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A atividade antigonadotrófica das progestinas (derivados da ... - Merck

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A <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong><br />

<strong>progestinas</strong> (<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona<br />

e <strong>da</strong> 19-norprogesterona) não é media<strong>da</strong><br />

pelo receptor de androgênio*<br />

Beatrice Couzinet, Jacques Young, Sylvie Brailly, Philippe Chanson, Jean Louis Thomas e Gilbert Schaison<br />

Serviço de Endocrinologia e Doenças <strong>da</strong> Reprodução e Laboratório de Bioquímica Hormonal, Hospital Bicetre, Kremlin, França<br />

*Apresentado em parte no 77ª Encontro Anual <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Endocrinologia, Washington, DC, 1995.<br />

Sumário<br />

Para estu<strong>da</strong>r com mais detalhes o mecanismo de <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong><br />

<strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong>, compararam-se os<br />

efeitos de um derivado <strong>da</strong> 19-nortestosterona, o acetato<br />

de noretisterona (NETA), com os de um derivado <strong>da</strong><br />

19-norprogesterona, o acetato de nomegestrol (NOMA).<br />

O objetivo foi avaliar se a ação desses compostos é exerci<strong>da</strong><br />

por meio do receptor de androgênio.<br />

Dez mulheres pós-menopáusicas sadias foram trata<strong><strong>da</strong>s</strong><br />

por cinco períodos mensais de 24 dias separados por 10<br />

dias, segundo desenho randomizado e cruzado. Administrou-se<br />

estradiol transdérmico, Estraderm TTS (25 g;<br />

um adesivo a ca<strong>da</strong> três dias) dos dias 1-24 durante os cinco<br />

períodos. Nos últimos 12 dias de ca<strong>da</strong> tratamento com<br />

estradiol, to<strong><strong>da</strong>s</strong> as mulheres receberam placebo, NOMA<br />

(5 mg/dia), NOMA associado ao antiandrogênico não esteróide<br />

flutami<strong>da</strong> (FLU, 250 mg duas vezes ao dia),<br />

NETA (10 mg/dia) ou NETA e FLU. Paralelamente, três<br />

pacientes castra<strong><strong>da</strong>s</strong> com insensibili<strong>da</strong>de completa ao androgênio<br />

(CAI) receberam NOMA e NETA por dois períodos<br />

de 12 dias separados por três semanas.<br />

Nas mulheres pós-menopáusicas, estu<strong>da</strong>ram-se os efeitos<br />

do NOMA e do NETA nos parâmetros metabólicos. Somente<br />

o NETA diminuiu a lipoproteína de alta densi<strong>da</strong>de do<br />

Argumentou-se previamente que a <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong><br />

<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong> era proporciona<strong>da</strong> pelo efeito<br />

androgênico desses compostos (1,2). No momento, os<br />

<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona são utilizados como<br />

contraceptivos, sozinhos ou associados ao etinil estradiol.<br />

Como esses compostos provocam efeitos indesejáveis<br />

no metabolismo dos lipídios e <strong>da</strong> glicose e estão<br />

associados a maior incidência de complicações cardiovasculares,<br />

seu uso no tratamento dos sintomas <strong>da</strong> me-<br />

colesterol. Mediram-se os níveis plasmáticos de LH, FSH<br />

e estradiol durante ca<strong>da</strong> período de tratamento. Observou-se<br />

diminuição significativa dos níveis plasmáticos<br />

médios de LH e FSH e <strong><strong>da</strong>s</strong> respostas desses hormônios ao<br />

GnRH exógeno após tratamento com NOMA e NETA em<br />

comparação ao placebo (p


acetato de nomegestrol (NOMA; 17 -acetóxi-6 -metil-19-nor-pregna-4,6-dieno-3,20-diona)<br />

é um derivado<br />

<strong>da</strong> 19-norprogesterona que se caracteriza pela<br />

presença de um grupo metil na posição 6. A meia-vi<strong>da</strong><br />

desse composto (35-50 h) é mais longa do que a <strong>da</strong><br />

maioria <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong>, como o acetato de medroxiprogesterona<br />

(24 h) ou o derivado <strong>da</strong> 19-nortestosterona,<br />

o acetato de noretisterona (NETA; 20 h)<br />

(1,8). As afini<strong>da</strong>des do NOMA e do NETA pelo receptor<br />

de progesterona equivalem a aproxima<strong>da</strong>mente<br />

93% e 50%, respectivamente, <strong>da</strong> afini<strong>da</strong>de <strong>da</strong> própria<br />

progesterona (1,9,10). As afini<strong>da</strong>des do NOMA e do<br />

NETA pelo receptor de androgênio equivalem, depois<br />

de 2 h, a 1% e 45%, respectivamente, <strong>da</strong> afini<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

própria testosterona (11).<br />

Os objetivos do presente estudo foram: 1) comparar,<br />

em mulheres pós-menopáusicas com altos níveis de<br />

gonadotrofina, as <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong>s <strong>antigonadotrófica</strong>s do<br />

NOMA e do NETA; 2) usar um antiandrogênio, a flutami<strong>da</strong><br />

(FLU), para avaliar se a <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong><br />

de ambos os compostos é exerci<strong>da</strong> por meio do<br />

receptor de androgênio; 3) investigar com mais detalhes<br />

a participação do receptor de androgênio nos<br />

efeitos antigonadotróficos de ambas as <strong>progestinas</strong>, estu<strong>da</strong>ndo-se<br />

pacientes com insensibili<strong>da</strong>de completa ao<br />

androgênio (CAI); e 4) comparar os efeitos do NOMA e<br />

do NETA nos parâmetros metabólicos.<br />

Pacientes e métodos<br />

Pacientes<br />

Dez mulheres pós-menopáusicas sadias, com i<strong>da</strong>des<br />

entre 47 e 62 anos, apresentaram-se voluntariamente<br />

para participar do estudo. Elas não tinham nenhum<br />

sintoma nem qualquer história de doenças tromboembólicas<br />

e/ou arteriais, diabetes ou hiperlipidemia. A<br />

terapia de reposição hormonal havia sido suspensa<br />

pelo menos dois meses antes do protocolo.<br />

Três pacientes portadoras de CAI, com i<strong>da</strong>des entre 28<br />

e 32 anos, previamente castra<strong><strong>da</strong>s</strong>, participaram do estudo<br />

três meses depois <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> do tratamento com<br />

estrogênio. Elas tinham cariótipo 46XY e fenótipo feminino,<br />

sem pelos axilares ou pubianos. Nessas três<br />

pacientes, a capaci<strong>da</strong>de de ligação ao receptor de androgênio<br />

era baixa.<br />

O protocolo foi aprovado pela comissão de pesquisas<br />

em seres humanos <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Paris Sud (Paris,<br />

França). To<strong><strong>da</strong>s</strong> as pacientes forneceram um termo<br />

de consentimento esclarecido por escrito.<br />

Protocolo do estudo<br />

As mulheres pós-menopáusicas foram trata<strong><strong>da</strong>s</strong> por<br />

cinco períodos de 24 dias separados por 10 dias, segundo<br />

desenho randomizado e cruzado. Administrou-se<br />

estradiol transdérmico (E 2), Estraderm TTS,<br />

que libera 25 gde17 -estradiol/dia (um adesivo a<br />

ca<strong>da</strong> três dias) dos dias 1 a 24 durante os cinco períodos.<br />

Nos últimos 12 dias, ou seja, dos dias 13 a 24 de<br />

ca<strong>da</strong> tratamento com E 2, to<strong><strong>da</strong>s</strong> as mulheres receberam,<br />

por via oral, placebo, NOMA (5 mg/dia), NOMA associado<br />

a FLU, um antiandrogênio não esteróide (250 mg<br />

duas vezes ao dia), NETA (10 mg/dia) ou NETA e FLU<br />

na mesma dose.<br />

As três pacientes com CAI foram trata<strong><strong>da</strong>s</strong> por dois períodos<br />

de 12 dias separados por três semanas, sem preparação<br />

com estrogênio. Receberam por via oral, de<br />

forma aleatória, um comprimido por dia de NOMA (5<br />

mg/dia) ou NETA (10 mg/dia).<br />

Parâmetros metabólicos<br />

Colheram-se amostras de sangue em jejum antes do<br />

tratamento e no dia 24 dos períodos de tratamento com<br />

E 2 e placebo, E 2 e NOMA e E 2 e NETA, para determinar<br />

os níveis de lipídios (triglicerídeos, colesterol total,<br />

lipoproteína de alta densi<strong>da</strong>de do colesterol [HDL]<br />

e lipoproteína de baixa densi<strong>da</strong>de do colesterol [LDL],<br />

e apolipoproteínas A1 e B [Apo A1 e Apo B]).<br />

Avaliação endócrina e amostras de sangue<br />

Solicitou-se às mulheres pós-menopáusicas que registrassem<br />

o sangramento observado depois <strong>da</strong> retira<strong>da</strong><br />

do medicamento (duração e quanti<strong>da</strong>de) e os efeitos<br />

colaterais que porventura surgissem durante o tratamento.<br />

Mediram-se os níveis plasmáticos de LH, FSH e E 2 antes<br />

do tratamento (dia 0) e nos dias 12 e 24 de ca<strong>da</strong> período<br />

de tratamento. No dia 24, colheram-se amostras<br />

de sangue a ca<strong>da</strong> 10 minutos durante quatro horas (de<br />

8h às 12 h <strong>da</strong> manhã) para medir os níveis plasmáticos<br />

de LH e FSH. A estimulação com GnRH (100 g IV)<br />

foi efetua<strong>da</strong> no fim de ca<strong>da</strong> análise de pulso de LH.<br />

Nas três pacientes com CAI, o estudo pulsátil <strong><strong>da</strong>s</strong> gonadotrofinas<br />

(10 minutos por quatro horas, de 8 h às 12<br />

h) foi feito antes do tratamento e no dia 12 de ca<strong>da</strong> período<br />

de tratamento.<br />

2 – A <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong> (<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona e <strong>da</strong> 19-norprogesterona) não é media<strong>da</strong> pelo receptor de androgênio


Dosagem de lipídios<br />

O colesterol total e os triglicerídeos foram medidos por<br />

métodos enzimáticos (12). Os níveis de HDL colesterol<br />

foram determinados após precipitação de lipoproteína<br />

de densi<strong>da</strong>de muito baixa e LDL por fosfotungstato/cloreto<br />

de manganês, determinando-se os níveis de apolipoproteína<br />

por ensaios nefelométricos com laser (12).<br />

O LDL colesterol foi calculado de maneira indireta,<br />

utilizando-se a seguinte fórmula: LDL colesterol = colesterol<br />

total – (HDL colesterol + triglicerídeos/5)<br />

(13).<br />

Dosagem de hormônios<br />

Mediram-se os níveis plasmáticos de E 2 em duplicata<br />

utilizando-se RIAs consagrados. As variações intra e<br />

interensaio foram de 3% e 6%, respectivamente (14).<br />

As concentrações plasmáticas de LH e FSH foram medi<strong><strong>da</strong>s</strong><br />

por ensaio imunorradiométrico sensível. Os níveis<br />

resultantes de LH e FSH foram expressos em<br />

uni<strong>da</strong>des internacionais por litro, de acordo com o<br />

Medical Research Council 68/40 e 78/549, respectivamente.<br />

Em se tratando dos ensaios de LH, os coeficientes<br />

de variação intra e interensaio foram, respectivamente,<br />

2,5% e 4% para a concentração de 2,5 UI/l e<br />

1% e 2,5% para a concentração de 10 UI/l. No ensaio<br />

de FSH, os coeficientes de variação intra e interensaio<br />

foram, respectivamente, 2,6% e 4% para a concentração<br />

de 2,5 UI/l e 1% e 2% para a concentração de 10<br />

UI/l.<br />

Análise estatística<br />

A análise do pulso foi efetua<strong>da</strong> pelo programa de Thomas<br />

et al. (15). Os cinco períodos de tratamento nas<br />

mulheres pós-menopáusicas e os dois tratamentos nas<br />

mulheres CAI foram comparados por meio do teste signed<br />

rank de Wilcoxon. Também se utilizou ANOVA<br />

com dois fatores (paciente e tratamento), complementa<strong>da</strong><br />

pelo teste de Ryan-Einot-Gabriel- Welsch, para<br />

efetuar comparações múltiplas quando o efeito do tratamento<br />

atingia significância.<br />

Calcularam-se as áreas sob as curvas de ca<strong>da</strong> perfil<br />

pulsátil e <strong>da</strong> responsivi<strong>da</strong>de <strong><strong>da</strong>s</strong> gonadotrofinas ao<br />

GnRH, comparando-se os tratamentos em ca<strong>da</strong> indivíduo<br />

e em ca<strong>da</strong> grupo.<br />

Todos os resultados (níveis hormonais e parâmetros<br />

metabólicos) são fornecidos como média ± SEM. As<br />

comparações entre os valores do tratamento com placebo<br />

e dos tratamentos com NOMA, NOMA e FLU,<br />

NETA e NETA e FLU foram efetua<strong><strong>da</strong>s</strong> por meio do teste<br />

rank sum de Wilcoxon para pares idênticos.<br />

To<strong><strong>da</strong>s</strong> as análises estatísticas foram efetua<strong><strong>da</strong>s</strong> com<br />

programas do pacote SAS para Windows (SAS Institute,<br />

Cary, NC; versão 6.10), assumindo-se haver significância<br />

estatística quando p


LH, UI/l<br />

FSH, UI/l<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0 12<br />

Dias<br />

0 12<br />

Dias<br />

O tratamento com NOMA diminuiu acentua<strong>da</strong>mente<br />

os níveis plasmáticos médios de LH e FSH, de 41,4 ±<br />

6,7 e 62,6 ± 6,1 para 10,1 ± 2,2 e 19,7 ± 2,0 UI/l,<br />

respectivamente (p


AUC, UI.min/l<br />

LH, UI/l<br />

FSH, UI/l<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

12000<br />

10000<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0<br />

0 40 80 120<br />

Tempo (min.)<br />

0 40 80 120<br />

Tempo (min.)<br />

E 2 +<br />

Placebo<br />

*<br />

*<br />

E 2 +<br />

NOMA<br />

*<br />

*<br />

E 2 +FLU +<br />

NOMA<br />

Tratamento<br />

160 200 240<br />

160 200 240<br />

***<br />

**<br />

* *<br />

E 2 +<br />

NETA<br />

E 2 +<br />

NETA + FLU<br />

A <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong> (<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona e <strong>da</strong> 19-norprogesterona) não é media<strong>da</strong> pelo receptor de androgênio–5<br />

***<br />

**<br />

LH<br />

FSH<br />

Figura 2. Padrões de secreção de<br />

LH e FSH em mulher<br />

pós-menopáusica representativa no<br />

dia 24 de ca<strong>da</strong> período de<br />

tratamento. E 2 e placebo (▲),<br />

NOMA (), NOMA e FLU (),<br />

NETA () e NETA e FLU (). As<br />

setas indicam os pulsos de LH. No<br />

painel inferior: as áreas sob as<br />

curvas (uni<strong>da</strong>des internacionais por<br />

min/l) dos perfis pulsáteis de LH e<br />

FSH nas 10 mulheres<br />

pós-menopáusicas durante os cinco<br />

períodos de tratamento. *P


LH, UI/l<br />

FSH, UI/l<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

*<br />

0 15<br />

*<br />

*<br />

*<br />

0 15<br />

Tempo (min.)<br />

durante o tratamento com E 2 e NOMA (p


LH, UI/l<br />

FSH, UI/l<br />

AUC, UI.min/l<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

8000<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

0 40 80 120<br />

Tempo (min.)<br />

0 40 80 120<br />

Tempo (min.)<br />

0<br />

Antes NOMA<br />

*<br />

*<br />

Tratamento<br />

160 200 240<br />

160 200 240<br />

*<br />

NETA<br />

LH<br />

FSH<br />

*<br />

Figura 4. Padrões secretórios de<br />

LH e FSH em paciente<br />

representativa com CAI antes e no<br />

dia 12 de tratamento com NOMA<br />

() e NETA (). As setas indicam<br />

pulsos de LH. No painel inferior:<br />

as áreas sob as curvas (uni<strong>da</strong>des<br />

internacionais por min/l) dos<br />

perfis pulsáteis de LH e FSH nas<br />

três pacientes com CAI antes e no<br />

dia 12 de tratamento com NOMA e<br />

NETA.<br />

*P


significativamente mais acentua<strong>da</strong> do que a observa<strong>da</strong><br />

durante os tratamentos com NOMA e NOMA associado<br />

a FLU (p


de diminuir a <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> desses compostos.<br />

A FLU é um antagonista não esteróide do receptor<br />

de androgênio, altamente específico e sem<br />

nenhum efeito agonista em outras <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong>s hormonais<br />

ou anti-hormonais. Além disso, demonstramos previamente,<br />

em mulheres normais, a ausência de efeito<br />

<strong>da</strong> FLU e de outros antiandrogênios não esteróides na<br />

secreção de gonadotrofinas (23,24). A ausência de <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong><br />

agonista <strong>da</strong> FLU na ação <strong>da</strong> progestina foi confirma<strong>da</strong><br />

pelos resultados observados em três pacientes<br />

castra<strong><strong>da</strong>s</strong> com CAI e altos níveis de gonadotrofinas. O<br />

NOMA e o NETA exerceram o mesmo efeito inibidor<br />

nas gonadotrofinas observado nas mulheres<br />

pós-menopáusicas. Portanto, o receptor de androgênio<br />

não tem grande participação na <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong><br />

<strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong>, mesmo com os <strong>derivados</strong> <strong>da</strong><br />

19-nortestosterona.<br />

As <strong>progestinas</strong> agem por meio do receptor de progesterona;<br />

seria, portanto, interessante mostrar que uma antiprogestina<br />

poderia reverter o efeito antigonadotrófico<br />

dos dois compostos. No entanto, demonstramos previamente<br />

que a antiprogestina RU 486 (um derivado <strong>da</strong><br />

noretisterona) tem por si só um potente efeito antigonadotrófico<br />

(25). Portanto, essa antiprogestina não poderia<br />

ser usa<strong>da</strong> no presente experimento como meio de<br />

confirmar a participação do receptor de progesterona.<br />

Espera-se que, no futuro, sejam usa<strong><strong>da</strong>s</strong> outras anti<strong>progestinas</strong><br />

sem qualquer <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong><br />

para confirmar os presentes <strong>da</strong>dos.<br />

Tem-se como certo que os <strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-norprogesterona<br />

induzem alterações metabólicas, ou seja, estimulação<br />

<strong>da</strong> lipoproteína lipase, aumento dos níveis<br />

de LDL colesterol e diminuição dos níveis de HDL colesterol,<br />

efeitos esperados em virtude de sua <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong><br />

androgênica (26-28). O presente estudo confirma que<br />

os estrogênios transdérmicos não têm nenhum efeito<br />

nos níveis de lipídios plasmáticos e que o NETA, administrado<br />

na dose de 10 mg ao dia, já provoca diminuição<br />

do HDL colesterol e <strong>da</strong> Apo A1 após somente<br />

12 dias de tratamento. Esse efeito tão rápido já foi descrito<br />

antes (3) e também é observado em homens que<br />

fazem terapia de reposição com testosterona (29). Em<br />

outros estudos, descreveram-se comprometimento <strong>da</strong><br />

tolerância à glicose e aumento <strong>da</strong> resposta <strong>da</strong> insulina<br />

a uma carga de glicose com os <strong>derivados</strong> <strong>da</strong> nortestosterona<br />

(3). Em contraste, o NOMA, usado na dose diária<br />

de 5 mg, não exerceu nenhum efeito no<br />

HDL-colesterol, na Apo A1, no LDL-colesterol ou na<br />

Apo B. Os atuais <strong>da</strong>dos corroboram as observações<br />

prévias, de que essa progestina não antagoniza a dimi-<br />

nuição benéfica do LDL-colesterol induzi<strong>da</strong> pelos estrogênios<br />

orais (12,27,31). Também se demonstrou<br />

que o NOMA não altera a tolerância à glicose ou a secreção<br />

de insulina depois de uma carga de glicose<br />

(30). Ao contrário do que ocorre com os compostos <strong>derivados</strong><br />

<strong>da</strong> 19-nortestosterona, a ausência de efeito androgênico<br />

dos <strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-norprogesterona pode<br />

explicar por que não se observam alterações dos parâmetros<br />

metabólicos (12,26) quando se administram<br />

esses compostos.<br />

Concluindo, o presente estudo demonstra que os <strong>derivados</strong><br />

<strong>da</strong> 19-nortestosterona e <strong>da</strong> 19-norprogesterona<br />

têm <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> potente e semelhante.<br />

Este efeito não é mediado pelo receptor de androgênio,<br />

como se demonstra pela ação persistente após a adição<br />

do antiandrogênio FLU e pelos resultados obtidos nas<br />

três pacientes com CAI. Em contraste, as ações desses<br />

compostos nos parâmetros metabólicos são diferentes<br />

segundo a presença ou ausência de <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> androgênica.<br />

O NOMA não causa diminuição deletéria do colesterol<br />

HDL e <strong>da</strong> Apo A1 durante o tratamento, como<br />

ocorre com o NETA. Assim, sempre que houver indicação<br />

de tratamento com progestina, devem-se preferir<br />

os <strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-norprogesterona aos <strong>derivados</strong> <strong>da</strong><br />

19-nortestosterona.<br />

Agradecimentos<br />

Agradecemos ao Dr Paul Robel pelas valiosas discussões<br />

e ao Dr Guy Thomas, pela excelente assistência<br />

na área de estatística.<br />

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A <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong> (<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona e <strong>da</strong> 19-norprogesterona) não é media<strong>da</strong> pelo receptor de androgênio–9


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10 – A <strong>ativi<strong>da</strong>de</strong> <strong>antigonadotrófica</strong> <strong><strong>da</strong>s</strong> <strong>progestinas</strong> (<strong>derivados</strong> <strong>da</strong> 19-nortestosterona e <strong>da</strong> 19-norprogesterona) não é media<strong>da</strong> pelo receptor de androgênio

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