recorrer ao dicionário auxiliará no<br />

entendimento. Acompanhe os termos envolvidos neste tema:<br />

Estágio s.m. Período de estudos práticos, exigido dos candidatos<br />

ao exercício de certas profissões liberais: estágio de engenharia; estágio<br />

pedagógico./Período probatório, durante o qual uma pessoa exerce uma<br />

atividade temporária numa empresa. / Aprendizagem, experiência.<br />

Supervisionar v.t. Brás. Supervisar, inspecionar.<br />

Supervisar v.t. Dirigir e inspecionar um trabalho; supervisionar, revisar.<br />

Revisar v.t. Visar novamente; fazer a inspeção ou revisão de; revisar um processo.<br />

Rever, corrigir, emendar.<br />

Rever v.t. Tornar a ver, ver pela segunda vez, ver com atenção, examinar<br />

cuidadosamente com o intuito de melhorar, fazer revisão de, emendar, corrigir. (Koogan<br />

Houaiss. Enciclopédia digital)<br />

Ao analisarmos os significados acima, podemos considerar que o Estágio<br />

Supervisionado é um momento de estudos práticos para o ensino/aprendizagem e<br />

experiência docente, pois envolve supervisão, revisão, correção e planos cuidadosos.<br />

O estágio, quando compreendido como uma atividade que pode trazer imensos<br />

benefícios para o ser humano, para a melhoria do processo educativo e para o estagiário,<br />

no que diz a sua formação profissional, provavelmente trará respostas positivas. Estes se<br />

tornam ainda mais indispensáveis quando se tem consciência de que as maiores<br />

beneficiadas serão a sociedade, a comunidade escolar, os egressos da universidade e,<br />

em especial, a qualidade da educação.<br />

Estagiar é tarefa do aluno; supervisionar é incumbência<br />

da universidade, que está representada pelo professor.<br />

Acompanhar, fisicamente se possível, tornando essa atividade<br />

incomum, produtiva é tarefa do professor, que visualiza com o<br />

aluno situações de trabalho passíveis de orientação (BIANCHI,<br />

2002).<br />

7


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

8<br />

Sendo assim, o estudante deve está com a atenção voltada para<br />

demonstrar seu conhecimento pela teoria trabalhada, realizar seu trabalho com<br />

dignidade procurando, dentro da sua área de atuação, demonstrar que tem<br />

competência, habilidade, simplicidade, humildade e firmeza, lembrando-se<br />

que ser humilde é saber ouvir para aprender, ser simples é ter conceitos claros<br />

e sabê-los demonstrar de maneira cordial que possibilitem o entendimento<br />

de terceiros.<br />

O artigo 82 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação<br />

Nacional (LDB), de 1996, aponta o seguinte sobre o estágio:<br />

“Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para a<br />

realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados<br />

no ensino médio ou superior em sua jurisdição”.<br />

Papel e Importância do Estágio Supervisionado<br />

A finalidade do Estágio Supervisionado é propiciar a complementação do ensino/<br />

aprendizagem a ser planejado, executado, acompanhados e avaliado segundo currículos,<br />

programas, calendários escolares, a fim de se constituírem em um processo integrador ou<br />

seja prático, científico e sócio-cultural.<br />

O Estágio Supervisionado na instituição escolar é mais do que uma experiência<br />

prática na vida do aluno, é uma oportunidade para o educando refletir sobre os saberes<br />

trabalhados durante o Curso Normal Superior.<br />

Podemos definir o Estágio<br />

supervisionado como uma parte do<br />

currículo muito importante na formação<br />

do futuro professor porque é a<br />

oportunidade de experienciar e realizar,<br />

na prática, o conhecimento teórico<br />

adquirido no decorrer da sua formação<br />

acadêmica. No estágio, diversas<br />

atividades relacionadas com o ensino/<br />

aprendizagem são realizadas por<br />

docentes e discentes.<br />

O estágio possibilita ampliar e<br />

aprofundar a integração entre os<br />

conhecimentos técnicos e as práticas, bem como desenvolver análises<br />

crítico-reflexivas sobre a atuação profissional do professor.<br />

Nesse sentido, o estágio tem por objetivo maior integração entre aprendizagem<br />

acadêmica e compreensão da dinâmica das instituições escolares de ensino.<br />

É uma ocasião oportuna para os estudantes estarem diretamente em contato com<br />

outros profissionais da área, a fim de ampliar os saberes sobre a mesma, refletindo a partir<br />

da ação profissional. Através do estágio, os estudantes têm a possibilidade de relacionar<br />

os assuntos abordados na sala de aula com a prática, sendo uma importante fonte de<br />

experiência, principalmente para os que já estão atuando na área.


Segundo Schon apud Alarcão (1996) o estágio deve ser considerado tão importante<br />

como os demais conteúdos do currículo. Assim, os’ próprios docentes, como as<br />

universidades ainda não deram o devido valor à prática da formação do professor.<br />

O estágio pedagógico é considerado “[...] o parente pobre de<br />

todas as disciplinas [...]”, isso porque “[...] a Universidade se demite<br />

da sua função de ajudar o aluno a relacionar teoria e prática e a<br />

saber servir-se do seu saber para com ele resolver problemas<br />

práticos [...]”. Para valorizá-lo é preciso conhecer o trabalho<br />

realizado, pois além de encaminhar o aluno para o local de estágio,<br />

o professor/orientador faz-se presente, acompanhando e orientando<br />

o aluno durante todo o processo, bem como em encontros individuais<br />

e coletivos (ALARCÃO, 1996, p. 38).<br />

Para os atuantes na profissão em que estão estagiando as observações feitas durante<br />

o estágio não é uma forma de invadir o espaço do outro tentando ver o que encontra de<br />

inadequado, mas de refletir sobre as atividades para seu crescimento profissional, sendo<br />

uma oportunidade de meditar sobre sua própria forma de agir, a qual pode ser vista refletida<br />

no outro, além de permitir ao mesmo a elaboração do conhecimento de como agir em<br />

determinada situação, sendo espaço de aprendizagem profissional, em que ofereça ao<br />

estudante.<br />

[...] um estágio que permita ao aluno o preparo efetivo para<br />

o agir profissional: a possibilidade de um campo de experiência, a<br />

vivência de uma situação social concreta [...] que lhe permitirá<br />

uma revisão constante desta vivência e o questionamento de seus<br />

conhecimentos, habilidades, visões de mundo etc., podendo leválo<br />

a uma inserção crítica e criativa na área profissional e um<br />

contexto histórico mais amplo. (BURIOLLA, 2001, p.17).<br />

Enfim, a experiência proporcionada pelo estágio desenvolve as atitudes profissionais<br />

dos estudantes e, conseqüentemente, a melhoria em sua prática, a qual vai sendo<br />

transformada de acordo com as vivências do profissional.<br />

Os conhecimentos adquiridos na prática e a troca de experiências são considerados<br />

as melhores formas de aprendizagem, o que reforça a necessidade de se discutir como<br />

essa aprendizagem ocorre no período de estágio. Assim, o estagiário para construir o seu<br />

presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que vê fazer, de imitar sem copiar,<br />

de recriar, de transformar (ALARCÃO, 1996).<br />

Nesse sentido, o professor das séries iniciais do Ensino Fundamental,<br />

enquanto estagiário, deve dialogar, demonstrar, questionar, refletir, orientar a tomada<br />

de decisões, mas deve também, sempre que preciso informar, explicar, descrever,<br />

teorizar sobre assuntos que se façam necessários. Portanto, o seu ser/fazer deve<br />

integrar o dizer com o escutar, a demonstração com a imitação (ALARCÃO, 1996), além de<br />

ter, na reflexão, o caminho para a decisão. Todos esses questionamentos reforçam a<br />

importância de se elaborar um projeto de estágio que privilegie o conhecimento prático<br />

aliado ao conhecimento teórico, objetivando formar o professor para o exercício consciente<br />

da sua profissão.<br />

9


A ESCOLA DOS BICHOS<br />

Estágio<br />

Supervisionado I<br />

Era uma vez um grupo de animais que quis fazer alguma coisa para<br />

resolver os problemas do mundo.Para isto, eles organizaram uma escola. A<br />

escola dos bichos estabeleceu um currículo de matérias que incluía correr,<br />

subir em árvores, em montanhas, nadar e voar. Para facilitar as coisas, ficou<br />

decidido que todos os animais fariam todas as matérias. O pato se deu muito bem em<br />

natação; até melhor que o professor! Mas quase não passou de ano na aula de vôo, e<br />

estava indo muito mal na corrida. Por causa de suas deficiências, ele precisou deixar um<br />

pouco de lado a natação e ter aulas extras de corrida. Isto fez com que seus pés de pato<br />

ficassem muito doloridos, e o pato já não era mais tão bom nadador como antes. Mas<br />

estava passando de ano, e este aspecto de sua formação não estava preocupando a ninguém<br />

- exceto, claro, ao pato. O coelho era de longe o melhor corredor, no princípio, mas começou<br />

a ter tremores nas pernas de tanto tentar aprender natação. O esquilo era excelente em<br />

subida de árvore, mas enfrentava problemas constantes na aula de vôo, porque o professor<br />

insistia que ele precisava decolar do solo, e não de cima de um galho alto. Com tanto<br />

esforço, ele tinha câimbras constantes, e foi apenas “regular” em alpinismo, e fraco em<br />

corrida. A águia insistia em causar problemas, por mais que a punissem por desrespeito à<br />

autoridade. Nas provas de subida de árvore era invencível, mas insistia sempre em chegar<br />

lá da sua maneira... Na natação deixou muito a desejar...Cada criatura tem capacidades e<br />

habilidades próprias, coisas que faz naturalmente bem. Mas quando alguém o força a ocupar<br />

uma posição que não lhe serve, o sentimento de frustração e até culpa, provoca mediocridade<br />

e derrota total. Um esquilo é um esquilo; nada mais do que um esquilo. Se insistirmos em<br />

afastá-lo daquilo que ele faz bem, ou seja, subir em árvores, para que ele seja um bom<br />

nadador ou um bom corredor, o esquilo vai se sentir um incapaz. A águia faz uma bela figura<br />

no céu, mas é ridícula numa corrida a pé. No chão, o coelho ganha sempre. A não ser, é<br />

claro, que a águia esteja com fome! O que dizemos das criaturas da floresta vale para<br />

qualquer pessoa. Deus não nos fez iguais. Ele nunca quis que fôssemos iguais. Foi Ele<br />

quem planejou e projetou as nossas diferenças, nossas capacidades especiais!Descubra<br />

seus dons naturais...<br />

10<br />

Fique de Olho...<br />

Um momento de reflexão...<br />

E E a aagor<br />

a or ora? or a? Como Como v vvocê<br />

v ocê se se sente?<br />

sente?<br />

A prioridade dada à formação teórica em detrimento da formação<br />

prática e a concepção da prática como mero espaço de aplicação de<br />

conhecimentos teóricos, sem um estatuto epistemológico próprio é um<br />

equívoco dos modelos educacionais e consiste em acreditar que para ser<br />

bom professor basta o domínio da área do conhecimento específico que<br />

se vai ensinar. Desta forma, apenas conhecer os conteúdos referentes às<br />

séries iniciais do ensino fundamental, não faz do profissional um<br />

educador, mas sim sua capacidade de interligar, estimular e refletir junto<br />

com seus alunos na busca e construção dos conhecimentos.


Ampliando Horizontes<br />

Texto Complementar...<br />

Dúvidas, obstáculos, entrosamento da organização<br />

e da universidade<br />

Por certo e como visto, há dúvidas e obstáculos<br />

que sempre ocorrem e estes se situam principalmente<br />

no acesso e início do processo de uma organização.<br />

No entanto, quando o estágio está confirmado e<br />

se inicia , o aluno deverá preocupar-se com suas atitudes,<br />

prever situações e, principalmente, fazer um balanço diário das atividades realizadas. A<br />

orientação constante dos professores supervisores dá suporte ao estágio, à execução do<br />

projeto e da redação do relatório.<br />

A postura do aluno é fator de suma importância: credenciado pela instituição, irá<br />

representá-la durante sua permanência na organização. A linguagem, a polidez, isto é, a<br />

gentileza para com as pessoas, o horário respeitado rigorosamente e tudo mais que for<br />

exigido no estágio são fundamentais para ser seguido. O estagiário tem de ter em mente<br />

que é um aprendiz e que qualquer atitude de prepotência pode determinar resultados<br />

desfavoráveis ao que foi projetado.<br />

Do modo de proceder do estagiário, os professores supervisores na universidade<br />

tirarão conclusões sobre o resultado de seus esforços na difícil tarefa de ensinar e aprender<br />

(BIANCHI, 2002).<br />

Etapas do Estágio Supervisionado<br />

A integração da teoria à prática, vivenciada em situações e problemas relativos à<br />

profissão escolhida, estimula o pensamento crítico do estudante e possibilita a formação<br />

de um profissional apto a enfrentar desafios.<br />

O objetivo principal do estágio é o de proporcionar ao estudante oportunidades de<br />

desenvolver suas habilidades, analisar situações e propor mudanças no ambiente em que<br />

vive. Além disso, têm-se como objetivos específicos:<br />

· Incentivar o desenvolvimento das potencialidades individuais, propiciando o<br />

surgimento de novas gerações de profissionais capazes de refletir e construir processos<br />

inovadores e metodologias alternativas;<br />

· Complementar o processo ensino teórico, através da vivência educacional com<br />

investigações e pesquisas, buscando incentivar o aprimoramento pessoal e profissional;<br />

· Refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos históricos e instrumentos<br />

discutidos em sala de aula, através de experiências concretas, de observação, reflexão<br />

sobre a realidade e as influências dos acontecimentos históricos nas relações humanas;<br />

· Propiciar ao aluno-estagiário vivência da realidade profissional e familiarização<br />

com o futuro ambiente de trabalho;<br />

· Estabelecer integração efetiva entre a faculdade e o ambiente educativo, contribuindo<br />

para a atualização e o aprimoramento constante do currículo escolar, possibilitando a<br />

expansão dos serviços comunitários propostos pela academia;<br />

11


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

12<br />

· Favorecer o conhecimento e a aplicação de novas tecnologias,<br />

metodologias e organização do trabalho.<br />

Fazendo Estágio, Construindo Habilidades...<br />

O estágio compreende atividades de avaliação e diagnóstico de estudo de caso, de<br />

observação, nas quais contextualiza e transversaliza as áreas e os eixos de formação<br />

curricular, associando teoria e prática. Dessa maneira, incorpora três diferentes modalidades:<br />

1. Conhecimento e integração do aluno às realidades sociais, econômicas e do<br />

trabalho na sua área de atuação profissional;<br />

2. Iniciação à pesquisa e ao ensino na qual a realidade escolar é seu objeto de açãoreflexão-ação;<br />

3. Iniciação profissional no campo específico de sua formação.<br />

Ressalta-se que as modalidades de estágio mencionadas podem ser desenvolvidas<br />

concomitantemente, em níveis diversos de complexidade e de aprofundamento. Nesse<br />

sentido, a relação entre teoria e prática deve ser entendida como eixo articulador da<br />

construção e produção do conhecimento na dinâmica do professor do ensino fundamental.<br />

A primeira etapa do estágio é entendida como um instrumento de integração do<br />

aluno às realidades sociais vigentes e possibilita a interlocução com os referenciais teóricos.<br />

Permite ao estagiário construir seu plano de estudos — Projeto — e optar pelos temas de<br />

aprofundamento que irão fundamentar sua prática durante o estágio e que estarão presentes<br />

na sua atividade orientada.<br />

A segunda etapa direciona-se para iniciação à pesquisa e ao ensino, na forma de<br />

articulação de teoria-prática, partindo do pressuposto de que a formação profissional não<br />

deve jamais se desvincular da pesquisa. A reflexão sobre a realidade observada a partir de<br />

uma problematização que se constitui em uma forma de iniciação à pesquisa educacional.<br />

A terceira etapa destina-se a iniciação profissional do estagiário através de um “saber<br />

fazer” que busca orientar-se por teorias de ensino-aprendizagem adequando-as aos<br />

conhecimentos históricos, sem perder de vista a realidade de cada instituição e de cada<br />

aluno acompanhado.


Em síntese...<br />

Etapas do Estágio:<br />

1. Integração e Planejamento<br />

2. Pesquisa e Plano de Ação<br />

3. Prática e Intervenção<br />

Texto Complementar...<br />

Modelo de Formação Integral<br />

Alguns dos aspectos e organizadores conceituais na formação do professor para a<br />

mudança e inovação:<br />

SER, SENTIR<br />

Colaboração e criatividade<br />

Habilidades pessoais<br />

Habilidades sociais<br />

Abertura à mudança<br />

Atitude de melhoria<br />

Atitude criativa<br />

Flexibilidade<br />

Sensibilidade para problemas<br />

Sensibilidade para valores sociais<br />

Novos interesses e aspirações<br />

SABER, CONHECER<br />

Conhecer a partir do meio<br />

Estratégias docentes inovadoras<br />

Conhecimentos da disciplina<br />

Conhecimentos sobre aprendizagem<br />

Conhecimentos psicopedagógicos<br />

Conhecimentos curriculares<br />

Planejamento<br />

Projeto e desenvolvimento curricular<br />

Processo de inovação<br />

Modelos de ensino<br />

Comunicação educativa<br />

FAZER, ATUAR<br />

Competência docente<br />

Tomada de decisões<br />

Elaboração de materiais<br />

Esboço do projeto inovador<br />

Desenvolvimento de projeto inovador<br />

13


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

14<br />

Avaliação de projetos e programas<br />

Avaliação de centros e do professorado<br />

Análise da realidade<br />

Análise das necessidades<br />

Aprender com os erros<br />

Domínio modelo<br />

QUERER, DECIDIR<br />

Superar bloqueios<br />

Enfrentar conflitos<br />

Enfrentar resistências<br />

Superação de estresse e fadiga<br />

Persistência na tarefa iniciada<br />

Enfrentar dificuldades e problemas<br />

Elaboração de projetos e tarefas<br />

Busca da qualidade em processos e resultados.<br />

(LA TORRE, 2002)<br />

O Trabalho Docente e a Construção da Práxis Pedagógica<br />

O professor capacitado para atuar nas séries Iniciais do Ensino Fundamental deve<br />

ter competência para se integrar no contexto atual do processo de transformação<br />

educacional, respondendo às necessidades da escola e da sociedade. Ademais, o<br />

profissional da educação deverá se dedicar ao ensino e educação de crianças que<br />

freqüentam no nível de ensino pretendido, abrangendo os processos de formação e<br />

desenvolvimento do sujeito, alfabetização, domínio da leitura e escrita, das operações<br />

fundamentais matemáticas, noções básicas das ciências humanas e sociais, além de<br />

dedica-se ainda ao desenvolvimento de projetos de ensino e de pesquisa e desenvolver<br />

ações pedagógicas em parceria com a comunidade escolar e instituições sociais,<br />

dinamizando a vida da escola e da comunidade escolar por meio de atividades culturais.<br />

Como habilidade principal, o profissional da educação deve se preparar para se<br />

comunicar e se relacionar com as pessoas, desenvolver espírito de liderança, iniciativa e<br />

criatividade. Assim, deverá estar capacitado para a atividade docente; bem como ser um<br />

articulador da organização do trabalho pedagógico nos anos iniciais do Ensino Fundamental;<br />

articulador da dimensão interdisciplinar das áreas do conhecimento; com formação para<br />

atuação crítica e interdisciplinar da realidade e capacitado para a ação no espaço<br />

institucional de ensino e nas organizações sociais, no planejamento, na gestão e na pesquisa<br />

do processo educativo. Neste curso a formação do professor acontece pela participação<br />

no trabalho de pesquisa metodológica e científica, integrada à investigação da realidade,<br />

reconhecendo que o papel do professor se faz na atuação profissional e no desempenho<br />

das funções como agente transformador da realidade, valorizando os avanços da ciência e<br />

da formação humana, e é por conta disso que há uma preocupação em articular de maneira<br />

harmônica o Estágio Supervisionado e a teoria estudada durante todo o curso.<br />

Essa articulação se dá através do processo de sistematização das relações entre<br />

os indivíduos que proporciona o conhecimento de saberes necessários à sua sobrevivência<br />

na sociedade, entendido como educação, refletindo dessa forma, uma contextualização


mais condizente com a práxis pedagógica do educador. Atualmente, o processo educativo<br />

é caracterizado como informal e formal: a primeira diz respeito a transmissão de<br />

conhecimentos construídos na vivência cotidiana fora da escola, sendo dado em todos<br />

ambientes sociais que o indivíduo se encontre como: família, igreja, trabalho e outros lugares;<br />

a segunda, é oferecida em um ambiente destinado a este fim, o escolar, onde a finalidade<br />

consiste em ampliar os conhecimentos de quem a freqüenta, instrumentalizando como<br />

cidadão capaz de atuar na sociedade em constante transformação.<br />

Nesse sentido a escola enquanto um espaço que visa preparar o indivíduo para<br />

exercer atividades favoráveis ao seu crescimento e da comunidade, deve estar cada vez<br />

mais a procura de modos que os auxiliem nesse processo de caminhar os cidadãos na<br />

construção de atitudes críticas, tornando-se encarregada de promover atividades que<br />

beneficiem os educandos a se adequar as exigências sociais. Como nos mostra Porto<br />

(1999), “[...] a educação é um processo social que se enquadra numa concepção particular<br />

do mundo, a qual, por sua vez, determina os fins a serem atingidos pelo ato educativo e<br />

estes fins refletem o espírito da época [...]” (PORTO,1999, p.36). Com isso a escola precisa<br />

promover ações que estejam de acordo a realidade de seus educandos, a fim de que os<br />

introduza em seu mundo.<br />

Devido a tantas demandas sociais relacionadas à educação, as escolas vão<br />

transformando seu modo de agir, indo em busca de melhorias na sua rotina de trabalho<br />

para que beneficiem os educandos, ajudando-os na construção de seus conhecimentos. A<br />

utilização das formas de como agir em uma instituição marca sua metodologia de trabalho,<br />

e esta interfere nas atividades dos educandos, pois a prática pedagógica de um ambiente<br />

escolar influencia no processo de aprendizagem dos mesmos incentivando-os na busca de<br />

novos conhecimentos.<br />

Sobre as questões acima, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, relata no seu<br />

artigo 1º:<br />

“A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem<br />

na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de<br />

ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade<br />

civil e nas manifestações culturais” (LDB, 1996, p.5).<br />

Há afirmação também, que os indivíduos constroem seus conhecimentos mediante<br />

a interação com o outro, sendo a escola a maneira formativa do contato com o mesmo.<br />

Nesse contexto, faz-se necessário que professor esteja sempre repensando sua<br />

prática pedagógica, procurando refletir sobre a importância do seu papel na sociedade, a<br />

fim de estar cada vez mais, em busca de atividades que proporcione a satisfação dos<br />

educandos na obtenção de novas aprendizagens. Para que os educandos se envolvam nas<br />

atividades escolares é preciso que os educadores tenham o cuidado de estar praticando<br />

ações que estejam de acordo com o grupo em que trabalha, promovendo formas de trabalho<br />

que despertem seu interesse.<br />

A prática pedagógica do professor cristaliza uma tendência de acordo com cada<br />

época, estas vão sendo transformadas devido às exigências sociais, percorrendo, assim,<br />

um longo caminho na educação, partindo de saberes variados, os quais foram produzidos<br />

pela humanidade. A maneira como a escola organiza o processo de ensino-aprendizagem<br />

sistematiza a tendência abordada em determinado momento no decorrer do tempo.<br />

As tendências pedagógicas discutidas atualmente foram definidas com base no<br />

pensamento pedagógico europeu, o qual foi propagado por todo o mundo, dentre elas<br />

15


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

16<br />

destacam-se a Pedagogia Tradicional e a Pedagogia Renovada (LIBÂNEO,<br />

1991). Estas se opõem por divergirem no que acreditam ser correto na forma<br />

de como ensinar e aprender atitudes necessárias para sobrevivência do<br />

indivíduo.<br />

PEDAGOGIA TRADICIONAL<br />

- A educação tem uma proposta<br />

centrada no professor, o qual é o detentor do<br />

saber sendo superior ao aluno, pois é ele quem<br />

vigia corrige e transmite conhecimentos,<br />

ocupando o cargo de autoridade máxima na sala<br />

de aula. Os alunos são tidos como “tábua rasa”,<br />

por acreditar que os mesmos nada sabem e<br />

vão à escola como seres passivos com o intuito<br />

de acumular conhecimentos, estes são<br />

tratados de forma isolada do cotidiano.<br />

- É valorizado o ensino da cultura geral,<br />

em que os conteúdos são vistos como verdades<br />

acabadas inquestionáveis, e expostos de forma<br />

oral seguindo passos fixos e pré-determinados<br />

que são utilizados em qualquer contexto escolar.<br />

Acredita-se, com essa metodologia que o aluno<br />

aprende ouvindo, repetindo da mesma maneira<br />

como lhe foi passado em diversos exercícios,<br />

memorizando e reproduzindo o mesmo na<br />

avaliação feita pelo professor, “A escola centrouse<br />

cada vez mais no conhecimento teórico,<br />

científico, um conhecimento distanciado da<br />

vida, de caráter abstrato, cuja aplicação não se<br />

vê imediatamente. E a escola, muitas vezes,<br />

parte do pressuposto de que os alunos devem<br />

estar interessados em adquirir esse<br />

conhecimento...” (DELVAL, 2001, p.84). Sendo<br />

assim, a mesma ocupa um lugar responsável<br />

na transmissão de conhecimentos científicos,<br />

os quais são desinteressantes para os alunos<br />

por ser distante da sua vivência.<br />

As tendências educacionais comentadas sofreram diversas críticas no sentido de<br />

estarem sempre valorizando as classes sociais mais alta, pois:<br />

[...] cada classe social desenvolve<br />

modelos próprios de comportamentos<br />

ideais, instrumentos conceptuais diferentes<br />

de compreensão das formas de<br />

conhecimento e até um conteúdo cultural<br />

apropriado às suas condições históricas de<br />

existência. Logo, não há um conteúdo fixo e<br />

PEDAGOGIA RENOVADA<br />

- A Pedagogia Renovada propõe a<br />

renovação escolar, na qual o mais importante é<br />

o processo de aprendizagem do individuo. Nesta<br />

pedagogia o aluno é visto e valorizado como<br />

um ser livre, social e ativo, que aprende a partir<br />

de suas descobertas e interesses, sendo sua<br />

livre expressão valorizada pelo professor.<br />

- O professor tem como função facilitar<br />

a busca de conhecimento do aluno,<br />

proporcionando situações que desenvolvem as<br />

capacidades e habilidades intelectuais, assim<br />

“...enquanto a escola tradicional é julgada como<br />

aquela adequada aos sistemas sociais estáveis,<br />

cuja continuidade do status quo é desejada a<br />

escola nova é apropriada as sociedades em<br />

desenvolvimento, que necessitam de espíritos<br />

empreendedores e adaptados às mudanças<br />

aceleradas”. (PORTO, 1999, p.40). Devido a<br />

tantas modificações ocorridas no mundo as<br />

escolas vão transformando suas atividades a<br />

fim de que seus alunos acompanhem esse<br />

desenvolvimento contínuo.<br />

absoluto a ser atingido (escola tradicional),<br />

nem a escola pode ser uma miniaturização<br />

idealizada da sociedade (escola nova), e<br />

tampouco o comportamento dos alunos pode<br />

ser controlado em face de objetivos<br />

preestabelecidos (escola tecnicista).<br />

(PORTO, 1999, p.42).


Na tentativa de formular uma educação transformadora que favorecesse o interesse<br />

do povo, foi surgindo primeiro a Pedagogia Libertadora, inspirada por Paulo Freire e a<br />

Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, estas “[...] trata-se de duas tendências<br />

pedagógicas progressistas, propondo uma educação escolar crítica a serviço das<br />

transformações sociais e econômicas, ou seja, de superação das desigualdades sociais<br />

decorrentes das formas sociais capitalistas de organização da sociedade. No entanto,<br />

diferem quanto a objetivos imediatos, meios e estratégias de atingir essas metas gerais<br />

comuns” (LIBÂNEO, 1991, p.69). Essa pedagogia tem como objetivo proporcionar o<br />

funcionamento de escola mediadora entre os alunos e os conteúdos, e estes são tidos<br />

como conhecimentos dinâmicos e questionáveis.<br />

Na Pedagogia Libertadora a proposta é de uma educação que favoreça aos<br />

estudantes um pensamento crítico que transforme a realidade social, a fim de superar as<br />

desigualdades existentes. Nesta tendência, o professor é visto como o coordenador de<br />

atividades, as quais são em torno de temas sociais e políticos, envolvendo problemas a<br />

serem analisados com o intuito de estruturar uma forma para atuar na transformação da<br />

realidade concreta, após o conhecimento da mesma.<br />

Alguns educadores não aceitaram a proposta da Pedagogia Libertadora afirmando<br />

que essa tendência dá pouca importância ao saber cultural da humanidade, acreditando<br />

que não era suficiente apenas conhecer as questões sociais, o que é uma visão equivocada.<br />

Surgindo a partir daí a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos em que faz-se necessário<br />

também construir o domínio de conhecimentos, capacidades e habilidades que possibilitem<br />

aos alunos interpretar e buscar seus interesses pessoais e sociais.<br />

Como foi relatado acima “[...] o que importa é que os conhecimentos sistematizados<br />

sejam confrontados com as experiências sócio-culturais e a vida concreta dos alunos, como<br />

meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos [...]” (LIBÂNEO,<br />

1991, p.70). O ensino deve envolver o domínio de conteúdos científicos, e a problemática<br />

social cotidiana para que através deles os estudantes tenham possibilidade de formar a<br />

sua consciência crítica.<br />

Diante das tendências abordadas é notável que a educação variasse ao longo do<br />

tempo, e devido a tantas transformações ocorridas os educadores estão à procura de<br />

melhorias na área em que atuam.<br />

Vasconcellos nos mostra que é anseio de muitos profissionais que o ambiente escolar<br />

seja um espaço utilizado para o crescimento integral do indivíduo. “[...] nosso desejo é que<br />

a escola cumpra um papel social de humanização emancipação, onde o aluno possa<br />

desabrochar, crescer como pessoa e como cidadão, e onde o professor tenha um trabalho<br />

menos alienado e alienante, que possa repensar sua prática, refletir sobre ela, dar-lhe um<br />

novo significado e buscar novas alternativas [...]” (VASCONCELLOS, 1999). Sendo assim<br />

os educadores devem estar em constantes reflexões das suas atitudes, buscando renovar<br />

sua prática pedagógica a fim de ajudar os educandos a enfrentar os obstáculos existentes<br />

na sociedade.<br />

Transformar a educação com o objetivo de proporcionar aos<br />

indivíduos melhor aproveitamento da sua escolarização é o desejo<br />

de muitos educadores, os quais estão a cada dia<br />

em busca de novos conhecimentos que<br />

favoreçam seus alunos na conquista de novos<br />

saberes. Segundo Zabala (2001) para que o<br />

aluno construa sua aprendizagem pessoal<br />

deve haver a contribuição de uma outra pessoa,<br />

porém esta construção precisa ser de interesse e<br />

17


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

18<br />

disponibilidade do educando, partindo de seus conhecimentos prévios e sua<br />

experiência para conceder um significado ao seu estudo.<br />

É necessário que os educadores ajudem os alunos a confiar em suas<br />

capacidades para que não desistam diante dos obstáculos, pois os mesmos<br />

devem estar cientes de que aprender não é fácil e neste processo existem<br />

diversos desafios que precisam, ser superados. Com isso ao educador cabe<br />

iniciar um trabalho um pouco além do que o aluno já compreende, sendo uma<br />

provocação que desperte seu interesse, a qual na resolução os alunos sintam<br />

o prazer de ter superado a dificuldade e conquistado novos conhecimentos.<br />

Para que o educador promova atividades interessantes aos seus alunos, ele precisa<br />

planejar seu trabalho e se dedicar ao mesmo, procurando diversificadas formas que<br />

favoreçam a aprendizagem. Uma das maneiras de elaborar atividades é que as mesmas<br />

sejam ordenadas, de maneira articulada formando uma seqüência que auxiliem os alunos<br />

na compreensão dos assuntos abordados.<br />

A seqüência de atividades favorece um melhor relacionamento entre elas tornandoas<br />

interligadas e envolvendo os alunos na participação das mesmas, assim:<br />

“[...] a identificação das fases de uma seqüência didática, as atividades<br />

que a conformam e as relações que se estabelecem deve nos servir para<br />

compreender o valor educacional que têm, as razões que as justificam e a<br />

necessidade de introduzir mudanças ou atividades novas que a melhorem [...]”<br />

(ZABALA, 1998, p. 54). Por isso, o educador deve estar em constante processo<br />

de reflexão, a fim de identificar o que precisa ser modificado em sua prática.<br />

Uma das coisas que o docente precisa privilegiar em sua seqüência didática é o de<br />

elaborar atividades de acordo com o interesse do aluno, para que não proponha algo que<br />

desestimulem seus desejos, por ser muito fácil de resolver ou por não terem construído<br />

ainda os esquemas cognitivos para a mesma.<br />

No entanto, muitos educadores vão em busca de estudos que os ajudem na<br />

descoberta de novos conhecimentos, os quais despertem em seus educandos o gosto do<br />

aprender. A procura do crescimento profissional faz com que o indivíduo se depare com<br />

situações conflitantes em relação suas atitudes e as de outras pessoas e as informações<br />

estudadas. O conflito de muitos educadores ocorrem no instante em que têm a oportunidade<br />

de estar observando a prática pedagógica do outro, analisando e refletindo sobre a forma<br />

de agir do colega, e muitas vezes se encontrando nas atitudes do mesmo.<br />

Cinema e Conhecimento...<br />

O cinema é mágico e nos leva a lugares longínquos, jamais vistos... ao mesmo tempo<br />

nos transporta a nós mesmos, ao que há de mais íntimo e muitas vezes desconhecido do<br />

nosso próprio universo da consciência, da racionalidade. O olhar do cineasta nos faz sonhar<br />

e refletir sobre nossa vida.


Filmes que nos fazem pensar, refletir, agir e mudar, orientando nossos caminhos...<br />

O Sorriso de Monalisa – Nike Newell<br />

Katherine Watson é uma solteirona convicta, mulher moderna, que<br />

sai da ensolarada e liberal Califórnia com destino à pacata Nova Inglaterra.<br />

Katherine será professora de História da Arte em uma das mais<br />

conceituadas universidades americanas, a Wellesley. Ao chegar no seu novo<br />

trabalho, Katherine logo entende que todas suas alunas são mais do que<br />

apenas inteligentes e esforçadas. Mas isso não faz delas perfeitas. Entra,<br />

então, a função primordial de um bom educador, ensinar a pensar. E este<br />

passa a ser o principal intuito de Katherine, depois de perceber que a maioria das meninas<br />

ali tinha enorme potencial, mas o jogariam fora se casando e vivendo uma vida de servidão<br />

domiciliar.Mais do que qualquer professora novata, ela vai ser questionada não apenas<br />

pelo seu jeito de lecionar, mas também pela sua vida pessoal. Afinal, na década de 50, não<br />

era comum ver mulheres que abriam mão da “estabilidade” de um casamento em favor do<br />

sucesso profissional.<br />

O Óleo de Lorenzo - George Miller<br />

Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos,<br />

estranhas coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas<br />

de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma doença<br />

extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro,<br />

levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais do menino<br />

ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento<br />

para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar<br />

sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.<br />

Central do Brasil – Walter Salles<br />

Dora (Fernanda Montenegro) escreve cartas para analfabetos na<br />

Central do Brasil. Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil<br />

desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da população<br />

migrante, que tenta manter os laços com os parentes e o passado.<br />

Mentes que Brilham – Jodie Foster<br />

Fred Tate é um superdotado que vive com a sua mãe Dede Tate,<br />

uma empregada de mesa, que se esforça para o educar como uma criança<br />

normal, mas que apesar de tudo não o consegue integrar num meio que<br />

facilmente marginaliza todos aqueles que se mostram diferentes. Recorre<br />

então a Jane Griersm uma psicóloga diretora de uma escola para<br />

superdotados, que se deixa maravilhar pela inteligência e sensibilidade de<br />

Fred e que decide escrever um livro sobre ele. Jane pede, então, a sua<br />

guarda a Dede, por um verão, alegando que Fred poderá assistir a um curso universitário<br />

enquanto ela o observa. Neste período de afastamento da sua mãe, Fred descobrirá que<br />

toda a sua inteligência não significará muito sem ninguém que o ame e acarinhe com a uma<br />

criança normal.<br />

19


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

20<br />

O jardim secreto – Agnieszka Holland<br />

No início do século XX, Mary Lennox (Kate Maberly)<br />

vivia na Índia com seus pais, que não lhe davam muita atenção.<br />

Porém um estouro de elefantes os mata e, seis meses depois,<br />

Mary desembarca em Liverpool, na Inglaterra, para viver com<br />

Lorde Archibald Craven (John Lynch), seu tio, na mansão<br />

Misselthwaite, uma construção feita de pedra, madeira e metal<br />

na qual existem segredos e antigas feridas. Mary estava<br />

assustada naquele solar com várias dezenas de quartos e era incrivelmente<br />

mimada, pois lhe desagradava a idéia de vestir suas roupas, já que na Índia isto era tarefa<br />

de suas aias.A mansão é administrada pela Sra. Medlock (Maggie Smith), uma rigorosa e<br />

fria governanta. Lorde Craven perdeu a mulher há dez anos e nunca mais conseguiu superar<br />

a tragédia. Para piorar Colin Craven (Heydon Prowse), seu filho, também sobre de extrema<br />

apatia, sempre recolhido no seu quarto. Mais uma vez negligenciada, Mary passa a explorar<br />

a propriedade e descobre um jardim abandonado. Entusiasmada com a descoberta, Mary<br />

decide restaurar o lugar com a ajuda do filho de um dos serviçais da casa.<br />

A Ética Profissional do Educador<br />

A qualificação dos alunos como sujeitos de refletir historicamente exige<br />

do professor convicção e persistência para executar um processo demorado<br />

cujos resultados no curto prazo podem deixar a desejar, especialmente<br />

considerar-se o peso da tradição escolar (CALLAI, 1997).<br />

Moral e ética às vezes são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de<br />

princípios ou padrões de conduta (PCN, 1998, p. 69). A ética pode também significar filosofia<br />

da moral, portanto, um pensamento reflexivo sobre os valores e as normas de conduta. Em<br />

outro sentido, ética pode significar um conjunto de princípios e normas que um grupo<br />

estabelece para seu exercício profissional.<br />

Em outro sentido ainda pode referir-se a uma distinção entre princípios que dão<br />

rumo ao pensar sem, diante mão, prescrever formas precisas de conduta (Ética) e regras<br />

precisas e fechadas (Moral). Neste sentido, é importante atentar para o fato da expressão<br />

moral ter, para muitos, adquirido sentido pejorativo associado a moralismo. Desta forma,<br />

cabe ao docente entender ética como valores e regras, não como apenas regras, em seu<br />

sentido estrito.<br />

Partindo-se do pressuposto de que é preciso o<br />

professor possuir critérios, valores e, ainda mais, estabelecer<br />

relações e hierarquias entre esses valores para nortear sua<br />

prática é imprescindível perceber que o universo do<br />

conhecimento é amplo e complexo. Compreender<br />

que somos seres humanos inacabados e estamos<br />

buscando a melhoria da qualidade de ensino,<br />

constantemente, requer dos profissionais da<br />

educação uma conduta, uma ética profissional, um<br />

diagnóstico da realidade na qual está inserido, e mais<br />

que isso, compreender o seu aluno em suas dificuldades<br />

e possibilidades.


Escola Democrática já é uma Lição<br />

O respeito mútuo, a justiça, a justiça, o diálogo e a solidariedade são pontos de<br />

destaque dentro do conteúdo de ética no Ensino Fundamental. A importância de inclui-los<br />

no programa se torna clara quando as diversas etnias, culturas, religiões e opiniões presentes<br />

na formação da população brasileira são levadas em conta. Essa diversidade gera<br />

preconceitos que se manifestam na forma de intolerância ou desprezo com relação ao que<br />

é diferente. Seus alunos devem saber que todas as pessoas são dignas de respeito, não<br />

importa o sexo, a idade, a cultura, a raça, classe social ou grau de instrução.<br />

A ética permeia todo o currículo. É uma discussão que perpassa pelas guerras<br />

estudadas nas aulas de História, pelo jeito certo ou errado de falar nossa língua e pelo<br />

cuidado com o meio ambiente. Além disso, o tema está presente nas relações internas da<br />

escola. A convivência democrática entre professores e alunos ou entre colegas vale como<br />

uma bela experiência para estudantes.<br />

(Nova Escola, 2001)<br />

A própria lei — Diretrizes Curriculares Nacionais — dá ao professor e à instituição<br />

uma flexibilidade para que se desenvolva a ética e a pluralidade cultural em nossas escolas<br />

e incentiva a formação integral do cidadão. Podemos ser agentes transformadores e<br />

pesquisadores de saberes da prática docente, que irão proporcionar prazer e alegria ao<br />

educando que busca o conhecimento, incansavelmente, acreditamos ser este o papel ético<br />

do professor.<br />

De acordo com Freire (1981 p. 52) é necessário:<br />

O desenvolvimento de uma consciência crítica,<br />

que permite ao homem transformar a realidade, é cada<br />

vez mais urgente. Na medida em que os homens, dentro<br />

de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do<br />

mundo, vão também fazendo história, por sua própria<br />

atividade criadora.<br />

Mudar é preciso e necessário para saber conviver no século XXI. Mudar nossos<br />

paradigmas com relação ao que fomos e ao que somos; ao que aprendemos no passado e<br />

ao que estamos aprendendo no agora. Sendo assim, torna-se um desafio “aprender a<br />

aprender”, “aprender a ser” e “aprender a fazer” (DELORS, 2000, p. 89-99) no processo de<br />

ensino-aprendizagem.<br />

Reavaliar nossos conceitos, concepções e valores traz para o nosso mundo real<br />

uma visão multidimensional do nosso ser. É preciso ter sabedoria, coragem, determinação,<br />

prudência, serenidade para atuar na escola de hoje que é dinâmica, transformadora.<br />

As mudanças não ocorrem por um acaso. Elas obedecem à evolução da humanidade<br />

e ao desejo de transformação, levando o homem a atuar no universo de forma progressista.<br />

O conhecimento tem chegado de forma assustadora no universo escolar. Com o processo<br />

de globalização as informações estão conectadas em rede, e nós não conseguimos<br />

acompanhar esse universo informativo que está chegando a todo o momento. E como<br />

avaliaríamos tais informações, sendo professores?<br />

É muito complexo entender e compreender essas questões que não deixam de<br />

participar de nosso dia-a-dia e de nossa prática profissional. Quantas vezes, na sala de<br />

aula, o aluno traz informações das quais, nós não estamos preparados para responder? O<br />

21


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

22<br />

aprender a ouvir o aluno e estar participando com ele do processo ensinoaprendizagem<br />

é outro desafio que teremos que enfrentar no cotidiano escolar.<br />

Entender o humano, como diz Morin (2000), é complexo. A complexidade<br />

do pensamento humano liga-se a incertezas e, ao mesmo tempo, busca uma<br />

certeza no conhecimento. E o que é o conhecimento? É um aprender a ser<br />

avaliado para saber se aprendeu? Por que tantas exigências, sem nem ao<br />

menos sabemos para que servem?<br />

O refletir, o pesquisar, o se informar sobre nós, enquanto sujeitos e<br />

objetos do conhecimento se torna necessário para compreender o humano.<br />

Corporificar é buscar ser exemplo ou mesmo referência para os alunos, hoje é<br />

importante, pois, muitos se encontram no olhar que têm de um determinado professor que<br />

julga ser o melhor (FREIRE, 1997, p.38). Mesmo essa premissa podendo ser falsa, há<br />

aqueles que nela acreditam e se fundamentam para conseguir lutar pelos seus sonhos.<br />

O professor tem que procurar levar seus alunos a pesquisarem, a se comprometerem<br />

e a construírem sua história, sua identidade em um mundo em constantes transformações.<br />

Buscar melhorar seus hábitos e atitudes são essenciais, para que as mudanças ocorram.<br />

Somos seres mutáveis e necessitamos de nos inter relacionarmos para transformamos<br />

nossas vidas.<br />

Para Freire (1997, p. 44):<br />

Não é apenas preciso mudar, o que, porém exige paciência, uma paciência<br />

que eu chamo de impaciente, que exige também conhecimento, humildade e<br />

uma pressa não demasiada apressada, quer dizer, você tem que viver um tempo<br />

em que você corre e anda também, anda quando pode, corre quando pode.<br />

O tempo é o senhor da sabedoria. Temos que confiar em nossa capacidade de<br />

aprender a conhecer o universo cultural em que vivemos. Compreender o ser humano e<br />

suas relações no espaço em que vive. Aprender que as mudanças existem e que podemos<br />

ser pacientes em diagnosticá-las como processo de transformação ou processo de<br />

investigação de nossa própria natureza. Vivemos em um mundo dicotômico, e a partir de<br />

suas irreverências, podemos discernir o que seria melhor para a formação de um cidadão,<br />

político e consciente de sua formação de educador crítico e reflexivo.<br />

Neste contexto, ética no ensino das áreas de conhecimento das séries iniciais do<br />

Ensino Fundamental constitui um dos temas transversais propostos nos Parâmetros<br />

Curriculares Nacionais (1998) e reflete a preocupação para que a escola e o docente realizem<br />

um trabalho que incentive a autonomia na constituição de valores de cada aluno, ajudandoo<br />

a se posicionar nas relações sociais dentro da escola e da comunidade como um todo.<br />

São quatro blocos temáticos principais: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade.<br />

Em síntese...<br />

Todo professor é uma referência para os seus alunos. Sendo assim, deve cumprir<br />

com o seu papel que é o de possibilitar uma reflexão crítica em seus alunos, isto é, no que<br />

diz respeito à ética eles devem ser capazes de:<br />

Compreender o conceito de justiça e perceber a necessidade da construção de uma<br />

sociedade justa;<br />

Respeitar as diferenças entre as pessoas;<br />

Questionar os conteúdos trabalhados e buscar recriá-los frente a sua realidade;


Valorizar o diálogo como forma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas;<br />

Perceber as relações entre a história do passado com o presente;<br />

Aplicar os conhecimentos adquiridos na escola para construir uma sociedade<br />

democrática.<br />

Texto Complementar...<br />

Ética e Educação no Mundo Globalizado<br />

A sociedade atual caracterizada pelas tecnologias da informação, em escala global<br />

e em ritmo de tempo nulo lança desafios outros à educação escolar, que conta com a<br />

presença ativa do professor na sala de aula. A educação tradicional ocupava-se da<br />

transmissão de conteúdos, fornecimento de informações, já que escassas. Agora, ante o<br />

excesso de informações com que se defrontam alunos e professores, cumprem à educação,<br />

fazê-las significativas às experiências de vida, aos interesses e valores da vida em comum,<br />

desde o cotidiano vivido de cada um à convivência solidária e co-responsável de todos os<br />

homens. Faz-se necessária a consciência de que todo ato humano é ético porque é ato de<br />

linguagem que produz o mundo que se cria com outros na convivência de todos com todos.<br />

Impõe-se hoje uma ecologia cognitiva de redes complexas, na qual interajam os atores<br />

humanos, biológicos, técnicos, os fatores culturais e as conquistas científicas referidas às<br />

situações concretas de vida. E, quanto mais parecem dispensáveis, as relações<br />

interpessoais, calorosas e densas, mas se exigirão elas num mundo aberto à cidadania de<br />

todos por igual, diferençado e plural, na valorização do que é próximo e familiar.<br />

Essas possibilidades imensas que se abrem, esses processos da comunicação<br />

ampliada, dependem, com tudo ou mais, dos usos que deles se façam. Por isso, multiplicamse<br />

também e adensam-se às responsabilidades éticas da escola posta como lugar do debate<br />

e da argumentação discursiva de que participem todos em pé de igualdade e, no sentido<br />

melhor, adquirir a capacidade de entendimento mútuo dos seres humanos entre si, e, com<br />

isso, garantir uma melhor qualidade de vida.<br />

Os conhecimentos que a escola deve disseminar na contemporaneidade não podem<br />

ser encarados como certezas ou verdades absolutas, mas como saberes sempre provisórios,<br />

sempre em movimento de reconstrução nas aprendizagens significativas, abertas a novas<br />

reformulações, controladas por comunidades argumentativas e postas no âmbito da mais<br />

ampla publicidade crítica; por isso, éticas. (Revista Espaços da Escola, 1991).<br />

[ Agora é hora de<br />

TRABALHAR<br />

]<br />

1.<br />

Após a leitura, comente a importância do estágio nas<br />

séries iniciais do Ensino Fundamental na perspectiva da<br />

educação atual.<br />

23


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

24<br />

2. Enumere cinco razões que tornam importante a realização do Estágio<br />

Supervisionado.<br />

3. Leia o texto e analisa as questões abaixo:<br />

O Professor e o Ensino da Condição Humana<br />

No que se refere aos parâmetros para o desenvolvimento de propostas à formação<br />

educacional, muitos têm sido os escritos destinados a repensar, em nível mundial, a educação.<br />

Entre eles, destacam-se: Os sete saberes necessários à educação do futuro, de Edgar<br />

Morin (2001), e Educação: um tesouro a descobrir, também denominado Relatório Jacques<br />

Delors. Ambos foram considerados pela UNESCO como referenciais para o<br />

restabelecimento de políticas educacionais para o futuro.<br />

A educação é a forma pela qual há a transmissão de forma maciça e, muitas vezes,<br />

eficaz do conhecimento. Baseando-se em Morin, considera-se que há sete saberes<br />

fundamentais que a educação do futuro deve tratar em toda sociedade e em toda cultura,<br />

sem exclusividade ou rejeição, segundo modelos e regras próprias a cada sociedade e<br />

cada cultura.<br />

O conjunto das reflexões atuais sobre a reforma do sistema educacional, da educação<br />

básica e a formação de professores, requer dois investimentos cognitivos que se<br />

complementam: o exercício de um diálogo capaz de articular nossas competências e a<br />

escolha de meta-temas e princípios que exponham, com clareza, o ideário da educação<br />

que queremos.<br />

Desse ponto de vista, é necessário expor, problematizar e avaliar se a produção do<br />

conhecimento de que dispomos como herança histórico-cultural, responde, de maneira<br />

satisfatória, aos problemas que emergem na sociedade contemporânea, marcados pela<br />

relação de complementaridade e oposição entre ciência, tecnologia e meio ambiente. Mais<br />

que isso, interessa perguntar se nossa prática como educador nos permite projetar e construir<br />

as bases de uma sociedade futura. Abrir as especialidades, prover métodos de pensar que<br />

rejuntem conhecimentos e reconstruir um sujeito capaz de problematizar a condição humana<br />

parecem ser o protocolo básico para repensar a educação. Uma reforma do pensamento<br />

(Morin), orientada pela desconstrução e reconstrução dos atuais modelos cognitivos (Atlan),<br />

certamente facilitará a escolha de fatos portadores de sentido (Rosnay) que possam fazer<br />

da educação o ensino da condição humana em sintonia com os domínios do mundo que<br />

fundam essa condição.<br />

a.<br />

De acordo com o texto, o conhecimento precisa ser pautado em que bases teóricas?


4. Na sua opinião, quais os benefícios que tem um estudante de licenciatura em realizar<br />

um estágio supervisionado?<br />

5. Confronte as principais características da Pedagogia Tradicional e da Pedagogia<br />

Renovada, considerando sua inserção enquanto estagiário-docente.<br />

6.Na sua opinião, a ética é uma palavra em desuso pelos profissionais de educação<br />

ou tem sido um tema que participa ativamente dos debates educativos? Justifique sua<br />

resposta.<br />

7. Explique como o planejamento impulsiona a aquisição de conhecimentos por parte<br />

dos educandos.<br />

8. Descreva a natureza do Estágio Supervisionado, explicitando quais os seus desejos<br />

e expectativas em relação à sua prática.<br />

9.<br />

De acordo com as definições apresentadas e as definições que você conhece<br />

advindas do senso comum, recrie um conceito de ética e um conceito de ética profissional.<br />

25


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

26<br />

<strong>ESTÁGIO</strong> <strong>SUPERVISIONADO</strong> NAS SÉRIES<br />

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />

Desenvolvimento Cognitivo dos Alunos<br />

Em uma sociedade democrática, o professor tem vários desafios. Um dos mais<br />

importantes é o de estimular a aprendizagem e desenvolver habilidades e competências<br />

estruturais e básicas nos alunos, preparando-os para se tornarem cidadãos plenos e<br />

emancipados em todos os campos de sua vida. De acordo com Jacques Delors, a educação<br />

deve se fundamentar nos quatro pilares da educação para o século XXI: aprender a ser,<br />

aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver.<br />

Em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à<br />

Prática Educativa, Paulo Freire oferece contribuições valiosas para<br />

conduzir à reflexão sobre a competência docente.<br />

Ensinar exige razão de ser de alguns desses saberes em relação com<br />

o ensino dos conteúdos [...]. Ensinar exige disponibilidade para o diálogo [...]<br />

nas relações com os outros que não fizeram necessariamente as mesmas<br />

opções que eu fiz, no nível da política, da ética, da estética, da pedagogia [...],<br />

que me encontro com eles ou com elas [...]. Ensinar exige o reconhecimento e<br />

a assunção da identidade pensante, comunicante, transformador, criador,<br />

realizador de sonhos [...]. Ensinar exige a apreensão da realidade [...],<br />

transformar a realidade para nela intervir, recriando-a [...]. Ensinar exige<br />

segurança, profissional e generosidade [...]. O fundamental no aprendizado<br />

do conteúdo é a construção da responsabilidade da liberdade que se assume<br />

[...] (FREIRE, 1996, p. 35).<br />

Segundo Fonseca (2003, p. 117), nos últimos anos do século XX, o ensino deveria<br />

ser precedido nas produções de conhecimento no cotidiano escolar. A autora focaliza a<br />

possibilidade de organização do ensino, especificando o de história, por projetos de pesquisa<br />

na atual realidade escolar brasileira.<br />

Zabala (1998, p. 27) complementa que por trás de qualquer proposta metodológica<br />

se esconde uma concepção de valor que se atribui ao ensino, assim como certas idéias<br />

mais ou menos formalizadas e explícitas em relação aos processos de ensinar e aprender.<br />

Neste sentido, o educador precisa acompanhar as mudanças, promovendo na sala<br />

de aula o entendimento entre o tradicional, o novo e o diferente, trabalhando os conflitos,<br />

transformando a escola em um espaço de convivência prazerosa do aprender e do saber,<br />

valorizando a cultura original do aluno.<br />

Uma atividade que agrega ludicidade e teoria é o reflexo de como deve pensar uma<br />

escola no século XXI. Segundo os PCN’s (1998, p. 40), no processo de aprendizagem, o<br />

professor é o principal responsável pela criação de situações de trocas, de estímulos na


construção de relações entre o estudado e o vivido, de integração<br />

com outras áreas de conhecimento, de possibilidade de acesso<br />

dos alunos a novas informações, de confrontos de opiniões,<br />

de apoio ao estudante na recriação de suas<br />

explicações e de transformação do meio em que vive.<br />

Inclusão Digital nas Escolas<br />

Há uma década, computador em escola<br />

brasileira era, quando muito, privilégio de elite. Seu<br />

uso praticamente se restringia a processar textos e a internet era novidade absoluta. Hoje<br />

esses recursos são os mais básicos de uma enorme gama de opções. As escolas públicas<br />

com laboratório de informática ainda são 11% do total, segundo o Ministério da Educação.<br />

Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles estarão em toda a rede de ensino.<br />

Fazer parte dos novos tempos não depende apenas de equipamentos modernos. A<br />

interação que eles permitem pede uma revisão dos métodos tradicionais de ensino. Quanto<br />

mais se mantiverem os hábitos que relegam o aluno a um papel meramente receptor, menos<br />

diferença a tecnologia fará no aprendizado. Em muitas escolas, os computadores ficam<br />

durante a maior parte do tempo confinados a salas que só se abrem para aulas de informática,<br />

sem se incorporar ao projeto pedagógico. É como deixar trancados os livros da biblioteca<br />

ou limitar seu uso ao processo estrito de alfabetização.<br />

Em geral, crianças e jovens sabem aproveitar por conta própria as oportunidades<br />

oferecidas pelo mundo digital, ainda que - claro - com propósitos recreativos. Segundo o<br />

Comitê Gestor da Internet no Brasil, dos 32,1 milhões de usuários da rede no país, a maioria<br />

é jovem. Alguns professores ficam constrangidos diante dessa desenvoltura, mas não há<br />

razão para isso. O papel do professor, portanto, é dar um sentido ao uso da tecnologia,<br />

produzir conhecimento com base em um labirinto de possibilidades. É possível, por exemplo,<br />

estimular o raciocínio lógico com jogos virtuais ou criar páginas na internet para os alunos<br />

publicarem seus textos.<br />

Texto adaptado da Revista Nova escola<br />

(http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0195/aberto/mt_161219.shtml).<br />

Inteligências Múltiplas e diversidade em Sala de Aula<br />

Etimologicamente, a palavra “inteligência”, no latim intellego origina-se da junção<br />

das palavras inter (entre) e eligere (escolher), que em seu sentido mais amplo, significa<br />

capacidade para compreendermos as coisas. Convencionalmente a inteligência é entendida<br />

como a faculdade de compreender. O primeiro sentido diz respeito a questões como: a<br />

inteligência é também uma questão de discernimento, de distinção, discriminação.<br />

De acordo com Antunes (1998, p. 18), a inteligência “é produto de uma operação<br />

cerebral e permite ao sujeito resolver problemas e, até mesmo, criar produtos que tenham<br />

27


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

28<br />

valor específico dentro de uma cultura”. Sob esta ótica, a inteligência contribui<br />

para que em situações difíceis possamos perceber e criar alternativas através<br />

das quais possamos decidir em optar ou venhamos a dar sugestões<br />

significativas para resolução e/ou encaminhamento de um determinado<br />

problema.<br />

A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) aborda<br />

o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que<br />

permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área<br />

de atuação. Sua insatisfação com a idéia de quociente de inteligência (QI) e com visões<br />

unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o<br />

sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da<br />

habilidade para resolver problemas.<br />

Assim, a inteligência pode ser entendida como apacidade inata, geral e única, que<br />

permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de atuação.<br />

Sua insatisfação com a idéia de quociente de inteligência (QI) e com visões unitárias de<br />

inteligência, que focalizam, sobretudo, as habilidades importantes para o sucesso escolar,<br />

levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver<br />

problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes profissionais em diversas<br />

culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca de soluções,<br />

culturalmente apropriadas, para os seus problemas, o autor trabalhou no sentido inverso ao<br />

desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que deram origem<br />

a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também:<br />

O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças<br />

superdotadas;<br />

Adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua<br />

produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades<br />

sejam sequer atingidas;<br />

Populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os<br />

primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais<br />

funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades<br />

intelectuais; (d) como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.<br />

Psicólogo construtivista muito influenciado por Piaget, Gardner distingue-se de seu<br />

colega de Genebra na medida em que Piaget acreditava que todos os aspectos da<br />

simbolização partem de uma mesma função semiótica, enquanto que ele acredita que<br />

processos psicológicos independentes são empregados quando o indivíduo lida com<br />

símbolos lingüísticos, numéricos gestuais ou outros.<br />

Segundo Gardner uma criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o<br />

que Piaget chamaria de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média<br />

em outra (o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor). Gardner descreve o<br />

desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar<br />

significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que<br />

não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma<br />

área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios.<br />

Num plano de análise psicológico, afirma Gardner (1982), cada área ou domínio tem<br />

seu sistema simbólico próprio; num plano sociológico de estudo, cada domínio se caracteriza<br />

pelo desenvolvimento de competências valorizadas em culturas específicas.<br />

Ele sugere, ainda, que as habilidades humanas não são organizadas de forma<br />

horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e


que, ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas<br />

independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com<br />

possíveis semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.<br />

Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade<br />

de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos<br />

possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as<br />

inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada<br />

tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Ele propõe,<br />

ainda, que cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento, ou de<br />

processamento de informações, além de seu sistema simbólico. Estes sistemas simbólicos<br />

estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e<br />

funções culturais.<br />

Segundo Antunes (1998), os estímulos são o alimento da inteligência e estão<br />

presentes desde o início da infância, contudo isto deve ocorrer de maneira maneira gradual,<br />

sem excessos, pois “estimulações excessivas, já se disse antes, possui o mesmo sentido<br />

que alimentação em quantidade acima da necessidade”. Neste sentido, cabe ao professor<br />

estar conectado ao educando o tempo todo, observando seus interesses. É importante ter<br />

em mãos os recursos para que sejam usados com sobriedade e, principalmente, com a<br />

participação da comunidade escolar.<br />

“Nunca confunda velocidade na<br />

aprendizagem com inteligência”<br />

(ANTUNES, 1998)<br />

A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua<br />

definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que<br />

são significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns talentos<br />

só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura<br />

valoriza certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e,<br />

depois, passados para a geração seguinte.<br />

As implicações da teoria de Gardner para a educação são claras quando se analisa<br />

a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento<br />

das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios, a aquisição de<br />

conhecimento e a cultura.<br />

As inteligências em um ser humano são mais ou menos como<br />

janelas de um quarto. Abrem-se aos poucos, sem pressa, e pra cada etapa<br />

dessa abertura existem múltiplos estímulos... Os estímulos não atuam<br />

diretamente sobre a janela, mas se aplicado adequadamente, desenvolve<br />

habilidades e estas, sim, conduzem a APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS<br />

(ANTUNES, 19980).<br />

29


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

30<br />

Thomas Armstrong incorpora, em seus escritos, as pesquisas mais<br />

novas de Gardner e outros estudiosos. Os estudos originais de Gardner<br />

sugerem que a mente humana é composta por sete inteligências – lingüística,<br />

lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal,<br />

intrapessoal, naturalista e, possivelmente, existencial. Os estudos de Armstrong<br />

proporcionam ajudar educadores de todos os níveis a aplicarem a teoria das<br />

IM ao desenvolvimento de currículos, planejamento de aulas, avaliação,<br />

educação especial, habilidades cognitivas, tecnologia educacional,<br />

desenvolvimento de carreira, políticas educacionais e muito mais. Armstrong apresenta<br />

instrumentos, recursos e idéias que os professores poderão usar imediatamente para ajudar<br />

alunos de todas as idades a atingirem o seu potencial máximo na vida.<br />

Com o surgimento desta teoria o conceito de inteligência foi reestruturado e o ser<br />

humano passou a ser compreendido na sua multidimensão. As discussões evidenciavam<br />

que as inteligências são competências, e dessa forma se responsabiliza pela solução<br />

específica de problemas diferenciados com a capacidade de criação de “produtos” válidos<br />

para uma determinada cultura.<br />

De acordo com Gardner (1996), seriam oito as inteligências, denominadas<br />

inteligências múltiplas: inteligências lingüística ou verbal, a lógica-matemática, a espacial, a<br />

musical, a cinestésica corporal, a naturalista e as inteligências pessoais, isto é, intrapessoal<br />

e a interpessoal. Posteriormente, outras inteligências vêm sendo estudadas. Mas para efeito<br />

do nosso trabalho educativo entendemos que o trabalho de Antunes ainda nos satisfaz.<br />

Vejamos como Antunes (1998, p.111-113) inspirado em Gardner, apresentou as<br />

inteligências:<br />

Lingüística: capacidade de processar rapidamente mensagens lingüísticas, de ordenar<br />

palavras e de dar sentido lúcido às mensagens;<br />

Lógico-matemática: facilidade para o cálculo e para a percepção da geometria<br />

espacial. Prazer específico em resolver problemas embutidos em palavras cruzadas,<br />

charadas ou problemas lógicos como os do tangram, dos jogos de gamão ou xadrez;<br />

Espacial: capacidade de perceber formas e objetos mesmo quando apresentados<br />

em ângulos não-usuais, capacidade de perceber o mundo visual com precisão, de efetuar<br />

transformações sobre as percepções, de imaginar movimento ou deslocamento interno entre<br />

as partes de uma configuração, de recriar aspetos de experiência visual e de perceber as<br />

direções no espaço concreto e abstrato;<br />

Musical: facilidade para identificar sons diferentes, perceber nuanças em sua<br />

intensidade e direcionalidade. Reconhecer sons naturais e, na música, perceber a distinção<br />

entre tom, melodia, ritmo, timbre e freqüência. Isolar sons em agrupamentos musicais;<br />

Cinestésica corporal: capacidade de usar o próprio corpo de maneira diferenciada<br />

e hábil para propósitos expressivos. Capacidade de trabalhar com objetos, tanto os que<br />

envolvem motricidade específica, quanto os que exploram uso integral do corpo;<br />

Pictórica: capacidade de expressão por traço, desenho ou caricatura. Sensibilidade<br />

para dar movimento e beleza a desenhos e pinturas, autonomia para captar e retransmitir<br />

as cores da natureza, movimentar-se com facilidade de diferentes níveis da computação<br />

grafia;


Naturalista: atração pelo mundo natural e sensibilidade em relação a ele, capacidade<br />

de êxtase diante da paisagem humanizada ou não;<br />

Pessoais: interpessoal – capacidade de perceber e compreender outras pessoas,<br />

descobrir as forças que as motivam e sentir grande empatia pelo outro indistinto. Intrapessoal<br />

– capacidade de auto-estima, automotivação, de formação de um modelo coerente e verídico<br />

de si mesmo e do uso desse modelo para operacionalizar a construção da felicidade pessoal<br />

e social;<br />

Neste sentido, Antunes (1998), apresentou algumas sugestões de ações no intuito<br />

de desenvolver tais habilidades nos educandos:<br />

Espacial: exercícios físicos e jogos operatórios que explorem a noção de direita,<br />

esquerda, em cima e em baixo. Natação, judô e alfabetização cartográfica;<br />

Lingüística ou verbal: as crianças precisam ouvir muitas palavras novas, participar<br />

de conversas estimulantes, construir com palavras imagens sobre composição com objetos,<br />

aprender, quando possível, uma língua estrangeira;<br />

Sonora ou musical: cantar junto com a criança e brincar de “aprender a ouvir” a<br />

musicalidade dos sons naturais e das palavras são estímulos importantes, como também<br />

habituar-se a deixar um som de CD no aparelho de som, com música suave, quando a<br />

criança estiver comendo, brincando ou mesmo dormindo;<br />

Cinestésica corporal: desenvolver brincadeiras que estimulem o tato, o paladar e o<br />

olfato. Simular situações de mímica e brincar com a interpretação dos movimentos. Promover<br />

jogos e atividades motoras diversas;<br />

Pessoais (intra e interpessoal): abraçar a criança carinhosamente, brincar bastante.<br />

Compartilhar de sua admiração pelas descobertas. Mimos e estímulos na dosagem e na<br />

hora corretas são importantes;<br />

Lógico-matemática: acompanhar com atenção a evolução das funções motoras.<br />

Exercícios com atividades sonoras que aprimorem o raciocínio lógico-matemático. Estimular<br />

desenhos e facilitar a descoberta das escalas presentes em todas as fotos e desenhos<br />

mostrados;<br />

Pictórica: estimular a identificação de cores. Usar figuras, associando-as às palavras<br />

descobertas. Brincar de interpretação de imagens. Favorecer figuras de revistas e estimular<br />

o uso de abstrações nas interpretações;<br />

Naturalista: estimular a percepção da temperatura e do movimento do ar e da água.<br />

Brincar de “descobrir” a chuva, o mar, o vento.<br />

Assim, conheça os caminhos para estimular as inteligências múltiplas em sala de<br />

aula, segundo Armstrong (2000):<br />

Variar a maneira de apresentar o material;<br />

31


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

32<br />

Criar centros de atividades;<br />

Dar aos alunos opções de tarefas de casa;<br />

Ensinar aos alunos sobre as Inteligências Múltiplas;<br />

Concentrar-se nas potencialidades de alunos rotulados;<br />

Usar as Inteligências múltiplas para desenvolver avaliações;<br />

Preparar alunos para o mundo (das Inteligências Múltiplas) real.<br />

Durante o Estágio Supervisionado a ser desenvolvido nas instituições<br />

de ensino, torna-se fundamental estarmos atentos no que diz respeito ao desenvolvimento<br />

das múltiplas inteligências, e possíveis relações com o desenvolvimento da aprendizagem.<br />

Identificá-las e analisar suas implicações com a aprendizagem é importantíssimo, para que<br />

durante a sua co-participação nas atividades escolares, você obtenha sucesso.<br />

Princípios orientadores da ação pedagógica na sala de aula:<br />

interdisciplinaridade e contextualização<br />

A vida cotidiana impõe aos cidadãos situações nas quais o ato de pesquisar está<br />

constantemente presente. Dessa forma, a construção de saberes escolares deve seguir os<br />

moldes dos saberes construídos na vida. Isso exige empenho dos profissionais de educação<br />

no sentido de efetuarem intervenções pedagógicas que favoreçam a pesquisa no contexto<br />

escolar.<br />

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – lei nº 9.394/96) foi a<br />

responsável por uma nova onda de debates sobre a formação docente no Brasil. Antes<br />

mesmo da aprovação dessa lei, o seu longo trânsito no Congresso Nacional suscitou<br />

discussões a respeito do novo modelo educacional para o Brasil e, mais especificamente,<br />

sobre os novos parâmetros para a formação de professores.<br />

Atualmente, aprender a aprender é condição primordial para o processo de aquisição<br />

de um conhecimento de qualidade na sala de aula. Através da interdisciplinaridade e da<br />

contextualização cria-se a possibilidade de construção de aprendizagens significativas.<br />

A interdisciplinaridade é um processo de conhecimento que busca a cooperação<br />

ativa entre áreas do saber, permitindo o intercâmbio e o enriquecimento na compreensão e<br />

explicação do universo a ser pesquisado. Supõe, portanto, a decisão intencional de se<br />

estabelecerem nexos e vínculos existentes entre as várias disciplinas de modo a privilegiar<br />

todos os aspectos: históricos, políticos, econômicos, socioculturais, na compreensão da<br />

dinâmica do ser humano, concretizada no diálogo entre os diversos saberes, de forma que<br />

possam emergir novas formas de interpretação da realidade.<br />

A prática reflexiva, profissionalização, trabalho em equipe e por projetos, autonomia<br />

e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre dispositivos<br />

e sobre as situações de aprendizagem, sensibilidade à relação com o saber e com a lei<br />

delineiam o roteiro para o novo ofício. Logo, a dimensão do ensino e da aprendizagem é<br />

marcada por um tipo especial de relação, mediada pela apropriação do saber.<br />

O ofício de professor não é imutável. Suas mudanças passam principalmente pela<br />

emergência de novas “competências” (ligadas, por exemplo, ao trabalho com outros<br />

profissionais ou à evolução das didáticas) ou pela acentuação de competências<br />

reconhecidas, por exemplo, para enfrentar a crescente heterogeneidade dos efetivos<br />

escolares e a evolução dos programas.


Segundo Perrenoud (2000), todo referencial tende a se desatualizar pela mudança<br />

das práticas e, também, porque a maneira de concebê-las se transforma. Há 30 anos, não<br />

se falava tão correntemente de tratamento das diferenças, de avaliação formativa, de<br />

situações didáticas, de prática reflexiva, de metacognição... Podendo ir mais longe, de<br />

multidisciplinaridade, de interdisciplinaridade, de transdisciplinaridade, de inteligências<br />

múltiplas e assim por diante.<br />

O referencial escolhido acentua as competências julgadas prioritárias por serem<br />

coerentes com o novo papel dos professores, com a evolução da formação contínua, com<br />

as reformas do ensino, com as ambições das políticas educativas.<br />

Ele é compatível com os eixos de renovação da escola: individualizar e diversificar<br />

os percursos de formação, introduzir ciclos de aprendizagem, diferenciar pedagogia,<br />

direcionar-se para uma avaliação mais formativa do que normativa, conduzir projetos de<br />

estabelecimento, estabelecer o trabalho em equipe docente e responsabilizar-se<br />

coletivamente pelos alunos no centro da ação pedagógica, recorrer aos métodos ativos,<br />

aos procedimentos de projetos, ao trabalho por problemas abertos, desenvolver as<br />

competências e transferência de conhecimentos, ou seja, educar para a cidadania.<br />

Pensando, Fazendo e Acontecendo...<br />

Sugestão de atividades nas séries iniciais do Ensino Fundamental<br />

A apropriação do conhecimento deve se dar de maneira dinâmica e dialética, dirigida<br />

a contribuir com a ética e as atuações conseqüentes ao engrandecimento das mais belas<br />

tradições, bem como com a consecução do progresso, do amor à natureza e do benefício<br />

social.<br />

As atividades devem vincular-se com os procedimentos apropriados ao ensino<br />

participativo individual e em grupo, em forma de realizações tangíveis; uso de informação;<br />

construção de modelos; confecção de instrumentos; elaboração de entrevistas; obtenção<br />

de resultados; realização de observações e apresentação de registros em forma de tabelas,<br />

gráficos, fotos, relatórios, e outros.<br />

Assim, são aplicáveis as utilizações de vídeos, livros, computadores, Internet, visitas;<br />

contatos com laboratórios, entidades, indústrias, universidades (especialmente com seus<br />

funcionários e trabalhadores) e outras formas ativas de obtenção de conhecimentos,<br />

habilidades e informação, sempre dirigidos ao cumprimento dos objetivos previamente<br />

estabelecidos.<br />

OS LIVROS DIDÁTICOS - No crescimento da qualidade do ensino fundamental<br />

oferecido nas escolas brasileiras está priorizado o uso adequado e o aprimoramento do<br />

livro didático. Isto é essencial ao processo de ensino e aprendizagem, apresentando-se<br />

como instrumento básico do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, dentro e<br />

fora da sala de aula.<br />

Como instrumento de aprendizagem, o livro didático, junto aos demais instrumentos,<br />

deve ser usado para apresentar o estudo de conteúdos, bem como motivar a realização de<br />

atividades que favoreçam a aquisição do conhecimento, por meio da reflexão, da solução<br />

de exercícios, da propiciada observação de fenômenos, de acontecimentos e fatos, da<br />

análise e das generalizações, visando o desenvolvimento da criatividade e da crítica.<br />

Atendendo a essas expectativas, o livro possibilita ao aluno tornar-se sujeito de sua própria<br />

aprendizagem e ao professor assumir a responsabilidade pela condução da mesma.<br />

33


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

34<br />

Próximos aos livros didáticos estão os livros de consulta, os pára-didáticos,<br />

as revistas, as enciclopédias e os dicionários. Eles complementam as<br />

informações, as ampliam e ajudam a alcançar maior precisão e ligação<br />

interdisciplinar. O professor deve conhecer integralmente o livro didático e as<br />

suas projeções de relação com outros meios e procedimentos aplicáveis nas<br />

atividades.<br />

OS VÍDEOS - A escolha de um vídeo e sua utilização passam por várias<br />

etapas de preparação. Deve-se considerar o ajuste do tema aos objetivos<br />

estabelecidos, que pode ser total ou parcial, como também, a análise prévia dos vídeos por<br />

parte do professor ou do coletivo de professores, a reflexão e discussão sobre o conteúdo<br />

e a forma de apresentação; a confecção (caso não exista) de uma ficha técnica, uma sinopse<br />

(indicando os aspectos que são tratados e chamando à atenção para determinados<br />

assuntos), um roteiro de análise e debates, um elenco de fontes complementares de<br />

informação e, finalmente, uma orientação para a concretização (individual ou grupal) de<br />

valores, conhecimentos e habilidades, derivados das múltiplas leituras de um vídeo. Junto a<br />

tudo isso a medição de quanto foram cumpridos os objetivos específicos da atividade.<br />

A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO - O emprego da computação no ensino é ilimitado.<br />

Para tanto é necessária a escolha do software apropriado ao objetivo que se quer alcançar.<br />

Dentre os tipos a empregar então, tutoriais, simuladores, programas interativos (inclusive<br />

jogos), enciclopédias, dicionários; e outros softwares especialmente dedicados ao cálculo,<br />

realização de gráficos, escritura de textos, etc.<br />

AS VISITAS - As visitas, como outras atividades, devem ser preparadas com muito<br />

detalhe no que diz respeito aos seus objetivos estabelecidos no plano de aula. A escolha da<br />

visita a uma fábrica, um laboratório, um centro de saúde, um ambiente natural ou construído,<br />

etc. se deve a determinado fim. Na preparação da visita, o fim se destaca de maneira clara<br />

e a seqüência de etapas na realização da visita deve ser desenhada conjuntamente entre<br />

os professores, os alunos e a entidade a ser visitada. Significa que os professores deverão<br />

visitar antes uma ou mais vezes a entidade em questão, declarar o interesse fundamental<br />

da visita, o nível de profundidade e abrangência das informações sobre os aspectos de<br />

interesse e o vínculo lógico das disciplinas presentes. Os alunos e professores podem<br />

elaborar um roteiro da visita e, caso seja conveniente, roteiros de entrevistas ou perguntas<br />

previamente elaboradas para obter as respostas a hipóteses, ou assuntos levantados em<br />

sala de aula ou em grupos. A visita deve aportar elementos novos sobre aspectos<br />

possivelmente já considerados em uma outra dimensão ou aproximação.<br />

Texto adaptado do site http://aafd.educar.pro.br/<strong>ead</strong>/procurricular/Atividad.html<br />

Nesse sentido, para alcançar as aulas interessantes, através de atividades<br />

diversificadas, citadas acima, não basta apenas dividir os acontecimentos pela grade<br />

semanal de horários. É preciso pensar no enfoque que será dado ao conteúdo, na forma<br />

como ele será abordado e, principalmente, que ponto devemos chegar.<br />

Saiba mais...<br />

Dez domínios de competências reconhecidas como prioritárias na formação contínua<br />

das professoras e dos professores no Ensino Fundamental:<br />

1. Organizar e dirigir situações de Aprendizagem;<br />

2. Administrar a progressão das aprendizagens;<br />

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;


4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho;<br />

5. Trabalhar em equipe;<br />

6. Participar da administração da escola;<br />

7. Informar e envolver os pais;<br />

8. Utilizar novas tecnologias;<br />

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;<br />

10. Administrar sua própria formação contínua.<br />

Princípios orientadores da ação pedagógica na sala de aula:<br />

transposição didática<br />

Reflita!<br />

Não existe alguém<br />

Que nunca teve um professor na vida,<br />

Assim como não há ninguém<br />

Que nunca tenha sido um aluno.<br />

Se existem analfabetos,<br />

Provavelmente não é por vontade dos professores.<br />

Se existem letrados,<br />

É porque um dia tiveram seus professores.<br />

Se existem Prêmios Nobel,<br />

É porque alunos superaram seus professores.<br />

Se existem grandes sábios,<br />

É porque transcederam suas funções de professores.<br />

Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.<br />

Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.<br />

(Içami Tiba)<br />

Iniciarmos com Içami Tiba nos faz refletir a função do professor e a função do aluno<br />

no contexto da sala de aula. Mas, que sala de aula é essa?<br />

A sala de aula é uma realidade que contém muitas realidades. Talvez esteja enganado<br />

aquele que imagina estar claro para os educadores e professores o sentido desta coisa<br />

com a qual lidam todos os dias: a sala de aula. Esta pode ser pensada em termos do que é,<br />

bem como em termos do que deve ser.<br />

Espaço político portador de uma história? Espaço mágico de encontros humanos?<br />

Lugar no qual tantos escamoteiam com belas palavras os duros conflitos vividos por um<br />

tempo? Espaço no qual se cumpre o jogo sutil das seduções afetivas ou endoutrinadoras?<br />

Ou muitas dessas coisas juntas? Enfim: que lugar é esse, a sala de aula?<br />

Desde a concepção formal que o aponta como “local eleito pela civilização para a<br />

transmissão do saber”, até a concepção anarquista que o vê como “um picadeiro privilegiado<br />

pela sociedade”, a sala de aula é o ambiente específico para as inter-relações vivenciadas<br />

pelos sujeitos na escola, mas não pode ser considerada apenas o único ambiente no qual<br />

a educação se configure em sua magnitude e competências.<br />

35


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

36<br />

A partir das leituras a seguir, propomos questões que consideramos<br />

imprescindíveis para a reflexão sobre o conteúdo em questão:<br />

- Será que o papel do professor é somente de transmissão de<br />

conhecimentos históricos ou trabalhar em prol<br />

da sociedade?<br />

- Até onde os professores estão<br />

buscando estratégias de resoluções de problemas<br />

sociais importantes para praticar as noções<br />

apreendidas no ambiente de sala de aula?<br />

- Será que os conhecimentos aprendidos<br />

pelos alunos têm significados práticos?<br />

A transposição didática é a sucessão de transformações que fazem passar da cultura<br />

vigente em sociedade (conhecimentos, práticas, valores, etc.) ao que dela se conserva nos<br />

objetivos e programas da escola, e, a seguir, ao que dela resta nos conteúdos efetivos do<br />

ensino e do trabalho escolar e, finalmente no melhor dos casos ao que se constrói junto aos<br />

alunos.<br />

Querendo-se trabalhar por competências, deve-se provavelmente remontar a origem<br />

dessa cadeia e começar perguntando com que situações os alunos irão confrontar-se nas<br />

sociedades — antiga, atual e futura.<br />

Sendo assim, consideramos que o professor deve planejar estratégias de resolução<br />

de problemas histórico-sociais. Devemos assinalar a importância da noção de meios<br />

ambientes educador, afinal de contas como afirma Brandão (1984):<br />

Ninguém escapa a educação. Em casa, na rua, na igreja ou na<br />

escola. De um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da<br />

vida com ela; para ensinar, para aprender, para aprender-ensinar. Para<br />

saber, para fazer, para ser, para conviver, todos os dias misturamos a<br />

vida com a educação.<br />

Entendemos assim, que existe a necessidade que o docente realize um esforço para<br />

planejar algumas linhas pedagógicas que contemplem conteúdos históricos que norteiam<br />

os problemas da sociedade em que ele vive. A finalidade educativa deve ser tudo o que<br />

dela faz parte. Isso quer dizer que todos os alunos de uma sociedade devem encontrar<br />

propostas educativas ricas em estímulos para que possam realizar uma aprendizagem que<br />

os forme de uma maneira integral.<br />

Deve, portanto, o docente cuidar para que o ambiente educacional se torne um meio,<br />

um agente, e um conteúdo educativo e que cada instituição, associação, entidade, rua e<br />

espaços urbanos seja agente e, ao mesmo tempo, elemento educativo.<br />

Assim, perceba que, quando falamos de ambiente educacional não nos referimos<br />

somente aquele tipo de organização estruturada — escola —, mas nos referimos a uma<br />

terminologia mais atualizada: “transposição didática”.


Também estamos nos referindo a todas aquelas impressões que se recebem das<br />

ruas da própria cidade, das estátuas, de seus jardins, de seu povo, de seu patrimônio<br />

histórico.<br />

Muitas vezes, o corpo discente não tem recursos para abordar esses elementos<br />

que, mesmo sendo parte de sua vida cotidiana, passam praticamente despercebidos. Seria<br />

possível arriscar uma estratégia que permitisse aos alunos desfazer o emaranhado de<br />

enigmas que se esconde no patrimônio urbano?<br />

E E a aagor<br />

a or ora, or a, Pr Prof Pr of ofessor? of essor?<br />

Como Como F FFaz<br />

F az azer? az er? O O que que f ffaz<br />

f az azer? az er?<br />

Consideramos que o professor é agente social, sobre este ponto de vista, se converte<br />

em elemento essencial para compreender um sem-número de questões colocadas pelo<br />

estudo do patrimônio, como, por exemplo, as intervenções humanas, as mudanças sofridas<br />

ao longo do tempo, as adaptações tecnológicas, os usos e funções de um determinado<br />

espaço em diferentes épocas da história, etc.<br />

Desta forma, pode-se utilizar o patrimônio sob o ponto de vista literário, tecnológico,<br />

artístico, arquitetônico, histórico, natural e industrial. Formular um problema bas<strong>ead</strong>o no<br />

conjunto patrimonial da comunidade envolvida permite iniciar um processo de formulação<br />

de hipóteses e reflexão capaz de gerar conhecimento.<br />

Inferimos, pois, que a resolução de problemas sociais assume<br />

importância e características especiais fora da sala de aula. Por quê?<br />

Quando se realiza uma visita de trabalho fora da classe para estudar as cidades,<br />

procuramos elementos que já estão presentes no ambiente educacional que fazem parte<br />

de nossas vidas, porém o que buscamos é o objeto, o contexto que o envolve e a realidade<br />

que determina. Isso quer dizer que o patrimônio urbano potencializa o fato de que a resolução<br />

de problemas se realize de forma direta com a realidade, praticamente sem outras<br />

mediações.<br />

É importante ressaltar que diante de um processo educacional que extrapola a sala<br />

de aula, o corpo discente não faz um tipo de aquisição automática de conhecimentos e<br />

habilidade que, certamente em pouco tempo estarão esquecidas, nem tão pouco<br />

responderão avaliações históricas sem nenhuma relação com o contexto atual. Ao contrário,<br />

o que se busca é provocar, e inclusive, criar incertezas na mente dos alunos para que possam<br />

ver que o patrimônio traz em si muitos problemas históricos que não foram resolvidos.<br />

Em síntese...<br />

O professor possui papel significativo no processo ensino-aprendizagem que<br />

transpõe o ambiente de sala de aula quando possibilita a si e ao aluno intervir no<br />

meio seguindo seu próprio ritmo;<br />

Dentro deste papel, o professor potencializa um caráter interativo, não só com<br />

o aluno, mas com a disciplina a que se propôs trabalhar e o ambiente ao seu redor.<br />

37


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

38<br />

Texto Complementar...<br />

Fique por Dentro!<br />

Oito passos para extrapolar o ambiente educativo:<br />

1. O tema trabalhado em classe pode ter sua aplicação no contexto social. Pode ser<br />

utilizado para tentar resolver algum problema relacionado com o<br />

tema central e com a realidade;<br />

2. Faz-se uma visita prévia ao espaço em que se<br />

pretende trabalhar: uma ruazinha, uma grande avenida,<br />

um monumento histórico, um local do vilarejo...<br />

Procuram-se pistas, enigmas e problemas;<br />

3. Pensar sobre as possibilidades que o<br />

espaço oferece para trabalhar com os temas<br />

anteriormente tratados, refletindo sobre sua proposta<br />

inicial, realçando os objetivos da saída, seus conteúdos<br />

principais e sua articulação com o tema central;<br />

4. Propor aos alunos a possibilidade de realizar a<br />

visita para aprofundar alguns temas tratados na aula;<br />

5. Preparar material para visita em função dos pontos discutidos em sala. A visita é<br />

um dia de trabalho;<br />

6. A visita acontece: o problema é delin<strong>ead</strong>o, algumas pistas são levantadas para a<br />

interpretação do ambiente educacional e os alunos são orientados em sua pesquisa;<br />

7. De volta à sala de aula, o trabalho continua, enfatizando-se os seus pontos mais<br />

interessantes, ouvindo-se as dúvidas finais que possam surgir e resolvendo-as;<br />

8. Tenta-se avaliar a aprendizagem do ponto de vista conceitual, processual,<br />

procedimental e atitudinal.<br />

(LA TORRE, Saturnino; BARRIO, Oscar. Curso de Formação para educadores, 2002)


[ Agora é hora de<br />

TRABALHAR<br />

]<br />

1.Leia o texto abaixo e comente o que se pede:<br />

“O jogo da verdade”<br />

É na sala de aula, no contato direto com os alunos, que o educador<br />

joga o “jogo da verdade”. Os cursos, os debates, as pesquisas, as teses só<br />

têm sentido se considerados em sua finalidade: a ação educativa. E, embora<br />

levando em conta as relações com a escola, enquanto instituição e com a<br />

sociedade de modo geral, o educador tem sala de aula o seu espaço de<br />

atuação privilegiado, tendo consciência de que, como todos os espaços, esse<br />

também é histórico e político e que, portanto, sua ação é limitada.<br />

(TAVEIRA, Adriano S. N., A sala de aula — o lugar da vida? 1995)<br />

A partir do texto acima, identifique qual o papel do professor no contexto da sala de<br />

aula e o discurso proposto em sua abrangência.<br />

2. Para você, quais seriam as atitudes de um professor que pretende transpor o ambiente<br />

de sala de aula?<br />

3.Segundo os conteúdos estudados nesse bloco, relacione as habilidades necessárias<br />

ao professor frente aos processos cognitivos dos alunos.<br />

39


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

5. A expressão “COSTURAR FATOS” foi utilizada no decorrer desses conteúdos.<br />

Como você, enquanto docente-estagiário, entende a referida expressão?<br />

40<br />

4. Comente, segundo os conteúdos do bloco, como os PCN’s consideram<br />

a formação do docente e compare com as necessidades da educação atual.<br />

6.De acordo com seus estudos, como você conceitua inteligências múltiplas?<br />

7. Explique, a partir de suas leituras, o que você entende por interdisciplinaridade.<br />

8.<br />

Você considera a interdisciplinaridade aplicável ao ensino das séries iniciais do Ensino<br />

Fundamental? Sistematize um breve projeto de aprendizagem que envolva algumas<br />

disciplinas de 1ª à 4ª série, cujo tema seja único, com abordagens diferenciadas. Vamos<br />

lá?


DO PLANEJAMENTO À AÇÃO DOCENTE<br />

PLANEJAMENTO E AÇÃO DOCENTE NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />

<strong>SUPERVISIONADO</strong><br />

Projeto de Intervenção: a Importância<br />

É preciso uma decisão consciente,<br />

muita mística, muita garra,<br />

para estabelecer uma Pedagogia de Direito,<br />

numa Sociedade de Conflitos,<br />

onde só na luta se espera com esperança<br />

(Paulo Freire)<br />

O Projeto é o instrumento para sistematizar a ação concreta do professor, a fim de<br />

que seus objetivos sejam atingidos. É a previsão dos conhecimentos e conteúdos que serão<br />

desenvolvidos na sala de aula, a definição dos objetivos mais importantes, assim como a<br />

seleção dos melhores procedimentos e técnicas de ensino, como também os recursos<br />

humanos e materiais que serão usados para um melhor ensino-aprendizagem.<br />

Além disso, o projeto possibilita a investigação de técnicas mais eficazes e<br />

instrumentos de avaliação para verificar o alcance dos objetivos em relação a aprendizagem.<br />

A partir da filosofia educacional da escola, dos objetivos específicos<br />

do curso, e dos objetivos da clientela, os professores vão<br />

planejar para atender estes aspectos fundamentais,<br />

favorecendo, deste modo, um melhor e mais eficaz ensino.<br />

Ao refletir sobre o projeto, o que o estudante da<br />

licenciatura realmente faz é planejar o contexto geral da<br />

sua disciplina. Mas este contexto está intimamente<br />

relacionado a ser uma decorrência lógica dos objetivos<br />

dos alunos, da comunidade e da escola em que está<br />

inserida. Por isso, deverá expressar uma unidade de<br />

idéias, de princípios e de ação.<br />

Ao planejar o projeto de intervenção e seus<br />

conteúdos, o docente sempre deve ter em mente que os conteúdos<br />

são meios para atingir os objetivos, pois eles não são fins. Tendo a missão de assegurar<br />

um ensino de qualidade mediado por todos os envolvidos no processo ensinoaprendizagem,<br />

o professor se propõe a observar o indivíduo na sua própria comunidade,<br />

tentando acompanhá-lo na construção do seu conhecimento, ensinando e aprendendo junto<br />

com ele, desenvolvendo, ao mesmo tempo, atitude de reflexão e análise, preparando-o<br />

para a sua construção cognitiva e afetiva, ajudando a formação do seu caráter e preparandoo<br />

para o futuro.<br />

Acreditando que cada indivíduo deve fazer a sua parte, desenvolver múltiplas<br />

habilidades, compartilhar o conhecimento, somar e dividir responsabilidades, construir com<br />

o grupo, melhorando o ambiente onde se vive, crescendo como pessoa, o conhecimento<br />

41


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

42<br />

não deve se basear no acúmulo de informações, mas sim numa elaboração<br />

mental que se deve traduzir em forma de ação transformadora sobre o mundo.<br />

Na escola, o conhecimento será construído a partir da interação<br />

professor/aluno e objeto do conhecimento fazendo com que o aluno<br />

compreenda, usufrua e transforme a realidade.<br />

O aluno deve ser estimulado para desenvolver seu próprio potencial<br />

interagindo de maneira consciente com o processo de aprendizagem<br />

convencional. A escola tem o compromisso social que vai além do transmitir<br />

informação, necessitando criar um contexto em que valores éticos básicos sejam trabalhados<br />

para desenvolver todas as dimensões do ser humano, suas capacidades e competências<br />

cognitivas, oferecendo um currículo que preserve a herança cultural e a interação dos<br />

conhecimentos.<br />

Valores como espontaneidade de expressão, vida sadia, auto-estima, auto-confiança,<br />

dignidade, autonomia, desejo de aprender, amizade, sociabilidade, cooperação, igualdade<br />

de oportunidades, respeito por suas diferenças, diversidades sócio-culturais que devem<br />

ser trabalhadas por todos os setores da Escola, buscando a qualidade do serviço através<br />

da construção passa a passo da cidadania do nosso aluno, preparando-o para o exercício<br />

futuro de seus direitos e deveres, de maneira democrática, respeitando as suas diferentes<br />

raças, etnias, religiões, cor e sexo, bem como o respeito à sexualidade com garantia dos<br />

outros indivíduos e da dignidade do ser humano.<br />

O aluno e o professor dentro de uma linha construtivista se tornam elementos ativos<br />

na troca de conhecimentos, onde o professor estabelece os parâmetros em que se deve<br />

promover atividade mental do aluno, passando por momentos de equilíbrio, desequilíbrio e<br />

reequilíbrio.<br />

Portanto, o conhecimento é construído e não assimilado pelo aluno que deve ser<br />

capaz de formular hipóteses, estabelecer relações e analisar o mundo a sua volta.<br />

A prática educativa deverá ser trabalhada na Unidade Escolar de forma a construir<br />

no indivíduo um conhecimento que o possibilite no futuro exercer o papel de cidadão<br />

autônomo e participativo.<br />

“Projetar e realizar é viver em liberdade”<br />

(MENEGOLLA, 2001).<br />

Neste sentido, todo professor pensa o seu agir, isto é, tenta planejar a sua vida e as<br />

suas atividades particulares e coletivas. Todos pensam no que devem ou no que não devem<br />

fazer. Esta realidade não é apenas um hábito, mas uma necessidade, não se restringindo<br />

apenas a alguns aspectos da vida da pessoa, mas a todos os setores da vida pessoal e<br />

social.<br />

Tudo é sonhado, imaginado, pensado, previsto e planejado para ser executado. De<br />

modo especial, as atividades educacionais e de ensino exercidas pelos professores, na<br />

sala de aula, exigem pedagogicamente, um planejamento.<br />

Sabemos que para os mais diversos setores da vida humana existem os mais<br />

diversos tipos e formas de planejamentos. Devemos considerar que o planejamento do ato<br />

de educar e ensinar não é o mesmo, podendo divergir, dados os elementos envolvidos no


ato de planejar, como, por exemplo, a construção de uma casa. Ao<br />

planejá-la se pensa em pedra, tijolos, areia, espaço, possibilidades<br />

materiais e outras coisas possíveis de serem manipuladas.<br />

Contudo, ao se planejar um projeto de intervenção, deve-se pensar<br />

que os elementos envolvidos vão ser pessoas, indivíduos ou<br />

grupos sociais, por isso a visão do planejamento deve ser<br />

diferente. A partir dessa realidade, o professor necessita pensar<br />

seriamente e com responsabilidade sobre sua ação, isto é,<br />

planejar com seriedade e consciência a sua ação.<br />

Pensar antes de agir é um ato de habilidade e de<br />

sabedoria. Pois, é de muita importância para o docente planejar<br />

da melhor forma possível a sua disciplina em todos os aspectos,<br />

inclusive a partir da necessidade de construir um projeto de<br />

intervenção para agir em uma realidade determinada.<br />

O projeto de intervenção é importante para o professor porque:<br />

- Ajuda ao professor a definir os objetivos que atendam os reais interesses dos<br />

educandos e da comunidade;<br />

- Possibilita selecionar e organizar os conteúdos mais significativos para o meio em<br />

que está inserido;<br />

- Facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da<br />

disciplina;<br />

- Ajuda a selecionar os melhores procedimentos e os recursos para desencadear<br />

um ensino mais eficiente, orientando no como e com que deve agir;<br />

- Ajuda a agir com maior segurança dentro e fora da sala de aula;<br />

- O professor evita a improvisação, a repetição, e a rotina do ensino;<br />

- Facilita uma melhor integração com as mais diversas experiências de aprendizagem;<br />

- Facilita a integração e a continuidade do ensino;<br />

- Ajuda a ter uma visão global de toda a ação docente e discente;<br />

- Ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e<br />

participativa.<br />

E E a aagor<br />

a or ora or a pr prof pr of ofessor? of essor?<br />

Você ocê ainda ainda tem tem dúvidas dúvidas ao ao pensar pensar em em constr construir constr uir<br />

um um pr projeto pr ojeto de de inter intervenção?<br />

inter enção?<br />

Texto Complementar...<br />

PROBLEMA<br />

Por Anna Cecília de Moraes Bianchi<br />

O homem é um ser em dúvida constante, insatisfeito e buscador de respostas novas<br />

às necessidades. O estágio constitui um momento ímpar para que ele possa exercitar sua<br />

43


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

44<br />

capacidade, pois está no meio do caminho, entre um estudante em vias de<br />

finalizar um curso e um indivíduo no início da vida profissional.<br />

Assim, é fundamental que perceba a realidade social na qual está<br />

inserido visando a compreendê-la para manter seu equilíbrio, ou modificála<br />

de acordo com as necessidades emergentes. Em qualquer área de<br />

atuação, esta condição é necessária para que o profissional possa atuar.<br />

A definição do problema tem se apresentado aos alunos como uma<br />

barreira intransponível. Este fato resulta do desconhecimento e da falta de<br />

familiaridade com a área e o assunto escolhido.<br />

De acordo com Rúdio (1978, p. 75)<br />

Formular o problema consiste em dizer, de maneira explícita,clara,<br />

compreensível e operacional, qual a dificuldade, com a qual nos defrontamos e queremos<br />

resolver [...]<br />

Para a resolução de uma dificuldade, pode ser necessária a realização de uma<br />

pesquisa e esta só é viável se o fenômeno puder ser verificado por metódos que<br />

comprovem o que se buscou durante o estágio.<br />

O problema pode ou não apresentar-se em forma de pergunta, mas é sempre um<br />

questionamento.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Do Projeto de Intervenção ao Plano de Ação<br />

“Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque<br />

educação não é um processo, cujos os resultados podem ser totalmente<br />

pré-definidos, determinados ou pré-escolhidos, como se fossem produtos<br />

decorrentes de uma ação puramente mecânica e impensável. Devemos,<br />

pois, planejar a ação educativa para o homem, não impondo diretrizes<br />

que o alheiem. Permitindo com isso que a educação ajude o homem a ser<br />

criador de sua própria história”. (Menegholla, 2001)<br />

Da Teoria à Prática...<br />

Desejamos enfatizar que o compromisso do professor com a realidade sócio-política<br />

e cultural não o desvincula do material instrucional organizacional que tornará a aprendizagem<br />

mais efetiva.<br />

Há um número significativo de modelos para organização de ensino que se<br />

diferenciam entre si pelos princípios que os fundamentam, seqüências dos passos ou fases,<br />

desempenhos previstos por professores e alunos, recursos necessários e resultados<br />

esperados.<br />

Queremos, com isso, esclarecer que há modelos de ensino em que os princípios<br />

fundamentais estão alicerçados na informação oral, no conhecimento ou habilidades básicas,<br />

na avaliação bas<strong>ead</strong>a na recitação, no aluno receptivo, não favorecendo a socialização na<br />

sala de aula.


O desempenho do aluno está condicionado a ouvir e aprender a informação, além<br />

de uma submissão a avaliação, esta linha de ação exige do professor conhecimento, boa<br />

dicção, clareza na informação, habilidade na comunicação, o aluno fica restrito a um campo<br />

de ação que não obedece as diferenças individuais, ao ritmo próprio de cada um e a<br />

participação ativa no processo.<br />

Selecionamos um paralelo de procedimentos dentre alternativas de situações de<br />

ensino-aprendizagem com o objetivo de mostrar ao educador como deve conceber sua<br />

participação no processo educativo, educando-se para educar.<br />

A idéia é de que o professor, a partir da observação dos exemplos os quais expressam<br />

a discrepância entre “o que é” e “o que deve ser” quanto ao desempenho educativo passe<br />

a ser um criador, um desafiador, um questionador de metodologias.<br />

Temos a pretensão de acreditar que o professor não deseja ser só teórico ou prático,<br />

mas acima de tudo, um transformador da realidade.<br />

Considerando que a vida do homem é um contínuo projetar, dar preferência. A<br />

realização das atividades escolares em forma de projeto, é uma forma segura de eliminarmos<br />

o distanciamento entre a vida e a escola, além de propiciarmos a integração do educando<br />

à própria vida.<br />

Caminhos para o plano de ação:<br />

Uma técnica bastante útil na hora de agir, ou seja, colocar em prática um plano de<br />

ação é a técnica de um caminho sistemático (LA TORRE, 2002), que apresenta as seguintes<br />

fases:<br />

a) Fase intuitiva ou espontânea a partir da experiência;<br />

b) Fase reflexiva, em que se emprega a racionalidade;<br />

c) Fase matricial, apoiada na técnica.<br />

Fase Intuitiva ou Espontânea<br />

Esta fase supõe que a realização do trabalho seja participativa e, portanto, será um<br />

grupo ou vários deles que conduzirão a presente ação.<br />

45


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

46<br />

Assim, uma vez reunido o grupo e estando todos inteirados do que se<br />

deve fazer, a primeira ação a ser realizada é a de responder, de forma<br />

espontânea às perguntas: Como chegar ao objetivo? Que devemos fazer?<br />

Deve-se atuar da seguinte forma:<br />

Fase Reflexiva<br />

1. Fazer uma lista numa lousa ou em papel das idéias que surjam no<br />

diálogo;<br />

2. Colocá-la em ordem de prioridades quanto a possível eficácia;<br />

3. Fazer uma lista definitiva com as idéias mais importantes;<br />

4. Se a quantidade e a riqueza de conteúdos dessa lista forem<br />

suficientes para atingir o objetivo, ela será usada para projetar os planos<br />

de ação. Caso contrário, deve-se passar para fase 2.<br />

Superado o primeiro passo, o grupo deve refletir sobre os seguintes pontos:<br />

1. O que se fazia antes, na instituição, quando se queria atingir o objetivo proposto?<br />

Por quê?<br />

2. Que estão fazendo hoje outras instituições semelhantes à nossa que de fato<br />

conseguem realizar seus objetivos? Por quê?<br />

3. Que é que funciona do que já está sendo feito em outras instituições, neste<br />

momento, com relação ao objetivo? Por quê?<br />

As duas primeiras questões são muito importantes porque se tratam de pontos de<br />

referência neste tipo de estratégia que costuma ser esquecida com freqüência, apesar de<br />

terem seu conteúdo de eficácia bem demonstrado.<br />

Se acreditamos que a lista de novas idéias já é suficiente, passamos à confecção<br />

dos planos de ação, caso contrário passamos para a terceira fase.<br />

Fase Matricial<br />

Se a segunda fase não nos satisfez, é o momento de nos valermos da técnica. Para<br />

isso, deve-se propor uma análise simples de três matrizes. Na primeira delas, relacionamse<br />

os pontos fortes com as oportunidades que têm a instituição com relação aos objetivos.<br />

Na segunda, cruzam-se essas oportunidades com as áreas de atividade. Na terceira, cruzamse<br />

as fortalezas com as áreas de atividades.<br />

Características de um plano de ação:<br />

- Objetividade e realismo é o que deve caracterizar todo e qualquer plano. Um plano<br />

que não seja objetivo e realista se torna inviável, inexeqüível e obscuro, portanto, impraticável,<br />

sem validade e habilidade;<br />

- Funcionalidade: como o plano é um instrumento orientador para o professor e para<br />

os alunos, ele deve ser o mais funcional possível, para que possa ser executado com<br />

facilidade e objetividade;<br />

- Simplicidade: o plano que orienta toda a linha de ação envolve uma série de elementos,<br />

como o professor, os alunos, os conteúdos, as experiências, as atividades, os recursos, o


processo de avaliação e assim por diante; por isso, necessariamente, deverá ser claro e<br />

simples para ser compreensível e viável, pois suas compreensão facilita a sua execução;<br />

- Flexibilidade: é uma característica fundamental para os planos, tornando-os mais<br />

realistas e possíveis de serem adaptados às novas situações não previstas que possam<br />

ocorrer;<br />

- Utilidade: a utilidade, a validade e a profundidade são princípios que dão consistência<br />

a toda estrutura do plano, no que diz respeito ao seu conteúdo e a sua dinâmica. O plano, no<br />

seu contexto geral, poderá, de fato, ajudar, ser útil e significativo a todos que nele se envolver.<br />

Se faz mister uma análise profunda destes elementos e das suas inter-relações, para<br />

que de fato possam facilitar a aprendizagem do aluno e a ação do professor. Tais elementos<br />

devem estimular e desencadear novas e profundas aprendizagens.<br />

Além das outras características, a utilidade requer um questionamento sério e<br />

profundo. Enfim, o que foi planejado só terá validade se for algo importante e útil para o<br />

educando que tenta buscar na escola sua formação integral como pessoa.<br />

Em síntese...<br />

A importância da observação e da co-participação no Estágio Supervisionado<br />

O professor possui um fazer intencional e político, assim como todo ser humano.<br />

Nossas ações, portanto, têm sempre um objetivo que está vinculado a uma situação com a<br />

qual estamos implicados. Assim, intencionamos, agimos e avaliamos em maior ou em menor<br />

medida as nossas ações. Nesse processo aprendemos. Aprendizagens essas que envolvem,<br />

inquestionavelmente, complexidades. Mas, de forma simplória, podemos falar de uma espiral<br />

na nossa construção de conhecimentos que envolve, de modo geral, uma inquietação, um<br />

desejo, que poderá ser seguido de um movimento que cause uma alteração na realidade e<br />

que posteriormente irá nos fazer pensar sobre o resultado e sobre a forma como o<br />

construímos.<br />

Mas é claro que muitas vezes fazemos como nos sugeri um saber popular e deixamos<br />

a vida nos levar. Isso é bom. Já pensou estarmos vigilantes todo o tempo? Quanto desgaste,<br />

quanta tensão! Porém, queremos assumir o comando de nossas vidas. Não nos conformamos<br />

com tudo o tempo todo. Queremos uma vida melhor e ansiamos optar que caminhos<br />

percorreremos. Então planejamos. Transformamos desejos em projetos. E os nossos sonhos<br />

47


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

48<br />

ganham um futuro. Futuro com limites e possibilidades. E para<br />

compreendermos melhor que limites e que possibilidades, faz-se necessária<br />

uma reflexão “encharcada” de realidade – uma reflexão bem informada.<br />

A isso podemos dar o nome de diagnóstico situacional. E no caso do<br />

nosso estágio, faremos este reconhecimento e aproximação da realidade para<br />

compreendê-la e nos implicarmos com ela no período de co-participação.<br />

Momento em que buscamos interagir com o contexto no qual iremos realizar<br />

nossas futuras intervenções enquanto professores em processo de formação<br />

profissional, e que ao vermos, seremos também vistos, ao conhecermos, sermos também<br />

conhecidos.<br />

Ressaltamos então dois requisitos desta etapa do trabalho docente que são o rigor<br />

e a ética. Um comportamento que denota escrúpulo, atenção a detalhes e cuidados éticos<br />

com os sujeitos envolvidos no processo educacional no qual desejamos nos inserir. É preciso<br />

disposição para colaborar, postura humilde para assimilar os movimentos internos e<br />

relacionais da instituição que adentramos. É um momento em que almejamos compreender<br />

a cultura instituída com as suas contradições, que são próprias de tudo que é humano. Esse<br />

ainda não um momento para pensarmos em intervenções, análises críticas e tomadas de<br />

posições. É um momento em que queremos saber. Queremos conhecer, e isso requer que<br />

desarmemos o nosso olhar, coloquemos os nossos valores em suspensão para<br />

percebermos os sentidos que se organizam neste espaço de aprendizagens, de vidas e de<br />

relações, em parte burocráticas, rotineiras, estruturadas - organizacionais; e em parte<br />

surpreendentes, dinâmicas, imprevisíveis.<br />

Assim podemos afirmar que a observação é uma etapa fundante para o estágio<br />

supervisionado pois a depender de como a realizamos, estaremos de alguma forma<br />

construindo as condições básicas que nos facilitará o maior ou menor sucesso nesta<br />

empreitada. No entanto observar exigirá do observador alguns cuidados para que ela seja<br />

de fato fecunda. De acordo com Lüdke e André (1986, p. 25): “Planejar a observação significa<br />

determinar com antecedência ‘o quê’ e ‘o como’ observar”.<br />

Concentre-se então em captar, perceber, compreender e descrever a realidade na<br />

qual você está se integrando. Observe também as funções dos setores, os papeis<br />

pedagógicos dos sujeitos e o papel assumido pela instituição frente a sua comunidade<br />

escolar e o ambiente com o qual está implicada. Acompanhe e procure perceber os sentidos<br />

das dinâmicas cotidianas, seus ritos burocráticos, os costumes hábitos, valores e referências<br />

identitárias das pessoas e grupos, normas e preceitos estabelecidos alguns ditos ou não<br />

tão explicitados, mas respeitados pelo coletivo. Veja os recursos utilizados, os disponíveis<br />

e suas potencialidades. E o mais importante, registre essas coisas. Elas são os seus<br />

tesouros. Bem usadas, essas informações se constituirão um guia para as decisões que<br />

precisarão ser tomadas. Para vislumbrarmos e assumirmos as nossas opções. E para que<br />

essas opções não sejam pessoais é preciso que como educadores exerçamos a liderança.<br />

As opções que faremos deverão estar intimamente ligadas a função prioritária da<br />

escola – a socialização, re-significação e re-elaboração de conhecimentos. Informação a<br />

sociedade atual disponibiliza por diversos meios. Mas transformar a informações em<br />

conhecimentos, saberes e sabedorias requer a construção de espaços de aprendizagem,<br />

pesquisa, reflexão e crítica. Desta forma o foco do fenômeno educativo se constitui para<br />

nós os conteúdos educacionais, formativos e fomentadores de possibilidades emancipatórias<br />

e libertárias com os quais os sujeitos com suas idiossincrasias e culturas tomem posse da<br />

sua cidadania. Então o nosso diagnóstico deverá servir para fazermos as devidas reelaborações<br />

dos conteúdos partindo do “lugar” em que se encontra o nosso corpo discente<br />

em termos sociais, culturais e cognitivos. A viagem da apropriação de conhecimentos é<br />

ilimitada, mas o nosso limite mínimo são os “Parâmetros Nacionais”, informações


consideradas nas diversas formas de seleção a postos de trabalho e ao acesso a instituições<br />

educacionais, além da compreensão, interpretação e intervenção em situações sociais<br />

convencionais.<br />

Esse é um dos sentidos da nossa observação e co-participação. Buscar percepções<br />

sensibilizadoras de caminhos para que os conteúdos e conhecimentos trabalhados nesse<br />

espaço que pleiteamos fazer uma intervenção pedagógica seja um caminho construído<br />

coletivamente, no qual ao respeitarmos a realidade e a vivência desses grupos,<br />

desencadeemos a operacionalização de uma ação educativa fomentadora da emancipação,<br />

pois construída como instrumento de valorização das identidades de cada sujeito em<br />

processo, e que, ao mesmo tempo, apropria-se, reconstrói, re-significando o conhecimento<br />

das ciências, e das diversas linguagens.<br />

Na realização de nossas observações além das noções sensibilizadoras necessárias<br />

a uma boa inserção na comunidade escolar, deveremos levantar informações sobre os<br />

seguintes aspectos:<br />

· Desenvolvimento sócio-cognitivo dos estudantes.<br />

· Recursos disponíveis.<br />

· Conteúdos já trabalhados e assimilados pelo grupo.<br />

· Dinâmica das atividades até então realizadas.<br />

· Projetos concluídos e em curso.<br />

O nível de desenvolvimento cognitivo dos estudantes é um elemento importante para<br />

o diagnóstico e avaliação do ponto de partida dos trabalhos pedagógicos e da definição do<br />

grau de dificuldade dos desafios a serem propostos pelo professor.<br />

Professor:<br />

Texto Complementar...<br />

“Não me ensine nada que eu possa descobrir.<br />

Provoque minha curiosidade.<br />

Não me dê apenas respostas.<br />

Desarrume minhas idéias e me dê<br />

somente pistas de como ordená-las.<br />

Não me mostre exemplos.<br />

Antes me encoraje a ser exemplo vivo de<br />

tudo o que possa aprender.<br />

Construa comigo o conhecimento.<br />

Sejamos juntos inventores,<br />

descobridores, navegantes e piratas de nossa<br />

aprendizagem.<br />

Não fale apenas de um passado distante<br />

ou de um futuro imprescindível.<br />

Esteja comigo hoje alternando as sensações de<br />

quem ensina e de quem aprende”.<br />

(Ivana M. Pontes)<br />

49


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

50<br />

Elaborando o Plano de Ação<br />

Há diferença entre a realidade escolar e o ideal que construímos em<br />

nossas teorias e em nossos anseios sociais. E é justamente nessa diferença<br />

que consiste o nosso trabalho de planejamento. A construção de uma escola<br />

cada dia um pouco mais próxima daquilo que sonhamos é a nossa luta<br />

cotidiana. Administrar os limites e maximizar as possibilidades, eis o nosso<br />

maior desafio.<br />

Na educação informal as preocupações estão muitas vezes difusas, enquanto no<br />

trabalho escolar e outras formas de educação sistemática é mister um projeto como programa<br />

operatório. Não nos importa um projeto com intenção meramente simbólica, carecemos de<br />

resultados concretos, num fluxo relacional no qual docentes e discentes no contato com<br />

seus objetos de estudo, possam implementar novas formas de inclusão social/ cognitiva,<br />

aprofundando seus processos de autonomização.<br />

E para tanto, o planejamento é feito na dinâmica de uma espiral. Ele é cíclico, mas<br />

nunca volta ao mesmo ponto. Vai se constituindo sempre em pequenos avanços em relação<br />

ao momento anterior, pois, cada fase se compõe de planejamento, ação, avaliação – a<br />

partir da qual temos informações para um novo planejamento.<br />

Isso aumenta o nosso poder de intervenção e a nossa probabilidade de sucesso. E<br />

para o alcance desse sucesso precisamos pensar em três frentes de preparação:<br />

· Conhecimento da realidade com a qual estamos nos propondo a realizar uma<br />

interlocução e intervenção pedagógica.<br />

· Conhecimento dos conteúdos específicos a serem socializados em sala de aula.<br />

· Conhecimento metodológico necessário a intervenção.<br />

Princípios Fundamentais para Elaborar um Plano de Ação<br />

- Princípio da intenção: é de vital importância que o aluno tenha uma intenção<br />

definida para realizar um projeto. Queremos dizer com isso que o aluno precisa saber<br />

exatamente o que quer e onde quer chegar. O seu desejo de atingir o objetivo é que irá<br />

conduzi-lo, permitindo sua realização e conseqüente satisfação pessoal e grupal;<br />

- Princípio da situação-problema: é o ponto fundamental da técnica de projetos.<br />

Objetiva a solução de problemas de forma previamente estabelecida e executada em<br />

ambiente natural. Após diagnosticar o problema, procurarão os elementos envolvidos<br />

verificar o que podem fazer, pesquisarão como resolver a questão e planejarão as ações<br />

para solucioná-lo;<br />

- Princípio da Ação: a aprendizagem é um processo eminentemente pessoal e ativo.<br />

O aluno é somente ele será agente de sua própria aprendizagem. Na nova situação<br />

propiciada pelo projeto, terá oportunidade de agir, reagir, perceber, analisar, observar,<br />

manipular, testar, julgar, decidir, comunicar e sentir;<br />

- Princípio da experiência real anterior: as coisas não surgem do nada. Toda nova<br />

aprendizagem requer pré-requisitos de experiências passadas. Quanto mais situações tiver<br />

vivenciado, o aprendiz, tanto em qualidade quanto em quantidade, maiores probabilidades<br />

de soluções alternativas lhe ocorrerão, facilitando a solução de novos problemas;<br />

- Princípio da investigação: a aprendizagem é sempre experimentação, exploração<br />

em busca das significações. O processo é muito menos sistemático e muito mais intuitivo<br />

do que geralmente se supõe;


- Princípio da integração: a aprendizagem em seu primeiro momento<br />

se deparar com uma visão global, porém sem crítica do problema. À medida<br />

que o processo avança, passa ocorrer uma percepção significativa,<br />

detalhada, diferenciada da situação. A apreensão da realidade em que<br />

o conhecimento da estrutura total do problema é vista com clareza,<br />

retirando as dúvidas, bem como o conhecimento da relação das<br />

partes com o todo e desse com as partes de maneira diferenciada e<br />

inter-relacionada denomina-se integração.;<br />

- Princípio da prova final: a comprovação de que o problema<br />

foi resolvido e, conseqüentemente, o objetivo alcançado é extremamente<br />

importante, pois demonstra que o<br />

pensamento seguiu uma linha adequada de ação, que<br />

cada elemento e o grupo agiram com coerência e com<br />

responsabilidade e que o desempenho foi eficaz;<br />

- Princípio da eficácia social: “Viver é fácil,<br />

conviver é difícil”.Através do projeto, o educando aprende<br />

a desenvolver-se socialmente, crescendo em grupo,<br />

participando e adquirindo novas experiências ricas em<br />

valores do espírito.<br />

Fases do Plano de Ação<br />

O plano de ação se constitui de um processo de planejamento, execução e controle<br />

constante que assegurem uma contínua vigilância das atividades, culminando com a execução<br />

do plano traçado e crítica dos resultados obtidos.<br />

“A gente só aprende as coisas que dão prazer, ou coisas<br />

que nos conduzem ao prazer”<br />

(Rubem Alves)<br />

Antes de iniciarmos as fases ou etapas de um plano de ação, consideramos<br />

indispensável atentarmos para o fato de que a aprendizagem deve ser lúdica e prazerosa,<br />

portanto fique atento:<br />

Etapas:<br />

1. Definição do objetivo (formulação do propósito);<br />

2. Planejamento das atividades (elaboração do plano de trabalho);<br />

3. Programação;<br />

4. Execução do plano e do programa;<br />

5. Controle do progresso;<br />

6. Replanejamento e reprogramação;<br />

7. Culminância.<br />

51


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

52<br />

1. Definição do Objetivo<br />

Esta é a etapa mais importante do projeto. O aluno deve saber com<br />

clareza onde quer chegar; é o momento em que o valor do trabalho<br />

conscientizado se tornará a mola propulsora para que os fins sejam<br />

alcançados. Desta forma, cabe ao professor estabelecer na turma um clima<br />

favorável para facilitar a tarefa, através de perguntas, estímulos diversos e<br />

recursos variados, o aluno será colocado em posição de receptividade,<br />

reconhecendo a necessidade do projeto e propondo-se a realizá-lo.<br />

2. Plano de Atividades<br />

Está presente na relação dos procedimentos necessários para a execução do plano,<br />

observando-se a seqüência em que serão realizados.<br />

3. Programação<br />

É uma das atividades básicas da administração do plano. Instrumentos administrativos<br />

que facilitam a formação de planos e programas de acordo com o grau de complexidade<br />

exigidos. Detectada a necessidade de realizar um plano, é mister conhecer previamente<br />

seu significado, alcance, repercussão em custos e em tempo. A planificação é, portanto, um<br />

fator primordial.<br />

4. Execução<br />

É a etapa da ação. O professor deverá estar atento ao desempenho dos alunos,<br />

observar o rendimento no trabalho, incentivar o aluno com elogios, manifestando apoio e<br />

reconhecimento pela dedicação, contudo deve ter cautela para não exagerar no auxílio ao<br />

aluno, tirando-lhe o prazer da descoberta, procurando atendê-las de acordo com suas<br />

necessidades.<br />

5. Controle do Progresso<br />

O professor através de instrumentos variados, como fichas, observação direta, autoavaliação,<br />

avaliação coo-prática, etc. deverá acompanhar o progresso do aluno. Elogio<br />

geral é de pouco valor e crítica rigorosa não leva ninguém a nada. Chamar o aluno pelo<br />

nome, ressaltar seus pontos positivos é de alta significação para a melhoria do desempenho<br />

ou mudança de comportamento.<br />

6. Planejamento e Reprogramação<br />

Ao concluir o planejamento, faz-se uma análise de todos os elementos abordados<br />

para substituir ou incluir o que for necessário, efetuando-se a seguir o registro do que<br />

realmente foi executado. Tem-se assim o documento chamado “Plano de Ação”. A cada<br />

etapa do plano deve-se também fazer o planejamento e a reprogramação dos desvios<br />

detectados para assegurar o alcance dos objetivos desejados.<br />

7. Culminância<br />

É necessário, ao término do plano, a exibição dos resultados por meio de um produto<br />

concreto, palpável, comprovando que os esforços canalizados para atingir os objetivos foram<br />

alcançados e válidos.


Roteiro de Sugestão do Plano de Ação<br />

Identificação:<br />

- Título do Plano de Ação;<br />

- Síntese descrita a respeito dos objetivos e do<br />

programa de trabalho;<br />

- Nome do(s) autor(es) com identificação;<br />

- Data da elaboração do projeto;<br />

Introdução:<br />

- Antecedentes: informação sobre as causas que<br />

geraram a necessidade do plano;<br />

- Hipóteses ou explanação do problema: informar critérios<br />

que expliquem a natureza do problema e a definição dos pontos-chave para os quais deve<br />

ser dirigida a ação.<br />

Objetivos:<br />

- Definição clara e precisa dos objetivos que se pretende alcançar com o plano e<br />

determinação de metas concretas.<br />

Metodologia ou Estratégia:<br />

- Descrição do caminho pelo qual irá seguir para alcançar os objetivos propostos. É<br />

preciso a explanação dos diversos caminhos para alcança-lo e a justificativa de sua escolha.<br />

Plano de Atividades:<br />

- A relação de atividades necessárias para levar o projeto adiante.<br />

Programa de trabalho:<br />

- Organização de calendário do plano de atividades, estabelecendo datas para cada<br />

atividade. Determinação dos recursos materiais necessários, devidamente quantificados.<br />

Previsão:<br />

- Estimativa dos elementos necessários para o desenvolvimento do plano, detalhando<br />

em quantidades específicas. É aconselhável indicar as fontes de onde se buscará e obterá<br />

os recursos.<br />

Análise da Execução do Plano:<br />

- Refere-se ao estudo sobre diversas óticas que permite julgar se o plano de ação foi<br />

válido.<br />

Referências:<br />

- No caso de haver-se recorrido a certa bibliografia, documentos ou qualquer outra<br />

informação documental, é obrigatório relacioná-la, indicando autor, editorial e data de<br />

publicação.<br />

Cronograma de Execução<br />

O cronograma é o instrumento utilizado para representar graficamente as etapas<br />

do trabalho planejado.<br />

53


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

54<br />

Algumas instituições exigem que se faça antes do cronograma a<br />

programação, onde se relacionam as atividades e o período em que serão<br />

desenvolvidas. Contudo, entende-se que o cronograma cumpre esta função<br />

de maneira objetiva.<br />

Existe ainda instituições que não exigem ou acham desnecessário a<br />

apresentação do cronograma, mas este, além de ilustrar o trabalho do<br />

estagiário, o torna mais interessante e precisa a visão das atividades que o<br />

estudante pretende realizar, como foi dividido e calculado o tempo para que o<br />

estágio seja realizado; enfim, é uma forma de se perceber que o aluno se localizou no<br />

tempo, no espaço para a realização de suas tarefas.<br />

O cronograma deve constar as etapas do trabalho e o tempo que acontecerão. Deve<br />

ser claro e objetivo. Apresentado de preferência em forma de quadro, facilitando a vida do<br />

estudante e do orientador, servindo como um instrumento de controle do tempo disponível e<br />

das atividades. Vale ressaltar, que cronograma deve ser sempre pensado levando em<br />

consideração a flexibilidade e a complexibilidade do ato educativo.<br />

Segundo Biachi (2002) O Gráfico de Gantt tem sido o mais utilizado dada a facilidade<br />

na sua elaboração e leitura, contudo outros podem ser escolhidos. As atividades, exceto a<br />

elaboração do relatório, devem ter relação com os objetivos pretendidos.<br />

O Gráfico de Gantt se baseia em dois princípios básicos:<br />

· A duração de cada atividade é susceptível de ser estimada;<br />

· A duração de cada atividade pode representar-se em forma gráfica mediante uma<br />

barra em um quadro desenhado com este objetivo.<br />

O Gráfico de Gantt compõe-se de colunas verticais; na coluna da esquerda registrase<br />

a atividade; as demais colunas servirão para anotar as unidades de tempo.<br />

Exemplo:<br />

Como organizar seu cronograma:<br />

Atividades:<br />

Deve-se buscar ter idéia de quantas e quais atividades irão ser desenvolvidas durante<br />

o estágio, bem como definir sua posição seqüencial dentro do mesmo. É importante que o<br />

professor atente para a seqüência lógica dos conteúdos e busque ser flexível, pois não<br />

podemos esquecer que o ato de educar é complexo.<br />

Prazo:<br />

É importante atribuir um prazo para cada atividade pensada, salvo que esta atividade<br />

deve estar atrelada aos objetivos traçados. No referido prazo, se deverá considerar certa<br />

tolerância de acordo com a previsão que se tem em relação ao cumprimento do mesmo.<br />

Preparação do Quadro:


Elabora-se um quadro que contenha espaços suficientes para detalhar todas as<br />

atividades do projeto, bem como colunas necessárias para registrar todos os dias que se<br />

empregaram na execução no mesmo. Na parte superior de cada anotam-se as datas do<br />

calendário corresponde iniciando-se pelo dia em que começará o projeto.<br />

Elaboração do Quadro:<br />

Relacionadas as atividades, devem ser ordenadas conforme seqüência lógica,<br />

observando-se o tempo previsto para a realização de cada uma delas. As atividades se<br />

listarão em cada linha do quadro e marcarão com uma reta horizontal as datas programadas,<br />

nas colunas relativas ao tempo (prazo).<br />

No quadro, deverão constar as seguintes informações:<br />

· Nome do Projeto;<br />

· Nome de quem elaborou;<br />

· Nome do Responsável pela execução;<br />

· Nome da Instituição onde será realizado;<br />

Administrar projetos baseia-se em um conjunto de técnicas selecionadas para<br />

planejar, acompanhar e controlar, desde o início até o término do projeto. O processo começa<br />

quando os objetivos são identificados na fase de planejamento e continua através das fases<br />

de execução até que os objetivos tenham sido atingidos.<br />

Planejamento do projeto:<br />

É o processo de converter as idéias gerais e as informações a respeito do trabalho,<br />

formando uma estrutura ordenada de atividades seqüenciadas para alcançar uma meta.<br />

Controle do Projeto:<br />

Trata-se do processo de dirigir e supervisionar a execução dos trabalhos, mediante<br />

revisões planejadas previamente. O controle do projeto permite ao docente repensar sua<br />

prática e jamais se perder na sua ação, pois permite constatar e avaliar o grau de eficiência<br />

da proposta, dependendo este do cumprimento dos trabalhos nas datas previstas.<br />

No caso do professor, é sempre importante que reveja a cada dia sua ação para que<br />

possa retomar as que não obtiveram sucesso a fim de que consiga alcançar, pois o sucesso<br />

no estágio supervisionado em educação está inter-relacionado a uma educação de<br />

qualidade.<br />

Não podemos esquecer que estagiar quer dizer revisar. É o ponto crucial na vida de<br />

um estudante, pois é a sua primeira experiência docente, logo representa a interseção<br />

entre toda a teoria e a realidade prática que o discente passa a experienciar. Desta forma,<br />

é imperioso programar ou planejar cada passo desta jornada, pois é o ápice de uma nova<br />

forma de pensar, uma nova forma de viver, uma nova forma de trabalhar.<br />

Para refletir...<br />

O professor, sua formação e seus instrumentos de trabalho<br />

O professor que trabalha no sentido de contribuir efetivamente para o desenvolvimento<br />

escolar de seus alunos, necessita, antes de mais nada, conhecer e refletir sobre a sua<br />

função nos processos de aprendizagem que acontecem em sala de aula.<br />

55


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

56<br />

Durante muitos anos, a Pedagogia viu o professor como sujeito a quem<br />

era reservada a tarefa de transmitir conhecimentos (organizados em disciplinas<br />

escolares) às novas gerações. Essa visão era aliada a idéia de que o aluno<br />

tinha uma atitude receptiva, passiva, frente aos conteúdos que precisava<br />

aprender durante os anos de escolaridade.<br />

Como sabemos, atualmente a forma de entender as relações de ensinoaprendizagem<br />

que se dão na escola é outra. Já se reconhece o fato que a<br />

educação ocorre dentro e fora da escola. Neste sentido, o papel do docente<br />

também mudou. Atualmente, para ser um bom professor n;ao basta apenas dominar o<br />

assunto, não basta gostar da sua disciplina, não basta ter feito um curso de graduação,<br />

estar numa boa instituição, ter um diploma. Essas coisas deixam de contar, mas é preciso<br />

muito mais.<br />

Ao professor do século XXI espera-se uma atitude ativa frente às novas demandas<br />

educacionais da sociedade. Vivemos sem um mundo que se produz cada vez mais<br />

informações, as novas gerações de alunos precisam de professores capazes de ajudá-los<br />

a compreender e aprender a resolver problemas com autonomia, sendo capazes de dar<br />

continuidade no decorrer do percurso de sua vida.<br />

Uma das formas de definir o papel do docente é dizer que ele é um mediador de<br />

cultura: aquele que coloca os alunos em relação com o conhecimento, através de intervenções<br />

planejadas que favoreçam a ação dos alunos (ação mental que está na origem da<br />

aprendizagem) sobre os objetos de conhecimento.<br />

Mas isso não é tudo. O professor precisa ainda construir competências para planejar<br />

situações de aprendizagem que motivem os alunos e desafio a criatividade quanto aos<br />

conteúdos históricos pesquisados.<br />

Atenção!! Um professor só pode ensinar, criar situações de aprendizagem dos<br />

conteúdos que conhece. Por exemplo:<br />

O Professor só pode criar situações de aprendizagem quanto ele é capaz de “viajar”<br />

nas relações históricas e nos comparativos dos tempos antigos e atuais, buscando<br />

interrelacioná-los. Caso contrário, fica na mera repetição dos conteúdos.<br />

Ser professor é portanto uma tarefa bastante complexa e, por isso, para sua realização,<br />

é necessário o desenvolvimento de instrumentos que estruturem a prática de ensino de<br />

forma a garantir o sucesso da ação pedagógica.<br />

Dentre esses instrumentos, há o projeto curricular, os planejamentos e o trabalho<br />

pedagógico realizado. Cada um dos instrumentos de trabalho têm igual relevância na prática<br />

educativa.<br />

Por este motivo, não deve ser relegado por quem deseja realizar um trabalho de<br />

qualidade.<br />

[<br />

Enumere as razões que você considera importantes<br />

para a construção de um projeto.<br />

Agora é hora de<br />

TRABALHAR<br />

] 1.


2. Descreva um problema educacional que lhe impulsionaria a produzir um projeto de<br />

intervenção. Quais seriam suas metas a serem atingidas?<br />

3.Que diferenças você pontuaria entre o projeto e o plano de ação?<br />

4. Na elaboração de um plano de ação, especifique, na sua opinião, os papéis da<br />

escola, do professor e do aluno.<br />

5.<br />

Em sua vida diária você deve respeitar horários e prazos. Se chegar a um banco<br />

após às 16h, você não será mais atendido, se atrasar em uma entrevista de emprego, será<br />

mal visto pelo contratante, entre outras situações... Ao produzir um plano de ação ou qualquer<br />

outro projeto prático, há a necessidade de respeito aos períodos, conhecidos como<br />

cronogramas.<br />

Se você fosse contratado por uma escola para elaborar um Plano de Ação bas<strong>ead</strong>o<br />

nas quantidades excedentes de queixas de racismos por parte da comunidade,por exemplo,<br />

e este plano tivesse que ser apresentado dentro de quinze dias, como você organizaria um<br />

cronograma de ação?<br />

57


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

58<br />

OS RECURSOS DIDÁTICOS NO <strong>ESTÁGIO</strong><br />

<strong>SUPERVISIONADO</strong>: SELEÇÃO E USO<br />

Inteligências Múltiplas como princípio de seleção e<br />

uso de recursos didáticos<br />

Todos erram: a maioria usa os erros para se destruir; a minoria, para<br />

se construir. Estes são sábios”<br />

(Augusto Cury)<br />

Como já visto brevemente na seção anterior, discutiremos o uso de recursos didáticos<br />

a partir da Teoria das Inteligências Múltiplas.<br />

Segundo Armstrong (2000);<br />

A Teoria de inteligências múltiplas é conectada a diferentes símbolos<br />

(por exemplo palavras, números, pinturas, notação musical, etc), e a<br />

diferentes áreas do cérebro (por exemplo, inteligência lingüística envolve<br />

áreas do hemisfério esquerdo.<br />

Sendo assim, o educador ao considerar qualquer objetivo instrucional (desde os<br />

objetivos bas<strong>ead</strong>os em habilidades como ajudar os alunos a dominar subtração em aritmética,<br />

até objetivos bas<strong>ead</strong>os em conteúdos a como ensinar aos alunos a história do mundo e do<br />

seu país), existe um número de questões simples que podem auxiliar os educadores a<br />

refletirem sobre estratégias de ensino que englobam inteligências as várias inteligências.<br />

Armstrong (2000), ao discutir as inteligências múltiplas, apresenta oito<br />

questionamentos que os professores devem fazer para tornar sua práxis mais eficiente:<br />

- Lingüística Como eu posso ensinar este objetivo usando a palavra falada ou escrita?<br />

- Matemática Lógica Como eu posso ensinar este objetivo usando números, cálculos,<br />

classificações, ou pensamento crítico?<br />

- Espacial Como eu posso ensinar este objetivo usando arte, cor, metáfora,<br />

visualização ou mídia visual<br />

- Cinestésica-corporal Como eu posso ensinar este objetivo usando interpretação<br />

de personagem, drama, ou atividades mão-à-obra.<br />

- Musical Como eu posso ensinar este objetivo usando melodia, ritmo, tom, ou<br />

músicas ou canções específicas.<br />

- Interpessoal Como eu posso ensinar este objetivo usando trabalho em duplas,<br />

aprendizagem cooperativa, ou simulações em grupo?<br />

- Intrapessoal Como eu posso ensinar este objetivo conectando-o com os<br />

sentimentos e memórias pessoais dos alunos, ou dando-lhes opções.


- Naturalista Como eu posso ensinar este objetivo conectando-o à fauna e à flora,<br />

outros fenômenos naturais, ou ecossistemas?<br />

- Existencial Como eu posso ensinar este objetivo conectando a questões<br />

fundamentais de interesse da vida?<br />

“Os “Os estím estímulos estím ulos são são o o alimento alimento das das inteligências<br />

inteligências.”<br />

inteligências .”<br />

(Antunes, 1998)<br />

Desta forma, os educadores deveriam tentar ensinar de oito ou nove maneiras<br />

diferentes. Cientes de seus objetivos claros e bem definidos ficará mais fácil ensinar por<br />

meio de inteligências específicas.<br />

A teoria das IM (Inteligências Múltiplas) fornece aos educadores a oportunidade<br />

de rever que uma informação pode ser ensinada de várias maneiras diferentes, para que<br />

busque sempre novas estratégias possíveis de serem usadas.<br />

Podemos também considerar que as inteligências múltiplas oferecem oportunidade<br />

de encontrar o dom de cada estudante, e a possibilidade de provê-los com métodos próprios<br />

de ensino para ajudá-los a experimentar o sucesso na escola e na vida.<br />

CRITÉRIOS PARA A TEORIA DE MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS:<br />

Sistemas de símbolos<br />

Valor cultural<br />

História do desenvolvimento<br />

Indivíduos excepcionais<br />

Estruturas cerebrais<br />

Segundo Gardner, fundador da teoria das Inteligências Múltiplas, as escolas devem<br />

criar um acesso para a educação mais balanc<strong>ead</strong>o, que forneça aos estudantes<br />

possibilidades de desenvolver as habilidades múltiplas.<br />

Os professores devem apresentar recursos didáticos não apenas por meio de leituras,<br />

discussões, livros texto, resolução de situações-problema, mas também trabalhos que utilizem<br />

a arte, visualizações, mídia visual (inteligência espacial), interpretação de personagens,<br />

dramatizações, atividades “mãos à obra” (inteligência cinestésica corporal), ritmo, melodia,<br />

música ambiente, discografias (inteligência musical), trabalhos em dupla, aprendizado<br />

cooperativo, simulações em grupo (inteligência interpessoal), aprendizado individual, projetos<br />

independentes, oportunidades para reflexão (inteligência intrapessoal) e trazendo seres<br />

vivos ou ecossistemas naturais para o currículo (inteligência naturalista).<br />

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) simbolizam uma proposta que visa<br />

orientar, de maneira coerente, as muitas políticas educacionais existentes nas diferentes<br />

áreas territoriais do país e que contribuem para a melhoria de eficiência, atualização e<br />

qualidade de nossa educação.<br />

A proposta orientada pelos PCN está situada nos princípios construtivistas e apóiase<br />

em um modelo de aprendizagem que reconhece a participação construtiva do aluno, a<br />

intervenção do professor nesse processo e a escola como um espaço de formação e<br />

informação em que a aprendizagem de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades<br />

operatórias favoreça a inserção do aluno na sociedade que o cerca e, progressivamente,<br />

em um universo cultural mais amplo.<br />

Para que essa orientação se transforme em realidade concreta é essencial a interação<br />

do sujeito com o objeto a ser conhecido e, assim, à multiplicidade na proposta de jogos ou<br />

outras propostas que valorizem a materialização dessas interações.<br />

59


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

como:<br />

60<br />

O papel da ludicidade na construção dos recursos e<br />

sua aplicação no Estágio Supervisionado<br />

A ludicidade é um campo do conhecimento que nos possibilita prazer<br />

e renova as esperanças. As atividades lúdicas, propiciam que trabalhemos<br />

aspectos significativos para a<br />

humanidade e para o mundo hoje,<br />

O autoconhecimento<br />

As relações interpessoais<br />

A solidariedade<br />

A autonomia<br />

A auto-expressão<br />

Sendo assim, deve está presente na práxis do estudante (futuro professor), pois lhe<br />

fornecerá alicerces para compreender e vivenciar a complexidade do ato educativo.<br />

O professor tem um papel fundamental frente a sociedade, a comunidade onde está<br />

inserido e, conseqüentemente, junto a escola e aos educandos. Lidar com todos esses<br />

atores educacionais, tendo em vista que a educação ocorre em qualquer lugar, hora ou<br />

momento,,exige do docente competências, habilidades que vão além do conhecimento de<br />

sua disciplina. Está inteiramente ligado ao processo de integração social, pois integra<br />

intelecto, inteligência, racionalidade, sensibilidade, enfim o ser humano em sua totalidade.<br />

As atividades lúdicas são um caminho viável e exeqüível, enfim, algo que não se<br />

encontra apenas em teorias, mas na realidade que construída nos ambientes educativos.<br />

Vale lembrar, que não podemos considerar a ludicidade como uma “tábua de salvação<br />

da educação”. Mas podemos considerá-la como um trajeto para uma ação pedagógica<br />

transformadora.<br />

Para utilizar a ludicidade como recurso pedagógico, é fundamental que estejamos<br />

presentes em nossa prática, para que contagiemos nossos educandos a embarcar na<br />

aventura da aprendizagem da vida de si e do outro. É necessário enfatizar que o educador<br />

que utiliza as atividades lúdicas como um produto para alcançar seus objetivos, perde o<br />

que a vivência desta pode nos proporcionar, pois, a ludicidade se esvai, e a atividade<br />

transforma-se em apenas uma tarefa comprida. Estar presente de fato significa adquirir<br />

maior compreensão de si, do outro e da situação vivida. Não é apenas com o intelecto que<br />

agimos, é também com o coração.<br />

Segundo Pereira (2004):<br />

Temos que considerar que a escola tradicional, do modo que se constitui,<br />

centrada na transmissão de conhecimentos, geralmente, vê a ludicidade,<br />

quando esta é utilizada, como uma forma de trabalhar conteúdos de maneira<br />

mais agradável e eficiente, ou para o preenchimento do “tempo livre”. Contudo<br />

vale afirmar que devido a formação acadêmica que tivemos promover<br />

transformações radicais na prática pedagógica não é nada simples.<br />

Uma prática pautada para a educação lúdica em quaisquer disciplina exige do<br />

educador a convivência com o inesperado, com a imprevisibilidade, que abra mão do controle


absoluto, de sua onipotência, que abra espaço para auto-expressão e a criatividade dos<br />

educandos, estimulando a sua participação efetiva no processo ensino-aprendizagem,<br />

trazendo aos educandos possibilidades de autoconhecimento e auto-desenvolvimento.<br />

As atividades lúdicas permitem a vivência plena com o tempo-espaço próprio<br />

experiências sem julgamentos, sem coerções, sem imposições e direcionamentos<br />

controladores, com abertura de novas possibilidades. Dessa forma, podemos perceber<br />

que atividades lúdicas não são apenas brincadeiras e jogos, mas também aquelas que<br />

proporcionem um estado de socialização e que estas também proporciona recurso para a<br />

práxis pedagógica docente.<br />

Exemplos de Atividades Lúdicas:<br />

- Uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização.<br />

- Um trabalho com argila<br />

- Recorte e colagem<br />

- Canto<br />

- Dança<br />

- Música<br />

- Filme<br />

Existem muitas outras atividades lúdicas, o importante é que esta seja orientada de<br />

forma a seguir os princípios que a norteiam, permitindo que cada sujeito envolvido se<br />

expresse livremente, solidariamente, sem constrangimentos, cobranças e pressões.<br />

Neste sentido acreditamos que um processo dinâmico da construção conhecimento,<br />

que se envolve e implica no desenvolvimento cognitivo e lúdico possibilita ao aluno está<br />

constantemente sendo desafiado e, por isso mesmo, precisa de atenção, carinho, estímulo<br />

e proteção dos agentes educativos, tanto da própria família quanto da escola.<br />

É por meio da ludicidade que o discente exterioriza seus anseios e imita o mundo<br />

real. Cabe ao educador está aberto para a troca e socialização de conhecimentos.<br />

Os estudos recentes têm mostrado também que as atividades lúdicas são ferramentas<br />

indispensáveis no desenvolvimento, porque não há atividade mais completa do que<br />

BRINCAR, JOGAR, SE PERMITIR, VIVENCIAR... Pela brincadeira ou dinâmicas, educandos<br />

e educadores introduz-se no meio sociocultural, constituindo-se num modo de assimilação<br />

e recriação da realidade.<br />

Da mesma forma que o aprendizado é importante ao desenvolvimento intelectual, o<br />

lúdico é “peça” fundamental para tal, pois as novidades do dia-dia são cada vez mais<br />

mutáveis e velozes, nas diversificadas maneiras de desvendar as curiosidades dos alunos.<br />

E é através da ludicidade que essa transformação toma forma, onde criam um mundo<br />

imaginário repleto de encanto, magia, satisfação, frustrações, raiva ou desilusões. Dessa<br />

forma, é que o educando usa suas interpretações para aceitar, ou não, o que lhe convém,<br />

sendo mais fácil para ele mudar os acontecimentos, transformar os fatos do dia-dia, usando<br />

sua imaginação e revendo conceitos.<br />

Por meio do desenvolvimento lúdico, que envolve plenamente o aluno no conjunto<br />

corpo e mente, é que se percebe uma integração absolutamente estreita, já que o corpo<br />

não pára e a mente tampouco, trabalhando para realizar as ações previstas e/ou criadas, a<br />

fim de que os dois entrem em sintonia.<br />

Portanto, a ludicidade auxilia consideravelmente no conhecimento e no<br />

desenvolvimento cognitivo dos educandos, pela busca da interação do mundo que o cerca.<br />

Aproximar a relação de interesse do aluno no que tange as relações interpessoais,<br />

pelo cultivo de suas amizades e desenvolvimento de novas situações, que exijam raciocínio,<br />

61


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

62<br />

convívio com as diferentes pessoas que a cercam, bem como entre as mais<br />

diversas situações apresentadas, no decorrer da própria vida, a cada instante.<br />

O lúdico muitas vezes transmite a imagem de que é apenas o brincar<br />

por brincar é perda de tempo; deste modo, o aluno encara a atividade lúdica<br />

proposta de maneira singular, sem importância ao próprio desenvolvimento.<br />

Neste sentido, o docente deve deixar claro seu objetivo no momento de propor<br />

um jogo ou uma brincadeira uma dinâmica. É importante refletir sobre a<br />

proposta, ouvir os discentes e dialogar, refletindo sobre a atividade lúdica.<br />

Frente a essas inferências, é possível compreender a importância da ação lúdica<br />

para o desenvolvimento cognitivo e social. Dentro desse contexto, existe um fator muito<br />

importante, também, que é o reconhecimento do trabalho lúdico na escola pelos docentes e<br />

discentes como fonte de aprendizagem.<br />

Acredita-se que as habilidades cognitivas desempenhem<br />

um papel muito importante em muitos tipos de atividades<br />

cognitivas, incluindo a comunicação oral, a compreensão<br />

oral, a compreensão da leitura, a escrita, a aquisição da<br />

linguagem, a percepção, a memória, a solução de<br />

problemas, o raciocínio lógico, a cognição social e várias<br />

formas de auto-instrução e autocontrole.<br />

(FLAVEL, MILLER e MILLER, 1999, p. 126)<br />

Vale ressaltar, que não podemos também esquecer jamais que educar vai muito<br />

além da mera transmissão de conteúdos, significa contribuir para o crescimento do<br />

educando, para sua formação, para a melhoria de sua qualidade de vida, pois colabora<br />

para momentos de felicidade. É, sobretudo, um ato amoroso capaz de transformar a<br />

pedagogia vigente,e nos fazer acreditar e investir na construção do conhecimento.<br />

Cultivar a intuição e a criatividade para se expressar é colaborar com a nova geração<br />

é proporcionar sonhos, sentimentos, imaginação. Assim com maior sensibilidade os<br />

problemas que afligem historicamente os seres humanos poderão ser encarados em diversos<br />

ângulos propiciando a busca e possibilidade de encontramos soluções competentes para<br />

resolvê-los.<br />

Texto Complementar...<br />

A importância da expressão criativa junto aos processos educacionais<br />

A importância de uma educação mais abrangente faz com que procuremos novas<br />

saídas para suprir as carências encontradas nas instituições de ensino. A maior luta atual é<br />

por um ensino mais humano, voltado para o real interesse dos alunos, tornando-os agentes<br />

do processo educacional.<br />

Nesse contexto, propomos atividades e jogos criativos como uma das saídas viáveis<br />

para uma maior integração entre as áreas afins e para desenvolver valências esquecidas<br />

na aprendizagem.<br />

Alguns autores ressaltam que a característica principal do homem é imaginativa, e<br />

esta é essencialmente dramática, provando que o processo criativo é um dos mais vitais


para os seres humanos. Essa imaginação, por sua vez, deve ser fundamentada por diversas<br />

estratégias de ensino.<br />

Um instrumento principal desta atividade criativa é a inter-relação. Esta arte imaginativa<br />

está atrelada a curiosidade e por necessidades psíquicas do educando. Assim, o educando<br />

revela-se a si mesmo e aos outros, buscando garantir sua participação e liderança. Através<br />

dos jogos criativos, o adolescente e até mesmo o adulto retorna ao mundo do faz de conta<br />

das crianças. Apesar de pressões sociais que faz o jovem e o adulto controlarem-se,<br />

consegue-se soltar a naturalidade de brincar, ser livre, além de ampliar o verdadeiro sentido<br />

da vida, mostrando-o na totalidade.<br />

(HAETINGER, 1998)<br />

Pirâmide da Criatividade<br />

COMENTANDO A PIRÂMIDE:<br />

Esta pirâmide nos demonstra a necessidade de<br />

um equilíbrio para o desenvolvimento do pensamento.<br />

Aponta como são fundamentais o pensamento<br />

divergente, a criatividade e o senso crítico. Estão<br />

ligados como um triângulo onde todos os lados são<br />

iguais e de igual responsabilidade com o todo.<br />

Oficina de recursos didáticos<br />

A incrível história da professora Rosimar, que aprendeu a ensinar o boi a voar<br />

Capítulo V – Ouvindo e Aprendendo<br />

Por José Pessoa de Araújo e Madza Ednir<br />

I<br />

O nosso boi Encantado<br />

No pasto, atormentado,<br />

Suava frio esperando<br />

A hora de ser levado<br />

Pra ser morto no muorão<br />

Pelo Joaquinzão malvado.<br />

I<br />

Mas a linda professora<br />

Não desiste de lutar.<br />

De volta para a escola<br />

Um jeito tenta encontrar:<br />

“Temos que saber voar<br />

Para Encantado ensinar.<br />

III<br />

Só voa quem aprendeu<br />

A ser cobra no que faz,<br />

Conforme nos alertou<br />

O povo sábio demais”.<br />

Rosimar, a professora,<br />

Vai mostrar do que é capaz.<br />

63


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

64<br />

V<br />

Escutando meus alunos<br />

Eu vou poder melhorar<br />

O que faço na escola<br />

E aprender a voar<br />

Só assim vou ajudar<br />

Encantado a decolar”.<br />

VI<br />

Era a primeira vez<br />

Que Rosimar discutia<br />

Com a turma da escola<br />

O que ali sucedia.<br />

Tudo tomou outro rumo<br />

A partir daquele dia.<br />

IV<br />

Ela pergunta às crianças:<br />

“Digam com sinceridade,<br />

o que posso fazer<br />

pra nossa felicidade?<br />

Quero que as aulas sejam<br />

De ótima qualidade.<br />

VII<br />

Letícia disse com jeito:<br />

“Só faço cópia e ditado.<br />

Não sei pra que serve isso:<br />

Algo deve estar errado.<br />

Não ‘tou aprendendo nada,<br />

É tempo desperdiçado.”<br />

VIII<br />

Benedito aproveitou<br />

Pro seu lado defender:<br />

“Com gritos e nervosia<br />

fica difícil aprender.<br />

Se a professora é calma<br />

Isso vai favorecer”.<br />

IX<br />

Gabriel pediu desculpa<br />

Pra falar o que sentia.<br />

Só decorar tabuada<br />

De quase nada servia.<br />

Faltava o essencial<br />

Pra usar no dia-a-dia.<br />

X<br />

Tião falou bem baixinho,<br />

Com medo de ofender:<br />

“Eu queria tanto ler<br />

livros, cordéis, jornais,<br />

escutar muitas histórias,<br />

e minha história escrever...”<br />

XI<br />

Depois de ouvir a todos,<br />

Rosimar ficou abalada:<br />

“O que eu faço não agrada!<br />

O meu sonho sempre foi<br />

Ser querida e amada<br />

Por essa turma adorada”.<br />

XII<br />

Ao verem a professora<br />

Em prantos se desmanchando,<br />

Dizem os alunos: “Não chore!<br />

Estamos lhe apoiando,<br />

Para o que der e vier.<br />

No mesmo barco remando”.<br />

XIII<br />

Zezé, que é o mais velho,<br />

Sugeriu a Rosimar<br />

Que procurasse Helena<br />

Pra lhe aconselhar.<br />

“Eu já fui aluno dela,<br />

sei que bem sabe ensinar.”<br />

XIV<br />

Rosimar procurou Helena,<br />

Uma santa criatura.<br />

Ela é filha do padeiro,<br />

Moça de rara cultura.<br />

Estudou lá no Recife<br />

Tem muita literatura.<br />

XV<br />

Rosimar disse: “Helena,<br />

Me valha nesta enrascada.<br />

Não consigo ensinar<br />

Esta minha garotada.<br />

Meus alunos estão tristes,<br />

Estou desacorçoada.


XVI<br />

Sem aprender de verdade<br />

Nada posso ensinar.<br />

Não vou conseguir voar<br />

Para além desse lugar.<br />

Quero fazer o melhor<br />

E os alunos ajudar”.<br />

XVII<br />

Helena logo pergunta:<br />

“Em que posso lhe servir?”<br />

Rosimar responde: “Eu quero<br />

Que você venha assistir<br />

Uma aula em minha classe,<br />

Pra mudança introduzir”.<br />

XVIII<br />

Helena cumprimentou<br />

A colega Rosimar:<br />

“Este é um bom caminho<br />

pra se aprender a voar.<br />

Expor todos os problemas<br />

Sem ter medo de errar”.<br />

XIX<br />

Será que esta união<br />

De Helena e Rosimar<br />

Vai salvar o Encantado<br />

Que está lá a esperar<br />

Ansioso lá no pasto<br />

Pedindo pra se salvar?<br />

Revista Chamada em Ação<br />

Será Será que que a a pr prof pr of ofessor of essor essora essor a R RRosimar<br />

R osimar utiliz utilizou utiliz ou de<br />

de<br />

recur ecur ecursos ecur sos didáticos?<br />

didáticos?<br />

Afinal, o que é Recurso Didático?<br />

Recursos didáticos são todos e quaisquer recursos físicos, além do professor,<br />

utilizados no contexto de um método ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o professor a<br />

transmitir sua mensagem e ao educando a mais eficientemente realizar sua aprendizagem.<br />

Sendo assim, estes recursos, seja qual for o tipo, incentivam, facilitam e possibilitam<br />

o processo ensino-aprendizagem. O material didático é uma exigência daquilo que está<br />

sendo estudado por meio de palavras, com o objetivo de torná-lo concreto e tem um papel<br />

fundamental destacado no ensino em todas as disciplinas. Quadro negro, giz, apagador,<br />

pincel para quadro branco, são elementos indispensáveis e básicos em qualquer sala de<br />

aula, principalmente em nossas escolas, onde transcorrem, todas elas com um professor<br />

em frente de alunos.<br />

Nenhuma aula deveria dispensar, também, o concurso de retratos, mapas, gravuras,<br />

gráficos, livros, noticiários de jornal, revistas, aparelhos de projeção, gravadores. Tanto o<br />

professor quanto os materiais somente terão vida na práxis pedagógicas da sala de aula,<br />

fora isso serão apenas objetos sem valor didático nenhum.<br />

O material didático, para ser realmente auxiliar, eficiente do ensino deve:<br />

- Ser adequado ao assunto da aula;<br />

- Ser de fácil apreensão e manejo;<br />

- Estar em perfeito estado de funcionamento, principalmente se tratando de aparelhos,<br />

pois nada mais diverte e dispersa uma turma do que os enguiços nas demonstrações.<br />

Classificação dos Recursos Didáticos<br />

(Segundo a II Conferência Geral da UNESCO)<br />

I. Experiências diretas com a realidade<br />

1.Excursões escolares - viagens escolares, escotismo e bandeirantismo.<br />

65


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

66<br />

2. Objetos, espécimes e modelos – organização de um museu escolar,<br />

mostra e exposições, dioramas, planetário, aquário, terráqueo, visitas a<br />

museus.<br />

3. Auxiliares de atividades – dramatizações, demonstrações,<br />

marionetes, clubes, bibliotecas, recortes e Cruz Vermelha Infantil.<br />

II. Auxiliares visuais (material pictórico) – ilustrações, cartões,<br />

impressos, diapositivos e diafilmes, episcopia, cinematografia, microfotografia<br />

e fotomicrografia, fac símile, ultrafax e estereoscopia.<br />

III. Auxiliares auditivos – audiofono, eletrônico, rádio e toca discos.<br />

IV. Auxiliares audiovisuais – filmes sonoros e televisão.<br />

V. Símbolos de representação plana – quadro negro, cartaz, carta-mural, diagrama,<br />

frisos, multiplicadores, jornal mural, caricaturas, globos, mapas, historieta gráfica, mural e<br />

flanelógrafo.<br />

Vale ressaltar que a classificação apresentada foi retirada de Nérici (1992), portanto,<br />

algumas de suas terminologias já não se encaixam com as tecnologias contemporâneas.<br />

Contudo, mais a frente, faremos algumas novas considerações, tendo em vista a<br />

globalização dos saberes.<br />

Recomendações quanto ao uso de recursos didáticos:<br />

Os recursos audiovisuais não devem ficar expostos, porque os poucos podem tornarse<br />

indiferente.<br />

Devem ser expostos com mais evidência aqueles recursos referentes a unidade que<br />

esteja sendo estudada.<br />

Os recursos audiovisuais destinados a aula devem ficar à mão, a fim de não haver<br />

perda de tempo em mandar buscar ou procurar.<br />

Os recursos audiovisuais de uma aula devem ser apresentados, oportunamente, e<br />

não todos de uma vez, pois pode desviar a atenção da classe.<br />

Antes da utilização dos recursos audiovisuais, estes devem ser revistos quanto às<br />

possibilidades de utilização e funcionamento.<br />

Recursos audiovisuais na sala de aula<br />

“O uso das mídias é o processo mais eficiente na fixação de conteúdos.<br />

Parte-se do pressuposto de que o computador reúne muitos tipos de mídia<br />

e que isso confere a essa tecnologia um grande potencial de aplicação”.<br />

No cotidiano, na sala de aula, no trabalho, no lazer, nas imagens, nos símbolos, enfim,<br />

no plano geral da história da humanidade, a comunicação, a inter-relação, as técnicas não<br />

podem ser isoladas e abstraídas do contexto da realidade social e do pensamento humano.<br />

A cultura da informação desenvolve reflexos na aprendizagem dos indivíduos. Tudo<br />

aquilo que é aprendido na leitura, escrita e da impressão ocorre por simulação, evento<br />

típico da civilização atual.<br />

A disseminação de técnicas e das tecnologias vem modificando a vida cotidiana, o<br />

trabalho e os processos perceptivos e cognitivos de milhões de pessoas. Esse processo<br />

desencadeia novas formas de relação, ou seja, o viver, o agir e perceber a realidade.<br />

A educação formal nas escolas de todos os níveis deveriam também desenvolver<br />

novas formas de interação com instrumentos da cultura de informática, dentro de uma<br />

perspectiva dinâmica e de forma significativa, não perdendo de vista a questão dos valores<br />

que norteiam a cultura, a sociedade e a educação.


Para ilustrar o uso dos novos recursos, podemos citar o correio eletrônico,<br />

a Internet, uso das mídias, ou seja, “mundo visual e dinâmico” é o<br />

processo mais eficiente na fixação dos conteúdos. É por esse motivo<br />

que os recursos audiovisuais merecem mais atenção.<br />

Vale ressaltar, também o uso de softwares educativos, os<br />

quais agrupam vários multimeios, combinando sons, imagem<br />

estática ou em movimento, textos e outras mídias, conhecidas por<br />

hipertextos, multimídias e hipermídias.<br />

Parte-se do pressuposto de que o computador reúne muitos tipos de<br />

mídia (áudio, vídeo, texto). Este tipo de tecnologia confere um grande<br />

potencial de aplicação e possibilita o ensino interativo e o desenvolvimento<br />

de interfaces cada vez mais amigáveis com os avanços no processo e na<br />

inter-relação de saberes: os saberes interlocutores fazem intervir o contexto<br />

para interpretar as mensagens que são dirigidas.<br />

LÈVI STRAUSS, apud HETKOWSKI, 1997<br />

Dessa forma, na escola, a utilização da informática, das diversas ferramentas<br />

possibilita novas alternativas no processo de reconstrução do pensamento cognitivoexpressivo.<br />

As instituições de ensino médio, fundamental e universitário são as promotoras da<br />

busca e da reconstrução do conhecimento nos alunos.<br />

Vivemos um momento globalizado. Um novo estilo de humanidade está sendo<br />

inventado, assim como as tecnologias da escola devem ser utilizadas como meio para<br />

alcançar fins e não tecnicamente como um fim.<br />

Socializando práticas e construindo saberes:<br />

Por Maria Izilda Santos de Matos<br />

“Saudosa Maloca” vai à escola<br />

(Pouco explorada pela análise histórica, a música recria na sala de aula temas ligados<br />

à comunidade)<br />

Se o senhor não está lembrado<br />

Da me licença de contar<br />

Que aqui aonde agora está<br />

Esse edifício alto que agora vê<br />

Era uma casa velha<br />

Um palacête assobradado<br />

Foi aqui senhor<br />

mato grosso, joça e eu<br />

Construimos nosso lar<br />

Mais um dia<br />

Não podemos nem lembrar<br />

Veio os homes cas ferramentas<br />

O dono mandô derrubá<br />

67


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

68<br />

Peguemos todas nossas coisas<br />

E fumos pro meio da rua<br />

Preciá a demolição<br />

Que tristeza que nois sentia<br />

Cada táuba que caía<br />

Duia no coração<br />

Mato grosso quis gritá<br />

Mais em cima eu falei<br />

Os homes tá ca razão<br />

Nois arranja outro lugá<br />

Só se conformemos quando o Jocá falou<br />

Deus dá o frio conforme o cobertô<br />

E hoje nois pega a páia nas gramas do jardim<br />

E pra esquecê nois cantemos assim<br />

Saudosa Maloca, maloca querida dim dim<br />

Donde nos passemos os dias feliz da nossa vida<br />

Saudosa Maloca, maloca querida dim dim<br />

Recurso didático de amplo potencial, a música pode ser usada para discutir as<br />

transformações do espaço urbano. É desafiador acompanhar as contínuas Reformas do<br />

Ensino no País — Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN/1996); Parâmetros<br />

Curriculares Nacionais (PCN/1998) — e aplicá-las no dia a dia-a-dia. Ainda mais<br />

considerando o processo de aprendizagem como permanente e direcionado a uma<br />

educação que estimule a reflexão. O espírito crítico e a ética na prática social.<br />

Por que não enfrentar isso tudo com música? A produção musical pode ser vista<br />

como um corpo documental, uma nova fonte particularmente instigante para a historiografia,<br />

já que por muito tempo embalou boêmios, artistas, populares, sambistas, entre outros com<br />

poucos meios de se manifestarem. Além disso, as funções também abordam temas raros<br />

em outras fontes: amor, dor, romantismo, protesto, denúncia. A proposta aqui é justamente<br />

enfatizar a análise das letras das canções, mas sem descartar outros elementos presentes<br />

no discurso sonoro.<br />

A música é uma manifestação artística que revela aspectos da vivência de seus<br />

produtores e ouvintes. Assim, se o compositor capta, reproduz e explora episódios do<br />

cotidiano, seu público, por outro lado, interage, capta, reproduz e assume idéias e sentimentos<br />

expressos pelo autor na canção, mas também rejeita, adapta, troca e até inverte sentidos.<br />

É indispensável considerar esta relação para observar a música como uma produção que<br />

não é isolada, nem individual, mas um elemento de aprendizagem cultural (ou seja, de<br />

integração numa cultura), que também representa sensibilidades, valores, padrões e regras.<br />

Não existe um modelo ou fórmula para trabalhar com a música na sala de aula. O<br />

potencial é amplo. Pode-se explorar seu caráter interdisciplinar, envolvendo Literatura, Língua<br />

Portuguesa, Geografia, Filosofia, Ciências e História. Atuando como elementos deflagrador<br />

de todo um processo de discussão sobre situações, temas, personagens, momentos da<br />

História, a música também possibilita trocas de aprendizagens e o repensar de ações e<br />

preconceitos.<br />

Em alguns momentos, a música permite despertar o interesse por um problema<br />

qualquer; em outros, é possível perceber até como certos aspectos foram aprendidos,<br />

abrindo possibilidades práticas de pesquisa, de criação e de embasamento da opinião.<br />

Longe de ser algo já pronto e fechado que o professor transmite ao aluno, parte-se do<br />

princípio que é uma troca de experiências entre sujeitos criativos.


Vale ressaltar, porém, que a música, mais do que recurso didático-pedagógico e<br />

fonte documental, é arte e envolve o lúdico. Assim, fica o desafio-sujestão: procure, através<br />

das canções, discutir novas dinâmicas do processo de aprendizagem e desenvolver a<br />

sensibilidade frente a manifestação artística.<br />

Revista Nossa História, 2006<br />

Texto Complementar...<br />

Organização da escola:<br />

Organização de saberes<br />

A educação escolar, como obra de uma comunidade educativa, só se faz com<br />

interação de educadores e educandos, dedicados à reconstrução que sistemize/reorganize<br />

os saberes, provindos dos diversificados lugares sociais em que vivem, se comunicam e<br />

agem uns e outros. Educadores e educandos, no entanto, só existem como tais à medida<br />

que intencional, emotiva e operativamente inseridos nos respectivos grupos iguais.<br />

Isso significa que tanto a identidade dos professores, como a dos alunos necessitam,<br />

antes de tudo, serem construídas no interior das respectivas categorias: ninguém é professor<br />

sozinho e a partir de si mesmo; ninguém isolado é aluno. Se não estiverem organizados<br />

entre si, os educadores e se os alunos não se articularem nas respectivas formas de convívio<br />

e de ações integradas, não se podem a escola como um todo e as respectivas salas de<br />

aula, dizer-se organizadas.<br />

Organização, por outra parte, é um ato de intencionalidade explícita, não acontece<br />

de per si nem acontecem se não num permanente processo de muita conversa, discussões<br />

e argumentação cooperativa. Não basta, por isso, planejar no início do ano ou do semestre.<br />

Se esse planejamento é indispensável também devem ser de contínuo repensado,<br />

rediscutido e aplicado às circunstâncias e aos desafios mutantes. Professores e professoras,<br />

alunos e alunas, professores e alunos necessitam, a cada passo, retomar sua<br />

intencionalidade, reexaminar os caminhos andados, sistematizar suas aprendizagens, dizer<br />

entre si o que fizeram e o que aprenderam, que isso é construir seus saberes de experiência<br />

feitos.<br />

Vale isso tanto para a escola, como para cada sala de aula entendida como espaçotempo<br />

em que uma equipe de professores e uma turma de alunos reconstroem de contínuo<br />

suas identidades, suas tramas de relações intersubjetivas e a condução pedagógica de<br />

suas aprendizagens tematizadas. Isso vale também para cada região de saberes, ou cada<br />

disciplina do currículo, referida sempre as demais, ao trabalho integrado da sala de aula e<br />

às diretrizes do planejar pedagógico da escola (Espaço Escola, 1991).<br />

Para refletir...<br />

Caros Futuros professores,<br />

Ao nos aproximarmos do final de mais uma maratona, dedicamos a mensagem<br />

abaixo que se refere com maestria ao papel dos educadores e, em especial, aqueles que<br />

lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental:<br />

69


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

[ Agora é hora de<br />

TRABALHAR<br />

Na sua opinião, que aspectos o educador deve levar em conta ao trabalhar com as<br />

Inteligências Múltiplas?<br />

]<br />

1.<br />

70<br />

“O país vive a era da globalização, caracterizada pela<br />

integração de mercados em escala mundial e pelo aparato<br />

tecnológico da informática, da automação e das<br />

telecomunicações. Como resposta adaptativa, a escola passa a<br />

buscar metodologias integradoras das diversas áreas do<br />

conhecimento. Nesse contexto, o papel do ensino é o de<br />

promover a consciência do educando a respeito de si e do país,<br />

de forma a instrumentalizá-lo para formar sua própria opinião e<br />

exercer com autonomia a sua criatividade”.<br />

Trennepohl, Vera. Espaço Escola, 1997<br />

2.Observando a prática relacionada a alguns docentes, você percebe o reconhecimento<br />

das Inteligências Múltiplas em sala de aula? Justifique.<br />

3.O que você entende por ludicidade? E que recursos lúdicos você utilizaria ao ministrar<br />

uma aula nas séries iniciais do Ensino Fundamental?


4. Explique a finalidade dos recursos didáticos no processo de ensino aprendizagem.<br />

5.Como os recursos didáticos influenciam na aquisição dos conhecimentos na atual<br />

sociedade?<br />

Prezado(a) graduando(a),<br />

Atividade<br />

Orientada<br />

Com o objetivo de estimular a ampliação dos seus conhecimentos a partir do<br />

Projeto de Intervenção realizado na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica III, de<br />

agora em diante iremos rever, melhorar e aprimorar seu Projeto de Intervenção<br />

transformando-o em um Plano de Ação. Cabe salientar que esta atividade é de caráter<br />

obrigatório, fazendo parte das atividades avaliativas da FTC EaD, além de ser uma<br />

chance de aperfeiçoamento de um trabalho efetivo que foi percebido e será realizado<br />

dentro da sala de aula. Esta tarefa será desenvolvida em uma única etapa ao longo da<br />

nossa disciplina, na sua Unidade Pedagógica e com o auxílio e supervisão do seu tutor.<br />

Todas as ações propostas deverão ser realizados com os recursos materiais<br />

disponíveis e sua percepção em campo, combinados com os novos conhecimentos<br />

científicos adquiridos em PPP III e Estágio Supervisionado I e com a sua experiência de<br />

vida.<br />

Gostaríamos que em todas as etapas de desenvolvimento do Plano de Ação,<br />

você aluno(a)-professor(a), pudesse expressar, além dos seus conhecimentos técnicos,<br />

a importância de se construir outros conhecimentos a partir do senso comum.<br />

A apresentação desta atividade orientada (Plano de Ação) deverá ocorrer nas<br />

tutorias 7 e 8, e sua nota deverá ser inserida pelo tutor(a) no espaço referente a<br />

Consolidação da Aprendizagem.<br />

Esta única atividade orientada será composta de três etapas que se<br />

complementam entre si e são elas:<br />

· Elaboração do Plano de Ação a partir do problema levantado no Projeto<br />

de Intervenção.<br />

71


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

1 Etapa Etapa<br />

72<br />

· Organização do Cronograma de Execução a partir das<br />

atividades propostas no Plano de Ação.<br />

· Elaboração dos Recursos Didáticos que serão utilizados<br />

no desenvolvimento das atividades propostas.<br />

PLANO DE AÇÃO<br />

O Plano de Ação é a organização de idéias. São as propostas ordenadas de uma<br />

forma lógica, para que possam ser claramente compreendidas. Um bom planejamento<br />

permite que se anteveja como acontecerá a ação, quais as etapas a serem percorridas,<br />

como e quando serão executadas certas atividades, quais serão os atores envolvidos, o<br />

que cada membro do Grupo deverá fazer e quais os recursos necessários.<br />

Neste sentido Plano de Ação de Estágio Supervisionado I deverá ser a proposta de<br />

desenvolvimento de um trabalho de regência de sala elaborado a partir das atividades<br />

realizadas durante a disciplina de PPP III, o que suscitou na problemática levantada para a<br />

elaboração do Pré-Projeto de Intervenção.<br />

Este Plano de Ação tem como principal objetivo incentivar você, graduando, a<br />

organizar e descrever as atividades que irá desenvolver em seu estágio supervisionado,<br />

aplicando os conhecimentos construídos ao longo do curso de licenciatura em curso Normal<br />

Superior .<br />

Após conhecer - através da observação e análise - o seu terreno de atuação e eleger<br />

seu desafio, você também precisa conhecer seu próprio potencial, saber de suas qualidades,<br />

de suas habilidades.<br />

Então, mãos à obra! Vamos à descrição das atividades a serem realizadas no Plano<br />

de Ação!<br />

Vamos colocar em prática os seus conhecimentos?<br />

Lembre-se de utilizar todos os conhecimentos elencados neste material didático,<br />

pois os mesmos irão ajudá-lo(a) a desenvolver atividades que promovam a superação das<br />

dificuldades de aprendizagem que você detectou nos alunos. Diante disso, considere<br />

pressupostos como os PCN, as inteligências múltiplas, a ludicidade, entre outros tão<br />

significativos e integre-os aos seus conhecimentos, vivências, valores e grande potencial<br />

criativo.<br />

Acreditamos em você, pois sabemos que és capaz de superar todos os limites que<br />

possam surgir!<br />

ITENS DO PLANO DE AÇÃO:<br />

1. Identificação da instituição e dos Estudantes – este item deve conter o nome<br />

da instituição em que o estudante irá aplicar o plano de ação, assim como o nome de todos<br />

os componentes que fazem parte da sua equipe.<br />

2. Cronograma das atividades – descreva o período que cada atividade deverá<br />

ocorrer.


3. Identificação da ação – aqui você fará uma descrição da ação a ser realizada<br />

na instituição escolar. Relate qual o tipo de transformação que você pretende realizar em<br />

seus alunos a partir da realidade apresentada pelos mesmos.<br />

4. Objetivos – neste item você deverá estabelecer pelo menos dois objetivos que<br />

indiquem a finalidade da ação que vocês estão propondo.<br />

5. Descrição das atividades que serão realizadas/ Ações – neste item o<br />

estudante deverá fazer um breve relato das atividades que serão realizadas com a turma de<br />

alunos escolhida para a regência durante o estágio supervisionado, assim como os recursos<br />

e a metodologia que será utilizada.<br />

6. Avaliação – não esqueça de relacionar ou descrever as ferramentas que serão<br />

utilizadas para avaliar as atividades desenvolvidas.<br />

7. Recursos – descrição dos recursos materiais e humanos que serão necessários<br />

ao desenvolvimento das atividades.<br />

8. Outros aspectos que você julga relevantes – quaisquer outras considerações<br />

que você julgar relevantes devem ser inseridas no Plano de Ação lembrando que o mesmo<br />

poderá ser planejado e executado por você ou por seu grupo.<br />

9. Resultados esperados – realize uma breve descrição do que você espera com<br />

a ação a ser desenvolvida.<br />

2 Etapa Etapa<br />

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO<br />

O Cronograma de execução é uma peça muito importante para a atividade de estágio<br />

visto que é ele que especifica o momento em que cada atividade será desenvolvida. O<br />

acompanhamento do cronograma é a visibilidade do andamento do plano de ação de<br />

regência de sala tanto para o estagiário quanto para o professor e tutor.<br />

Mantendo o Cronograma atualizado você consegue saber se as tarefas estão em<br />

dia, se estão atrasadas e quando será a data provável de encerramento, realizando seu<br />

estágio de forma consistente, crítica e reflexiva.<br />

3 Etapa Etapa<br />

ELABORAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS<br />

O processo de ensino-aprendizagem é otimizado através da utilização de recursos<br />

didáticos, especialmente se os mesmos têm um teor atrativo para os alunos, ou seja, que<br />

ajude a motivá-los na aquisição dos conhecimentos. Toda atividade de ensino e de<br />

aprendizagem quando bem motivado sempre produz bons resultados.<br />

Considerando que você é uma pessoa extremamente criativa e com base dos<br />

conhecimentos adquiridos acerca das inteligências múltiplas e da ludicidade, elabore<br />

recursos didáticos que atendam às necessidades apresentadas pelos alunos e aos<br />

conteúdos e atividades por você propostos no plano de ação.<br />

73


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

74<br />

Veja e pesquise alguns exemplos de alguns recursos didáticos que<br />

podem servir de referência para que você crie outros: vídeos e filmes; mapas<br />

e cartazes; jornais e revistas; cartilhas, jogos e simulações; experiências<br />

demonstrativas; teatros e músicas, atividades externas (ex.: visita a uma<br />

biblioteca), dentre outros.<br />

Cidadão – é o membro ativo da sociedade política independente. É também sujeito<br />

de direitos políticos e que, ao exercê0los, intervém no governo do país.<br />

Conhecimentos prévios – é a relação que se estabelece entre o sujeito que conhece<br />

ou deseja conhecer algo ou objeto a ser conhecido.<br />

Competências – idoneidade, aptidão, rivalidade ou capacidade.<br />

Cultura – é o atributo de toda pessoa possuidora de conhecimento, com formação<br />

intelectual desenvolvida; outro, a cultura é referida como comportamento social do gripo<br />

Currículo – cruzamento de práticas diversas; comportamentos didáticos, políticos<br />

administrativos e econômicos.<br />

Ética – qualidade da ação fundada em valores morais.<br />

Etnia – agrupamento humano homogêneo quanto aos caracteres lingüísticos,<br />

somáticos e culturais.<br />

Habilidades – destreza, capacidade, jeito.<br />

Intuição – percepção clara, imediata, de verdade sem necessidade da intervenção<br />

do raciocínio.<br />

Moral – Conjunto de normas associadas a idéia sobre formas lícitas e ilícitas de<br />

comportamento, conjunto esse aceito e sancionado por uma determina sociedade.<br />

Multidisciplinaridade – múltiplas integrações entre as disciplinas.<br />

Transdisciplinaridade - interligação entre as disciplinas, nas quais esta supera as<br />

barreiras de cada conteúdos, entremeando e constituindo-se uma matéria sozinha.<br />

se.<br />

Glossário<br />

Glossário<br />

Transceder – ser superior, exceder, ultrapassar, elevar-se, avantajar-se e extinguir-<br />

Tendências Pedagógicas – modelos educacionais.


Paradigmas – modelo padrão; tipo de conjugação.<br />

Pedagogia Libertadora – denominação de Paulo Freire para um modelo<br />

educacional que visa a libertação dos oprimidos.<br />

Referências<br />

Referências<br />

Bibliográficas<br />

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75


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

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REVISTA ESPAÇOS DA ESCOLA, UNIJUÍ: Ijuí, 1991.<br />

77


Estágio<br />

Supervisionado I<br />

78<br />

FTC - EaD<br />

Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância<br />

Democratizando a Educação.<br />

www.<strong>ftc</strong>.br/<strong>ead</strong>

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