Guimarães - Casa de Sarmento

«In hoc simulacro Cereris collocavit Jacobus filius Zebedaei
Germanus Joannis imaginem Sanctae Mariae IIIS. CISX - Era o letreiro
Gótico, e em breves medalhas a sustância era esta, e também se
acharam medalhas por onde alguns Escritores tomaram motivo para
dizerem que o Templo fôra de Minerva».
Mais afirma o citado escritor, que no arquivo da Colegiada
encontrara mais claras notícias de onde se inferia igualmente o mesmo
acerto.
Para nos convencermos da sua notável antiguidade, repare-se
numa tosca escultura em pedra, agora metida na parede, que sustenta
a alpendrada da mesma capela, ao lado do sul; a qual representa uma
criança nua, sentada e sustentando nas mãos dois grandes peixes em
posição horizontal, símbolo muito usado nas igrejas cristãs dos
primitivos tempos.
A imagem da Senhora conservou-se aqui até o ano de 417;
quando invadida a Galiza pelos alanos, suevos e outros bárbaros,
mandou o arcebispo de Braga, Pancrácio, esconder todas as imagens
de santos, à sanha dos invasores; sendo por esta ocasião, e por tal
motivo, escondida esta santa imagem perto de Guimarães, logo acima
do campo de D. Afonso Henriques, num monte, que ainda hoje se
chama de Santa Maria; e é principalmente a parte mais vizinha
daquela sua igreja.
Finda a invasão e pacificados os tempos, dali voltara a santa
imagem para o seu templo, conduzida em procissão solene.
Por esta ocasião levantou-se no antigo campo do Salvador um
pilar de pedra tosco para a colocação do andor, e para dali se ordenar
a procissão. Deste facto ficou memória, - diz um manuscrito antigo,
que tenho presente - num letreiro gótico lavrado na parede exterior
sobre o mesmo pilar onde esteve, que dizia:
© Sociedade Martins Sarmento | Casa de Sarmento
Hic sita fuit S.ta Maria
Eª Mª Vª
Esta igreja, que fôra no seu princípio, como fica exposto,
dedicada a Nossa Senhora, e depois a S. Tiago, por haver sido o
primeiro que levantou ali altar, caíu desfeita em ruínas em 1607, e
delas surgiu a actual capela, como testifica a padieira da porta
principal, onde se acha este dístico:
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