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Não se imagina terem ocorrido simples precipitações<br />
pluviáteis, ocasionais, sem tendência a se generalizarem<br />
por sobre áreas carentes, distantes.0<br />
Pelos dias seguintes o noticiário da capital estará nutrido<br />
de novos comunicados e testemunhos; circunstanciados<br />
uns, desnecessários outros. Alguns, pedantes, registrando<br />
de modo chistoso, simplório, as chuvas do lugar:<br />
“AQUI, ONTEM, TODA NOITE, DUAS GROSSAS E<br />
UMA FINA”<br />
Importante: chove na capital e no interior, conquanto<br />
os mais crédulos, não aceitando a semana de pluviosidade<br />
irregular em janeiro, por sinal convincente, sublinham suas<br />
dúvidas tendo as chuvas por provocadas, artificiais.<br />
A tangenciar as mesmas emoções, caracterizadamente<br />
regionais, de entusiasmo ante o imponderável, pelo que<br />
simplesmente parece ser – e nem sempre é, os manipuladores<br />
da meteorologia oficial jogam a fortuna dos nossos<br />
dias tentando ler as fotos do Satélite artificial, a<br />
traduzirem previsões de chuvas que agora se inspiram<br />
caprichosamente às frentes frias.<br />
Alguns episódios, desentranhados do folclore ou da<br />
Sociologia sertaneja, não sucedem como antes. A descida<br />
do rio, na primeira enchente, não se houve sob os limites<br />
do entusiasmo de quantos, anos atrás, podiam vê-la – e<br />
desfrutá-la – conforme anotou Gustavo Barroso em Terra<br />
de Sol.<br />
“Chove um dia inteiro; às vezes chove sem intermitência<br />
dois, três e mais. Ouve-se ao longe um marulho<br />
gigantesco, um ulular de ressaca, um rugir, um como<br />
escachoar de imensa roda de água, que se vai aproximando<br />
rapidamente. Todo mundo corre para os cerros próxi-<br />
38 EDUARDO CAMPOS