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<strong>REVISÃO</strong> <strong>BILBIOGRÁFICA</strong> <strong>DO</strong> <strong>SISTEMA</strong> <strong>DE</strong> <strong>PRODUÇÃO</strong> <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

RESUMO<br />

Evandro de Oliveira 1<br />

Jonathan Francisco Pereira Tcacenco 2<br />

O sistema Just in Time tem contribuído para o bom desempenho produtivo de muitas empresas no mundo inteiro.<br />

Neste artigo descreveremos como o sistema funciona e o porque de ele ser tão eficiente. Para melhor<br />

compreensão, está dividido em tópico, tendo uma breve introdução, histórico da administração, seguido pelo<br />

histórico do sistema just in time, a filosofia do sistema, os tipos, pontos positivos e negativos e um comparativo<br />

entre o sistema de administração convencional e o sistema de produção Just in Time.<br />

Palavras-Chaves: Just in Time, sistema puxado de produção, Kanban, estoques.<br />

<strong>IN</strong>TRODUÇÃO<br />

Algumas abordagens vêm sendo propostas, desenvolvidas e aplicadas à gestão<br />

da produção. Dentre as principais pode-se citar o sistema Just in Time (JIT).<br />

Atualmente a melhoria constante do processo produtivo frente à concorrência,<br />

as exigências cada vez mais acirradas do mercado e a necessidade da sobrevivência<br />

empresarial, obrigam as empresas a buscarem cada vez mais recursos para otimizarem seus<br />

processos de produção.<br />

Para isso, este artigo destina-se a abordar de uma forma geral o sistema Just in<br />

Time, tendo como base para estudo diversas referências bibliográficas, agrupando as idéias<br />

que melhor descrevem este sistema.<br />

Será mostrado como o sistema Just in Time pode ser benéfico para o<br />

desempenho da empresa que o implanta e como surgiu a administração, a necessidade de<br />

criação do sistema Just in Time, suas características, pontos positivos e pontos negativos,<br />

primeiros passos para implantação e também uma comparação entre o sistema tradicional de<br />

administração e o sistema Just in Time.<br />

1 Graduado em Tecnologia em Automatização Industrial pela Universidade de Caxias do Sul e Pós Graduando<br />

em Engenharia de Produção pela Faculdade da Serra Gaúcha.<br />

2 Graduado em Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação pela Universidade do Sul de Santa<br />

Catarina e Pós Graduando em Engenharia de Produção pela Faculdade da Serra Gaúcha e Pós Graduando em<br />

Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas.


HISTÓRICO DA ADM<strong>IN</strong>ISTRAÇÃO<br />

As origens da administração remontam a um passado muito distante. Na<br />

própria Bíblia, temos citações que mencionam os benefícios de se delegar autoridade, bem<br />

como da conveniência de se ter boa organização ao se dirigir o povo.<br />

Das antigas civilizações também ouvimos falar em administração e liderança.<br />

Sócrates mencionava em seus discursos, que “aqueles que sabem como utilizar pessoas,<br />

conduzem coisas públicas ou particulares judiciosamente, enquanto que aqueles que não<br />

sabem, errarão na administração de ambos”.<br />

As organizações militares também têm sido com o passar dos séculos,<br />

exemplos de administração de grandes contingentes de pessoas com o auxílio de princípios e<br />

objetivos bem definidos e por todos compreendidos. Ao lado destas organizações militares,<br />

temos a Igreja Católica, como outro exemplo bem sucedido, com sobrevivência por séculos.<br />

Mas foi somente no século XIX, que os primeiros escritos dedicados<br />

exclusivamente a administração surgiram. Robert Owen, um próspero fabricante de tecidos da<br />

Escócia publicou em 1825, o livro A New View of Society, onde procurava demonstrar a<br />

outros industriais, a importância de se dedicar ao elemento humano, a mesma atenção e<br />

cuidado dedicados às máquinas.<br />

No ano de 1832, o britânico Charles Babbage publicou o livro On the Economy<br />

of Machinery and Manufactures, no qual explana o princípio da divisão do trabalho, que 80<br />

anos mais tarde, constituiria o elemento fundamental da Teoria de Frederic W. Taylor, o<br />

fundador da Administração Científica.<br />

Por causa destes e outros precursores, a Administração começou a tomar corpo<br />

como assunto independente das ciências econômicas e dos conhecimentos tecnológicos que<br />

no século XIX eram intensamente descobertos e estudados. No século XX coube a Taylor nos<br />

Estados Unidos e Fayol na França, lançar os alicerces definitivos da Administração, após os<br />

quais muitos outros se guiaram.<br />

No ano de 1895, Taylor apresentou o trabalho intitulado A Piece Rate System,<br />

que demonstrava um novo tipo de remuneração. Este era baseado no pagamento de uma<br />

quantia fixa por peça produzida e no valor de produção padrão-horário. Se no final das 10<br />

horas de trabalho diárias, o operário fizesse menos que o padrão, receberia apenas o valor fixo<br />

por peça. Porém, se ultrapassasse a produção padrão, receberia um valor maior por peça,<br />

ficando assim com um ganho muito maior. Este trabalho de Taylor constituiu a base para o


trabalho de tempos e movimentos com a decorrente aplicação de salários com incentivo a<br />

todo pessoal da fábrica.<br />

No ano de 1911, Taylor publicou o livro The Principles os Scientific<br />

Management, com a intenção de sumariar todas as suas experiências e traduzí-las em<br />

princípios, substituindo os métodos empíricos utilizados até então.<br />

Os seus princípios podem ser resumidos da seguinte forma:<br />

Aplicar a análise científica em lugar do empirismo;<br />

Analisar cuidadosamente cada operação, planejando em detalhes cada um de seus<br />

aspectos;<br />

Selecionar o melhor homem para cada trabalho, especializando-o em uma tarefa;<br />

controlar suas atividades para ter certeza de que ele está seguindo o que foi planejado;<br />

Ao lado destes princípios, Taylor preconizava a separação da função de<br />

“preparar o trabalho” e “executá-lo”, para isto, concebia ele não um único superior, mas uma<br />

série deles, cada um encarregado de um aspecto, assim teríamos:<br />

um encarregado para preparar todo o material necessário para o início da produção;<br />

o encarregado da fabricação propriamente dita;<br />

o encarregado da inspeção e teste;<br />

o encarregado da manutenção;<br />

Mais adiante, no ano de 1915, o francês Henry Fayol reuniu em seu primeiro<br />

livro, Administration Industrialle et Générale, a base moderna da teoria da administração,<br />

dentro do enfoque dado pela escola clássica.<br />

Fayol pregava que o bom desempenho de uma empresa, em qualquer atividade,<br />

dependia de a empresa estar obedecendo a um certo número de condições às quais se poderia<br />

chamar de princípios. Estes princípios poderiam ser aplicados a toda cadeia hierárquica da<br />

empresa, diferindo apenas em cada posição quanto a intensidade com que precisavam ser<br />

utilizados. Os princípios deviam ser flexíveis e capazes de se aptar a cada realidade. Dizia<br />

Fayol, “que administrar é uma arte que requer inteligência, experiência, decisão e<br />

proporção; composta de tato e experiência, a proporção é uma das mais desejadas<br />

qualidades em um administrador”.<br />

Os princípios preconizados por Fayol são:<br />

Divisão do trabalho;<br />

Autoridade;<br />

Disciplina;<br />

Unidade de comando;


Unidade de direção;<br />

Subordinação dos interesses individuais ao interesse geral;<br />

Remuneração;<br />

Centralização;<br />

Cadeia escalar;<br />

Ordem;<br />

Eqüidade;<br />

Estabilidade do pessoal;<br />

Iniciativa;<br />

Espírito de equipe;<br />

Fayol teve a oportunidade de aplicar seus conceitos em toda sua brilhante<br />

carreira de administrador, quando ingressara na Companhia Commentury Fourchambault, a<br />

mesma estava a vias de fechar, mas com seu trabalho, Fayol deixou empresa no ano de 1918,<br />

com uma excelente situação, e com os melhores administradores a frente do comando da<br />

empresa.<br />

Após este dois importantíssimos precursores da administração, tivemos outros,<br />

como Elton Mayo, com a sua escola de relações humanas, o alemão Max Weber, com seu<br />

modelo de organização burocrática, o americano Chester I. Barnard, com a escola dos<br />

sistemas sociais, Herbert Simon com sua teoria da decisão, e por último temos a escola<br />

matemática, que se desenvolveu muito durante a segunda guerra, com ênfase do processo<br />

decisório, existência das decisões programáveis e progresso do computador.<br />

HISTÓRICO <strong>DO</strong> <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

Segundo Ohno (1997), o sistema de produção de passos múltiplos, envolve<br />

métodos de empurrar e puxar a produção. No método de empurrar, a quantidade planejada a<br />

ser produzida é determinada pelas previsões de demanda e pelos estoques disponíveis, onde<br />

períodos de produção são determinados a partir de informações padronizadas, o produto então<br />

é produzido seqüencialmente desde o primeiro passo. No sistema puxado, o processo final<br />

retira as quantidades necessárias do processo precedente num determinado momento, e este<br />

procedimento é repetido na ordem inversa passando por todos os processos anteriores. O


Sistema Toyota de Produção (STP) um sistema puxado, e a base dos fundamentos que<br />

levaram a Toyota a ser a maior empresa montadora de veículos do planeta.<br />

O Sistema Toyota de Produção teve sua evolução baseada na necessidade de<br />

certas restrições impostas pelo mercado, que exigiram a produção de lotes reduzidos, com<br />

muitas variedades sob condições de baixa demanda, esse foi o cenário que a indústria<br />

japonesa enfrentou no período pós-guerra.<br />

Em 1973, a crise do petróleo afetou o cenário mundial com uma grande<br />

inversão na relação oferta/demanda, necessitando assim de novos métodos de produção.<br />

Utilizando desta nova realidade, a Toyota com seu Sistema Toyota de<br />

Produção, constituiu-se como um grande exemplo de adaptação às novas necessidades<br />

industriais, promovendo uma produção extremamente flexível, com custos muito baixos e<br />

com altíssima qualidade.<br />

A base do STP é a eliminação integral do desperdício, tendo como sustentação<br />

do sistema dois pilares o Just in Time e a autonomação ou automação com um toque humano<br />

(Ohno 1997). Outros pontos também são destacados pelo autor, o uso de técnicas de<br />

manutenção, habilidade individual do trabalhador, a nivelação da produção, o trabalho em<br />

equipe e a preparação de máquinas.<br />

FILOSOFIA <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

O sistema JIT nada mais é do que a tradução estabilizada de um conjunto de<br />

políticas-padrão das práticas desenvolvidas pela Toyota desde a década de 40.<br />

De acordo com Gianesi e Corrêa (1993) o JIT se trata não apenas de uma<br />

técnica ou conjuntos de técnicas de administração, mas sim uma filosofia completa de<br />

trabalho, incluindo aspectos ligados à administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo<br />

físico, projeto de produto e gestão de pessoas.<br />

Uma característica da filosofia JIT é trabalhar com a produção puxada ao longo<br />

do processo, onde o material só é solicitado se realmente existir a necessidade para sua<br />

utilização. Um ponto forte a ser combatido é o desperdício. Contrário a esse método está a<br />

produção empurrada, que tem como características o acúmulo de estoques e custos para<br />

mantê-los.<br />

Pode ser analisado no artigo desenvolvido por Leite (2006), que as vantagens<br />

desse sistema de produção estão na contribuição à estratégia competitiva da empresa através<br />

da melhoria dos seguintes critérios:


• Redução de custos;<br />

• Melhoria na qualidade;<br />

• Aumento na flexibilidade, com a redução dos tempos de processamento;<br />

• Aumento de fluxo;<br />

• Maior visibilidade dos problemas e soluções dos mesmos.<br />

Ainda segundo Leite (2006), as principais limitações do JIT estão ligadas a própria<br />

flexibilidade de faixa do sistema produtivo, no que tange a variedade de produtos oferecidos e<br />

as variações de demanda para curto prazo, formando com isso limitações no mix. O sistema<br />

JIT precisa de demanda estável para balancear o fluxo, o que nem sempre é possível pelas<br />

oscilações do mercado, que quanto maior sua instabilidade maior será a necessidade de<br />

estoques, indo totalmente contra a filosofia do JIT.<br />

Segundo Ohno (1997), o Kanban é uma ferramenta para conseguir o Just in<br />

Time, entretanto para que esta ferramenta funcione, os processos de produção devem ser<br />

administrados para fluírem tanto quanto possível e trabalhar sempre de acordo com métodos<br />

padronizados.<br />

Para garantir que possam ser obtidos produtos isentos de defeitos, um sistema<br />

que informe automaticamente se algum processo estiver gerando produtos defeituosos deve<br />

ser estabelecido. Este é um ponto que o sistema Kanban se aplica.<br />

Na produção em um sistema JIT não são necessários estoques adicionais,<br />

assim, se o processos anterior gerar peças defeituosas o processos seguinte deve parar a linha<br />

de produção, quando isso ocorre a peça defeituosa é levada de volta ao processos anterior. O<br />

intuito desta situação é impedir a recorrência de do defeito ocorrido.<br />

TIPOS <strong>DE</strong> <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

Tendo como exemplo a indústria automobilística, o Just in Time será descrito<br />

em três tipos: Just in Time tradicional, seqüenciado e por kits.<br />

1. Just in Time tradicional<br />

Monden (1994) define o Just in Time como “produzir as unidades necessárias<br />

em quantidades necessárias no tempo necessário”. O principal propósito do sistema é reduzir<br />

custos, mas também contribui para aumentar o capital de giro da empresa e melhorar a


produtividade, uma vez que o JIT trabalha justamente a melhoria contínua de processos, bem<br />

como a redução incondicional dos desperdícios e dos grandes estoques.<br />

Nos sistemas convencionais de produção, os estoques são utilizados para evitar<br />

a descontinuidade de uma linha de montagem, uma vez que se algum problema surgir, o<br />

processo seguinte não fique parado aguardando a solução do problema. Os problemas que<br />

podem surgir podem ser de três tipos: qualidade comprometida, máquinas quebradas e<br />

problemas de setup de máquinas. Com uma redução dos estoques através de lotes cada vez<br />

menores de produção, estes problemas ficam muito mais aparentes. Desta forma o JIT<br />

contribui para a identificação destes problemas, tornando as soluções muito mais ágeis e de<br />

fácil eliminação.<br />

Segundo Corrêa (1993), os elementos mais importantes do JIT são os lotes de<br />

fornecimento reduzidos, recebimentos freqüentes e confiáveis, lead times cada vez menores e<br />

altos níveis de qualidade.<br />

A grande vantagem do JIT está na economia conseguida com a eliminação de<br />

estoques, e neste caso, também com a eliminação de embalagens, prateleiras e caixas<br />

utilizadas na armazenagem destas peças. Por outro lado, a empresa fica muito vulnerável a<br />

qualquer fator que afete a prefeita sintonia entre fornecedor-empresa, podendo paralisar a sua<br />

produção por tempo indeterminado. Apesar disto, as empresas, principalmente do ramo<br />

automotivo, estão caminhado para esta direção.<br />

2. Just in Time Seqüenciado<br />

Nesta variação do Just in Time, o fornecedor entrega as peças exatamente na<br />

etapa em que as peças serão utilizadas na linha de montagem, no exato momento da sua<br />

necessidade, já na seqüência em que serão colocadas nos produtos que estão em montagem. É<br />

considerado como o melhor tipo de Just in Time, com a melhor relação custo-benefício de<br />

implantação. No caso das montadoras de automóveis, as entregas com os sistemas Just in<br />

Time tornam-se mais freqüentes ainda, em lotes cada vez menores, geralmente suficientes<br />

para apenas duas horas de produção.<br />

Para este tipo de Just in Time, deverá haver uma enorme cumplicidade na<br />

relação entre fornecedor-empresa, com um compromisso cada vez maior de ambas as partes,<br />

para não haver falhas, uma vez que o fornecedor falhe, a empresa para a sua linha de<br />

produção.<br />

No caso do Brasil, a implantação dos JITs tem exigido dos fornecedores<br />

nacionais um grande esforço financeiro e de capacitação de suas instalações e pessoal,


necessitando assim, boas garantias da empresa para com o seu fornecedor, através de<br />

contratos prolongados de fornecimento, muitas vezes de forma exclusiva. Há também a<br />

necessidade do total envolvimento da empresa no planejamento do JIT com o seu fornecedor.<br />

3. Just in Time por kits<br />

Outra variação muito utilizada de JIT é por kits. Neste modelo de JIT, temos<br />

utilização principal quando pretendemos eliminar estoques junto a linhas de montagem. Em<br />

um sistema tradicional, existem nas empresas dois tipos de estoque: de matérias-primas e de<br />

peças. Um está localizado no almoxarifado e o outro junto à linha de produção. Neste caso, os<br />

valores envolvidos nestes estoques são muito altos, e com o material estocado na linha de<br />

produção, aumentam mais ainda. Além disto, cria-se um grande congestionamento no fluxo<br />

dos materiais e produtos, próximos aos postos de trabalho, dificultando a movimentação e até<br />

a comunicação dentro da fábrica.<br />

Uma alternativa para eliminar este problema é a implantação de um JIT por<br />

Kits, onde as peças são preparadas no almoxarifado em pequenos kits que serão transportados<br />

somente no exato momento do seu uso. Os kits são compostos de pequenas quantidades de<br />

modelos de peças, podendo ser entre 2 e 10 itens, que servem para suprir em torno de 10<br />

minutos de produção. Nas fábricas, existe um local demarcado próximo ao posto de trabalho,<br />

para apenas um ou dois kits. Quando um dos kits se esvazia, o almoxarifado se encarrega de<br />

colocar outro kit já preparado para uso.<br />

DIFERENÇA ENTRE <strong>PRODUÇÃO</strong> TRADICIONAL E <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

temos que:<br />

Segundo a dissertação de Lidak (2005) no sistema de produção convencional<br />

• O layout é do tipo departamental, sendo os equipamentos de manufatura agrupados<br />

por processo;<br />

• Formação de estoques entre as operações devido à falta de balanceamento das<br />

capacidades produtivas;<br />

• Fabricação de grandes lotes;<br />

• Emprego de trabalhadores especializados para determinadas funções;<br />

• Utilização de estoques protetores (buffers) entre etapas produtivas.


O sistema de produção JIT trata-se de um sistema onde existe:<br />

• Divisão da fábrica em unidades menores com famílias de produtos;<br />

• Layout do tipo celular;<br />

• Operadores polivalentes, executando operações diversas;<br />

• A fabricação de uma nova quantidade será ditada pelo consumo das peças realizadas<br />

pelo setor seguinte (produção “puxada").<br />

Os sistemas de produção Just in Time pode ser considerado como uma resposta<br />

a morosidade existente na tradicional administração, que aceita os erros de forma passiva,<br />

como inerentes ao processo. Neste ponto é que devemos encontrar e resolver os problemas,<br />

evitando assim desperdícios futuros. A seguir será apresentado a diferença que encontradas<br />

em nossas pesquisas, entre o sistema tradicional e o sistema Just in Time.<br />

Tabela 1 – Comparação entre o sistema tradicional de administração e o sistema Just in Time.<br />

Item Sistema tradicional Sistema Just in Time<br />

Qualidade Muitos investimento e alto custo.<br />

Natural do trabalho bem feito<br />

sempre.<br />

Mão de obra Obedece a cadeia hierárquica. Opina e participa.<br />

Erros Aceitos, somente corrigidos. Base para a melhoria.<br />

Estoques<br />

Necessários para o bom andamento<br />

da produção.<br />

Set-up Não importa o tempo necessário.<br />

Lead-time Maior tempo, melhor produto.<br />

Custos<br />

Redução pelo incremento no uso de<br />

máquinas e grandes volumes de<br />

produção.<br />

Mascaram os problemas, temos que<br />

evitá-los<br />

Sempre devemos trabalhar para<br />

reduzí-los.<br />

Devemos trabalhar para sempre<br />

reduzí-los.<br />

Reduzí-los pela velocidade de<br />

produção, e diminuir estoques.<br />

Lotes Lotes econômicos de compra. Quanto menor o lote, menos<br />

dinheiro parado em estoques.<br />

Fluxo Empurrado. Puxado.<br />

Filas Necessárias para manter as<br />

máquinas sempre ocupadas.<br />

PONTOS POSITIVOS <strong>DO</strong> <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

Não pode ter. Deve ter sincronia<br />

máxima.<br />

Ao implantarmos o sistema Just in Time, poderemos obter diversos benefícios,<br />

na contribuição estratégica competitiva que o sistema agrega, através dos seguintes critérios:<br />

Melhoria da qualidade;


Redução de custos;<br />

Redução de inventários de estoques;<br />

Redução dos Lead-times;<br />

Aumento da flexibilidade, com uma resposta mais dinâmica de todo o sistema, com<br />

redução dos tempos de processamento;<br />

Aumento do fluxo;<br />

Um sistema mais confiável, robusto, com maior visibilidade dos problemas e<br />

conseqüente solução destes;<br />

PONTOS NEGATIVOS <strong>DO</strong> JUS <strong>IN</strong> TIME<br />

Como todo sistema, o Just in Time também possui pontos negativos, que<br />

podem ser supridos com a implantação de outros sistemas que o complementam.<br />

A principal limitação do sistema Just in Time está ligada a própria flexibilidade<br />

o sistema no que tange a variedade de produtos oferecidos e as variações de demanda de curto<br />

prazo que o mercado exige nos dias atuais. Isto de certa forma provoca uma limitação no mix<br />

de produtos. O sistema Just in Time precisa de demanda estável para balancear o fluxo, o que<br />

sabemos que não é possível com as atuais oscilações de mercado. Com a maior oscilação do<br />

mercado, maior a necessidade de termos estoques, o que vai totalmente contra a filosofia Just<br />

in Time.<br />

Devemos considerar também, que um mix muito grande de produtos dificulta o<br />

roteiro de produção. Há ainda o risco de interrupção da produção por falta de estoques, aliado<br />

a problemas com quebras graves, entre outros.<br />

Gianesi e Corrêa (1993) diz ainda que como o sistema Kanban prevê um certo<br />

estoque entre os centros de produção, caso o mix de produtos seja muito, o fluxo não será<br />

contínuo, mas intermitente, aumentando os níveis de estoques, portanto o Just in Time se<br />

torna um pouco contraditório, para muitos produtos.<br />

PRIMEIROS PASSOS NA IMPLANTAÇÃO <strong>DO</strong> <strong>JUST</strong> <strong>IN</strong> TIME<br />

Neste ponto do artigo será citado alguns pontos chave e primeiros passos para<br />

uma implantação do sistema Just in Time com sucesso.


Primeiramente devemos ter uma mudança radical na forma com que a empresa<br />

pensa. As etapas para esta mudança organizacional segue abaixo:<br />

Fazer o diagnóstico: este é o primeiro passo. A organização deve reconhecer que tem<br />

um problema e que não pode continuar como está;<br />

Construir o empowerment: selecionar falhas pequenas para solução rápida,<br />

aumentando a confiança dos funcionários para poder lhes delegar poder e<br />

responsabilidade;<br />

Estudar a missão e os valores: estudar a missão da organização, para estabelecer o que<br />

deve fazer e que valores deve adotar;<br />

Realinhar a estrutura com a estratégia: analisar a estrutura da organização, levando em<br />

conta que ela talvez deva ser modificada para poder cumprir a missão e criar os<br />

valores desejados;<br />

Reorganizar os sistemas de informação: examinar os sistemas de informação para<br />

assegurar que a estrutura funcione corretamente;<br />

Reorganizar os sistemas de recompensa: a organização deve atualizar a forma como<br />

recompensa seus funcionários para que estes sintam que foram devidamente<br />

recompensados por sua contribuição para a mudança e seus resultados;<br />

Focalizar os esforços para que todos os colaboradores entendam a mudança como uma<br />

filosofia, e não apenas como uma ferramenta;<br />

A direção e alta administração deverá estar engajada em todo o processo de mudança,<br />

pois é necessário entender que a empresa está em plenas atividades, e todos estão<br />

ocupados em suas funções;<br />

Implementar um plano geral de formação sobre a filosofia do sistema Just in Time e<br />

suas ferramentas;<br />

Definir as metas e os objetivos da organização;<br />

Disseminar as metas e os objetivos para todos os níveis hierárquicos da organização;<br />

Formar equipes de trabalho sobre os problemas que afetam estas metas;<br />

Definir um sistema de acompanhamentos destes trabalhos;<br />

Implantar um sistema de progresso contínuo;<br />

Pregar sempre a filosofia da melhoria contínua;<br />

A mudança de pensamento da empresa é inevitável quando da implantação do<br />

sistema Just in Time, sob pena de tudo dar errado, prejudicando ainda mais os resultados da<br />

empresa. Todas as pessoas que ajudam nos processos diários da empresa devem ter o Just in<br />

Time como uma filosofia de trabalho e de vida.


CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES F<strong>IN</strong>AIS<br />

Como conclusão obteve-se então, que o sistema Just in Time além de ser um<br />

sistema de administração da produção é também uma filosofia de trabalho.<br />

O sistema Just in Time é pro ativo por natureza e vai de encontro aos<br />

problemas encontrados nas fábricas, bem como suas soluções. Não podemos dizer que é um<br />

sistema perfeito ou completo, pois além de todos os seus pontos positivos, possui muitos<br />

pontos negativos também.<br />

Se utilizado em sua totalidade, e como uma filosofia de trabalho, os Just in<br />

Time pode trazer benefícios gigantes, como a melhoria da qualidade, maior confiabilidade nos<br />

processos, redução de custos de produção, diminuição dos desperdícios, redução dos<br />

inventários de estoques, e conseqüentemente, um aumento de produtividade e lucratividade.<br />

Não se teve como objetivo esgotar todas as possibilidades do sistema Just in<br />

Time, pois este assunto é muito amplo e não há condições de explaná-lo somente em um<br />

artigo, mas mostrar como funciona e como as empresas podem obter vantagens competitivas<br />

num mundo dinâmico e competitivo como o que vivemos nos dias atuais.<br />

No sistema Just in Time, para se obter sucesso em sua aplicação, deve ser<br />

tratado como uma filosofia, e não apenas como mais uma ferramenta de trabalho.


BIBLIOGRAFIA<br />

Liker, Jefrey K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do<br />

mundo. Tradução Lene Belon Ribeiro. - Porto Alegre: Bookman, 2005.<br />

Magee, David. O segredo da Toyota: lições de liderança da maior fabricante de<br />

automóveis do mundo. Tradução Bruno Alexander. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.<br />

OHNO, Taiichi, O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala.<br />

Editora Bookman, Porto Alegre, 1997.<br />

SLACK, Nigel et. al. Administração da Produção. Tradução de Henrique Corrêa, Irineu<br />

Gianesi. - São Paulo: Atlas, 1996.<br />

CORRÊA, Henrique L. E GIANESE, Ireineu G. N. Just in Time, MRPII e OPT: um<br />

enfoque estratégico. - São Paulo: Atlas, 1993.<br />

CORADI, Carlos. Teorias da Administração de Empresas. - São Paulo: Perspectiva, 1978.

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