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2 - Domingo, <strong>15</strong> de janeiro de 2012 POESIA<br />
www.omossoroense.com.br<br />
SE NÃO MAIS ME ENCONTAR<br />
Lindomarcos Faustino<br />
POETA <strong>MOSSOROENSE</strong><br />
(ESPECIALMENTE PARA SAMILLY SOUSA)<br />
Se um dia tu não mais me encontrar<br />
É por que eu parti para outra dimensão,<br />
Pois eu não poderia mais ao teu lado ficar<br />
Pois Deus lá em cima precisou de mais um irmão.<br />
Se por acaso os teus olhos não mais me ver<br />
É por que eu parti deste mundo,<br />
É uma pena que na saudade tu irás viver<br />
Pois te juro que sempre te amei profundo.<br />
Se a noite eu não estiver mais ao teu lado<br />
Foi por que fiz uma viagem sem esperar,<br />
Sinto muito por teu coração ficar magoado<br />
Pois nem mesmo eu queria de ti me separar.<br />
Se naquele horário na tua casa eu não aparecer<br />
Desculpe-me pela falta que irei te causar,<br />
Eu sinceramente planejei de ir te ver<br />
Mas os planos de Deus foram lá pra cima me levar.<br />
Se eu não for mais ao teu encontro nas noites de verão<br />
Não quer dizer que eu não te queira mais,<br />
Foi preciso eu ir embora minha paixão<br />
Pois eu sei que sentirá minha falta demais.<br />
Se eu não for mais a tua casa minha morena<br />
É por que tive que deixar esta vida,<br />
Obrigado pelas vezes que esteve comigo minha pequena<br />
Pois te juro que por mim foste muito querida.<br />
ESPERA<br />
Clauder Arcanjo<br />
clauderarcanjo@gmail.com<br />
Eu hei de esperar três dias,<br />
Três noites, três infinitos.<br />
Hei de esperar a tua voz,<br />
Tua ternura, tua presença.<br />
Para que não mais existam<br />
Três ausências, três silêncios,<br />
E tanto vazio... Enfim,<br />
Tamanha espera, infinita.<br />
“<br />
E o cadáver que você<br />
plantou no seu jardim,<br />
já começou a brotar?<br />
Pode ser que cada sepultura<br />
seja um jardim!"<br />
Sou antropófago. Devoro<br />
livros. Quem me ensinou<br />
foi Murilo Mendes: livros<br />
são feitos com a carne e o<br />
sangue dos que os escreveram.Os<br />
hábitos de antropófago<br />
determinam a maneira<br />
como escolho livros.<br />
Só leio livros escritos com<br />
sangue.Depois que os devoro<br />
deixam de pertencer ao<br />
autor. São meus porque circulam<br />
na minha carne e no<br />
meu sangue.<br />
É o caso do conto "O afogado<br />
mais bonito do mundo",de<br />
Gabriel Garcia Marques.Ele<br />
escreveu.Eu li e de-<br />
A VIDA É RÁPIDA<br />
Mikele Santos da Silva<br />
Mossoró-RN<br />
O tempo curto<br />
As alegrias poucas<br />
O desespero grande<br />
A lamentação imensa<br />
A realização do sonho quase inexistente.<br />
Nem aquele sorriso contente<br />
Nem que seja para mostrar os dentes<br />
Parece que morremos<br />
Como se nunca tivéssemos vivido<br />
E vivemos como se nunca fossemos morrer.<br />
Qual o sentimento que nos invade<br />
Com a chegada da chuva?<br />
Quem será que percebeu<br />
O casal mais lindo<br />
Julieta e Romeu<br />
Na chuva se divertindo.<br />
Quem não percebeu<br />
O encontro mais legal<br />
Não o de Julieta sem Romeu,<br />
Mas o da chuva com o solo<br />
O encontro real.<br />
Quem parou para admirar<br />
A terra molhada sorrindo<br />
O abraço mais romântico<br />
De Julieta com Romeu<br />
Parou e ficou sonhando<br />
Quando será o meu?!<br />
...*<br />
Meu pensamento<br />
Desenha você<br />
De forma tão real<br />
Que chego a sentir,<br />
Aqui dentro,<br />
Sua respiração<br />
Aquecendo meu corpo...<br />
Ângela Rodrigues Gurgel<br />
vorei. Agora é meu. Eu o reconto.<br />
É sobre uma vila de pescadores<br />
perdida em um nenhum<br />
lugar,o enfado misturado<br />
com o ar, cada novo<br />
dia já nascendo velho, as<br />
mesmas palavras ocas, os<br />
mesmos gestos vazios, os<br />
mesmos corpos opacos, a<br />
excitação do amor sendo algo<br />
de que ninguém mais se<br />
lembrava...<br />
Aconteceu que, num dia<br />
como todos os outros, um<br />
menino viu uma forma estranha<br />
flutuando longe no<br />
mar.E ele gritou.Todos correram.<br />
Num lugar como<br />
aquele até uma forma estranha<br />
é motivo de festa. E ali<br />
ficaram na praia, olhando,<br />
esperando. Até que o mar,<br />
P DE PESCARIA<br />
Prof. Ronaldo Josino<br />
Grossos<br />
Paquete Possante, Poderoso,<br />
Pescaria Pacienciosa<br />
Profetizadamente Penosa<br />
Proposição. Pego Pacaia.<br />
Planejo Pedaços Pitu<br />
Pendo Profundo<br />
Palpito Pegar Profícuo Peixe.<br />
Pacientemente Pernoito.<br />
Previsivelmente Pego Peixes.<br />
Poucos Pescados.<br />
Pacamom, Pescada, Pampo, Pemo. Pargo.<br />
Pus Pacará.<br />
Potente Poderosa Puxada,<br />
Peguei Parum Pesado Pançudo.<br />
Pescaria Perfeito.<br />
Proa Posicionada<br />
Pousada, Palhoça.<br />
Providencio Prato Periférico<br />
Passo Punhal Pontudo Podando.<br />
Parto Pedaços Pequenos.<br />
Pico Papilionáceas,<br />
Preparo Poupa Palmeira,<br />
Por Pura Pressa, Ponho panela Pressão.<br />
Preparo Paçoca.<br />
Ponho Porções.<br />
Penúria Pança<br />
Paladar Pleno<br />
Passo Pra Perto<br />
Parte Preferida.<br />
Preiteio Pasmo<br />
Pintura Próspera.<br />
Penso Positivo<br />
Período Pendente<br />
Proveitoso Presente<br />
Pai Perfeito.<br />
Passadio Pronto,<br />
Prole Pactuada,<br />
Preceituo Permissão<br />
Para Papar.<br />
Pancada Porta<br />
Penetram Pátria<br />
Parentes Presentes.<br />
Pobreza Proeminente<br />
Porem Possuo Profusão.<br />
Parem Parentela.<br />
Pousem,<br />
Provem,<br />
Prazeroso,<br />
Predileto,<br />
Pirão.<br />
Artigo<br />
sem pressa, trouxe a coisa e<br />
a colocou na areia,para o desapontamento<br />
de todos: era<br />
um homem morto.<br />
Todos os homens mortos<br />
são parecidos porque há apenas<br />
uma coisa a se fazer com<br />
eles: enterrar. E naquela vila<br />
o costume era que as mulheres<br />
preparassem os mortos<br />
para o sepultamento.Assim,<br />
carregaram o cadáver<br />
para uma casa, as mulheres<br />
dentro, os homens fora. E<br />
o silêncio era grande enquanto<br />
o limpavam das algas<br />
e liquens, mortalhas verdes<br />
do mar.<br />
Mas, repentinamente,<br />
uma voz quebrou o silêncio.<br />
Uma mulher balbuciou:<br />
"Se ele tivesse vivido entre<br />
nós, ele teria de ter curvado<br />
RUBEM ALVES - Escritor<br />
a cabeça sempre ao entrar<br />
em nossas casas. Ele é muito<br />
alto...".<br />
Todas as mulheres, sérias<br />
e silenciosas, fizeram sim<br />
com a cabeça.<br />
De novo o silêncio profundo,<br />
até que outra voz foi<br />
ouvida.Outra mulher..."Fico<br />
pensando em como teria<br />
sido a sua voz...Como o sussurro<br />
da brisa? Como o trovão<br />
das ondas? Será que ele<br />
conhecia aquela palavra secreta<br />
que, quando pronunciada,<br />
faz com que uma mulher<br />
apanhe uma flor e a coloque<br />
no cabelo?"<br />
E elas sorriram e olharam<br />
umas para as outras.<br />
De novo o silêncio. E, de<br />
novo, a voz de outra mulher...<br />
"Essas mãos... Como<br />
DA AMIZADE BROTOU O AMOR<br />
Joedson Morais de Freitas<br />
Professor<br />
No início era só amizade<br />
Dividíamos sonhos e esperança<br />
Compartilhava a dor e saudade<br />
Existia muita confiança<br />
O sentimento se transformou<br />
Já não conseguia ver uma amiga<br />
Passei a chamar de amor<br />
A quem antes chamava querida<br />
A relação passou a ser diferente<br />
Apareceu entre nós o ciúme<br />
A discussão tornou frequente<br />
Ouvir o outro perdemos o costume<br />
Mas com o tempo<br />
O amor cresceu<br />
A confiança voltou<br />
E o ciúme desapareceu<br />
Construímos a vida juntos<br />
Temos filhos para orientar<br />
Dividimos alegria e tristeza<br />
E Deus pra nos guiar<br />
Apesar de tudo que enfrentamos<br />
Faria tudo novamente também<br />
É esta a mulher que tanto amo<br />
Sem ela não sou ninguém<br />
Sobre como da morte brota a vida<br />
são grandes! Que será que fizeram?<br />
Brincaram com<br />
crianças? Navegaram mares?<br />
Travaram batalhas?<br />
Construíram casas? Essas<br />
mãos: será que elas sabiam<br />
deslizar sobre o rosto de uma<br />
mulher,será que elas sabiam<br />
abraçar e acariciar o seu corpo?"<br />
Aí todas elas riram que riram,<br />
suas faces vermelhas,<br />
e se surpreenderam ao perceber<br />
que o enterro estava se<br />
transformando numa ressurreição:<br />
um movimento<br />
nas suas carnes, sonhos esquecidos,<br />
que pensavam<br />
mortos, retornavam, cinzas<br />
virando fogo, desejos proibidos<br />
aparecendo na superfície<br />
de sua pele, os corpos<br />
vivos de novo e os rostos<br />
opacos brilhando com a luz<br />
da alegria.<br />
Os maridos, de fora, observavam<br />
o que estava<br />
acontecendo e ficaram<br />
com ciúmes do afogado,ao<br />
perceberem que um morto<br />
tinha um poder que eles<br />
mesmos não tinham mais.<br />
E pensaram nos sonhos<br />
que nunca haviam tido,nos<br />
poemas que nunca haviam<br />
escrito,nos mares que nunca<br />
tinham navegado, nas<br />
mulheres que nunca haviam<br />
desejado.<br />
A estória termina dizendo<br />
que finalmente enterraram<br />
o morto. Mas a aldeia<br />
nunca mais foi a mesma...<br />
Depois dos terremotos e<br />
tsunamis nosso mundo nunca<br />
mais será o mesmo...