As Primaveras - Unama
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Que nome te recorda agora?<br />
— Arinda!<br />
Mas se passa essa quadra, fugitiva,<br />
Qual no horizonte solitária vela,<br />
Por que cismar na vida e no passado?<br />
E de quem são essas saudades?<br />
— Dela!<br />
E se a virgem viesse agora mesmo<br />
Surgindo bela qual visão de amores,<br />
Tu, p’ra saudá-la bem do imo d’alma,<br />
Diz-me, poeta — o que escolhias?<br />
— Flores.<br />
E se ela, farta dos aromas doces<br />
Que tem achado nos jardins divinos,<br />
Tão caprichosa machucasse as rosas...<br />
Diz-me, meu louco, o que mais tinhas?<br />
— Hinos!<br />
E se, teimosa, rejeitando a lira,<br />
a fronte virgem para ti pendida,<br />
Dum beijo a paga te pedisse altiva...<br />
O que lhe davas, meu poeta?<br />
— A vida!<br />
Rio — 1858<br />
Sonhos de virgem A M.***<br />
Que sonhas, virgem, nos sonhos<br />
Que à mente te vêm risonhos<br />
Na primavera inda em flor?<br />
No celeste devaneio,<br />
No doce bater do seio,<br />
Que sonhas, virgem? — amor?<br />
Que céus, que jardins, que flores,<br />
Que longos cantos de amores<br />
Nos lindos sonhos te vêm?<br />
E quando a mente delira,<br />
E quando o peito suspira — por quem?<br />
Sonhando mesmo acordada,<br />
Pendida a fronte adorada<br />
Num cismar vago e sem fim;<br />
Do olhar o fogo tão vivo,<br />
A voz, o riso lascivo,<br />
O pensamento é — por mim?<br />
Quando tu dormes tranqüila,<br />
Cerrada a negra tulipa<br />
E o lábio doce a sorrir;<br />
Então o sonho dourado<br />
Nas dobras do cortinado<br />
Vem esmaltar o teu dormir!<br />
www.nead.unama.br<br />
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