Capa O MOSSOROENSE - DOMINGO - PC - 15-1.qxd
Capa O MOSSOROENSE - DOMINGO - PC - 15-1.qxd
Capa O MOSSOROENSE - DOMINGO - PC - 15-1.qxd
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
2 – Domingo, <strong>15</strong> de janeiro de 2012 OPINIÃO<br />
www.omossoroense.com.br<br />
MÁRCIO COSTA<br />
Giro Pelo Estado<br />
marciocosta8@hotmail.com<br />
A coluna de hoje segue em formato especial com artigo<br />
assinado pelo senador Cristovam Buarque e abordagem de um<br />
tema bastante atual - A benevolência com a corrupção.<br />
D<br />
Cinismo ou ceticismo<br />
iversos repórteres descreveram<br />
a rebelião em Canudos. Mas foi<br />
Euclides da Cunha quem ficou<br />
na história, porque no lugar de apenas<br />
descrever as aparências entre o que parecia<br />
um Conselheiro insensato e Generais<br />
sensatos, mostrou o que havia por<br />
baixo das aparências: a disputa entre Cidade<br />
e Campo, Império e República, Moderno<br />
e Arcaico.<br />
Cem anos depois, estamos repetindo<br />
a mesma forma superficial de fazer reportagens<br />
sem descrições mais profundas<br />
da sociologia da corrupção. As notícias<br />
giram em torno de denúncia dos<br />
fatos visíveis: vídeos, contratos, fotos e<br />
propinas. Ainda não surgiu o Euclides<br />
da Cunha da corrupção. Estamos vendo<br />
e descrevendo o superficial.<br />
Por trás dos fatos de políticos roubando<br />
dinheiro público, está a realidade de<br />
uma sociedade acostumada a desprezar<br />
o que é público. A indignação contra a<br />
corrupção é um bom sinal de que o interesse<br />
público começa a nascer, mesmo<br />
assim muito discretamente, porque as<br />
causas mais profundas não são denunciadas.<br />
Como Canudos,<br />
há uma barreira protegendo<br />
a percepção das<br />
causas mais profundas.<br />
Depois de séculos em<br />
que até o trabalhador era<br />
propriedade privada e de<br />
décadas de uma democracia<br />
servindo aos interesses<br />
de minorias, o interesse<br />
privado ainda prevalece<br />
sobre o público.<br />
Fica explicado - não justificado,<br />
obviamente - porque tantos se<br />
sentem no direito de vandalizar os bens<br />
públicos, como se destruir bens públicos<br />
não fosse uma forma de corrupção.<br />
Fica explicada também a aceitação de expressões<br />
como "isto não é roubo", ou<br />
"rouba, mas faz", ou "mas, e daí, se todos<br />
roubam", ou a mais moderna e cínica<br />
"rouba, mas é um dos nossos", ou<br />
ainda "rouba, mas não é para si, é para a<br />
campanha".<br />
Até há pouco tempo, pelo menos existiam<br />
partidos e militantes que repudiavam<br />
essas afirmações. A democracia<br />
cooptou-os, absorveu-os e os fez tolerantes,<br />
criando uma geração de céticos<br />
e cínicos, porque a realidade da primazia<br />
do privado é mais forte do que as<br />
ideias, os sonhos e a vontade dos que<br />
querem defender o público. Isso faz com<br />
que os jovens que há poucos meses estavam<br />
sendo pisoteados pelas patas de<br />
cavalos da polícia, ao manifestarem-se<br />
contra a corrupção, não compareçam e<br />
Ainda não surgiu o<br />
Euclides da Cunha da<br />
corrupção. Estamos<br />
vendo e descrevendo<br />
o superficial.<br />
““<br />
até repudiem as recentes manifestações<br />
pela ética. Pode ser por ingenuidade ou<br />
por convicção de que os fins justificam<br />
os meios, ou pode ser por cinismo até<br />
porque as ações não mostram fins diferentes<br />
do ponto de vista dos interesses<br />
do público e do longo prazo.<br />
Esse desprezo pelo interesse público<br />
induz e permite uma tolerância com o<br />
roubo dos recursos públicos a ponto<br />
de, eufemisticamente, chamá-lo de corrupção,<br />
no lugar de roubo. A sociedade<br />
aceita como natural o uso do dinheiro<br />
público para obras desnecessárias ou que<br />
beneficiam apenas uma minoria. Felizmente,<br />
cobrar propina na construção<br />
de prédio público já começa a provocar<br />
indignação, mas fazer obra faraônica ou<br />
estádios ao lado de casas sem esgoto não<br />
escandaliza. A primazia do privado sobre<br />
o público, do indivíduo sobre a Nação,<br />
leva à "corrupção pelo vandalismo",<br />
à "corrupção nas prioridades" e à "corrupção<br />
do imediatismo", provocando o<br />
consumo de recursos que pertencem<br />
também às gerações futuras, como acontecerá<br />
com os royalties do petróleo, como<br />
se isto não fosse também<br />
uma corrupção.<br />
É por isso que, nas palavras<br />
do professor Kurt<br />
Weyland, citado pelo jor-<br />
nalista Rudolfo Lago, no<br />
site Congresso em Foco:<br />
"O Brasil tem uma democracia<br />
estável, mas de<br />
baixa qualidade". Porque<br />
a política não está comprometida<br />
com a causa<br />
pública. Felizmente, enquanto<br />
não surge um Euclides da Cunha,<br />
temos repórteres atuantes, desvendando<br />
segredos e descrevendo a realidade<br />
apenas nas aparências. Como os repórteres<br />
que foram a Canudos, os de hoje<br />
talvez tenham interesses e visão das minorias<br />
privilegiadas, viciadas no interesse<br />
particular da renda e do consumo<br />
privado, que impedem a visão das causas<br />
da corrupção que vão muito além<br />
do comportamento dos políticos imorais.<br />
A corrupção está na estrutura social,<br />
na qual o Estado pertence e existe<br />
para poucos.<br />
Euclides da Cunha, além da genialidade<br />
literária, possuía uma habilidade sociológica<br />
que não dá para exigir de todos<br />
nós, nem dos nossos leitores que,<br />
provavelmente, não gostariam de tomar<br />
conhecimento de toda a verdade.<br />
Mas dá para exigir que os militantes<br />
não sejam cínicos no presente, para que<br />
não sejam todos céticos quanto ao futuro.<br />
FATALIDADE<br />
Colisão entre motos deixa<br />
dois mortos na BR-304<br />
Acidente ocorreu próximo ao posto Estrela Dalva<br />
Colisão entre duas motocicletas<br />
no fim da noite de sexta-feira<br />
deixou duas vítimas fatais<br />
na BR-304.<br />
A colisão frontal aconteceu<br />
por volta das 23h30, no KM<br />
39 da BR-304, próximo ao<br />
posto Estrela Dalva, saída para<br />
Fortaleza.<br />
Segundo informações de<br />
um popular, no momento da<br />
colisão um dos motociclistas<br />
trafegava em uma moto de 600<br />
cc, de cor escura e placa NNY<br />
7446, no sentido Fortaleza/Mossoró<br />
e teria se assustado<br />
com uma carreta que saía<br />
do posto de combustível e invadiu<br />
a faixa contrária da via,<br />
colidindo com o outro motociclista<br />
que trafegava em sentido<br />
contrário em uma motocicleta<br />
Trax sem iluminação.<br />
Os dois motociclistas morreram<br />
no local.João Pereira de<br />
Souza Júnior,28,natural da cidade<br />
de Jaguaribe (CE), conduzia<br />
a motocicleta Trax.<br />
João teve uma perna decepada.<br />
A Trax ficou totalmente<br />
destruída.<br />
Luzimarque Ramos Brilhante,52,natural<br />
da cidade de<br />
Patos (PB), que guiava a outra<br />
motocicleta, foi arrastado<br />
por cerca de 90 metros.A moto<br />
parou em uma vegetação<br />
rasteira fora da pista.<br />
Policiais das viaturas de radiopatrulha,<br />
Força Tática e<br />
da Delegacia de Plantão se<br />
deslocaram ao local e auxiliaram<br />
os patrulheiros da Polí-<br />
Luzimarque Ramos Brilhante colidiu com...<br />
...João Pereira de Souza Júnior<br />
cia Rodoviária Federal.Peritos<br />
do Instituto Técnico<br />
e Científico de Polí-<br />
PASSANDONAHORA.BLOGSPOT.COM<br />
cia(Itep) removeram os corpos<br />
para os procedimentos de<br />
necropsia na sede do órgão.