Poltrona 47 – Três... é demais? - Moa Sipriano
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dirigia um velho Ford deixou cada um de nós em suas respectivas residências. Descobri que<br />
Motorista morava próximo de minha casa. Uma distância pouco maior que oitocentos metros<br />
separavam nossas residências. Fui o último a ser “despachado”. Agradeci ao jovem pela carona<br />
quando o seu carro estacionou bem em frente ao meu cuidado jardim.<br />
“Vocês ficaram mais de três horas naquele fim de mundo apenas jogando cartas?”, disse o<br />
mirrado rapaz com aparente espanto. “Eu detesto jogo de cartas.”<br />
Sua voz fina demonstrava falta de maturidade. Sorri com delicadeza e abri a porta do Corcel<br />
II todo enferrujado. “Sim, jogamos as cartas da vida”, respondi, ainda com o sorriso automático<br />
nos lábios.<br />
Confuso, o jovem acenou-me um “boa noite”. Vi o carro perder-se na escuridão. Entrei. Fui<br />
direto para o chuveiro. A água escalpelante escorria pelo meu corpo. Joguei litros de sabonete<br />
líquido com essência de erva-doce em uma das mãos. Ensaboei todo o corpo. O cheiro da limpeza<br />
purificava minha alma.<br />
Batidas na porta. Enrolado numa toalha branca, o corpo ainda umedecido e morno, fui<br />
atender a visita inesperada. Tive um sobressalto ao certificar-me quem era o inusitado visitante.<br />
“Posso entrar?”, ele disse. Meus olhos surpresos deram a devida permissão. Fechei a porta.<br />
Deixei cair a toalha. Senti seu abraço. O cheiro de Marlboro rec<strong>é</strong>m tragado invadiu minhas<br />
narinas. Sua boca procurou a minha.<br />
“Como você encontrou minha casa?”, perguntei atônito. Ele despiu-se, espalhando a gravata<br />
cinza, a camisa branca e a calça azul do seu uniforme pelo chão da sala. Não havia resposta. Não<br />
era necessário usar a razão naquele momento. Os seus olhos novamente dissecavam meu corpo,<br />
que agora estava fresco, limpo, com maior desejo de reviver os prazeres rec<strong>é</strong>m conquistados. Notei<br />
novamente o mesmo olhar. Idêntico ao do primeiro encontro. Ele me desejava não para mais<br />
alguns minutos apenas... ele me desejava para sempre, eu tinha certeza disso.<br />
“Pegue”, ele ordenou. Não obedeci de imediato. Segurei sua mão pesada e o levei para o<br />
chuveiro. Novos jatos de água fumegante envolviam corpos em delírio. Com as mãos repletas de<br />
erva, cuidei do seu corpo com carinho. A espuma deslizava em seu peito; escorria pela sua barriga<br />
sem barriga, caindo em suaves camadas pelo piso molhado.<br />
“Chupe”, ordenei. Motorista sorriu e tomou meu sexo em suas mãos, acariciando-o<br />
lentamente. Ajoelhou-se no piso molhado. Sua boca macia rivalizava em temperatura com o jato<br />
de água que descia pelo chuveiro. Fechei os olhos. Deixei meu corpo viajar. Eu estava em boas<br />
mãos.<br />
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