As Primaveras - Unama
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A estúpida mudez;<br />
E dos prelúdios dessa lira ingênua<br />
Em poucos anos surgirá brilhante<br />
Milevoye — talvez!<br />
Maio — 1858<br />
Uma história<br />
A brisa dizia à rosa:<br />
— “Dá, formosa,<br />
Dá-me, linda, o teu amor;<br />
Deixa eu dormir no teu seio<br />
Sem receio,<br />
Sem receio, minha flor!<br />
De tarde virei da selva<br />
Sobre a relva<br />
Os meus suspiros te dar;<br />
E de noite na corrente<br />
Mansamente,<br />
Mansamente me embalar!”<br />
E a rosa dizia à brisa:<br />
— “Não precisa<br />
Meu seio dos beijos teus;<br />
Não te adoro... és inconstante...<br />
Outro amante,<br />
Outro amante aos sonhos meus!<br />
Tu passas de noite e dia<br />
Sem poesia<br />
A repetir-me os teus ais;<br />
Não te adoro... quero o Norte<br />
Que é mais forte,<br />
Que é mais forte e eu o amo mais!”<br />
No outro dia a pobre rosa<br />
Tão vaidosa<br />
No hastil se debruçou;<br />
Pobre dela! — Teve a morte<br />
Porque o Norte,<br />
Porque o Norte a desfolhou!...<br />
Novembro — 1858<br />
No leito<br />
M***<br />
Eu sofro; — o corpo padece<br />
E minh’alma estremece<br />
Ouvindo o dobrar dum sino!<br />
Quem sabe? — a vida fenece<br />
Como a lâmpada no templo<br />
Ou como a nota dum hino!<br />
www.nead.unama.br<br />
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