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324 Fernando nogueira Cabral dos santos

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A sociedade líquida pensada por Bauman não apareceu ao acaso, é fruto do<br />

fracasso do ideal da modernidade, ou seja, do processo do derretimento <strong>dos</strong> sóli<strong>dos</strong><br />

forma<strong>dos</strong> e elabora<strong>dos</strong> na modernidade. Na modernidade havia um aparato de<br />

ideologias fortes que gerava uma sensação de segurança existencial ao homem<br />

moderno. Conforme as “ideologias fortes” presentes na modernidade foram ruindo,<br />

causou por consequência a perda de referenciais que dessem segurança à vida das<br />

pessoas. Nesse mundo fluido ter uma postura regida que não se molda não parece<br />

uma postura aceitável para o grupo (sociedade). A liquidez cobra a capacidade de<br />

moldar-se e a busca de uma identidade está relacionada com uma suposta sensação<br />

de segurança. Em um mundo em constante mudança o desejo de uma identidade fixa<br />

não é algo que parece ter espaço.<br />

Bauman também aponta para outra marca importante da modernidade líquida<br />

que envolve uma mudança de uma sociedade que acreditava na eternidade para uma<br />

da infinitude. Na sociedade líquida não há mais espaço para valores eternos, valores<br />

esses liga<strong>dos</strong> as questões do âmbito da metafisica que não mais encontram muito<br />

espaço na pós-modernidade. Assim o conceito de infinito aos poucos substitui ao de<br />

eternidade e o conceito de infinito carrega um carga existencial maior que eternidade.<br />

Infinito visto como uma serie de “tempos presentes”, sem a necessidade de pensar em<br />

prováveis mun<strong>dos</strong> futuros ou possíveis. Como escreve Paolo Cugini;<br />

“A eternidade é, sem dúvida, um conceito de cunho religioso que, do ponto de vista<br />

filosófico, pode ser colocado entre as ideologias que a modernidade assumiu e que, ao<br />

mesmo tempo, orientou a vida <strong>dos</strong> homens modernos. A infinitude é o tempo<br />

presente protelado, esticado”. (CUGUNI, 2008, p 162)<br />

Dentro desse cenário as relações monetárias (o dinheiro) geram condições de<br />

vida na cidade grande para além da objetividade já comentada acima, cria também um<br />

tipo particular de condições subjetivas. Uma subjetividade menos relacionada com o<br />

sentimentalismo das pequenas cidades, mas sim moldada pela funcionalidade,<br />

calculabilidade, da vida do dinheiro. Esse modo particular de sensibilidade do<br />

habitante da cidade grande é a morada do elemento próprio do homem moderno, isto<br />

capa índice GT3<br />

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